A neuroimagem evoluiu de forma a deixar o cérebro nu. Substituindo desconfortáveis e imprecisos exames por diagnósticos resultantes do detal...
A neuroimagem evoluiu de forma a deixar o cérebro nu. Substituindo desconfortáveis e imprecisos exames por diagnósticos resultantes do detalhadamente das estruturas intracranianas e a construção de moldes tridimensionais por meio de métodos pouco invasivos.
Até bem pouco tempo, a caixa craniana era uma caixa preta, e o cérebro um enigma a ser estudado post mortem ou analisando acidentados que sobreviviam a traumas. Pouco se podia fazer para examinar o seu interior in vivo.
Isso começou a mudar no início dos anos 1900 quando Dandy (1918) introduziu a ventriculografia, que consistia na introdução de ar através de um orifício no crânio, alterando a densidade relativa do encéfalo para melhor visualização aos raios-X. O próprio Dandy, no ano seguinte, desenvolveu a pneumoencefalografia. Uma desconfortável técnica que implica em substituir o líquido cérebro espinhal introduzindo-se ar nos espaços liquóricos por punção lombar. Observou que o ar introduzido, além de evidenciar os compartimentos liquóricos em torno do encéfalo, poderia entrar no sistema ventricular. Contudo, as estruturas encefálicas eram apenas delineadas, sem visualização direta das mesmas.
Uma radiografia da cabeça ou coluna vertebral dificilmente fornece qualquer informação da anatomia normal do encéfalo ou da medula espinhal. Por meio de contraste as imagens são mais informativas.
A angiografia cerebral foi desenvolvida por Moniz (1927), permitindo a visualização dos vasos sanguíneos encefálicos com grande precisão. Na angiografia, um líquido radiopaco é injetado em uma das artérias carótidas ou vertebrais mostrando os ramos desses vasos e, um ou dois segundos depois, as veias. Também permitia uma ideia indireta da anatomia do encéfalo.
Em 1967, um engenheiro elétrico que trabalhava com radares, se indagava enquanto caminhava: Será que existia um jeito de se determinar o que está dentro de uma caixa fechada, fazendo-se a leitura dessa caixa por todos os ângulos possíveis de análise?
O nome desse engenheiro era Godfrey Hounsfield. E ele imaginou que isso seria possível, em termos biológicos, colimando-se com precisão um feixe de raios-X. Tendo a disposição os primeiros computadores para a realização dos cálculos necessários para integrar os dados, Hounsfield prosseguiu com seus estudos que acabaram culminando com o desenvolvimento dos princípios da Tomografia Computadorizada e da reconstrução tridimensional de imagens, o que acabou lhe rendendo o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1979. A pneumoencefalografia começava a se tornar obsoleta.
Hoje, uma tomografia computadorizada tradicional ou sua irmã, a ressonância magnética, necessitam de alguns minutos de um paciente praticamente imóvel dentro de uma espécie de tubo envolvido por um grande aparato. Mas até mesmo esse relativamente pequeno incômodo de ter que ficar vários minutos praticamente paralizado, sob pena de ter que repetir o procedimento, dentro de um túnel claustrofóbico está ficando ultrapassado.
Um novo tomógrafo, lançado em 2013 pela GE, denominado, sem falsa modéstia, de Revolution CT, promete realizar o exame no tempo de uma pulsação cardíaca.
Além disso, as imagens em alta resolução e com realçamentos coloridos e detalhados das estruturas permitem, inclusive, gerar, a partir de seus dados, modelos em 3D que ajudam a guiar neurocirurgiões. Com uma menor dosagem de radiação.
Algumas imagens que ilustram esse post dão uma ideia dos benefícios que a moderna imaginologia médica pode trazer para o diagnóstico e a qualidade dos procedimentos médicos.
Fonte: BVS.br
[Visto no Brasil Acadêmico]
Até bem pouco tempo, a caixa craniana era uma caixa preta, e o cérebro um enigma a ser estudado post mortem ou analisando acidentados que sobreviviam a traumas. Pouco se podia fazer para examinar o seu interior in vivo.
Isso começou a mudar no início dos anos 1900 quando Dandy (1918) introduziu a ventriculografia, que consistia na introdução de ar através de um orifício no crânio, alterando a densidade relativa do encéfalo para melhor visualização aos raios-X. O próprio Dandy, no ano seguinte, desenvolveu a pneumoencefalografia. Uma desconfortável técnica que implica em substituir o líquido cérebro espinhal introduzindo-se ar nos espaços liquóricos por punção lombar. Observou que o ar introduzido, além de evidenciar os compartimentos liquóricos em torno do encéfalo, poderia entrar no sistema ventricular. Contudo, as estruturas encefálicas eram apenas delineadas, sem visualização direta das mesmas.
Embora esse líquido proteja o cérebro de lesões, ele dificulta os raios-X, pois as imagens tiradas através do líquido são turvas. Na pneumoencefalografia, um buraco era aberto no crânio das cobaias. Em seguida, através dele drenava-se o líquido em torno do cérebro e bombeava-se ar ou hélio para o interior do crânio no lugar do líquido, para que se pudesse obter raios-X nítidos do cérebro. Os efeitos colaterais - dores de cabeça terríveis, tonturas, convulsões, vômitos - duravam até o corpo repor naturalemnte o líquido raquidiano, o que geralmente levava de dois a três meses. Como a pneumoencefalografia podia causar lesões cerebrais permanentes e paralisia, ela foi abandonada nos anos 1970.
Uma radiografia da cabeça ou coluna vertebral dificilmente fornece qualquer informação da anatomia normal do encéfalo ou da medula espinhal. Por meio de contraste as imagens são mais informativas.
A angiografia cerebral foi desenvolvida por Moniz (1927), permitindo a visualização dos vasos sanguíneos encefálicos com grande precisão. Na angiografia, um líquido radiopaco é injetado em uma das artérias carótidas ou vertebrais mostrando os ramos desses vasos e, um ou dois segundos depois, as veias. Também permitia uma ideia indireta da anatomia do encéfalo.
Em 1967, um engenheiro elétrico que trabalhava com radares, se indagava enquanto caminhava: Será que existia um jeito de se determinar o que está dentro de uma caixa fechada, fazendo-se a leitura dessa caixa por todos os ângulos possíveis de análise?
O nome desse engenheiro era Godfrey Hounsfield. E ele imaginou que isso seria possível, em termos biológicos, colimando-se com precisão um feixe de raios-X. Tendo a disposição os primeiros computadores para a realização dos cálculos necessários para integrar os dados, Hounsfield prosseguiu com seus estudos que acabaram culminando com o desenvolvimento dos princípios da Tomografia Computadorizada e da reconstrução tridimensional de imagens, o que acabou lhe rendendo o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1979. A pneumoencefalografia começava a se tornar obsoleta.
Em seus experimentos iniciais, usando uma fonte de radiação gama, Hounsfield levou nove dias para adquirir os dados e duas horas e meia para reconstruir a imagem na tela do computador. Substituindo os raios gama por raios-X, ele reduziu o tempo de scan para nove horas.
Hoje, uma tomografia computadorizada tradicional ou sua irmã, a ressonância magnética, necessitam de alguns minutos de um paciente praticamente imóvel dentro de uma espécie de tubo envolvido por um grande aparato. Mas até mesmo esse relativamente pequeno incômodo de ter que ficar vários minutos praticamente paralizado, sob pena de ter que repetir o procedimento, dentro de um túnel claustrofóbico está ficando ultrapassado.
Um novo tomógrafo, lançado em 2013 pela GE, denominado, sem falsa modéstia, de Revolution CT, promete realizar o exame no tempo de uma pulsação cardíaca.
Com o Revolution CT é possível fotografar precisamente, em 3D, o coração durante o momento de uma pulsação. E a imagem possui tantos detalhes que um único exame pode valer por três: angiografia, perfusão do miocárdio e função miocárdica.
Além disso, as imagens em alta resolução e com realçamentos coloridos e detalhados das estruturas permitem, inclusive, gerar, a partir de seus dados, modelos em 3D que ajudam a guiar neurocirurgiões. Com uma menor dosagem de radiação.
No Miami Cardiac and Vascular Institute, do Hospital West Kendall Baptist, em Miami, Estados Unidos, o médico brasileiro, Dr. Ricardo Cury – diretor de Imagem Cardíaca – e sua equipe estão desenvolvendo uma pesquisa clínica focada na impressão de moldes de corações humanos em 3D, a partir de imagens geradas pelo Revolution CT, equipamento de tomografia computadorizada da GE Healthcare.
Algumas imagens que ilustram esse post dão uma ideia dos benefícios que a moderna imaginologia médica pode trazer para o diagnóstico e a qualidade dos procedimentos médicos.
Fonte: BVS.br
[Visto no Brasil Acadêmico]
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