Jornais publicam a história falsa criada por blogueiro brasileiro de uma suposta notícia da TV estatal norte-coreana informando a vitória da...
Jornais publicam a história falsa criada por blogueiro brasileiro de uma suposta notícia da TV estatal norte-coreana informando a vitória da seleção de lá.
Como um vídeo se torna viral? Como plantar notícia na internet? Fácil? Nem tanto. Dá algum trabalho. Mas o blog brasileiro Não Salvo com certeza sabe a receita já que foi de lá que partiu um dos trending topics mais famosos e persistentes do twitter (o #calabocagalvão) e agora, novamente, eles conseguem impactar o mundo espalhando um hoax (boato) sobre a Coréia do Norte que foi divulgado no mundo todo:
A Coréia do Norte teria noticiado internamente ter ganho a Copa de 2014.
Acontece que na Coréia do Norte a internet é proibida, não existe imprensa livre e escutar uma rádio estrangeira pode levar à prisão (os rádios fornecidos pelas autoridades sintonizam uma frequência fixa, permitindo ouvir apenas programas oficiais). O que a torna um dos países mais fechados do mundo e o regime controla os meios de comunicação com mãos de ferro para impor a propaganda oficial.
Sendo assim, é extremamente difícil obter qualquer informação da realidade de lá (que não seja oficial) e é ainda mais difícil checar a veracidade do que vem à tona.
Os meios de comunicação norte-coreanos já divulgaram, por exemplo, que Kim Jong-Il, o falecido pai do atual ditador do país, Kin Jong-Un, em sua primeira partida de golfe, acertou 11 buracos em sua primeira tacada.
Dessa forma, a escolha do país como tema desse boato não foi por acaso. Seria muito mais difícil apurar a origem dos boatos e seu bizarro conteúdo seria mais crível.
O plano consistia em criar um canal do YouTube (Korea News Backup), cujo o falso propósito seria o de divulgar interceptações de TV de satélites norte-coreanos, publicar alguns vídeos durante um certo tempo (3 meses) para dar mais credibilidade ao canal (com descrição e título em coreano), arrumaram uma locutora sul-coreana para narrar as notícias, fizeram um vídeo com o time deles destruindo todos os principais rivais (os óbvios EUA e Coréia do Sul, e até Portugal que já os vencera por 7 a zero) e fazendo a final com o Brasil (que posteriormente bateram por 8 a 1).
Depois foi só criar mais perfis falsos com avatares de mulheres com decotes pronunciados e enviar a notícia para Petista e PSDBistas (ou Petralhas e Tucanalhas como o autor chamou os divulgadores a serem manipulados no post explicando a trama toda) entre outros famosos e famosinhos.
Isso porque, segundo o autor da zoação, seriam as pessoas mais ávidas por divulgar qualquer bizarrice vinda de um país comunista (especialmente em notícias enviadas por mulheres com decote).
Jornais, como o Metro e o Mirror, ambos do Reino Unido, mas apenas para ficar nesses dois, chegaram a publicar a barriga (termo usado para reportagens publicadas por engano). No Metro a manchete original (“Imprensa norte-coreana informa ao país que sua seleção chegou à final da Copa do Mundo”) foi corrigida (“Paródia maluca mostra imprensa norte-coreana dizendo a fãs que sua seleção chegou à final da Copa do Mundo”). No Mirror a machete do dia 12 de julho ainda estava lá hoje, ("Fãs de futebol da Coréia do Norte disseram que jogaram a final da Copa com Portugal"). Mas advertiram que o especialistas em Coréia do Norte estavam convecidos de que o vídeos era falso.
Segundo o próprio autor da pegadinha, quando a notícia chegou na Coréia do Sul, os sul-coreanos já começaram a alertar que o sotaque da narradora não era da Coréia do Norte. O que talvez tenha ajudado a diminuir o alcance da boataria.
Nós divugamos o Manual de Verificação com dicas úteis para jornalistas que precisam apurar a veracidade de suas informações. Talvez, nesse caso, não seria possível conferir a origem dos fatos antes de publicá-los. Mas já dava, pelo menos, para incluir aquela notinha "vídeo cuja autenticidade não pode ser verificada" e livrar a cara dos editores.
Moral da história? Se já ficou comprovado que, com facilidade, é possível manipular o humor dos usuários nas mídias sociais, muito cuidado com o que você lê e repassa. Uma vez vez que tem gente arranjando histórias muito elaboradas "for fun". Imagine o que serviços de inteligência e profissionais de marketing fariam para se apoderar do controle da opinião das pessoas.
Fonte: Observatório da Imprensa, Não Salvo, Metro, Mirror, G1
[Via BBA]
Metro (Reino Unido): Correção de texto da manchete após "barriga". |
Como um vídeo se torna viral? Como plantar notícia na internet? Fácil? Nem tanto. Dá algum trabalho. Mas o blog brasileiro Não Salvo com certeza sabe a receita já que foi de lá que partiu um dos trending topics mais famosos e persistentes do twitter (o #calabocagalvão) e agora, novamente, eles conseguem impactar o mundo espalhando um hoax (boato) sobre a Coréia do Norte que foi divulgado no mundo todo:
A pegadinha também atingiu o Mirror. |
A Coréia do Norte teria noticiado internamente ter ganho a Copa de 2014.
Mas como? Já que a Coréia do Norte nem sequer participou da Copa no Brasil?
Acontece que na Coréia do Norte a internet é proibida, não existe imprensa livre e escutar uma rádio estrangeira pode levar à prisão (os rádios fornecidos pelas autoridades sintonizam uma frequência fixa, permitindo ouvir apenas programas oficiais). O que a torna um dos países mais fechados do mundo e o regime controla os meios de comunicação com mãos de ferro para impor a propaganda oficial.
Sendo assim, é extremamente difícil obter qualquer informação da realidade de lá (que não seja oficial) e é ainda mais difícil checar a veracidade do que vem à tona.
Os meios de comunicação norte-coreanos já divulgaram, por exemplo, que Kim Jong-Il, o falecido pai do atual ditador do país, Kin Jong-Un, em sua primeira partida de golfe, acertou 11 buracos em sua primeira tacada.
Dessa forma, a escolha do país como tema desse boato não foi por acaso. Seria muito mais difícil apurar a origem dos boatos e seu bizarro conteúdo seria mais crível.
O plano consistia em criar um canal do YouTube (Korea News Backup), cujo o falso propósito seria o de divulgar interceptações de TV de satélites norte-coreanos, publicar alguns vídeos durante um certo tempo (3 meses) para dar mais credibilidade ao canal (com descrição e título em coreano), arrumaram uma locutora sul-coreana para narrar as notícias, fizeram um vídeo com o time deles destruindo todos os principais rivais (os óbvios EUA e Coréia do Sul, e até Portugal que já os vencera por 7 a zero) e fazendo a final com o Brasil (que posteriormente bateram por 8 a 1).
Depois foi só criar mais perfis falsos com avatares de mulheres com decotes pronunciados e enviar a notícia para Petista e PSDBistas (ou Petralhas e Tucanalhas como o autor chamou os divulgadores a serem manipulados no post explicando a trama toda) entre outros famosos e famosinhos.
Isso porque, segundo o autor da zoação, seriam as pessoas mais ávidas por divulgar qualquer bizarrice vinda de um país comunista (especialmente em notícias enviadas por mulheres com decote).
Jornais, como o Metro e o Mirror, ambos do Reino Unido, mas apenas para ficar nesses dois, chegaram a publicar a barriga (termo usado para reportagens publicadas por engano). No Metro a manchete original (“Imprensa norte-coreana informa ao país que sua seleção chegou à final da Copa do Mundo”) foi corrigida (“Paródia maluca mostra imprensa norte-coreana dizendo a fãs que sua seleção chegou à final da Copa do Mundo”). No Mirror a machete do dia 12 de julho ainda estava lá hoje, ("Fãs de futebol da Coréia do Norte disseram que jogaram a final da Copa com Portugal"). Mas advertiram que o especialistas em Coréia do Norte estavam convecidos de que o vídeos era falso.
Segundo o próprio autor da pegadinha, quando a notícia chegou na Coréia do Sul, os sul-coreanos já começaram a alertar que o sotaque da narradora não era da Coréia do Norte. O que talvez tenha ajudado a diminuir o alcance da boataria.
Nós divugamos o Manual de Verificação com dicas úteis para jornalistas que precisam apurar a veracidade de suas informações. Talvez, nesse caso, não seria possível conferir a origem dos fatos antes de publicá-los. Mas já dava, pelo menos, para incluir aquela notinha "vídeo cuja autenticidade não pode ser verificada" e livrar a cara dos editores.
Moral da história? Se já ficou comprovado que, com facilidade, é possível manipular o humor dos usuários nas mídias sociais, muito cuidado com o que você lê e repassa. Uma vez vez que tem gente arranjando histórias muito elaboradas "for fun". Imagine o que serviços de inteligência e profissionais de marketing fariam para se apoderar do controle da opinião das pessoas.
Fonte: Observatório da Imprensa, Não Salvo, Metro, Mirror, G1
[Via BBA]
Comentários