Revolucionária armadura tecnológica permite paraplégico participar da abertura da Copa do Mundo de futebol no Brasil.
Revolucionária armadura tecnológica permite paraplégico participar da abertura da Copa do Mundo de futebol no Brasil.
Com sua identidade mantida em segredo até depois do evento, Juliano Pinto, 29 anos, ex-lutador de Jiu-Jitsu com paralisia completa do tronco inferior, realizou o simbólico pontapé de saída na Arena Corinthians, em São Paulo.
Usando seu abrigo robótico, chamado de Bra-Santos Dumont, combinando uma sigla para Brasil com o nome de Alberto Santos-Dumont, o pioneiro da aviação, Pinto chutou a bola oficial a uma curta distância ao longo de uma esteira.
Tudo certo? Longe disso, alguns observadores argumentaram que no evento histórico não foi dada a atenção merecida, durante a cerimônia de abertura.
O exoesqueleto robótico foi criado por uma equipe de mais de 150 pesquisadores liderados pelo neurocientista brasileiro Dr. Miguel Nicolelis.
Dr. Nicolelis chamou o evento de "um grande esforço de equipe", por meio do Twitter, e mais tarde tuitou: "Nós fizemos isso!"
O neurocientista, que tem seu trabalho baseado na Universidade de Duke, EUA (realizando boa parte de seus trabalhos em Natal/RN), é uma figura de liderança na área de interfaces cérebro-máquina. No trabalho inovador publicado em 2003, mostrou que os macacos poderiam controlar o movimento de armas virtuais em um avatar usando apenas sua atividade cerebral.
Pinto e sua vestimenta foi trazido usando um carrinho de golfe com um guincho adaptado. A promessa era mostrar um paraplégico dando o pontapé inicial da Copa do Mundo. Mas o que foi visto foi um anti-clímax onde poucos segundos de exposição durante a abertura foram destinados a uma demonstração que poderia ser um marco simbólico do desenvolvimento tecno-científico nacional. Por que foi tão pouco exibido? E por que ficou colocado em uma lateral do campo e não no centro da apresentação (onde estava uma bonita bola gigante coberta com LEDs).
O fato é que o próprio Nicolelis tinha uma ideia muito maior do resultado a ser apresentado nessa oportunidade e foi reduzindo o escopo do projeto para patamares mais condizentes com a evolução do projeto.
Nicolelis prometia inicialmente “uma veste robótica que poderá fazer que tetraplégicos voltem a andar, usando só a força do pensamento” durante a abertura da Copa, em entrevista de 2011 ao Estadão. Vindo a repetir a promessa seguidas vezes desde então.
Em janeiro, a promessa já não envolvia tetraplégicos, e sim paraplégicos:
Dias antes da abertura a promessa já havia outra versão:
A assessoria de imprensa da Fifa diz à Folha que concedeu 30s para a demonstração do exoesqueleto BRA-Santos Dumont 1, “e isso foi cumprido”. Em entrevista ao Jornal Nacional, Nicolelis disse que a demonstração foi executada em 16s.
A assessoria ainda diz que a demonstração “foi rigorosamente igual à que aconteceu nos dois ensaios gerais”. Já a equipe do projeto Andar de Novo disse ao Estadão que “nenhum outro movimento foi realizado pelo exoesqueleto, além daquele que aparece nos 2s de transmissão da TV”.
Ronaldo, o ex-jogador "fenômeno", participando como comentarista esportivo na TV Globo, testemunhou, após a abertura da Copa, conhecer o projeto e já haver experimentado o protótipo de exoesqueleto afirmando ter ficado impressionado com a "realidade virtual" do equipamento que propiciou que ele, Ronaldo, tivesse a impressão de estar correndo sem sair do lugar.
Oito pacientes vinham sendo treinados por Nicolelis em seu laboratório em São Paulo, todos com mais de 20 anos de idade sendo que o mais velho tinha cerca de 35.
Dr. Cheng liderou o desenvolvimento de uma forma de pele artificial para o exoesqueleto, aplicada nas solas dos pés e que permite que o paciente receba estimulação tátil ao andar com o exoesqueleto. Esta pele é composta de placas de circuitos impressos flexíveis, cada uma contendo sensores de pressão, temperatura e velocidade.
Quando a vestimenta robótica começa a mover-se e toca o chão, os sinais são transmitidos para um dispositivo de vibração eletrônica no braço do paciente, estimulando sua pele.
Depois de muita prática, o cérebro começa a associar os movimentos das pernas com a vibração no braço. Em teoria, o paciente deverá começar a desenvolver a sensação de que eles têm pernas e que está andando.
Conclusão
Não descartando especulações envolvendo uma má vontade da FIFA para com o governo brasileiro e outros conchavos políticos de bastidores com todo contexto político-eleitoral de fundo podemos fazer algumas afirmações baseadas nos fatos visíveis.
A FIFA disse que tinha preocupações com o gramado para o jogo logo em seguida, que poderia ser danificado com o peso de cadeiras de rodas, carrinhos de golfe e exoesqueletos (ainda que coisas pesadas como o globo de LEDs foram instalados no centro da Arena sem problemas).
O que foi prometido: Uma pessoa usando a veste robótica deveria se levantar de uma cadeira de rodas, caminhar 25 metros e chutar a bola. A promessa estava no site oficial da Copa.
Juliano Pinto foi transportado até a beira do campo por um carrinho e colocado em um pequeno tablado com duas pessoas segurando o exoesqueleto. Deu um pequeno chute em uma bola colocada em sua frente.
Fonte: TV Globo, Gizmodo, CNet, BBC, Observatório da Imprensa, Folha, SporTV
[Via BBA]
Com sua identidade mantida em segredo até depois do evento, Juliano Pinto, 29 anos, ex-lutador de Jiu-Jitsu com paralisia completa do tronco inferior, realizou o simbólico pontapé de saída na Arena Corinthians, em São Paulo.
Usando seu abrigo robótico, chamado de Bra-Santos Dumont, combinando uma sigla para Brasil com o nome de Alberto Santos-Dumont, o pioneiro da aviação, Pinto chutou a bola oficial a uma curta distância ao longo de uma esteira.
Tudo certo? Longe disso, alguns observadores argumentaram que no evento histórico não foi dada a atenção merecida, durante a cerimônia de abertura.
Essa cena deveria ser a expressão mais espetaculosa e a consagração pública do projeto que custou, até aqui, cerca de R$ 30 milhões. No contexto do espetáculo, a experiência equivale a quase nada, porque a imagem, por si, nada esclarece. Comparado à expectativa que se criou em torno do experimento, alardeado meses antes pela imprensa, foi um fracasso em termos de comunicação. A falta de explicações sobre como a coisa funciona, na narrativa dos locutores da televisão, esvaziou o interesse do público.
Luciano Martins Costa. Observatório da Imprensa
O exoesqueleto robótico foi criado por uma equipe de mais de 150 pesquisadores liderados pelo neurocientista brasileiro Dr. Miguel Nicolelis.
Dr. Nicolelis chamou o evento de "um grande esforço de equipe", por meio do Twitter, e mais tarde tuitou: "Nós fizemos isso!"
Foi Juliano que usou o exoesqueleto, mas todos eles deram esse chute. Foi uma grande gol feito por essas pessoas e por nossa ciência.
O neurocientista, que tem seu trabalho baseado na Universidade de Duke, EUA (realizando boa parte de seus trabalhos em Natal/RN), é uma figura de liderança na área de interfaces cérebro-máquina. No trabalho inovador publicado em 2003, mostrou que os macacos poderiam controlar o movimento de armas virtuais em um avatar usando apenas sua atividade cerebral.
Pode-se dizer que, quanto mais famoso fica o cientista, menor será o valor que lhe será dado como cientista. Na TV Globo, a emissora com a maior audiência, o narrador Galvão Bueno tinha um de seus ataques de verborragia quando a cena aconteceu, e se viu alertado pela direção a chamar a imagem de volta para fazer sobre ela um emocionado improviso. E, em vez do grand finale anunciado por meses, aquilo que deveria ser o coroamento de uma suposta conquista científica se perdeu no meio da festa.
Luciano Martins Costa. Observatório da Imprensa
Pinto e sua vestimenta foi trazido usando um carrinho de golfe com um guincho adaptado. A promessa era mostrar um paraplégico dando o pontapé inicial da Copa do Mundo. Mas o que foi visto foi um anti-clímax onde poucos segundos de exposição durante a abertura foram destinados a uma demonstração que poderia ser um marco simbólico do desenvolvimento tecno-científico nacional. Por que foi tão pouco exibido? E por que ficou colocado em uma lateral do campo e não no centro da apresentação (onde estava uma bonita bola gigante coberta com LEDs).
A FIFA deveria responder pela edição das imagens que impediu q a demonstração fosse transmitida na integra. Responsabilidade é tda dela.
Miguel Nicolelis no Twitter (@MiguelNicolelis)
O fato é que o próprio Nicolelis tinha uma ideia muito maior do resultado a ser apresentado nessa oportunidade e foi reduzindo o escopo do projeto para patamares mais condizentes com a evolução do projeto.
Nicolelis prometia inicialmente “uma veste robótica que poderá fazer que tetraplégicos voltem a andar, usando só a força do pensamento” durante a abertura da Copa, em entrevista de 2011 ao Estadão. Vindo a repetir a promessa seguidas vezes desde então.
Em janeiro, a promessa já não envolvia tetraplégicos, e sim paraplégicos:
A ideia é que a gente possa demonstrar a habilidade de um paciente paraplégico, e com lesão medular severa, se levantar de uma cadeira de rodas usando a atividade cerebral para controlar o exoesqueleto, caminhar até o centro do campo recebendo todo o feedback tátil desses passos, e finalmente chutar a bola para inaugurar a Copa do Mundo.
Dias antes da abertura a promessa já havia outra versão:
Um dos oito pacientes da AACD que participaram dos testes clínicos será encarregado de um “chute inicial” da Brazuca (nome da bola oficial do torneio) movimentando o exoesqueleto somente com a atividade cerebral, assim como ocorreu no laboratório.
A assessoria de imprensa da Fifa diz à Folha que concedeu 30s para a demonstração do exoesqueleto BRA-Santos Dumont 1, “e isso foi cumprido”. Em entrevista ao Jornal Nacional, Nicolelis disse que a demonstração foi executada em 16s.
Estávamos informados que a pessoa iria levantar, caminhar e dar o chute na bola.
Rodrigo Fonseca, diretor da Finep, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação que financiou o projeto em R$ 33 milhões, à Folha
A assessoria ainda diz que a demonstração “foi rigorosamente igual à que aconteceu nos dois ensaios gerais”. Já a equipe do projeto Andar de Novo disse ao Estadão que “nenhum outro movimento foi realizado pelo exoesqueleto, além daquele que aparece nos 2s de transmissão da TV”.
Ronaldo, o ex-jogador "fenômeno", participando como comentarista esportivo na TV Globo, testemunhou, após a abertura da Copa, conhecer o projeto e já haver experimentado o protótipo de exoesqueleto afirmando ter ficado impressionado com a "realidade virtual" do equipamento que propiciou que ele, Ronaldo, tivesse a impressão de estar correndo sem sair do lugar.
Oito pacientes vinham sendo treinados por Nicolelis em seu laboratório em São Paulo, todos com mais de 20 anos de idade sendo que o mais velho tinha cerca de 35.
É a primeira vez que um exoesqueleto tem sido controlado pela atividade cerebral e ofereceu feedback para os pacientes. Fazer uma demonstração em um estádio é algo muito fora da nossa rotina na área de robótica. Isso nunca foi feito antes.
Miguel Nicolelis, em entrevista a Agência France Press
A ideia básica é que estamos gravando a partir do cérebro e, em seguida, que o sinal estará sendo traduzido em comandos para o robô para começar a se mover.
Dr. Gordon Cheng da Universidade Técnica de Munique e um dos membros da equipe em entrevista à BBC
Dr. Cheng liderou o desenvolvimento de uma forma de pele artificial para o exoesqueleto, aplicada nas solas dos pés e que permite que o paciente receba estimulação tátil ao andar com o exoesqueleto. Esta pele é composta de placas de circuitos impressos flexíveis, cada uma contendo sensores de pressão, temperatura e velocidade.
Quando a vestimenta robótica começa a mover-se e toca o chão, os sinais são transmitidos para um dispositivo de vibração eletrônica no braço do paciente, estimulando sua pele.
Depois de muita prática, o cérebro começa a associar os movimentos das pernas com a vibração no braço. Em teoria, o paciente deverá começar a desenvolver a sensação de que eles têm pernas e que está andando.
Conclusão
Não descartando especulações envolvendo uma má vontade da FIFA para com o governo brasileiro e outros conchavos políticos de bastidores com todo contexto político-eleitoral de fundo podemos fazer algumas afirmações baseadas nos fatos visíveis.
A FIFA disse que tinha preocupações com o gramado para o jogo logo em seguida, que poderia ser danificado com o peso de cadeiras de rodas, carrinhos de golfe e exoesqueletos (ainda que coisas pesadas como o globo de LEDs foram instalados no centro da Arena sem problemas).
Seria bem legal se a gente pudesse estar lá no centro do campo, fazendo essa demonstração, algo que entrou para a história.
Juliano Pinto
O que foi prometido: Uma pessoa usando a veste robótica deveria se levantar de uma cadeira de rodas, caminhar 25 metros e chutar a bola. A promessa estava no site oficial da Copa.
Não posso mentir que fiquei um pouco nervoso. Não só 62 mil pessoas no estádio, mas o mundo inteiro te assistindo, esperando esse momento. Mantive a calma, fiz o meu papel e deu certo. Mas depois que saí dali não aguentei, desabei.
Juliano Pinto
Juliano Pinto foi transportado até a beira do campo por um carrinho e colocado em um pequeno tablado com duas pessoas segurando o exoesqueleto. Deu um pequeno chute em uma bola colocada em sua frente.
O importante foi mostrar para o público que era possível.
Rodrigo Fonseca. Diretor da Finep
Fonte: TV Globo, Gizmodo, CNet, BBC, Observatório da Imprensa, Folha, SporTV
[Via BBA]
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