Para onde a Google vai seguir?

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No palco do TED2014, Charlie Rose entrevista o CEO da Google, Larry Page, sobre sua visão para o futuro da companhia. Ele inclui ciclovias a...

No palco do TED2014, Charlie Rose entrevista o CEO da Google, Larry Page, sobre sua visão para o futuro da companhia. Ele inclui ciclovias aéreas e balões para a Internet … e depois fica mais interessante ainda quando Page discorre sobre a recente aquisição da Deep Mind, um programa de IA que está aprendendo coisas surpreendentes.


Charlie Rose: Larry enviou-me um "email" e basicamente disse: "Temos que garantir que não vamos passar a imagem de uma dupla de homens chatos, de meia idade".



Eu disse: "Fico lisonjeado com isto" -- (Risos) porque eu sou um pouquinho mais velho, e ele possui uma rede um pouco maior do que a minha.

Larry Page: Ora, obrigado.

CR: Conversaremos sobre a Internet conversaremos sobre a Google, falaremos sobre busca e privacidade, e também sobre sua filosofia e um sentido de como você percebeu como esta jornada que começou há algum tempo tem perspectivas tão interessantes. Queremos falar principalmente do futuro. Minha primeira pergunta: onde a Google se encontra e para onde ela está indo? LP: Bem, pensamos muito nisto e a nossa missão, que definimos há muito tempo, é organizar as informações do mundo e torná-las universalmente acessíveis e úteis. As pessoas sempre perguntam: "É isso mesmo que vocês ainda estão fazendo?" Eu sempre me pergunto essa mesma coisa e não estou muito seguro. Mas quando penso em busca, é algo muito profundo para todos nós, compreender de fato o que você deseja, compreender as informações do mundo, e ainda nos encontramos nos estágios iniciais disto, o que é uma loucura. Já lidamos com isto há 15 anos, mas não está pronto de maneira nenhuma.

CR: Quando estiver, como será?

LP: Bem, eu imagino, ao pensar para onde iremos, -- sabe, por que não está pronto? -- muito disso é apenas a uma bagunça de computação. Veja, seu computador não sabe onde você está, não sabe o que você está fazendo, não sabe o que você sabe, e muito do que tentamos fazer recentemente é apenas fazer seus dispositivos funcionarem, fazê-los entender seu contexto. O Google Now sabe onde você está, sabe do que você pode precisar. Logo, ter um computador que trabalhe e entenda você e compreenda essas informações, realmente ainda não está pronto. É ainda muito, muito estúpido.

CR: Quando você olha o que a Google faz, onde a Deep Mind se encaixa?

LP: Sim, Deep Mind é uma empresa que nós adquirimos recentemente. Está sediada no Reino Unido. Primeiro, deixe-me contar como chegamos até ali, que foi prestando atenção à busca e realmente compreendendo, tentando entender tudo, e tornar os computadores menos desajeitados e fazê-los compreender você para valer — como a voz, foi muito importante. O que há de mais avançado no reconhecimento de voz? Não é muito bom. Não o compreende por completo. E começamos a pesquisar aprendizagem de máquina para aperfeiçoar isso. Ajudou muito. Começamos a pesquisar coisas como o YouTube. Podemos compreender o YouTube? Usamos aprendizagem de máquina no YouTube e ele, sozinho, descobriu os gatos. Bem, este é um conceito importante. Percebemos que ali havia algo. Se podemos aprender o que são gatos, isto deve ser mesmo importante. Eu penso que Deep Mind, o que é impressionante no Deep Mind é que ele pode -- estão aprendendo coisas sem supervisão. Eles começaram com "videogames", talvez eu possa mostrar o vídeo, apenas jogando "videogames" e aprendendo a jogar automaticamente.

CR: Observe os videogames e como as máquina estão ficando capazes de fazer coisas admiráveis.

LP: O surpreendente disso é que, obviamente, estes são jogos antigos, mas o sistema enxerga apenas o que você vê, os pixels, e ele tem os controles, ele tem o placar, e aprendeu a jogar todos estes jogos, o mesmo programa. Ele aprendeu a jogar todos estes jogos com um desempenho supra-humano. Não tínhamos conseguido fazer coisas assim com computadores, anteriormente. Vamos narrar este rapidamente. Este é um jogo de box e ele pode de certa forma adivinhar a ação do adversário. O computador é o da esquerda e está acumulando pontos. Imagine se esse tipo de inteligência fosse colocada à sua disposição, ou atendendo suas necessidades de informação e coisas assim. Estamos apenas no início disso, e é isso o que me anima.

CR: Quando se analisa tudo o que aconteceu com Deep Mind e o jogo de boxe, uma parte do rumo em que estamos seguindo é a inteligência artificial. Onde estamos, deste ponto de vista?

LP: Bem, para mim, esta é uma das coisas mais apaixonantes que já vi. O cara que começou esta companhia, Demis, tem formação em neurociência e em ciência da computação. Ele voltou a estudar para obter sua pós-graduação, para estudar o cérebro. Eu acho que estamos vendo muito trabalho empolgante em curso, que cruza a ciência da computação com a neurociência, no que diz respeito à compreensão do que é preciso para tornar algo inteligente e fazer coisas realmente interessantes.

CR: Mas em que nível está agora? E a que velocidade você acha que estamos avançando?

LP: Bem, agora isto é o que há de mais avançado, reconhecer gatos no YouTube e coisas assim, aperfeiçoar o reconhecimento de voz. Usamos bastante aprendizado de máquina para melhorar as coisas incrementalmente, e na minha opinião, este exemplo é empolgante, porque é um programa capaz de fazer muitas coisas diferentes.

CR: Não sei se podemos, mas temos a imagem do gato. Seria maravilhoso ver isto. É assim que as máquinas olharam para os gatos e o que elas criaram. Podemos ver aquela imagem?

LP: Sim. CR: Lá está. Podem ver o gato? Desenhado por máquinas, visto por máquinas.

LP: Isto mesmo. Isto foi aprendido apenas assistindo o YouTube. E sem nenhum treinamento, sem qualquer noção do que é um gato, este conceito de um gato, é uma coisa importante de compreender e que agora as máquinas, de certa forma, podem fazê-lo. Talvez concluindo também a parte de buscas, começou com a busca, compreender o contexto das pessoas e suas informações. Eu tenho um vídeo que eu gostaria de mostrar rapidamente, o que nós efetivamente descobrimos.

(Video) [“Soy, Quênia”]

Zack Matere: Não faz muito tempo, eu plantei batatas. Então, de repente, elas começaram a morrer, uma após a outra. Consultei os livros e eles não diziam muita coisa. Então fiz uma busca. [“Zack Matere, Fazendeiro"] Doenças de batatas. Um dos "sites" disse-me que as formigas podiam ser a causa do problema. Dizia para jogar cinza de madeira nas plantas. Depois de alguns dias, as formigas desapareceram. Fiquei entusiasmado com a internet. Tenho um amigo que gostaria de ampliar seus negócios. Fui com ele a um "cybercafé" e consultamos vários "sites". Da próxima vez que o vi, ele ia montar um moinho na escola local. Eu fiquei orgulhoso porque algo que antes não existia ali de repente estava lá. Dei-me conta de que nem todos podem ter acesso ao que eu podia acessar. Pensei que precisava de uma Internet que minha avó possa usar. Então eu imaginei um quadro de avisos. Um simples quadro de avisos feito de madeira. Quando eu receber informações pelo telefone, poderei publicá-las no quadro de avisos. É basicamente como um computador. Eu uso a Internet para ajudar as pessoas. Acho que estou procurando uma vida melhor para mim e meus vizinhos. Muitas pessoas têm acesso à informação, mas sem qualquer consequência. Creio que o próximo passo seja o nosso conhecimento. Quando se tem o conhecimento, é possível encontrar as soluções sem precisar de ajuda. A informação é poderosa, porém o que nos define é como a usamos.

(Aplausos)

LP: O que esse vídeo tem de impressionante é que nós lemos nos jornais e encontramos estes senhores, e produzimos aquele pequeno clipe.

CR: Quando eu falo de você para as pessoas, elas me dizem, pessoas que o conhecem bem, dizem que Larry quer mudar o mundo, e ele acredita que a tecnologia pode indicar o caminho. E isso significa acessar a Internet. Tem a ver com os idiomas. Também quer dizer como as pessoas podem acessar e realizar coisas que afetarão sua comunidade e este é um exemplo. LP: Sim, certo, eu penso que tenho focalizado mais no acesso, se estivermos falando do futuro. Lançamos recentemente o Projeto Loon, que consiste em usar balões para consegui-lo. Parece totalmente maluco. Podemos mostrar o vídeo aqui. Dois terços das pessoas do mundo não têm bom acesso à Internet atualmente. Acreditamos que isto possa ajudar as pessoas a um custo otimizado.

CR: É um balão LP: Sim, dá acesso à Internet.

CR: E por que este balão dá acesso à Internet? Porque havia coisas interessantes para resolver, para conseguir viabilizar os balões, e eles não precisassem ficar amarrados.

LP: Sim, e isto é um bom exemplo de inovação. Por exemplo, temos pensado nisso por cinco anos ou mais, antes de começarmos a trabalhar nela, mas, em síntese, como ter pontos de acesso lá no alto, a baixo custo? Normalmente usam-se satélitres e leva muito tempo para lançá-los. Mas você viu como é fácil lançar um balão, fazê-lo subir, mais uma vez, é a força da Internet, pesquisei nela, e descobri que, 30, 40 anos atrás, alguém havia lançado um balão e ele deu a volta na Terra várias vezes. E eu pensei, por que não podemos fazer isto hoje? E foi assim que este projeto começou.

CR: Mas você não fica à mercê do vento?

LP: Sim, mas acontece que simulamos as condições climáticas o que provavelmente não tinha sido feito antes, e se você controlar a altitude dos balões, o que pode ser feito enchendo-os mais, e por outros meios, você pode controlar mais ou menos para onde eles vão, e assim podemos construir uma rede mundial com estes balões, que pode cobrir todo o planeta.

CR: Antes de falar sobre o futuro e o transporte, coisa em que você foi estudioso por algum tempo, e a fascinação que você tem pelo transporte e carros automáticos e bicicletas, vamos falar do que foi o assunto aqui, com o Edward Snowden. É a segurança e a privacidade. Você tem que estar pensando nisto.

LP: Sim, sem dúvida. Eu vi a fotografia do Sergey com o Edward Snowden, ontem. Alguns de vocês devem tê-la visto. Considero que a privacidade e a segurança são coisas realmente importantes. Devemos pensá-las em conjunto, e julgo que não podemos ter privacidade sem segurança. Então, em primeiro lugar, deixe-me falar de segurança, porque você perguntou sobre o Snowden e tudo mais, eu falarei um pouco sobre privacidade. Penso que, é muito decepcionante que o governo tenha feito tudo secretamente e não nos tenha contado. Não acho que possamos ter uma democracia se tivermos que proteger você e os nossos usuários dos atos do governo, de coisas sobre as quais nunca conversamos. Não estou dizendo que temos que saber de que ataque terrorista eles estão tentando nos proteger, mas temos mesmo que saber quais são os parâmetros e que tipo de vigilância o governo vai fazer e como e por quê, e acho que não houve esse diálogo. Considero que o governo realmente prestou um enorme desserviço a si mesmo fazendo tudo em segredo.

CR: Nunca procurou a Google para pedir alguma coisa.

LP: Não a Google, mais o público. Acho que precisamos ter um debate sobre isto ou não poderemos ter uma democracia que funcione. Simplesmente não é possível. Eu estou triste que a Google esteja na posição de defender você e nossos usuários do governo fazer coisas secretas sobre as quais ninguém sabe. Não faz sentido.

CR: Sim. E tem o lado da privacidade.

LP: Sim. O lado da privacidade, o que eu acho — o mundo está mudando. Você leva um telefone. Sabe-se onde você está. Há muito mais informações a seu respeito e isso é importante, e faz sentido as pessoas fazerem perguntas difíceis. Passamos muito tempo pensando nisto e em quais são os problemas. Eu estou um pouco -- eu penso que o principal a fazer é dar opção às pessoas, mostrar-lhes quais dados estão sendo coletados — o histórico de buscas, os dados de localização. Estamos entusiasmados com o modo incógnito no Chrome, e fazendo-o de mais modos, dando às pessoas mais escolhas e mais consciência do que está acontecendo. Eu também acho que é muito fácil. O que me preocupa é jogar fora o bebê junto com a água do banho. Assisto ao seu "show" e quase perco minha voz, e eu ainda não a recuperei. Espero que conversando com você eu possa tê-la de volta.

CR: Se eu pudesse fazer alguma coisa, eu o faria.

LP: Tudo bem. Então pegue sua boneca de vodu e tudo o que precisar para fazê-lo. Sabe, eu olho para isso, Eu tornei isso público, e consegui todas estas informações. Recebemos uma pesquisa das condições médicas de pessoas com problemas semelhantes, eu examino os registros médicos e digo: "Não seria maravilhoso se os dados médicos de todos estivessem disponíveis, de modo anônimo, para médicos pesquisadores?" E quando alguém tivesse acesso ao seu arquivo médico, um médico pesquisador, eles poderiam ver, você poderia ver qual médico o acessou e por qual motivo, e talvez você pudesse compreender quais são suas condições de saúde. Penso que se fizéssemos isto, salvaríamos milhares de vidas neste ano.

CR: Com certeza. Deixe-me — (Aplausos)

LP: Estou muito preocupado que, com a privacidade na Internet, estejamos fazendo o mesmo que fazemos com os dados médicos, que estejamos jogando fora o bebê junto com a água do banho, sem realmente pensar no enorme bem que pode advir de pessoas compartilhando informações com as pessoas certas, dos modos corretos.

CR: E as condições necessárias para que as pessoas possam ter confiança de que suas informações não serão violadas.

LP: Sim, e eu tive este problema com a minha voz. Eu estava temeroso de compartilhar isto Sergey encorajou-me a compartilhar e foi ótimo.

CR: E a resposta foi muito grande.

LP: Sim, e as pessoas são superpositivas. Temos milhares e milhares de pessoas em condições semelhantes, para as quais não existem dados atualmente. Portanto, foi uma coisa muito boa.

CR: Falando do futuro, o que há com você e sistemas de transporte?

Pois é. Acho que fiquei frustrado com isso quando eu estava na faculdade em Michigan. Eu tinha que ir de ônibus e esperar por ele. Fazia frio e nevava. Fiz pesquisa de quanto custava, e fiquei um tanto obcecado pelo sistemas de transporte.

CR: Aquilo deu início à ideia de um carro automático.

LP: Sim, cerca de 18 anos atrás, eu soube de pessoas que trabalhavam com carros automáticos e eu fiquei fascinado por aquilo, e leva algum tempo para que estes projetos avancem, mas estou superempolgado com as possibilidades de que isso melhore o mundo. Há 20 milhões de pessoas feridas por ano, ou mais. É a principal causa de morte de pessoas com menos de 34 anos nos EUA.

CR: Você está falando em salvar vidas.

LP: Sim, e também em economizar espaço e tornar a vida melhor. Metade de Los Angeles é constituída por áreas de estacionamento e estradas, metade da área, e a maioria das cidades não fica muito longe. É uma loucura usarmos nosso espaço dessa maneira.

CR: E dentro de quanto tempo chegaremos lá?

LP: Acho que muito brevemente. Dirigimos por mais de 160 mil quilômetros, totalmente automatizados. Estou superempolgado em produzir isto rapidamente.

CR: Mas você não fala só de carros automatizados. Você também tem uma ideia para as bicicletas.

LP: Bem, na Google tivemos a ideia de podermos disponibilizar bicicletas grátis para todos, e tem sido surpreendente, na maioria dos passeios. Vemos as bicicletas indo e vindo e as bicicletas se esgotam. Estão sendo usadas 24 horas por dia.

CR: Você também quer colocá-las acima das ruas.

LP: Bem, como faremos que as pessoas usem mais as bicicletas?

CR: Acho que temos um vídeo aqui.

LP: Sim, mostremos o vídeo. Fiquei empolgado com isto.

(Música) Eis como separar as bicicletas dos carros com um custo mínimo. Bem, parece uma loucura total, mas eu estava pensando no nosso "campus" trabalhando com as cidades e tal, tentando fazer maior uso das bicicletas e eu pensava a respeito de como separar, de modo econômico, as bicicletas do tráfego? Fui e pesquisei, e isto foi o que descobri. Na verdade, não estamos trabalhando nisso nesta coisa específica, mas ela atiça nossa imaginação.

CR: Deixe-me encerrar com isto. Dê-me uma percepção da filosofia em sua mente. Você tem esta ideia do [Google X] você não deseja simplesmente chegar a uma pequena arena de progresso mensurável.

LP: Sim, eu creio que muitas das coisas de que falamos são assim, onde elas são -- quase usei o conceito econômico de "adicionalidade", o que significa que você faz algo que não acontecerá a menos que o faça de fato. E eu acho que, quanto mais você puder fazer coisas assim, maior será o impacto que obterá e trata-se de fazer coisas que as pessoas podem considerar impossíveis. Eu estou surpreso. Quanto mais eu aprendo tecnologia, mais eu percebo que não sei, e isto se deve ao horizonte tecnológico, aquilo que você enxerga para fazer a seguir, quanto mais você aprende tecnologia, mais você aprende o que é possível. Você aprende que os balões são possíveis porque há um material que serve para construí-los.

CR: O que também é interessante em você, é que temos muita gente que pensa no futuro, que vão e olham e voltam, mas nunca vemos a implementação. Eu penso em alguém que você conheceu e sobre quem leu, Tesla. Para você, qual é o princípio disso?

LP: Bem, acho que invenção não é suficiente. Se você inventar alguma coisa -- Tesla inventou a energia elétrica que nós usamos, mas ele lutou para que ela chegasse até as pessoas. Aquilo teria que ser feito por outras pessoas. Demorou muito. Acredito que se pudermos combinar as duas coisas, termos uma inovovação e um foco na invenção, mais a capacidade de — uma empresa que possa comercializar as coisas, e fazê-las chegar às pessoas, de um modo que seja positivo para o mundo, e dar a elas esperança. Sabe, eu estou esperançoso com o Projeto Loon e com como as pessoas ficaram empolgadas com ele, porque trouxe esperança aos dois terços do mundo que no momento não têm Internet que seja boa.

CR: Que é a segunda coisa com respeito às corporações. Você é um dos que acreditam que as corporações são agentes de transformação, se elas forem bem gerenciadas.

LP: Sim, eu fico muito desanimado que a maioria pense que as companhias sejam más. Elas têm uma má reputação. Acho isso um tanto correto. As empresas estão fazendo a mesma coisa incremental que faziam há 50 anos, ou 20 anos atrás. Não é mesmo do que precisamos. Precisamos, especialmente na tecnologia, precisamos de mudança revolucionária, não de mudança incremental.

CR: Certa vez, você disse acho que foi assim mesmo, que você considera que, em vez de doar seu dinheiro, se o fosse deixar para alguma causa, simplesmente doá-lo a Elon Musk, porque você tinha confiança de que ele mudaria o futuro, e que você, portanto...

LP: Sim, se você quiser ir a Marte, ele quer ir a Marte, para preservar a humanidade, o que é louvável, mas é uma empresa, e é filantrópica. Penso que devemos almejar fazer coisas parecidas. E acho, você pergunta, temos muitos funcionários na Google que ficaram bastante ricos. As pessoas ganham muito dinheiro com tecnologia. Muitos nesta sala são bem ricos. Você trabalha porque você quer mudar o mundo. Você quer mudá-lo para melhor. Por que não é a companhia para a qual você trabalha digna não apenas do seu tempo, mas também do seu dinheiro? Quero dizer que não temos uma noção disso. Não é assim que pensamos a respeito das companhias e eu acho que isto é triste, porque as companhias são a maior parte de nosso esforço. São a maior parte do tempo onde as pessoas ficam, onde está muito dinheiro e eu gostaria que nós ajudássemos mais.

CR: Quando eu encerro conversas com muitas pessoas, eu sempre faço esta pergunta: Qual estado de espírito, qual a qualidade mental que mais lhe convém? Pessoas como Rupert Murdoch disseram "curiosidade" e outras pessoas da mídia disseram o mesmo. Bill Gates e Warren Buffet responderam que eram o foco. Qual a qualidade mental, ao deixar esta plateia, permitiu-lhe pensar no futuro e ao mesmo tempo mudar o presente?

LP: Sabe, eu acho que a coisa mais importante -- eu analisei muitas empresas e o motivo pelo qual acho que não são bem-sucedidas com o tempo. Tem havido uma rotatividade mais rápida das empresas. O que elas fazem de errado, fundamentalmente? Qual é o erro dessas empresas? Geralmente, elas apenas perderam o futuro. Quanto a mim, eu tento manter o foco e dizer: "Como será o futuro realmente e como podemos criá-lo, e como podemos fazer nossa organização manter o foco nisso e conduzi-la num ritmo alto?" E assim foi curiosidade, examinando as coisas sobre as quais as pessoas não pensam, trabalhando com coisas com as quais ninguém esteja trabalhando, porque é aí que "adcionalidade" se encontra, e estar disposto a fazer isso, assumir esse risco. Veja o Android. Eu me senti culpado por trabalhar no Android quando ela estava começando. Era uma pequena "startup* que nós compramos. Não estávamos trabalhando nele. Eu me senti culpado de perder tempo naquilo. Aquilo foi burrice. Aquilo era o futuro, certo? Era uma boa coisa na qual trabalhar.

CR: É ótimo vê-lo aqui. É ótimo saber de você, e um prazer sentar-me aqui com você. Obrigado, Larry.

LP: Obrigado.

(Aplausos)

Larry Page.

[Via BBA]

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Brasil Acadêmico: Para onde a Google vai seguir?
Para onde a Google vai seguir?
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