Revista britânica destaca a falta de reação dos grandes grupos da mídia impressa nacional diante do mercado online. [Ilustração retirada...
Revista britânica destaca a falta de reação dos grandes grupos da mídia impressa nacional diante do mercado online.
[Ilustração retirada do site O Jornalista]
Com o título de "Folding papers", uma manchete com duplo sentido, tanto poderia ser traduzido do inglês como "papéis dobrados" como "jornais falidos", figurava na seção "The Americas" da edição impressa desse semanário liberal inglês, que há muito se tornou uma importante fonte de notícias na América do Norte. A revista, que apesar do formato se auto-intitula um jornal, tornou-se muito comentada no Brasil, recentemente, em razão das contumazes críticas à política econômica no Brasil.
Manifestantes brasileiros na Inglaterra impedindo a Rede Globo de trabalhar.
Mas a Economist resolveu analisar nossa Mídia impressa e encontrou um cenário de crise e desorientação. Citou o grupo Abril, cujo dono, o todo poderoso do Roberto Civita, faleceu em maio passado, e já enfrentava o declínio das receitas. No mês passado a Abril anunciou que iria demitir um punhado de editores seniores e mesclar suas dez divisões de publicação em cinco. Analistas especulam que pelo menos dez revistas deficitárias e cerca de 1.000 postos de trabalho editorial pode ser obliterados nos próximos meses.
Ainda segundo a revista, em junho, a Folha de São Paulo, maior jornal do país, demitiu 24 funcionários, 6% do total. Seu rival, O Estado de São Paulo, após a morte em maio do seu diretor, Ruy Mesquita, o jornal cortou 50 postos de trabalho. Seu papel da irmã, o Jornal da Tarde, que resistiu contra a ditadura militar entre 1964-85, fechou no ano passado. A crise é tamanha no setor que já se contabiliza ter fechado 280 postos de trabalho em São Paulo só este ano.
A crise também afeta os países ricos por razões semelhantes, mas no Brasil tivemos 40 milhões de brasileiros que emergiram da pobreza na última década e o editores apostaram que teriam novos assinantes vindos dessa multidão. Mas a aposta se mostrou uma barca furada.
Crise de isenção: Envolvimento de editor da revista Veja com Carlinhos Cachoeira
quase transformaram Victor Civita no Murdoch brasileiro.
A nova classe média acabou optando por fontes online já que quase metade de todas as casas possuem conexão com a internet. Com esforço, os jornais também passaram a ter versões na web mas os leitores preferem zapear pelas mídias sociais do que navegar nos jornais e mídias convencionais.
Antes relegada a um plano secundário, a publicidade online passou a representar 14% da despesa total de publicidade e está crescendo rapidamente, de acordo com o capítulo brasileiro do Interactive Advertising Bureau (IAB), um órgão da indústria.
Aula de jornalismo no ar. Depois, o próprio Caco Barcelos também foi
impedido de trabalhar durante manifestações em São Paulo.
Outro fator complicante é que as notícias baseadas na Web estão espalhadas entre os portais, blogs e sites agregadores que canibalizam fontes de notícias convencionais. E esqueça a fidelidade.
Exemplo do descompasso da Impressa e dos seus potenciais leitores, os protestos de rua que varreram Brasil no mês passado, também foram organizados online, como também foram no Egito e na Turquia. A mídia, no início lenta para pegar a história, frequentemente, se tornaram alvos dos manifestantes.
Mas nem tudo está perdido. Parece que os jovens radicais ainda não estão prontos para abandonar de vez a velha mídia: quando perguntado sobre como eles descobriram o que estava acontecendo, seis em cada dez manifestantes disse que eles se voltaram para fontes de notícias, como a Folha, TV Globo e O Estado.
[Via BBA]
Com o título de "Folding papers", uma manchete com duplo sentido, tanto poderia ser traduzido do inglês como "papéis dobrados" como "jornais falidos", figurava na seção "The Americas" da edição impressa desse semanário liberal inglês, que há muito se tornou uma importante fonte de notícias na América do Norte. A revista, que apesar do formato se auto-intitula um jornal, tornou-se muito comentada no Brasil, recentemente, em razão das contumazes críticas à política econômica no Brasil.
Mas a Economist resolveu analisar nossa Mídia impressa e encontrou um cenário de crise e desorientação. Citou o grupo Abril, cujo dono, o todo poderoso do Roberto Civita, faleceu em maio passado, e já enfrentava o declínio das receitas. No mês passado a Abril anunciou que iria demitir um punhado de editores seniores e mesclar suas dez divisões de publicação em cinco. Analistas especulam que pelo menos dez revistas deficitárias e cerca de 1.000 postos de trabalho editorial pode ser obliterados nos próximos meses.
Ainda segundo a revista, em junho, a Folha de São Paulo, maior jornal do país, demitiu 24 funcionários, 6% do total. Seu rival, O Estado de São Paulo, após a morte em maio do seu diretor, Ruy Mesquita, o jornal cortou 50 postos de trabalho. Seu papel da irmã, o Jornal da Tarde, que resistiu contra a ditadura militar entre 1964-85, fechou no ano passado. A crise é tamanha no setor que já se contabiliza ter fechado 280 postos de trabalho em São Paulo só este ano.
Estamos no meio de uma tempestade. Todo mundo está tentando produzir conteúdo jornalístico de qualidade e ainda manter a rentabilidade em um ambiente hostil.
Jayme Sirotsky. Ex-presidente da Associação Mundial de Jornais
A crise também afeta os países ricos por razões semelhantes, mas no Brasil tivemos 40 milhões de brasileiros que emergiram da pobreza na última década e o editores apostaram que teriam novos assinantes vindos dessa multidão. Mas a aposta se mostrou uma barca furada.
A nova classe média acabou optando por fontes online já que quase metade de todas as casas possuem conexão com a internet. Com esforço, os jornais também passaram a ter versões na web mas os leitores preferem zapear pelas mídias sociais do que navegar nos jornais e mídias convencionais.
Ano passado, o Brasil ultrapassou a Índia para se tornar o segundo maior consumidor mundial de Facebook, depois dos Estados Unidos.
Antes relegada a um plano secundário, a publicidade online passou a representar 14% da despesa total de publicidade e está crescendo rapidamente, de acordo com o capítulo brasileiro do Interactive Advertising Bureau (IAB), um órgão da indústria.
Outro fator complicante é que as notícias baseadas na Web estão espalhadas entre os portais, blogs e sites agregadores que canibalizam fontes de notícias convencionais. E esqueça a fidelidade.
Você tem que se preocupar que a extrema fragmentação das comunicações não pode ser saudável para a democracia.
Ricardo Gandour. Editor de O Estado de São Paulo
Exemplo do descompasso da Impressa e dos seus potenciais leitores, os protestos de rua que varreram Brasil no mês passado, também foram organizados online, como também foram no Egito e na Turquia. A mídia, no início lenta para pegar a história, frequentemente, se tornaram alvos dos manifestantes.
Somos vistos como o establishment.
Jayme Sirotsky
Mas nem tudo está perdido. Parece que os jovens radicais ainda não estão prontos para abandonar de vez a velha mídia: quando perguntado sobre como eles descobriram o que estava acontecendo, seis em cada dez manifestantes disse que eles se voltaram para fontes de notícias, como a Folha, TV Globo e O Estado.
[Via BBA]
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