Enquanto nenhum meio de armazenamento dura muito tempo antes de se tornar obsoleto, pesquisadores tentam criar um meio de comunicação para i...
Enquanto nenhum meio de armazenamento dura muito tempo antes de se tornar obsoleto, pesquisadores tentam criar um meio de comunicação para informar as pessoas milhares de anos no futuro sobre depósitos de lixo nuclear.
A sonda espacial Voyager 1 (e a sua sucessora, a Voyager 2), projetada para viajar além do sistema solar, funciona desde 5 de setembro de 1977, quando foi lançada. As sondas carregam consigo uma mensagem da humanidade para um quase improvável resgate por outra civilização. Nelas discos levam um conjunto amplo de dados gravados em um disco fonográfico de 12 polegadas (similar aos LPs de vinil), feitos de cobre e folheados em ouro. Esse discos, conhecidos como Discos de Ouro da Voyager guardam informações de como decifrar as mensagens gravadas por meios analógicos a fim de obter acesso às 115 fotos e a uma variedade dos sons da Terra.
Esses são exemplos de como é complexo o problema de legar informações para o futuro onde nem sequer sabemos que tipo de linguagem ou qual mídia será utilizada (e como será interpretada).
Dessa forma, é fácil entender a dificuldade enfrentada por construtores de depósitos de resíduos nucleares, que estão tentando preservar registros sobre o quê e onde eles estão enterrados, não por alguns anos, mas por dezenas de milhares de anos.
Agora, Patrick Charton, da agência francesa de gerência de resíduos nucleares (ANDRA) apresentou uma possível solução para o problema: um disco de safira dentro do qual a informação é registrada usando platina.
A maioria dos países com centrais nucleares concordam que a solução para lidar com o lixo nuclear de longa duração é armazená-lo nas profundezas da terra, cerca de 500 metros abaixo da superfície. Finlândia, França e Suécia são os mais avançados no processo de complicado de encontrar um sítio geológico adequado, convencer as comunidades locais para aceitá-lo e obter a aprovação regulatória. Para citar um exemplo, a empresa de gestão de resíduos da Suécia, SKB, levou 30 anos para encontrar o local certo e agora está à espera de autorização do governo para iniciar a escavação. Ela pretende começar a carregar o lixo de uma década a partir de agora, e estará preenchendo seus poços subterrâneos por até 50 anos.
O protótipo mostrado custa cerca de € 25.000 (cerca de R$ 73.000) para ser produzido, mas Charton diz que vai sobreviver por um milhão de anos. O objetivo, Charton disse ao Fórum Aberto Euroscience, é fornecer "informações para os arqueólogos no futuro." Mas, ele admite:
Ainda que os projetistas de tais repositórios estejam confiantes de que os resíduos estarão armazenados de maneira segura, não há como prever como arqueólogos futuros ou outros com uma propensão para cavar vão agir ao descobrirem o depósito. O arqueólogo Cornelius Holtorf da Universidade de Linnaeus, Suécia, mostrou aos participantes da reunião uma tentativa antiga de avisar as futuras gerações: um bloco de pedra com aproximadamente um metro de largura com as inscrições "Atenção - Não cavar", em Inglês, com um texto menor, explicando que havia um depósito nuclear abaixo.
Mas quem sabe que língua seus descobridores vai entender em milhares ou centenas de milhares de anos, ou mesmo se eles serão seres humanos? Holtorf aponta que uma tentativa muito mais ancestral de avisar futuras escavações, as pirâmides do Egito, foram saqueadas dentro de uma geração.
Segundo Charton, A ANDRA iniciou um projeto, em 2010, para abordar estas questões. Reuniu especialistas da mais ampla seleção de campos possível, incluindo cientistas de materiais, arquivistas, arqueólogos, antropólogos, linguistas, e até mesmo artistas, "para ver se eles têm algumas respostas às nossas perguntas." O objetivo inicial é identificar todas as abordagens possíveis, em 2014 ou 2015, o grupo espera diminuir as possibilidades.
O disco de safira é um produto desse esforço. É feito a partir de dois discos finos, cerca de 20 centímetros de diâmetro, de safira industrial. Por um lado, o texto ou imagens são gravadas em platina. Em seguida, os dois discos são molecularmente fundidos. Tudo o que um futuro arqueólogo precisará para lê-los é um microscópio. Os discos foram imersos em ácido para testar a sua durabilidade e para simular os efeitos da passagem do tempo. Charton diz que eles esperam demonstrar uma vida de 10 milhões de anos. Ainda de acordo com Charton, um único disco pode armazenar 40.000 páginas miniaturizadas.
Os cientistas ainda têm muito tempo para trabalhar sobre o problema. Afinal, provavelmente, os depósitos não estarão preenchidos e selados até o final deste século.
Fonte: Science, Wikipedia
[Via BBA]
A sonda espacial Voyager 1 (e a sua sucessora, a Voyager 2), projetada para viajar além do sistema solar, funciona desde 5 de setembro de 1977, quando foi lançada. As sondas carregam consigo uma mensagem da humanidade para um quase improvável resgate por outra civilização. Nelas discos levam um conjunto amplo de dados gravados em um disco fonográfico de 12 polegadas (similar aos LPs de vinil), feitos de cobre e folheados em ouro. Esse discos, conhecidos como Discos de Ouro da Voyager guardam informações de como decifrar as mensagens gravadas por meios analógicos a fim de obter acesso às 115 fotos e a uma variedade dos sons da Terra.
Disco presente na Voyager com instruções para alienígenas: Deu para entender ou quer que desenhe? |
Esses são exemplos de como é complexo o problema de legar informações para o futuro onde nem sequer sabemos que tipo de linguagem ou qual mídia será utilizada (e como será interpretada).
Dessa forma, é fácil entender a dificuldade enfrentada por construtores de depósitos de resíduos nucleares, que estão tentando preservar registros sobre o quê e onde eles estão enterrados, não por alguns anos, mas por dezenas de milhares de anos.
Agora, Patrick Charton, da agência francesa de gerência de resíduos nucleares (ANDRA) apresentou uma possível solução para o problema: um disco de safira dentro do qual a informação é registrada usando platina.
Déposito de lixo nuclear proposto para a Suécia. [SKB] |
O protótipo mostrado custa cerca de € 25.000 (cerca de R$ 73.000) para ser produzido, mas Charton diz que vai sobreviver por um milhão de anos. O objetivo, Charton disse ao Fórum Aberto Euroscience, é fornecer "informações para os arqueólogos no futuro." Mas, ele admite:
Nós não temos ideia em qual linguagem escrever.
Ainda que os projetistas de tais repositórios estejam confiantes de que os resíduos estarão armazenados de maneira segura, não há como prever como arqueólogos futuros ou outros com uma propensão para cavar vão agir ao descobrirem o depósito. O arqueólogo Cornelius Holtorf da Universidade de Linnaeus, Suécia, mostrou aos participantes da reunião uma tentativa antiga de avisar as futuras gerações: um bloco de pedra com aproximadamente um metro de largura com as inscrições "Atenção - Não cavar", em Inglês, com um texto menor, explicando que havia um depósito nuclear abaixo.
Mas quem sabe que língua seus descobridores vai entender em milhares ou centenas de milhares de anos, ou mesmo se eles serão seres humanos? Holtorf aponta que uma tentativa muito mais ancestral de avisar futuras escavações, as pirâmides do Egito, foram saqueadas dentro de uma geração.
O futuro será radicalmente diferente de hoje. Nós não temos nenhuma ideia de como os seres humanos pensarão.
Anders Högberg, Arqueólogo da Universidade de Linnaeus
Segundo Charton, A ANDRA iniciou um projeto, em 2010, para abordar estas questões. Reuniu especialistas da mais ampla seleção de campos possível, incluindo cientistas de materiais, arquivistas, arqueólogos, antropólogos, linguistas, e até mesmo artistas, "para ver se eles têm algumas respostas às nossas perguntas." O objetivo inicial é identificar todas as abordagens possíveis, em 2014 ou 2015, o grupo espera diminuir as possibilidades.
O disco de safira é um produto desse esforço. É feito a partir de dois discos finos, cerca de 20 centímetros de diâmetro, de safira industrial. Por um lado, o texto ou imagens são gravadas em platina. Em seguida, os dois discos são molecularmente fundidos. Tudo o que um futuro arqueólogo precisará para lê-los é um microscópio. Os discos foram imersos em ácido para testar a sua durabilidade e para simular os efeitos da passagem do tempo. Charton diz que eles esperam demonstrar uma vida de 10 milhões de anos. Ainda de acordo com Charton, um único disco pode armazenar 40.000 páginas miniaturizadas.
Os cientistas ainda têm muito tempo para trabalhar sobre o problema. Afinal, provavelmente, os depósitos não estarão preenchidos e selados até o final deste século.
Fonte: Science, Wikipedia
[Via BBA]
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