Estive dentro do Palácio do Congresso Nacional durante as manifestações de ontem, dia 20 de junho de 2013. Lá pude sentir toda a tensão e o ...
Estive dentro do Palácio do Congresso Nacional durante as manifestações de ontem, dia 20 de junho de 2013. Lá pude sentir toda a tensão e o clima de apreensão por parte dos seguranças e dos funcionários que precisavam trabalhar durante mais esse dia histórico de protestos por mudanças.
Alguns jornais do mundo já tratam esse movimento brasileiro como a Primavera Tropical (em referência ao conjunto de movimentos que tomaram o norte da África e o Oriente Médio derrubando ditaduras e quebrando tabus), é um tipo de caos que pode levar à ordem pois não há lideranças tradicionais, não quer diálogo, não quer conversa, mas quer confrontar e invadir.
Porém, é quase unânime que essa manifestação traduz uma insatisfação geral e difusa da população que assiste corrupção e má gestão enquanto a arrecadação de impostos cresce e os serviços públicos se deterioram.
Um alvo é o olho do furacão dos manifestantes, que começaram apelando por queda do preço da tarifa dos transportes em São Paulo (o que já obtiveram) e que agora pedem a queda do Presidente do Senado Federal, prisão dos mensaleiros condenados, fim da PEC que tira poderes do Ministério Público e STF entre outras.
Como um blogueiro que está no lugar certo na hora certa (mas correndo o risco de estar na situação inversa) corri até a sede do legislativo para registrar o momento cívico que a nação vive. E, meninos, o que eu vi?
Vi que se os manifestantes tivessem mais organizados e articulados poderiam ter entrado como eu entrei. Pois ninguém me pediu credenciais nem sequer perguntaram onde eu iria. Só quando eu já estava na região onde se concentravam os jornalistas é que fui impedido de prosseguir para os gabinetes (onde poderia ter uma visão privilegiada da concentração no gramado em frente ao Congresso).
Pouco depois, enquanto eu registrava o humor dos ocupantes da Casa, um policial me pediu que me identificasse (já que eu não poderia estar ali). Sem truculência e também se identificando conforme eu o interpelei. Após esclarecer tudo, ele me alertou que havia um risco real dos manifestantes invadirem o Congresso e que poderia nem ao menos ser possível deixar o prédio. Esse era o clima.
Para se ter uma noção do que era esperado, um Senador do PSOL em um debate na Globo News disse que na manifestação de segunda-feira, 17, quando os participantes invadiram a plataforma superior do prédio, foi enviado um negociador e quando ele retornou disse que eles não tinham pauta nem queria negociar. Apenas invadir.
Na sala da TV Câmara, um funcionário assistia as manifestações pelas imagens geradas pela própria emissora da Câmara dos Deputados. Depois um Policial Federal passou anunciando que o número de participantes já era estimado em 50 mil.
Após registra algumas imagens, fui até o anexo da Câmara para fazer uma imagens do alto, já que não me foi permitido subir no edifício principal do Congresso (aquele em forma de "H").
Chegando lá, apesar da escuridão, pude me emocionar com a grandeza daquele movimento. O gramado tomado enquanto as forças de segurança tentavam limitar e conter a massa pacífica (pois se assim não fosse, haveria uma destruição pior do que a do badernaço de 1986) e os jornalista a pé ou de helicóptero tentavam registrar e entender o significado daquilo tudo.
Em um determinado momento ouviu-se uma grande vaia. Duvido que todos os que vaiavam sabiam o que é que estavam vaiando. Mas essa vaia só não deve ter sido maior do que aquela que a presidenta Dilma levou em pleno Estádio Nacional (símbolo da gastança destemperada e provavelmente corrupta para uma obra faraônica superfaturada visando dar circo para manter o povo distraído. Não funfou), além disso, naquela ocasião, todos sabiam o que estavam vaiando.
Assim, os verdadeiros responsáveis por esse estado de descontentamento não estavam no palco. Certamente assistiam a tudo nervosamente pela TV. Enquanto soldados, funcionários público, terceirizados da limpeza e da copa, jornalistas, blogueiros e populares se arrebentavam e se arriscavam pela mudança ou pela manutenção do estado das coisas.
Espero que nossa conjuntura política mude, para melhor e sem maiores danos (como a vida perdida de um jovem em Ribeirão Preto). Mas pode ser que ocorra justamente a situação inversa. E esse é o maior risco. De qualquer forma, a juventude que parecia alienada e distante da política, teve que sair do "Face" mostrar a cara, mesmo que usando máscaras temperadas com vinagre.
[Via BBA]
- Meninos eu vi, e vivi. |
A TV Câmara assiste à TV Câmara. |
Um alvo é o olho do furacão dos manifestantes, que começaram apelando por queda do preço da tarifa dos transportes em São Paulo (o que já obtiveram) e que agora pedem a queda do Presidente do Senado Federal, prisão dos mensaleiros condenados, fim da PEC que tira poderes do Ministério Público e STF entre outras.
Como um blogueiro que está no lugar certo na hora certa (mas correndo o risco de estar na situação inversa) corri até a sede do legislativo para registrar o momento cívico que a nação vive. E, meninos, o que eu vi?
Na sala de imprensa, jornalista se ocupam com seus textos enquanto o mundo real transborda na janela. |
Pouco depois, enquanto eu registrava o humor dos ocupantes da Casa, um policial me pediu que me identificasse (já que eu não poderia estar ali). Sem truculência e também se identificando conforme eu o interpelei. Após esclarecer tudo, ele me alertou que havia um risco real dos manifestantes invadirem o Congresso e que poderia nem ao menos ser possível deixar o prédio. Esse era o clima.
Para se ter uma noção do que era esperado, um Senador do PSOL em um debate na Globo News disse que na manifestação de segunda-feira, 17, quando os participantes invadiram a plataforma superior do prédio, foi enviado um negociador e quando ele retornou disse que eles não tinham pauta nem queria negociar. Apenas invadir.
Na sala da TV Câmara, um funcionário assistia as manifestações pelas imagens geradas pela própria emissora da Câmara dos Deputados. Depois um Policial Federal passou anunciando que o número de participantes já era estimado em 50 mil.
Polícia Legislativa: Another day in paradise. |
Chegando lá, apesar da escuridão, pude me emocionar com a grandeza daquele movimento. O gramado tomado enquanto as forças de segurança tentavam limitar e conter a massa pacífica (pois se assim não fosse, haveria uma destruição pior do que a do badernaço de 1986) e os jornalista a pé ou de helicóptero tentavam registrar e entender o significado daquilo tudo.
Em um determinado momento ouviu-se uma grande vaia. Duvido que todos os que vaiavam sabiam o que é que estavam vaiando. Mas essa vaia só não deve ter sido maior do que aquela que a presidenta Dilma levou em pleno Estádio Nacional (símbolo da gastança destemperada e provavelmente corrupta para uma obra faraônica superfaturada visando dar circo para manter o povo distraído. Não funfou), além disso, naquela ocasião, todos sabiam o que estavam vaiando.
Nunca o logo da Globo pareceu tanto um alvo. |
Assim, os verdadeiros responsáveis por esse estado de descontentamento não estavam no palco. Certamente assistiam a tudo nervosamente pela TV. Enquanto soldados, funcionários público, terceirizados da limpeza e da copa, jornalistas, blogueiros e populares se arrebentavam e se arriscavam pela mudança ou pela manutenção do estado das coisas.
Espero que nossa conjuntura política mude, para melhor e sem maiores danos (como a vida perdida de um jovem em Ribeirão Preto). Mas pode ser que ocorra justamente a situação inversa. E esse é o maior risco. De qualquer forma, a juventude que parecia alienada e distante da política, teve que sair do "Face" mostrar a cara, mesmo que usando máscaras temperadas com vinagre.
[Via BBA]
Literalmente.
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