Miguel Nicolelis e sua equipe conseguiu fazer com que ratos "vissem" o infravermelho.
Miguel Nicolelis e sua equipe conseguiu fazer com que ratos "vissem" o infravermelho.
Pela primeira vez na história, um mamífero ganhou um sexto sentido artificial, a capacidade de "enxergar" a luz infravermelha, para se somar aos outros cinco - audição, olfato, paladar, tato e visão.
O mais surpreendente é que os roedores do experimento foram equipados com um detector de infravermelho conectado à região do cérebro responsável pela percepção do tato. Assim, o termo mais correto talvez não fosse "enxergar", e sim "tocar" o infravermelho, segundo relatam pesquisadores em artigo na "Nature Communications".
A capacidade de ver esse comprimento de onda abaixo da luz visível é um superpoder que só répteis e alguns insetos, como alguns besouros, possuíam. Pois esse grupo de pesquisadores do Laboratório de Neuroengenharia da Duke University (EUA) e do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (Brasil), conseguiu a proeza de fazer com que ratos, portanto mamíferos, aprendessem a perceber essa fonte de luz. Os resultados suportam uma teoria que Nicolelis defende há anos. A de que o cérebro é maleável o suficiente para aprender e se adaptar a qualquer contexto em que ele é colocado.
Para adquirirem a habilidade demonstrada no vídeo, seis ratos passaram por um processo de aprendizagem. Simplificadamente, foi assim:
[Via BBA]
Pela primeira vez na história, um mamífero ganhou um sexto sentido artificial, a capacidade de "enxergar" a luz infravermelha, para se somar aos outros cinco - audição, olfato, paladar, tato e visão.
O mais surpreendente é que os roedores do experimento foram equipados com um detector de infravermelho conectado à região do cérebro responsável pela percepção do tato. Assim, o termo mais correto talvez não fosse "enxergar", e sim "tocar" o infravermelho, segundo relatam pesquisadores em artigo na "Nature Communications".
A capacidade de ver esse comprimento de onda abaixo da luz visível é um superpoder que só répteis e alguns insetos, como alguns besouros, possuíam. Pois esse grupo de pesquisadores do Laboratório de Neuroengenharia da Duke University (EUA) e do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (Brasil), conseguiu a proeza de fazer com que ratos, portanto mamíferos, aprendessem a perceber essa fonte de luz. Os resultados suportam uma teoria que Nicolelis defende há anos. A de que o cérebro é maleável o suficiente para aprender e se adaptar a qualquer contexto em que ele é colocado.
Essa era a nossa hipótese: é possível converter um córtex tátil em um processador de outra área sensorial. Neurocientista e professor Miguel Nicolelis à Folha
Para adquirirem a habilidade demonstrada no vídeo, seis ratos passaram por um processo de aprendizagem. Simplificadamente, foi assim:
- Inicialmente, os pesquisadores treinaram cada animal para se movimentarem em direção a uma fonte de luz ativa, visível, onde ficava um compartimento que lhe oferecia água como recompensa.
- Depois, no cérebro de cada um, implantaram microeletrodos capazes de registrar tanto a atividade elétrica dos neurônios quanto estimular o tecido com pequenas correntes. Os implantes foram na região cortical, que processa a informação tátil gerada pelo estímulo mecânico dos bigodes faciais desses roedores.
- Um sensor de luz infravermelha, fixado ao osso frontal de cada animal, foi conectado aos microeletrodos. Programou-se o sistema de forma que um conjunto de impulsos elétricos fosse entregue ao córtex do rato toda vez que o sensor identificava uma fonte de luz infravermelha. Quanto mais o animal se aproximava dela mais aumentava a frequência dos impulsos elétricos.
- Aí, colocaram os animais na câmara de testes com três fontes de luz infravermelha que podiam ser ligadas aleatoriamente. Gradualmente as luzes visíveis foram sendo substituídas pelas infravermelhas.
- De início, quando a luz infravermelha era ligada, os animais tendiam a procurar os locais de recompensa e acariciar os próprios rostos, como se estivessem recebendo um estímulo tátil prazeroso. Isso indicou que os ratos inicialmente interpretaram os sinais elétricos como se fossem provenientes dos seus bigodes.
- Mas, ao longo de cerca de um mês, eles foram aprendendo a associar o sinal elétrico no cérebro com a fonte de luz infravermelha. Toda vez que uma fonte de infravermelho aparecia no ambiente em que estavam vivendo esse sinal era traduzido em sinal elétrico que estimulava os neurônios do córtex tátil.
- Desse ponto em diante, começaram a procurar ativamente o sinal de luz infravermelha, movimentando a cabeça para os lados, como se fosse um radar, para se orientarem na direção da fonte.
- Resultado: os ratos alcançaram uma pontuação quase perfeita no rastreamento e identificação da localização correta da fonte de luz infravermelha, usando o seu córtex da área tátil como detector de uma luz que até então fora invisível para eles. Foi demonstrado pela primeira vez que uma nova fonte de informação sensorial pode ser processada por uma região cortical especializada em outro sentido, sem prejudicar a função original desta área do cérebro.
Com essa experiência pode-se vislumbrar novas formas de acabar com deficiências visuais. Um dia o homem poderá ter seu cérebro ligado a uma câmera e passar a "sentir" as imagens captadas. Bem como enxergar raio-X, ultravioleta e ter outros superpoderes que ainda nem imaginamos a partir dessa descoberta.
[Via BBA]
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