Brasileiros, é hora de sair de cima do muro e defender Belo Monte. Devemos tentar monitorar cada condicionante ambiental mas realizar o proj...
Brasileiros, é hora de sair de cima do muro e defender Belo Monte. Devemos tentar monitorar cada condicionante ambiental mas realizar o projeto. É a convicção de que um bem maior sustentável do nosso interesse patriótico e nacional é que está em jogo.
Durante a Semana de Ciência e Tecnologia desse ano visitei o stand da Eletronorte e conversei com um funcionário da empresa que estava lá para explicar as maquetes expostas. Havia duas de Tucuruí (uma visão aérea e outra mostrando um corte lateral que exibia a turbina e o caminho da água) e outa mostrando cômodos de uma casa com o consumo de cada eletrodoméstico etc.
Sem aviso prévio, pedi para que o expositor, um engenheiro que não identificarei, opinasse sobre a questão da Usina Belo Monte. Ele desenhou uma alça representando o caminho do Rio Xingu na região a ser alagada e disse que inicialmente aquela alça seria toda inundada com um potencial enorme de geração de energia elétrica. Depois, contemplando as mudanças para redução de impacto ambiental o potencial de produção se reduziu à metade mas que o projeto ainda era considerado viável (por enquanto). Um dos principais problemas é que a população indígena que vive naquela alça sobrevive da pesca, e eles estão preocupados com o futuro da atividade com razão.
Segundo o Wikileaks, Serra teria uma proximidade muito grande com o interesse estrangeiro, em particular na área energética (Petróleo). Aqui ele dá sua opinião sobre a UHE Belo Monte
Mas ele levantou uma outra questão mais estratégica. Os países do G7, durante os anos 1990, preocupados com o aumento do consumo e de poder econômico teriam decidido refrear o desenvolvimento dos chamados países emergentes.
Cacique Raoni fala sobre a construção de Belo Monte.
Isso traria como benefício uma redução na emissão de carbono pois se os países emergentes se aproximassem do nível de consumo dos países desenvolvidos isso teria consequências dramáticas para o equilíbrio ecológico do planeta.
Lula: "Se for preciso o governo vai construir sozinho."
Entendi! Ao invés de reduzir o consumo nos países desenvolvidos a solução seria atrasar os países pobres, né? No caso do Brasil parte dessa política obscurantista seria implementada por meio de ONGs estrangeiras que influenciariam as populações da floresta amazônica (especialmente as populações indígenas) causando enormes embaraços políticos para o governo (isso é especulação, não existe provas documentais desse acordo do G7. Talvez se o Julian Assange, do Wikileaks, não estivesse ameaçado de extradição para os EUA...)
Marina Silva fala sobre Belo Monte no Roda Viva.
Parece haver ONGs estrangeiras demais na amazônia. Relatos dão conta que há mais ONGs estrangeiras por lá (cerca de 350) do que em toda a África (onde populações passam fome, sofrem de epidemias de doenças como a AIDS, são exploradas por traficantes de diamantes, vivenciam guerra civil, etc.) e não há nenhuma no nordeste brasileiro.
Belo Monte - Parte 1/5
No caso de Belo Monte algumas projeções indicam que cerca de 18 mil ribeirinhos terão que ser deslocados de suas casas para residências urbanizadas construídas pelo governo a 2 quilômetros do local original (a maioria dessas pessoas vivem hoje em palafitas e frequentemente precisam mudar provisoriamente devido às cheias do rio).
Belo Monte - Parte 2/5
Muita gente, não é? Mas é bom lembrar que para a construção da maior usina do mundo, Três Gangantas na China, foram deslocadas 20 milhões de pessoas (segundo documentário no Discovery Channel), quase o dobro da população de São Paulo (e lá eles não deixaram ONGs estrangeiras darem pitaco). Ok. ok. A China não é nenhum exemplo de respeito à cidadania, mas nós teremos que competir com aquela economia (já viu o Faustão fazendo propaganda da JAC Motors?) e tem analista já duvidando da capacidade das democracias resolverem suas crises quando comparadas às ditaduras (as décadas de discussão do problema do projeto de Belo Monte, que inicialmente chamava-se Altamira nos anos 1970, é um bom exemplo disso).
Belo Monte - Parte 3/5
Belo Monte será a maior Usina Hidrelétrica 100% brasileira (Itaipu, o tal funcionário da Eletronorte lembrou, é uma binacional com 50% de participação do Paraguai).
Belo Monte - Parte 4/5
Não quero colocar aqui opiniões muito maniqueístas mas prometi não ficar em cima do muro. A despeito das denúncias de corrupção dos governos petistas (Lula/Dilma) é fato que a grande mídia nacional tem muito pouco boa vontade com o governo federal, ao menos é bem menor do que havia com o governo tucano. Não discuto aqui os méritos da estabilização, mas havia na época uma tese de que o tucanato paulista era melhor para projetos e gerenciamento da nação, mas o que marcou a gestão FHC quanto à política energética foram os apagões. E isso mesmo com alertas de engenheiros da área.
Belo Monte - Parte 5/5
Tenho uma lembrança pessoal para relatar sobre esse momento da vida nacional. Estava de mudança para uma nova residência e aproveitei para trocar todas as lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes (mais caras, mas na época achava que estaria sendo mais sustentável e economizando dinheiro a longo prazo). Não ligava minha máquina de lavar porque tinha uma funcionária que fazia questão de lavar as roupas na mão (nunca dei muito palpite sobre os serviços da casa, antes que alguém ache que eu a obriguei a agir dessa forma).
A Crise do Apagão de 2001
A comida era feita principalmente em fogão a gás (ligava pouco o microondas). Quando veio a Crise do Apagão, só para recordar, foi criado um plano que obrigava a todos economizar 20% da média dos últimos 3 meses sob pena de se cortar a energia e ser multado (exceto nos estados da região sul, com suas represas abarrotadas de água). Como eu poderia economizar esse montante se havia acabado de me mudar e já havia tomado muitas providências para poupar eletricidade? Resultado, sofri o corte. Você não faz ideia o que é ter a energia cortada para um profissional de informática que prepara aulas em casa (para qualquer um já é difícil). O trauma faz com que eu até hoje pense duas vezes antes de voltar a ser TÃO sustentável (e se vier outro apagão e eu tiver que cortar 20% do meu consumo médio?).
Uso minha experiência pessoal para ilustrar para quem não viveu o problema que o Brasil já está próximo de uma crise energética e que para crescer (tendo oferta de emprego e aumento de renda) precisará de novos portos, aeroportos, estradas, rodovias e sobretudo energia. O nome disso é infraestrutura. E talvez seja isso que interesses não declarados estão tentado impedir que tenhamos.
Belo Monte no Jornal Nacional - Parte 1/3
Para quem acha que energia eólica e solar é uma boa solução para o país, devo lembrar que não existem baterias eficientes e viáveis para armazenarmos a energia elétrica excedente. Assim se não fizer sol ou não ventar hoje não poderíamos aproveitar a energia eólica ou solar excedente de ontem. A melhor forma de armazenarmos energia elétrica é na forma de ÁGUA. Os tais lagos que inundam grande áreas de floresta funcionam como uma imensa bateria.
Fonte: Canal do Produtor - Código Florestal
Quando a produção elétrica é maior do que a demanda (situação cada vez menos frequente) fecha-se algumas comportas e o lago fica mais cheio, é como se estivéssemos enchendo uma bateria. Só que ao invés de cada um ter a sua em casa, essa bateria fica em uma região pouco habitada e distante (que temos sorte de possuir por sermos um país de dimensões continentais, ao contrário da imensa maioria dos demais países, com a população concentrada no litoral).
Belo Monte no Jornal Nacional - Parte 2/3
Sou a favor da ecologia e da preservação. Mas até as correntes de ecologistas mais modernas já aceitam que temos que explorar o meio ambiente de maneira sustentável. E não deixá-lo totalmente intocável. Também entendo que há interesses de econômicos menos nobres (e que no final das contas é o que move os empreendedores a se interessarem pelos empreendimentos), porém, para ilustrar a dificuldade de se implementar o projeto com tanta celeuma, o leilão de concessão para a construção da usina se mostrou tão pouco atraente para as empresas que o então presidente Lula chegou a declarar que se não houvesse empresas interessadas o governo bancaria a construção sozinho.
Belo Monte no Jornal Nacional - Parte 3/3
Reportagem no Fantástico - Parte 1/2
Cabe ressaltar que a Zona Franca de Manaus até hoje não está ligada ao Sistema Interligado Nacional - SIN (fazendo uso de termoelétricas poluidoras, por exemplo) e estados como Roraima e Rondônia chegam a importar eletricidade da Venezuela (já existem projetos para ligar Tucuruí a essas regiões, o que fará com que se passe cabos sobre o Rio Amazonas (!!!)).
Reportagem no Fantástico - Parte 2/2
Um vídeo produzido por globais contra a instalação da usina mostra o quanto essa guerra midiática está impregnada de ideologia e pode trazer mais desinformação.
Movimento Gota D´água com artistas globais faz campanha para recolher assinaturas virtuais por uma petição para impedir a construção de Belo Monte (Não entre nessa!!!)
Isso me lembra muito o argumento estilo "tô-com-medo" da Regina Duarte contra a eleição do Lula.
Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) fizeram um vídeo amador rebatendo cada ponto levantado no vídeo dos artistas globais. Imagino que a Globo não deixaria que outros artistas da emissora fizessem um vídeo semelhante defendendo a construção do empreendimento. O que seria um indício do posicionamento da empresa quanto a questão.
Acadêmicos reagem ao vídeo dos globais sobre a UHE Belo Monte
Reproduzo aqui alguns dados colhidos no blog Luís Nassif Online sobre a Usina de Belo Monte para clarificar a polêmica:
(...)vamos aos fatos sobre Belo Monte, que estão longe do bicho-papão pintado por aí:
Vídeo produzido por alunos de engenharia civil e economia da Unicamp
* O lago de Belo Monte terá 503 km2, dos quais 228 km2 já são o leito do próprio rio Xingu. E boa parte da área restante já está desmatada por criadores de gado, agricultores e madeireiras ilegais. O desmatamento efetivo por conta da usina, portanto, é muito pequeno se comparado com o tamanho do empreendimento, a energia que fornecerá e os benefícios que trará à região. E o lago, uma vez criado, servirá para proteger o entorno de cerca de 28 mil hectares (280 km2), já que vira uma Área de Preservação Permanente (APP).
* É normal que empreendimentos hidrelétricos, e quase todas as fontes de geração de energia, tenham uma capacidade de geração e um fator de potência - ou seja quanto dessa capacidade será possível gerar em média em um ano. No caso de Belo Monte, que tem capacidade instalada de 11.233 MW, a geração média é de 4.571 MW, ou 41%. Esse número é o suficiente para abastecer 40% do consumo residencial de todo o Brasil. Ao longo de sua elaboração, o projeto Belo Monte foi modificado para restringir os impactos que poderia causar ao meio ambiente e à população da região, reduzindo-se a área de inundação prevista em 60% em relação ao projeto inicial. Isso diminuiu a geração média de energia, mas foi importante para a diminuição do seu impacto.
É pouco? Nem tanto. Dá uma olhada nos dados que este blog compilou sobre a média em outros países (na China é 36% e nos EUA, 46%) e mesmo no Brasil, em outras usinas já em operação, como Itaipu, Tucuruí.
* A média nacional de área alagada é de 0,49 km2 por MW instalado, em Belo Monte essa relação é de apenas 0,04 km2 por MW instalado.
* 70% da energia a ser produzida por Belo Monte destinam-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e apresenta o segundo menor valor por MW / hora entre todos os empreendimentos elétricos dos últimos 10 anos (R$ 78 por MW/h). Aquele papo de que a energia de Belo Monte beneficiará apenas esta ou aquela empresa, é balela, lenda. A energia gerada pela usina será conectada ao SIN e, com isto, gera energia para todo o país. O mesmo acontece com TODAS as demais usinas construídas por aqui.
* Há duas maneiras de se construir uma usina hidrelétrica: basear-se exclusivamente no critério de eficiência, em que tería que dispor de um lago enorme, como era o projeto original de Belo Monte de 1980, alagando amplas regiões, ou um sistema energeticamente menos eficiente - o de geração de energia em cima da corretenza do rio, denominado fio d'água - justamente para privilegiar questões ambientais. Belo Monte é desse segundo tipo, não sendo tão eficiente como a média das hidrelétricas brasileiras (na faixa de 50%) justamente em respeito a questões sociais e ambientais.
* Nenhum índio terá que sair de suas terras por causa do projeto e os ribeirinhos que serão realocados vivem, em sua maioria (quase 7 mil famílias), em palafitas nos igarapés de Altamira, em condições sub-humanas. O governo pretende realocar essas famílias para condomínios habitacionais que ficam em torno de 2 quilômetros de distância de onde estão hoje. São cerca de 18 mil pessoas. A promessa do governo é que essas pessoas receberão casas em locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e locais de lazer, tudo antes do final de 2014. É anotar e cobrar.
Belo Monte é mesmo necessária?
* Substituir a energia de Belo Monte por eólicas e energia solar parece fácil, mas é praticamente impossível. Precisamos de 5 mil MW por ano de energia adicionada ao sistema para garantir o mínimo necessário para que o país continue se desenvolvendo e gerando emprego e renda, e garantindo a inclusão de milhões de brasileiros que hoje estão à margem de todo e qualquer consumo. Isso não é possível, no curto/médio prazo, com eólica e solar. O Brasil até tem investido bastante nessas duas formas de geração de energia, somos o país que mais tem atraído empresas do setor para cá, mas é coisa para médio-longo prazo. Enquanto isso, fazemos a transição - mas com energia de baixo impacto e limpa, como a hidrelétrica. Nenhum outro país do mundo consegue isso - EUA, China, Europa, Ìndia, todos estão fazendo investimentos em energia renovável (eólica, solar, etc) com base numa economia sustentada por energia suja - nuclear, térmicas a carvão ou óleo diesel.
Para se ter uma ideia, para ter o mesmo potencial energético de Belo Monte, seria necessário instalar mais de 6 mil aerogeradores, de 3MW cada, ocupando uma área de 470 km2 - ou quase o tamanho do lago de Belo Monte (503 km2).
Barca-cegonha para rebocar os barquinhos? Mais um comercial desses de globais e o projeto se inviabiliza de vez.
Fico pensando se o Japão tivesse a opção de fazer uma Belo Monte ao invés de ter construído a usina de Fukushima...
Sei que o título do post é pretencioso, não vamos realmente conseguir esgotar todo o assunto aqui. Mas queremos dar nossa cota de contribuição à essa importante questão mostrando vários pontos de vista para ajudar o leitor do Brasil Acadêmico a se posicionar. E sem esconder qual é nossa posição sobre o tema.
Rafinha Bastos (sem partido e sem emissora) criticou a iniciativa de seus colegas celebridades.
[Via BBA]
Durante a Semana de Ciência e Tecnologia desse ano visitei o stand da Eletronorte e conversei com um funcionário da empresa que estava lá para explicar as maquetes expostas. Havia duas de Tucuruí (uma visão aérea e outra mostrando um corte lateral que exibia a turbina e o caminho da água) e outa mostrando cômodos de uma casa com o consumo de cada eletrodoméstico etc.
Números | Linha do tempo |
Sem aviso prévio, pedi para que o expositor, um engenheiro que não identificarei, opinasse sobre a questão da Usina Belo Monte. Ele desenhou uma alça representando o caminho do Rio Xingu na região a ser alagada e disse que inicialmente aquela alça seria toda inundada com um potencial enorme de geração de energia elétrica. Depois, contemplando as mudanças para redução de impacto ambiental o potencial de produção se reduziu à metade mas que o projeto ainda era considerado viável (por enquanto). Um dos principais problemas é que a população indígena que vive naquela alça sobrevive da pesca, e eles estão preocupados com o futuro da atividade com razão.
Mas ele levantou uma outra questão mais estratégica. Os países do G7, durante os anos 1990, preocupados com o aumento do consumo e de poder econômico teriam decidido refrear o desenvolvimento dos chamados países emergentes.
Isso traria como benefício uma redução na emissão de carbono pois se os países emergentes se aproximassem do nível de consumo dos países desenvolvidos isso teria consequências dramáticas para o equilíbrio ecológico do planeta.
Entendi! Ao invés de reduzir o consumo nos países desenvolvidos a solução seria atrasar os países pobres, né? No caso do Brasil parte dessa política obscurantista seria implementada por meio de ONGs estrangeiras que influenciariam as populações da floresta amazônica (especialmente as populações indígenas) causando enormes embaraços políticos para o governo (isso é especulação, não existe provas documentais desse acordo do G7. Talvez se o Julian Assange, do Wikileaks, não estivesse ameaçado de extradição para os EUA...)
Parece haver ONGs estrangeiras demais na amazônia. Relatos dão conta que há mais ONGs estrangeiras por lá (cerca de 350) do que em toda a África (onde populações passam fome, sofrem de epidemias de doenças como a AIDS, são exploradas por traficantes de diamantes, vivenciam guerra civil, etc.) e não há nenhuma no nordeste brasileiro.
No caso de Belo Monte algumas projeções indicam que cerca de 18 mil ribeirinhos terão que ser deslocados de suas casas para residências urbanizadas construídas pelo governo a 2 quilômetros do local original (a maioria dessas pessoas vivem hoje em palafitas e frequentemente precisam mudar provisoriamente devido às cheias do rio).
Muita gente, não é? Mas é bom lembrar que para a construção da maior usina do mundo, Três Gangantas na China, foram deslocadas 20 milhões de pessoas (segundo documentário no Discovery Channel), quase o dobro da população de São Paulo (e lá eles não deixaram ONGs estrangeiras darem pitaco). Ok. ok. A China não é nenhum exemplo de respeito à cidadania, mas nós teremos que competir com aquela economia (já viu o Faustão fazendo propaganda da JAC Motors?) e tem analista já duvidando da capacidade das democracias resolverem suas crises quando comparadas às ditaduras (as décadas de discussão do problema do projeto de Belo Monte, que inicialmente chamava-se Altamira nos anos 1970, é um bom exemplo disso).
Belo Monte será a maior Usina Hidrelétrica 100% brasileira (Itaipu, o tal funcionário da Eletronorte lembrou, é uma binacional com 50% de participação do Paraguai).
Não quero colocar aqui opiniões muito maniqueístas mas prometi não ficar em cima do muro. A despeito das denúncias de corrupção dos governos petistas (Lula/Dilma) é fato que a grande mídia nacional tem muito pouco boa vontade com o governo federal, ao menos é bem menor do que havia com o governo tucano. Não discuto aqui os méritos da estabilização, mas havia na época uma tese de que o tucanato paulista era melhor para projetos e gerenciamento da nação, mas o que marcou a gestão FHC quanto à política energética foram os apagões. E isso mesmo com alertas de engenheiros da área.
Tenho uma lembrança pessoal para relatar sobre esse momento da vida nacional. Estava de mudança para uma nova residência e aproveitei para trocar todas as lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes (mais caras, mas na época achava que estaria sendo mais sustentável e economizando dinheiro a longo prazo). Não ligava minha máquina de lavar porque tinha uma funcionária que fazia questão de lavar as roupas na mão (nunca dei muito palpite sobre os serviços da casa, antes que alguém ache que eu a obriguei a agir dessa forma).
A comida era feita principalmente em fogão a gás (ligava pouco o microondas). Quando veio a Crise do Apagão, só para recordar, foi criado um plano que obrigava a todos economizar 20% da média dos últimos 3 meses sob pena de se cortar a energia e ser multado (exceto nos estados da região sul, com suas represas abarrotadas de água). Como eu poderia economizar esse montante se havia acabado de me mudar e já havia tomado muitas providências para poupar eletricidade? Resultado, sofri o corte. Você não faz ideia o que é ter a energia cortada para um profissional de informática que prepara aulas em casa (para qualquer um já é difícil). O trauma faz com que eu até hoje pense duas vezes antes de voltar a ser TÃO sustentável (e se vier outro apagão e eu tiver que cortar 20% do meu consumo médio?).
Uso minha experiência pessoal para ilustrar para quem não viveu o problema que o Brasil já está próximo de uma crise energética e que para crescer (tendo oferta de emprego e aumento de renda) precisará de novos portos, aeroportos, estradas, rodovias e sobretudo energia. O nome disso é infraestrutura. E talvez seja isso que interesses não declarados estão tentado impedir que tenhamos.
Não obstante, segundo os cálculos do ex-ministro Delfim Netto cada brasileiro perdeu R$ 320 com o apagão ocorrido no final do governo FHC. [Wikipedia]Depois do Crise do Apagão, como ocorre nos acidentes aéreos, o governo tomou providências como integrar todas as grandes hidrelétricas em um sistema nacional (de forma que se chove no norte e tem seca no sul, por exemplo, pode-se transferir energia de um lugar para o outro). Além de investir em energia suja de termoelétricas movidas a carvão, óleo combustível, gás e que não dependam do ciclo das águas.
Para quem acha que energia eólica e solar é uma boa solução para o país, devo lembrar que não existem baterias eficientes e viáveis para armazenarmos a energia elétrica excedente. Assim se não fizer sol ou não ventar hoje não poderíamos aproveitar a energia eólica ou solar excedente de ontem. A melhor forma de armazenarmos energia elétrica é na forma de ÁGUA. Os tais lagos que inundam grande áreas de floresta funcionam como uma imensa bateria.
Quando a produção elétrica é maior do que a demanda (situação cada vez menos frequente) fecha-se algumas comportas e o lago fica mais cheio, é como se estivéssemos enchendo uma bateria. Só que ao invés de cada um ter a sua em casa, essa bateria fica em uma região pouco habitada e distante (que temos sorte de possuir por sermos um país de dimensões continentais, ao contrário da imensa maioria dos demais países, com a população concentrada no litoral).
Sou a favor da ecologia e da preservação. Mas até as correntes de ecologistas mais modernas já aceitam que temos que explorar o meio ambiente de maneira sustentável. E não deixá-lo totalmente intocável. Também entendo que há interesses de econômicos menos nobres (e que no final das contas é o que move os empreendedores a se interessarem pelos empreendimentos), porém, para ilustrar a dificuldade de se implementar o projeto com tanta celeuma, o leilão de concessão para a construção da usina se mostrou tão pouco atraente para as empresas que o então presidente Lula chegou a declarar que se não houvesse empresas interessadas o governo bancaria a construção sozinho.
A concessão para a construção da hidrelétrica, no município de Vitória do Xingu, foi objeto de leilão realizado no dia 20 de abril de 2010. O consórcio Norte Energia, venceu a concessão, por um prazo de 35 anos, oferecendo o menor preço por megawatt-hora, de R$ 77,97, o que representa um deságio de 6,02% sobre o preço inicial, de R$ 83.
Composição acionária da Norte Energia:
• Grupo Eletrobras
Eletrobras - 15,00%
Chesf - 15,00%
Eletronorte - 19,98%
• Entidades de Previdência Complementar
Petros - 10,00%
Funcef - 5,00%
• Fundo de Investimento em Participações
Caixa FIP Cevix - 5,00%
• Sociedade de Propósito Específico
Belo Monte Participações S.A. (Neoenergia S.A.) - 10,00%
• Autoprodutoras
Amazônia (Cemig e Light) - 9,77%
Vale - 9,00%
Sinobras - 1,00%
• Outras Sociedades
J.Malucelli Energia - 0,25%
A concessionária recolherá à União, pelo uso de bem público, o valor anual de R$ 16,6 milhões, além de cerca de R$ 200 milhões que serão pagos à União, ao estado do Pará e aos municípios impactados, como compensação financeira pela utilização de recursos hídricos.
Composição acionária da Norte Energia:
• Grupo Eletrobras
Eletrobras - 15,00%
Chesf - 15,00%
Eletronorte - 19,98%
• Entidades de Previdência Complementar
Petros - 10,00%
Funcef - 5,00%
• Fundo de Investimento em Participações
Caixa FIP Cevix - 5,00%
• Sociedade de Propósito Específico
Belo Monte Participações S.A. (Neoenergia S.A.) - 10,00%
• Autoprodutoras
Amazônia (Cemig e Light) - 9,77%
Vale - 9,00%
Sinobras - 1,00%
• Outras Sociedades
J.Malucelli Energia - 0,25%
A concessionária recolherá à União, pelo uso de bem público, o valor anual de R$ 16,6 milhões, além de cerca de R$ 200 milhões que serão pagos à União, ao estado do Pará e aos municípios impactados, como compensação financeira pela utilização de recursos hídricos.
Cabe ressaltar que a Zona Franca de Manaus até hoje não está ligada ao Sistema Interligado Nacional - SIN (fazendo uso de termoelétricas poluidoras, por exemplo) e estados como Roraima e Rondônia chegam a importar eletricidade da Venezuela (já existem projetos para ligar Tucuruí a essas regiões, o que fará com que se passe cabos sobre o Rio Amazonas (!!!)).
Um vídeo produzido por globais contra a instalação da usina mostra o quanto essa guerra midiática está impregnada de ideologia e pode trazer mais desinformação.
Isso me lembra muito o argumento estilo "tô-com-medo" da Regina Duarte contra a eleição do Lula.
Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) fizeram um vídeo amador rebatendo cada ponto levantado no vídeo dos artistas globais. Imagino que a Globo não deixaria que outros artistas da emissora fizessem um vídeo semelhante defendendo a construção do empreendimento. O que seria um indício do posicionamento da empresa quanto a questão.
Reproduzo aqui alguns dados colhidos no blog Luís Nassif Online sobre a Usina de Belo Monte para clarificar a polêmica:
(...)vamos aos fatos sobre Belo Monte, que estão longe do bicho-papão pintado por aí:
* O lago de Belo Monte terá 503 km2, dos quais 228 km2 já são o leito do próprio rio Xingu. E boa parte da área restante já está desmatada por criadores de gado, agricultores e madeireiras ilegais. O desmatamento efetivo por conta da usina, portanto, é muito pequeno se comparado com o tamanho do empreendimento, a energia que fornecerá e os benefícios que trará à região. E o lago, uma vez criado, servirá para proteger o entorno de cerca de 28 mil hectares (280 km2), já que vira uma Área de Preservação Permanente (APP).
* É normal que empreendimentos hidrelétricos, e quase todas as fontes de geração de energia, tenham uma capacidade de geração e um fator de potência - ou seja quanto dessa capacidade será possível gerar em média em um ano. No caso de Belo Monte, que tem capacidade instalada de 11.233 MW, a geração média é de 4.571 MW, ou 41%. Esse número é o suficiente para abastecer 40% do consumo residencial de todo o Brasil. Ao longo de sua elaboração, o projeto Belo Monte foi modificado para restringir os impactos que poderia causar ao meio ambiente e à população da região, reduzindo-se a área de inundação prevista em 60% em relação ao projeto inicial. Isso diminuiu a geração média de energia, mas foi importante para a diminuição do seu impacto.
É pouco? Nem tanto. Dá uma olhada nos dados que este blog compilou sobre a média em outros países (na China é 36% e nos EUA, 46%) e mesmo no Brasil, em outras usinas já em operação, como Itaipu, Tucuruí.
* A média nacional de área alagada é de 0,49 km2 por MW instalado, em Belo Monte essa relação é de apenas 0,04 km2 por MW instalado.
* 70% da energia a ser produzida por Belo Monte destinam-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e apresenta o segundo menor valor por MW / hora entre todos os empreendimentos elétricos dos últimos 10 anos (R$ 78 por MW/h). Aquele papo de que a energia de Belo Monte beneficiará apenas esta ou aquela empresa, é balela, lenda. A energia gerada pela usina será conectada ao SIN e, com isto, gera energia para todo o país. O mesmo acontece com TODAS as demais usinas construídas por aqui.
* Há duas maneiras de se construir uma usina hidrelétrica: basear-se exclusivamente no critério de eficiência, em que tería que dispor de um lago enorme, como era o projeto original de Belo Monte de 1980, alagando amplas regiões, ou um sistema energeticamente menos eficiente - o de geração de energia em cima da corretenza do rio, denominado fio d'água - justamente para privilegiar questões ambientais. Belo Monte é desse segundo tipo, não sendo tão eficiente como a média das hidrelétricas brasileiras (na faixa de 50%) justamente em respeito a questões sociais e ambientais.
* Nenhum índio terá que sair de suas terras por causa do projeto e os ribeirinhos que serão realocados vivem, em sua maioria (quase 7 mil famílias), em palafitas nos igarapés de Altamira, em condições sub-humanas. O governo pretende realocar essas famílias para condomínios habitacionais que ficam em torno de 2 quilômetros de distância de onde estão hoje. São cerca de 18 mil pessoas. A promessa do governo é que essas pessoas receberão casas em locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e locais de lazer, tudo antes do final de 2014. É anotar e cobrar.
* Substituir a energia de Belo Monte por eólicas e energia solar parece fácil, mas é praticamente impossível. Precisamos de 5 mil MW por ano de energia adicionada ao sistema para garantir o mínimo necessário para que o país continue se desenvolvendo e gerando emprego e renda, e garantindo a inclusão de milhões de brasileiros que hoje estão à margem de todo e qualquer consumo. Isso não é possível, no curto/médio prazo, com eólica e solar. O Brasil até tem investido bastante nessas duas formas de geração de energia, somos o país que mais tem atraído empresas do setor para cá, mas é coisa para médio-longo prazo. Enquanto isso, fazemos a transição - mas com energia de baixo impacto e limpa, como a hidrelétrica. Nenhum outro país do mundo consegue isso - EUA, China, Europa, Ìndia, todos estão fazendo investimentos em energia renovável (eólica, solar, etc) com base numa economia sustentada por energia suja - nuclear, térmicas a carvão ou óleo diesel.
Para se ter uma ideia, para ter o mesmo potencial energético de Belo Monte, seria necessário instalar mais de 6 mil aerogeradores, de 3MW cada, ocupando uma área de 470 km2 - ou quase o tamanho do lago de Belo Monte (503 km2).
Fico pensando se o Japão tivesse a opção de fazer uma Belo Monte ao invés de ter construído a usina de Fukushima...
A Central Nuclear de Fukushima I (que explodiu fazendo vazar material radioativo para o meio ambiente) produzia 4,7 GW de eletricidade, sendo uma das 25 maiores do mundo. A usina de Belo Monte produzira 4,5 GW garantido com um pico de produção de 11 GW.
Sei que o título do post é pretencioso, não vamos realmente conseguir esgotar todo o assunto aqui. Mas queremos dar nossa cota de contribuição à essa importante questão mostrando vários pontos de vista para ajudar o leitor do Brasil Acadêmico a se posicionar. E sem esconder qual é nossa posição sobre o tema.
[Via BBA]
A obra de Belo Monte é um exagero, mas antes uma hidroelétrica do que uma usina nuclear. Precisamos de energia e construção de Belo Monte é essencial. Abraços.
ResponderExcluirSe precisamos de 6 GW por ano e a UHE Belo Monte só garante 4 GW. Não acho que seja exagero não. Mas me parece que a construção está caminhando para um bom termo. A gente não está livre de ter que sair do local de morada para que um rodoanel ou um metrô passe pelos nossos domínios. Mas se for bem pago e o planejamento mostrar que essa é a melhor saída acredito que o bem comum, infelizmente para alguns, acabe tendop que prevalecer.
ResponderExcluirO Município de Altamira é do tamanho de Portugal e tem 100 mil habitantes. É preciso um pouco de bom senso (e não de inflamações) para obtermos o melhor custo benefício da obra. Será que se o consórcio fornecesse peixe vitaliciamente para os índios pescadores da Volta do Xingu e dobrasse a capacidade da Usina não seria mais compensador para todos? O Pará precisa dos royalties do Pré-sal (mas se vazar petróleo ele não será afetado diretamente) e o Brasil precisa do potencial hidroelétrico do Xingu.
Mais um infeliz retrato da juventude manipulada que temos hoje em dia...
ResponderExcluirBelo Monte não terá todo seu potencial aproveitado, será mais uma obra bilionária que enriquecerá as construtoras, além de destruir a vegetação, junto com o novo código florestal que provavelmente será aprovado..
beleza, Pode até asfaltar a amazonia inteira somente preciso de uma tomada pro meu notebook e meu smartphone.
ResponderExcluirOdeio mato, florestas e indios dissimulados.
so tem idiota falando aki, existem diversos tipos de obtençao de energia sustentavel, eolica, biomassa, solar, tem muitas alternativas a serem exploradas, pena q os investimentos sempre sao nas areas erradas e mal planejados.
ResponderExcluirOS HUMANOS TEM QUE MORRER! BELO MONTE É O CARALEO!
ResponderExcluirVai à merda....alaga tua casa e faz uma usina.
ResponderExcluirQuando começar a rolar um racionamento de energia daqui a alguns anos quero ver quem assinou a petição de merda se resignando e não falando de boca cheia "eu pago minha conta de energia elétrica,não posso ficar sem,isso é um absurdo!"
ResponderExcluirComo diz Gabriel o pensador: "Índio qué cachimbo,se não dé o pau vai comê".
O cacique Raoni tem sua página oficial com domínio francês. (http://www.raoni.fr) Abre o olho Brasil.
ResponderExcluirParabéns pelo post. É raro, infelizmente muito raro, ver alguém posicionar-se sobre assunto tão polêmico tendo o cuidado de antes informar-se devidamente a respeito. Muitas das opiniões postadas nos comentários nesta página são um ótimo exemplo de como a esmagadora maioria das pessoas gosta de ter e manifestar uma opinião sobre assuntos dos quais não têm nenhum conhecimento técnico.
ResponderExcluirSerá que os opositores às hidrelétricas e ferrenhos defensores das formas de energia ditas alternativas, como eólica e biomassa, têm alguma noção de que essas energias "alternativas" não saem pura e simplesmente do ar, sem nenhum impacto na natureza? Será que leram o seu post e conseguiram aprender que a energia eólica, por exemplo, é inconstante e exige uma capacidade instalada muitíssimo maior que a energia de origem hidráulica para que se obtenha o mesmo grau de confiabilidade? Será que os opositores de Belo Monte já fizeram as contas para ver que a usina terá uma relação potência/área inundada muitíssimo melhor que as demais usinas de todo o mundo? Será que já pararam pensar que se conseguem exprimir sua opinião pela Internet é porque dispõem de energia elétrica e que essa energia vem de empreendimentos reais e viáveis como usinas hidrelétricas e não de fantasias?
@Cesar, agradeço os elogios e acho auspicioso que esse comentário tenha vindo logo no primeiro dia do ano. Revi ontem a história de Ghandi, o advogado indiano formado na Inglaterra que com muito jejum conseguiu libertar a Índia dos ingleses, algo deveras inspirador para quem luta o bom combate por causas difíceis. Se achamos que conseguimos enxergar um pouco melhor a situação, é imperativo que tentemos mostrar para os demais o que há fora da caverna. No começo seremos desacreditados. Depois os desacreditados serão os que tiveram um pensamento mais superficial. Até vencermos as poderosas forças que tentam nos manter no obscurantismo. E se tratando de uma usina de força, essa analogia não deixa de ter um certo senso literal.
ResponderExcluirSOMOS UMA BANDA DEFENSORA DA AMAZÔNIA E DE SEUS ANIMAIS. POR FAVOR ASSISTAM NOSSO VIDEO SOBRE A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA E DIVULGUEM. OBRIGADO. http://vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&videoid=104247674 AMAZON´S ON FIRE
ResponderExcluirAMAZON´S ON FIRE
http://www.youtube.com/watch?v=40NqT6TzCzo
sou Caldeireiro e trabalho na voith em manaus estamos esperando para construir essa hidrelétrica de belo monte .
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