Um professor pode ser substituído por um computador? Crianças aprendem sozinhas? O cientista da educação Sugata Mitra mostra o que acontece...
Um professor pode ser substituído por um computador? Crianças aprendem sozinhas? O cientista da educação Sugata Mitra mostra o que acontece quando as crianças estão longe de adultos e da educação formal e dispõem de ferramentas para explorar a informação.
Se os jovens podem descobrir sozinhos como manipular um computador usando mouse e teclado. O que fariam se tivessem um ambiente ainda mais intuitivo com telas de toque e reconhecimento de voz?
Com seu projeto "Buraco na Parede" Sugata Mitra questiona porque justamente onde mais precisamos dos professores é onde eles menos estão:
Bem, esta é uma frase um pouco óbvia.
Comecei com aquela afirmação há doze anos, e comecei no contexto de países em desenvolvimento, mas vocês vieram de todos os lugares do mundo. Se você pensar em um mapa de seus países, acho que vão perceber que para cada país na Terra podem marcar e dizer "Estes são lugares onde bons professores não vão." Ainda por cima, são os lugares onde surgem os problemas. Então temos um problema irônico. Bons professores não querem ir justamente para onde são mais necessários.
Comecei em 1999 neste problema com um experimento, bem simples em Nova Deli. Basicamente embuti um computador em uma parede de um bairro pobre. As crianças mal iam à escola. Não sabiam inglês. Nunca haviam visto um computador, e não sabiam o que era a internet. Conectei internet banda larga - a cerca de um metro do chão - liguei e deixei lá. Depois disso notamos coisas interessantes, vocês verão. Repeti isso por toda a Índia e depois para uma grande parte do mundo e percebi que crianças irão aprender a fazer aquilo que quiserem aprender.
Foi o primeiro experimento que fizemos - à direita um menino de oito anos ensinando sua aluna, de seis anos, e ele estava ensinando como navegar. Este garoto, no meio da Índia central, na vila de Rajasthan, onde as crianças gravam suas músicas e depois tocam para os outros, e no processo, se divertiram o tempo todo. Fizeram tudo isso quatro horas depois de verem um computador pela primeira vez. Em outra vila do Sul, estes garotos aqui montaram uma câmera e estavam tentando fotografar uma abelha. Fizeram o download da Disney.com, ou um site parecido, 14 dias depois do computador chegar na vila. Então no fim nós concluímos que crianças podem aprender a usar computador e internet sozinhos, independente de quem são ou de onde estão.
Naquela altura, fiquei um pouco mais ambicioso e decidi ver o que mais as crianças fariam com o computador. Começamos um experimento em Hyderabad, na Índia, com um grupo de crianças - elas falavam inglês com um sotaque de Telugu. Dei um computador a elas, com reconhecimento de voz, que agora vem de graça no Windows, e pedimos para falar com o computador. Quando elas falaram o computador escreveu letras sem nexo, então falaram, "Ele não entende o que dizemos." então eu disse, "Sim. Irei deixar aqui por dois meses. Façam-se entender para o computador." Então elas perguntaram, "Como faremos isso?" E eu disse, "Na verdade, eu não sei." (Risos) E fui embora. (Risos) Dois meses depois - e isto foi documentado no jornal de Informação e Tecnologia para o Desenvolvimento Internacional - que os sotaques haviam mudado e ficaram parecidos com o sotaque britânico que eu tinha programado no reconhecedor.
Em outras palavras, eles falavam como o James Tooley (Risos) Eles conseguiram fazer tudo sozinhos. Depois eu comecei experimentos com várias outras coisas que eles poderiam aprender sozinhos
Recebi uma ligação interessante de Colombo, do recém falecido Arthur C. Clarke, que disse, "Quero ver o que está acontecendo." Ele não podia viajar, então fui até lá. Ele disse duas coisas: "Um professor que pode ser trocado por uma máquina, deve ser trocado." (Risos) A outra coisa que ele disse foi: "Se crianças têm interesse, então a educação acontece." Era o que eu estava fazendo, toda vez que eu via isso eu pensava nele.
(Video) Artur C. Clarke: E elas poderiam ajudar as pessoas, porque aprendem tão rápido a navegar e acham coisas que as interessam. E quando você tem interesse, então a educação acontece.
Sugata Mitra: Levei o experimento para a África do Sul. Este é um garoto de 15 anos.
(Vídeo) Garoto: Gosto de jogos de animais, por exemplo, e ouço música.
SM: Perguntei a ele "Você envia emails?" E ele disse, "Sim, e eles pulam o oceano." Isto é no Camboja, área rural -- um jogo bem simples, que nenhuma criança iria querer jogar na escola ou em casa. Elas devolveriam para você. Diriam, "Isto é muito chato." e deixariam no chão, e se todos os adultos saíssem, elas iriam se exibir umas às outras sobre o que elas podem fazer. É o que esta criança está fazendo. Deve estar tentando multiplicar. Por toda a Índia, no final de dois anos, crianças começaram a usar o Google para lição de casa. Como resultado, os professores notaram uma grande melhoria no inglês -- (Risos) desenvolvimento rápido em um monte de coisas. Eles falaram "As crianças estão se tornando grandes pensadores." (Risos) E de fato elas estavam. Se está no Google, porque você precisa ter guardado na cabeça? No fim de quatro anos, decidi que grupos de crianças poderiam navegar na internet para alcançar sozinhas seus objetivos educacionais.
Na época, uma grande quantidade de dinheiro tinha entrado na Universidade Newcastle para melhorar o ensino na Índia. Me ligaram da universidade e eu disse "Farei daqui de Deli." Eles responderam "Não tem como conseguir um milhão de libras da Universidade ficando em Deli."
Então, em 2006, comprei um sobretudo e me mudei para Newcastle. Queria testar os limites do sistema. O primeiro experimento que fiz em Newcastle foi feito na Índia. Eu defini um objetivo impossível: Será que crianças de 12 anos que falam tamil em uma vila do Sul da Índia poderiam aprender biotecnologia em inglês sozinhas? E pensei: Vou testá-las, elas vão tirar zero. Darei os materiais. Volto e testo novamente. Elas tiram outro zero. Eu volto e digo, "Sim, precisamos de professores para certas coisas."
Chamei 26 crianças, e falei para elas que existem coisas bastante difíceis neste computador. Não ficaria surpreso se vocês não entendessem nada. Está tudo em Inglês, e eu estou indo embora. (Risos)
Então eu as deixei com o computador. Voltei após dois meses, e as 26 crianças entraram muito caladas. Eu disse "Então, olharam em algo?" Elas falaram "sim, olhamos." "Entenderam alguma coisa?" "Não, nada." Então eu disse, "Por quanto tempo vocês praticaram até saber que não entenderam nada?" Elas falaram "Nós olhamos todos os dias." Eu disse, "Olharam por dois meses e não entenderam?" Então uma garota de 12 anos levanta a mão e diz, literalmente, "Além do fato da replicação incorreta da molécula de DNA causar doenças genéticas, nós não entendemos mais nada."
(Risos)
(Aplausos)
(Risos)
Precisei de 3 anos para publicar. Acabou de ser publicado no Jornal Britânico de Educação e Tecnologia. Um dos analistas que reviu o artigo disse, "É muito bom para ser verdade", o que não foi muito agradável. Bem, uma das garotas aprendeu a ponto de se tornar a professora. Ali está ela. Lembrem-se, eles não estudam inglês. Cortei a parte que eu pergunto "Onde está o neurônio?" e ela responde, "O neurônio? O neurônio?" Então ela me olhou e fez isto. Seja o que for, não foi muito simpático.
Assim a pontuação havia subido de zero para 30%. Que é uma impossibilidade educativa, dada as circunstâncias. Mas 30% não dá para passar. Então descobri que eles tinham uma amiga, uma jovem contabilista, com quem jogavam futebol. Perguntei a ela "Você as ensinaria biotecnologia o suficiente para eles passarem?" E ela disse "Como eu faria isso? Eu não entendo a matéria." Respondi, "Não, use o método da avó." E ela, "O que é isso?" Falei, "Bem, o que você tem que fazer é ficar atrás delas e admirá-las o tempo todo. Apenas diga, 'Que legal. Isso é fantástico. O que é isso? Faz outra vez? Me mostra mais um pouco?'" Ela fez isso por dois meses. A pontuação deles foi para 50, que é a mesma que uma escola boa de Nova Deli, com professores treinados, estavam conseguindo.
Voltei para Newcastle com estes resultados e decidi que algo estava acontecendo aqui e estava se tornando bem sério. Tendo feito experimentos em lugares mais remotos, Vim para o lugar mais remoto que pude pensar. (Risos) Aproximadamente 8000 quilômetros de Deli existe a cidade Gateshead. Em Gateshead, peguei 32 crianças, e comecei a melhorar meu método. Organizei em grupos de quatro. Eu disse, "Façam seus próprios grupos de quatro. Cada grupo pode usar um computador, não quatro." Lembram-se, do Buraco na Parede. "Vocês podem trocar de grupos. Podem andar de um grupo à outro, se não gostar do seu grupo etc. Podem ir a outro grupo, olhar o que eles estão fazendo, voltar para seu próprio grupo e falar que é ideia sua." E expliquei a elas que muitos cientistas fazem pesquisas usando este método.
(Risos)
(Aplausos)
As crianças vieram entusiasmadas e me falaram, "O que é que temos que fazer?" Eu dei a elas seis questões do GCSE. (Certificado Geral de Ensino Secundário) O primeiro grupo, o melhor, resolveu tudo em 20 minutos. O pior, em 45. Eles usaram tudo que sabiam -- novos grupos, Google, Wikipedia, Ask Jeeves etc. Os professores falaram, "Isso é aprendizado profundo?" Eu disse, "Bem, vamos ver. Voltarei em dois meses. Darei a elas um teste no papel -- sem computadores, sem falar entre si etc." A pontuação quando o teste foi feito com computadores e grupos foi 76 porcento. Quando eu fiz o teste, depois de dois meses, a pontuação foi de 76 porcento. Houve memória fotográfica dentro das crianças, e acho que é porque elas discutiram entre si. Uma criança sozinha em frente a um computador não fará isso. Tenho mais resultados, que são quase inacreditáveis, de pontuações que aumentam com o tempo. Porque os professores dizem que após a sessão terminar, as crianças continuam a pesquisar no Google.
Aqui na Grã-Bretanha, fiz um pedido para as avós britânicas, após a minha experiência. Bem, vocês sabem, as avós britânicas são pessoas muito vigorosas. E 200 delas se ofereceram imediatamente. (Risos) O acordo era que elas me dariam uma hora de banda larga, dentro de suas casas, um dia por semana. E foi o que elas fizeram. E nos últimos dois anos, mais de 600 horas de instrução aconteceram via Skype, usando o que meus alunos chamam de nuvem de avó. A nuvem de avó está ali. Posso enviar para qualquer escola que eu quiser.
(Vídeo) Professora: Você não consegue me pegar. Agora diz você. Não consegue me pegar.
Criança: Você não consegue me pegar.
Professora: Sou o homem biscoito.
Criança: Eu sou o homem biscoito.
Professora: Ótimo. Muito bom.
SM: De volta a Gateshead, uma garota de 10 anos entra em contato com o Hinduísmo em 15 minutos. Vocês sabem, coisas que eu não sei nada sobre. Duas crianças veem uma TEDTalk. Elas queriam ser jogadoras de futebol. Após assistir a oito TEDTalks, elas querem se tornar Leonardo da Vinci.
(Risos)
(Aplausos)
São coisas bem simples.
Isto é o que estou construindo. São os SOLEs: Ambientes de Aprendizagem Auto-Organizados. O design da mobília foi feito para que as crianças sentem-se em frente a telas grandes, conectadas à banda larga, mas em grupos. Se elas quiserem, podem chamar a nuvem de avó. Este é um SOLE em Newcastle. O mediador é da Índia.
Quão longe podemos ir então? Só mais um pouco e eu paro. Fui até Turin em maio. Afastei todos os professores do meu grupo de estudantes de 10 anos. Eu falo apenas inglês, elas falam apenas italiano, então não tínhamos como nos comunicar. Comecei escrevendo questões em inglês no quadro. As crianças olharam e falaram, "O quê?" Eu disse, "Bem, façam." Elas escreveram no Google, traduziram para o italiano, voltavam ao Google italiano. 15 minutos depois... Próxima questão: Onde fica Calcutá? Eles precisaram apenas de 10 minutos. Depois tentei uma bem difícil. Quem foi Pitágoras e o que ele fez? Fizeram silêncio por um tempo, depois falaram, "Você escreveu errado. É Pitagora (em italiano)." E depois, em 20 minutos, Os triângulos retângulos começaram a aparecer. Isto me deu arrepios. Estes têm 10 anos. Texto: Em mais 30 minutos eles alcançam a Teoria da Relatividade. E depois?
(Risos)
(Aplausos)
SM: Sabem o que aconteceu? Acho que acabamos de encontrar um sistema auto organizável. Um sistema auto organizável é aquele em que a estrutura aparece sem a influência do exterior Sistemas auto organizável são sempre emergentes, que é quando o sistema começa a fazer coisas as quais não foram designados a fazer. É por isso que vocês reagem dessa maneira, porque parece impossível. Posso fazer uma suposição. Educação é um sistema auto organizável, onde aprender é um fenômeno emergente. Irá demorar alguns anos para provar, experimentalmente, mas eu irei tentar. Entretanto, o método está disponível. Um bilhão de crianças, 100 milhões de mediadores - existem muito mais que isso no planeta - 10 milhões de SOLEs, 180 bilhões de dólares e 10 anos. Nós podemos mudar tudo.
Obrigado.
(Aplausos)
Se ficou interessado no trabalho de Mitra, veja a palestra um pouco mais extensa que ele deu em 2007 sobre o "Buraco na Parede".
Clique em View subtitles para ver legendas em português
Para saber mais:
Hole In The Wall - Site oficial (em inglês)
[Via BBA]
Se os jovens podem descobrir sozinhos como manipular um computador usando mouse e teclado. O que fariam se tivessem um ambiente ainda mais intuitivo com telas de toque e reconhecimento de voz?
E quando você tem interesse, então a educação acontece.
Arthur C. Clarke
Com seu projeto "Buraco na Parede" Sugata Mitra questiona porque justamente onde mais precisamos dos professores é onde eles menos estão:
Bem, esta é uma frase um pouco óbvia.
Há alguns locais no mundo, em todos os países, onde, por várias razões, boas escolas não podem ser construídas e bons professores não podem ou não querer ir...
Comecei com aquela afirmação há doze anos, e comecei no contexto de países em desenvolvimento, mas vocês vieram de todos os lugares do mundo. Se você pensar em um mapa de seus países, acho que vão perceber que para cada país na Terra podem marcar e dizer "Estes são lugares onde bons professores não vão." Ainda por cima, são os lugares onde surgem os problemas. Então temos um problema irônico. Bons professores não querem ir justamente para onde são mais necessários.
Basicamente embuti um computador em uma parede de um bairro pobre.
Comecei em 1999 neste problema com um experimento, bem simples em Nova Deli. Basicamente embuti um computador em uma parede de um bairro pobre. As crianças mal iam à escola. Não sabiam inglês. Nunca haviam visto um computador, e não sabiam o que era a internet. Conectei internet banda larga - a cerca de um metro do chão - liguei e deixei lá. Depois disso notamos coisas interessantes, vocês verão. Repeti isso por toda a Índia e depois para uma grande parte do mundo e percebi que crianças irão aprender a fazer aquilo que quiserem aprender.
Foi o primeiro experimento que fizemos - à direita um menino de oito anos ensinando sua aluna, de seis anos, e ele estava ensinando como navegar. Este garoto, no meio da Índia central, na vila de Rajasthan, onde as crianças gravam suas músicas e depois tocam para os outros, e no processo, se divertiram o tempo todo. Fizeram tudo isso quatro horas depois de verem um computador pela primeira vez. Em outra vila do Sul, estes garotos aqui montaram uma câmera e estavam tentando fotografar uma abelha. Fizeram o download da Disney.com, ou um site parecido, 14 dias depois do computador chegar na vila. Então no fim nós concluímos que crianças podem aprender a usar computador e internet sozinhos, independente de quem são ou de onde estão.
Naquela altura, fiquei um pouco mais ambicioso e decidi ver o que mais as crianças fariam com o computador. Começamos um experimento em Hyderabad, na Índia, com um grupo de crianças - elas falavam inglês com um sotaque de Telugu. Dei um computador a elas, com reconhecimento de voz, que agora vem de graça no Windows, e pedimos para falar com o computador. Quando elas falaram o computador escreveu letras sem nexo, então falaram, "Ele não entende o que dizemos." então eu disse, "Sim. Irei deixar aqui por dois meses. Façam-se entender para o computador." Então elas perguntaram, "Como faremos isso?" E eu disse, "Na verdade, eu não sei." (Risos) E fui embora. (Risos) Dois meses depois - e isto foi documentado no jornal de Informação e Tecnologia para o Desenvolvimento Internacional - que os sotaques haviam mudado e ficaram parecidos com o sotaque britânico que eu tinha programado no reconhecedor.
Os sotaques haviam mudado e ficaram parecidos com o sotaque britânico que eu tinha programado no reconhecedor.
Em outras palavras, eles falavam como o James Tooley (Risos) Eles conseguiram fazer tudo sozinhos. Depois eu comecei experimentos com várias outras coisas que eles poderiam aprender sozinhos
Recebi uma ligação interessante de Colombo, do recém falecido Arthur C. Clarke, que disse, "Quero ver o que está acontecendo." Ele não podia viajar, então fui até lá. Ele disse duas coisas: "Um professor que pode ser trocado por uma máquina, deve ser trocado." (Risos) A outra coisa que ele disse foi: "Se crianças têm interesse, então a educação acontece." Era o que eu estava fazendo, toda vez que eu via isso eu pensava nele.
Um professor que pode ser trocado por uma máquina, deve ser trocado.
Arthur C. Clarke
(Video) Artur C. Clarke: E elas poderiam ajudar as pessoas, porque aprendem tão rápido a navegar e acham coisas que as interessam. E quando você tem interesse, então a educação acontece.
Sugata Mitra: Levei o experimento para a África do Sul. Este é um garoto de 15 anos.
(Vídeo) Garoto: Gosto de jogos de animais, por exemplo, e ouço música.
SM: Perguntei a ele "Você envia emails?" E ele disse, "Sim, e eles pulam o oceano." Isto é no Camboja, área rural -- um jogo bem simples, que nenhuma criança iria querer jogar na escola ou em casa. Elas devolveriam para você. Diriam, "Isto é muito chato." e deixariam no chão, e se todos os adultos saíssem, elas iriam se exibir umas às outras sobre o que elas podem fazer. É o que esta criança está fazendo. Deve estar tentando multiplicar. Por toda a Índia, no final de dois anos, crianças começaram a usar o Google para lição de casa. Como resultado, os professores notaram uma grande melhoria no inglês -- (Risos) desenvolvimento rápido em um monte de coisas. Eles falaram "As crianças estão se tornando grandes pensadores." (Risos) E de fato elas estavam. Se está no Google, porque você precisa ter guardado na cabeça? No fim de quatro anos, decidi que grupos de crianças poderiam navegar na internet para alcançar sozinhas seus objetivos educacionais.
Perguntei a ele: "Você envia emails?"
E ele disse, "Sim, e eles pulam o oceano."
Na época, uma grande quantidade de dinheiro tinha entrado na Universidade Newcastle para melhorar o ensino na Índia. Me ligaram da universidade e eu disse "Farei daqui de Deli." Eles responderam "Não tem como conseguir um milhão de libras da Universidade ficando em Deli."
Então, em 2006, comprei um sobretudo e me mudei para Newcastle. Queria testar os limites do sistema. O primeiro experimento que fiz em Newcastle foi feito na Índia. Eu defini um objetivo impossível: Será que crianças de 12 anos que falam tamil em uma vila do Sul da Índia poderiam aprender biotecnologia em inglês sozinhas? E pensei: Vou testá-las, elas vão tirar zero. Darei os materiais. Volto e testo novamente. Elas tiram outro zero. Eu volto e digo, "Sim, precisamos de professores para certas coisas."
Chamei 26 crianças, e falei para elas que existem coisas bastante difíceis neste computador. Não ficaria surpreso se vocês não entendessem nada. Está tudo em Inglês, e eu estou indo embora. (Risos)
Então eu as deixei com o computador. Voltei após dois meses, e as 26 crianças entraram muito caladas. Eu disse "Então, olharam em algo?" Elas falaram "sim, olhamos." "Entenderam alguma coisa?" "Não, nada." Então eu disse, "Por quanto tempo vocês praticaram até saber que não entenderam nada?" Elas falaram "Nós olhamos todos os dias." Eu disse, "Olharam por dois meses e não entenderam?" Então uma garota de 12 anos levanta a mão e diz, literalmente, "Além do fato da replicação incorreta da molécula de DNA causar doenças genéticas, nós não entendemos mais nada."
(Risos)
(Aplausos)
(Risos)
Além do fato da replicação incorreta da molécula de DNA causar doenças genéticas, nós não entendemos mais nada.
Precisei de 3 anos para publicar. Acabou de ser publicado no Jornal Britânico de Educação e Tecnologia. Um dos analistas que reviu o artigo disse, "É muito bom para ser verdade", o que não foi muito agradável. Bem, uma das garotas aprendeu a ponto de se tornar a professora. Ali está ela. Lembrem-se, eles não estudam inglês. Cortei a parte que eu pergunto "Onde está o neurônio?" e ela responde, "O neurônio? O neurônio?" Então ela me olhou e fez isto. Seja o que for, não foi muito simpático.
Use o método da avó.
Assim a pontuação havia subido de zero para 30%. Que é uma impossibilidade educativa, dada as circunstâncias. Mas 30% não dá para passar. Então descobri que eles tinham uma amiga, uma jovem contabilista, com quem jogavam futebol. Perguntei a ela "Você as ensinaria biotecnologia o suficiente para eles passarem?" E ela disse "Como eu faria isso? Eu não entendo a matéria." Respondi, "Não, use o método da avó." E ela, "O que é isso?" Falei, "Bem, o que você tem que fazer é ficar atrás delas e admirá-las o tempo todo. Apenas diga, 'Que legal. Isso é fantástico. O que é isso? Faz outra vez? Me mostra mais um pouco?'" Ela fez isso por dois meses. A pontuação deles foi para 50, que é a mesma que uma escola boa de Nova Deli, com professores treinados, estavam conseguindo.
Voltei para Newcastle com estes resultados e decidi que algo estava acontecendo aqui e estava se tornando bem sério. Tendo feito experimentos em lugares mais remotos, Vim para o lugar mais remoto que pude pensar. (Risos) Aproximadamente 8000 quilômetros de Deli existe a cidade Gateshead. Em Gateshead, peguei 32 crianças, e comecei a melhorar meu método. Organizei em grupos de quatro. Eu disse, "Façam seus próprios grupos de quatro. Cada grupo pode usar um computador, não quatro." Lembram-se, do Buraco na Parede. "Vocês podem trocar de grupos. Podem andar de um grupo à outro, se não gostar do seu grupo etc. Podem ir a outro grupo, olhar o que eles estão fazendo, voltar para seu próprio grupo e falar que é ideia sua." E expliquei a elas que muitos cientistas fazem pesquisas usando este método.
(Risos)
(Aplausos)
Houve memória fotográfica dentro das crianças.
As crianças vieram entusiasmadas e me falaram, "O que é que temos que fazer?" Eu dei a elas seis questões do GCSE. (Certificado Geral de Ensino Secundário) O primeiro grupo, o melhor, resolveu tudo em 20 minutos. O pior, em 45. Eles usaram tudo que sabiam -- novos grupos, Google, Wikipedia, Ask Jeeves etc. Os professores falaram, "Isso é aprendizado profundo?" Eu disse, "Bem, vamos ver. Voltarei em dois meses. Darei a elas um teste no papel -- sem computadores, sem falar entre si etc." A pontuação quando o teste foi feito com computadores e grupos foi 76 porcento. Quando eu fiz o teste, depois de dois meses, a pontuação foi de 76 porcento. Houve memória fotográfica dentro das crianças, e acho que é porque elas discutiram entre si. Uma criança sozinha em frente a um computador não fará isso. Tenho mais resultados, que são quase inacreditáveis, de pontuações que aumentam com o tempo. Porque os professores dizem que após a sessão terminar, as crianças continuam a pesquisar no Google.
Aqui na Grã-Bretanha, fiz um pedido para as avós britânicas, após a minha experiência. Bem, vocês sabem, as avós britânicas são pessoas muito vigorosas. E 200 delas se ofereceram imediatamente. (Risos) O acordo era que elas me dariam uma hora de banda larga, dentro de suas casas, um dia por semana. E foi o que elas fizeram. E nos últimos dois anos, mais de 600 horas de instrução aconteceram via Skype, usando o que meus alunos chamam de nuvem de avó. A nuvem de avó está ali. Posso enviar para qualquer escola que eu quiser.
(Vídeo) Professora: Você não consegue me pegar. Agora diz você. Não consegue me pegar.
Criança: Você não consegue me pegar.
Professora: Sou o homem biscoito.
Criança: Eu sou o homem biscoito.
Professora: Ótimo. Muito bom.
SM: De volta a Gateshead, uma garota de 10 anos entra em contato com o Hinduísmo em 15 minutos. Vocês sabem, coisas que eu não sei nada sobre. Duas crianças veem uma TEDTalk. Elas queriam ser jogadoras de futebol. Após assistir a oito TEDTalks, elas querem se tornar Leonardo da Vinci.
(Risos)
(Aplausos)
São coisas bem simples.
Após assistir a oito TEDTalks, elas querem se tornar Leonardo da Vinci.
Isto é o que estou construindo. São os SOLEs: Ambientes de Aprendizagem Auto-Organizados. O design da mobília foi feito para que as crianças sentem-se em frente a telas grandes, conectadas à banda larga, mas em grupos. Se elas quiserem, podem chamar a nuvem de avó. Este é um SOLE em Newcastle. O mediador é da Índia.
Quão longe podemos ir então? Só mais um pouco e eu paro. Fui até Turin em maio. Afastei todos os professores do meu grupo de estudantes de 10 anos. Eu falo apenas inglês, elas falam apenas italiano, então não tínhamos como nos comunicar. Comecei escrevendo questões em inglês no quadro. As crianças olharam e falaram, "O quê?" Eu disse, "Bem, façam." Elas escreveram no Google, traduziram para o italiano, voltavam ao Google italiano. 15 minutos depois... Próxima questão: Onde fica Calcutá? Eles precisaram apenas de 10 minutos. Depois tentei uma bem difícil. Quem foi Pitágoras e o que ele fez? Fizeram silêncio por um tempo, depois falaram, "Você escreveu errado. É Pitagora (em italiano)." E depois, em 20 minutos, Os triângulos retângulos começaram a aparecer. Isto me deu arrepios. Estes têm 10 anos. Texto: Em mais 30 minutos eles alcançam a Teoria da Relatividade. E depois?
(Risos)
(Aplausos)
Acho que acabamos de encontrar um sistema auto organizável.
SM: Sabem o que aconteceu? Acho que acabamos de encontrar um sistema auto organizável. Um sistema auto organizável é aquele em que a estrutura aparece sem a influência do exterior Sistemas auto organizável são sempre emergentes, que é quando o sistema começa a fazer coisas as quais não foram designados a fazer. É por isso que vocês reagem dessa maneira, porque parece impossível. Posso fazer uma suposição. Educação é um sistema auto organizável, onde aprender é um fenômeno emergente. Irá demorar alguns anos para provar, experimentalmente, mas eu irei tentar. Entretanto, o método está disponível. Um bilhão de crianças, 100 milhões de mediadores - existem muito mais que isso no planeta - 10 milhões de SOLEs, 180 bilhões de dólares e 10 anos. Nós podemos mudar tudo.
Obrigado.
(Aplausos)
Se ficou interessado no trabalho de Mitra, veja a palestra um pouco mais extensa que ele deu em 2007 sobre o "Buraco na Parede".
Nossa, simplesmente fantástico!
ResponderExcluirIsso é sensacional!
ResponderExcluirUm sistema de educação que pode transformar para melhor a vida das pessoas no planeta.