Companhias aéres perde US$ 200 milhões por dia. Cerca de 63 mil voos já foram cancelados até agora. Saiba o porquê. Indónesia, 1982, um Boe...
Companhias aéres perde US$ 200 milhões por dia. Cerca de 63 mil voos já foram cancelados até agora. Saiba o porquê.
Indónesia, 1982, um Boeing da British Airways com 263 passageiros a bordo ficou com as quatro turbinas travadas, tendo que planar por quinze minutos depois de atravessar uma nuvem de cinzas vulcânicas do monte Galunggung. Após perder altitude e finalmente sair da nuvem, o material derretido se condensou e se desprendeu, fazendo com que três dos motores voltassem a atuar.
Peças danificadas por cinza vulcânica no voo 9 da British Airways de 1982
Relatos de tripulantes e passageiros mostraram que o avião também ficou cercado de faíscas (devido a um fenômeno conhecido como Fogo de Santelmo), as janelas foram atingidas por algo semelhante a areia e além disso um forte cheiro de enxofre invadiu a cabine (acho que nesse ponto alguns passageiros acharam que já tinham chegado no inferno), forçando-os a respirar com máscaras de oxigênio.
Além disso, com as vidraças quebradas, os pilotos foram obrigados a aterrissar apenas por instrumentos em Jacarta. É esse tipo de incidente que as companhias aéreas querem evitar.
E esse não foi um caso único. Em 1989, uma aeronave da KLM sofreu problemas similares ao cruzar uma nuvem de cinzas de vulcão no Alasca.
Em primeiro lugar, é um vulcão difícil de pronunciar o nome, que parece que foi batizado por um macaco pulando no teclado. Pois se trata do Vulcão Eyjafjallajoekull (quem?).
A última erupção do Eyjafjallajokull ocorreu em dezembro de 1821 e só terminou em janeiro de 1823, mas ninguém pode dizer se essa vai durar mais ou menos. Dessa vez, quem entrou em erupção primeiro foi o seu vizinho menor, o vulcão Fimmvörduháls (o quê?). Deve ser difícil para um repórter pronunciar o nome desses cuspidores de lava (até o nome da cidade mais próxima é um desafio para os não iniciados em islandês). Mais difícil ainda é verificar se está certo.
Difícil também é imaginar que esse é um vulcão de pequenas proporções. E que essa atividade vulcânica é normal na Islândia, embora tenha derretido glaciares e inundado rodovias pelo país.
O que chamou a atenção do mundo foi a nuvem de cinzas que afeta seriamente o tráfego aéreo internacional sobrecarregando as ferrovias da Europa e causando enormes prejuízos econômicos. Mesmo assim o vulcão já forçou a evacuação de algumas centenas de fazendeiros que vivem em seus arredores.
Contudo, o problema seria bem pior se o maior vulcão Islandês Katla, de nome pronunciável e localizado na mesma cordilheira, entrasse em erupção. A sua potência é cerca de dez vezes superior a do Eyjafjallajokull.
Em suma, com tantos problema no ar viajar para a Europa hoje não deve ser uma experiência fácil, ainda que você opte por outros meios de transporte. Mas não vai ser apenas nos transportes que sentiremos os efeitos do vulcão islandês.
Clique para ver mapa da nuvem vulcânica (USA Today)
Se continuar assim, a quantidade de cinzas ejetadas poderá afetar o clima da Terra, fazendo baixar a temperatura média do planeta.
Segundo Umberto Cordani, professor do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da USP, a cortina de fumaça pode diminuir a temperatura da Terra. Apesar disso, ele avisa que não há motivo para maiores preocupações. Esse resfriamento deverá ser pouco significativo e de curta duração.
Em 1883, o vulcão Krakatoa, na Indonésia, emitiu 21 quilômetros cúbicos de cinza e outros materiais que formou um escudo atmosférico capaz de refletir a luz do sol, causando, temporariamente, a redução de aproximadamente 1° C na temperatura terrestre (alguém que tivesse um lote nessa ilha, poderia dizer que tinha um lote no céu :-P).
Em 1991, o vulcão Pinatubo, na Ilha de Luzon, nas Filipinas, expeliu cerca de dez quilômetros cúbicos de material, o que causou uma diminuição na temperatura da Terra de cerca de 0,5° C. As explosões desses vulcões duraram vários meses.
As companhia aérea Lufthansa (Alemanha) e KLM (Holanda) realizaram voos de teste, a pedido da União Europeia, e estudam as aeronaves para detectar qualquer problema que possa ter sido provocado pelas partículas vulcânicas.
A KLM voou com um Boeing 737-800, sem passageiros, a uma altitude de dez quilômetros no sábado. A Lufthansa teria enviado dez aviões vazios de Munique para Frankfurt a 8 km de altitude.
Aeroporto de Milão transformado em "dormitório"
A Associação de Pilotos Holandeses (VNV) disse acreditar que uma retomada parcial dos voos, com restrições, seria possível. Mesmo com a contínua erupção do vulcão na Islândia.
Via G1, Veja, Inovação Tecnológica, USA Today
Indónesia, 1982, um Boeing da British Airways com 263 passageiros a bordo ficou com as quatro turbinas travadas, tendo que planar por quinze minutos depois de atravessar uma nuvem de cinzas vulcânicas do monte Galunggung. Após perder altitude e finalmente sair da nuvem, o material derretido se condensou e se desprendeu, fazendo com que três dos motores voltassem a atuar.
Se partículas de cinzas vulcânicas entram em uma turbina, elas se acumulam e entopem o motor com material derretido.
David Rothery. Especialista em vulcões da Open University
Relatos de tripulantes e passageiros mostraram que o avião também ficou cercado de faíscas (devido a um fenômeno conhecido como Fogo de Santelmo), as janelas foram atingidas por algo semelhante a areia e além disso um forte cheiro de enxofre invadiu a cabine (acho que nesse ponto alguns passageiros acharam que já tinham chegado no inferno), forçando-os a respirar com máscaras de oxigênio.
Antigamente, quando os motores começavam a falhar, a prática comum era aumentar a potência. Mas isso só piora o problema das cinzas. Hoje em dia, o piloto desacelera e perde altitude para tentar sair da nuvem de cinzas assim que possível. Uma rajada de ar frio e limpo normalmente é suficiente para limpar e desentupir as turbinas.
David Rothery
Além disso, com as vidraças quebradas, os pilotos foram obrigados a aterrissar apenas por instrumentos em Jacarta. É esse tipo de incidente que as companhias aéreas querem evitar.
Mesmo que a turbina volte a funcionar, ela perde sua eficiência e passa a gastar muito mais combustível. A companhia aérea tem que simplesmente jogar fora esses motores danificados. E o motor responde por um terço do custo de uma aeronave.
David Learnout. Especialista em aviação do site Flight Global.com
E esse não foi um caso único. Em 1989, uma aeronave da KLM sofreu problemas similares ao cruzar uma nuvem de cinzas de vulcão no Alasca.
Em primeiro lugar, é um vulcão difícil de pronunciar o nome, que parece que foi batizado por um macaco pulando no teclado. Pois se trata do Vulcão Eyjafjallajoekull (quem?).
A última erupção do Eyjafjallajokull ocorreu em dezembro de 1821 e só terminou em janeiro de 1823, mas ninguém pode dizer se essa vai durar mais ou menos. Dessa vez, quem entrou em erupção primeiro foi o seu vizinho menor, o vulcão Fimmvörduháls (o quê?). Deve ser difícil para um repórter pronunciar o nome desses cuspidores de lava (até o nome da cidade mais próxima é um desafio para os não iniciados em islandês). Mais difícil ainda é verificar se está certo.
Difícil também é imaginar que esse é um vulcão de pequenas proporções. E que essa atividade vulcânica é normal na Islândia, embora tenha derretido glaciares e inundado rodovias pelo país.
O que chamou a atenção do mundo foi a nuvem de cinzas que afeta seriamente o tráfego aéreo internacional sobrecarregando as ferrovias da Europa e causando enormes prejuízos econômicos. Mesmo assim o vulcão já forçou a evacuação de algumas centenas de fazendeiros que vivem em seus arredores.
Essa é uma atividade vulcânica normal na Islândia, que não teria chamado atenção não fosse a nuvem sobre a Europa.
Bergthora Thorbyarnardottir. Geofísica do Instituto Meteorológico da Islândia
Contudo, o problema seria bem pior se o maior vulcão Islandês Katla, de nome pronunciável e localizado na mesma cordilheira, entrasse em erupção. A sua potência é cerca de dez vezes superior a do Eyjafjallajokull.
O material vulcânico expelido pelo Katla produziria uma nuvem que poderia encobrir a Europa por muito mais tempo. Isso baixaria drasticamente a temperatura e resultaria em uma crise aérea de meses.
Gillian Foulger. Geofísica da Universidade Durham. Inglaterra
Em suma, com tantos problema no ar viajar para a Europa hoje não deve ser uma experiência fácil, ainda que você opte por outros meios de transporte. Mas não vai ser apenas nos transportes que sentiremos os efeitos do vulcão islandês.
Se continuar assim, a quantidade de cinzas ejetadas poderá afetar o clima da Terra, fazendo baixar a temperatura média do planeta.
Segundo Umberto Cordani, professor do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da USP, a cortina de fumaça pode diminuir a temperatura da Terra. Apesar disso, ele avisa que não há motivo para maiores preocupações. Esse resfriamento deverá ser pouco significativo e de curta duração.
Nas grandes explosões vulcânicas, os fragmentos sólidos do material vulcânico (cinzas vulcânicas) e gases podem ser lançados a grandes altitudes, na estratosfera e, dependendo de sua constituição e quantidade, podem interferir na radiação solar, impedindo que boa parte dela atinja a superfície da Terra.
Umberto Cordani. Professor do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da USP
Em 1883, o vulcão Krakatoa, na Indonésia, emitiu 21 quilômetros cúbicos de cinza e outros materiais que formou um escudo atmosférico capaz de refletir a luz do sol, causando, temporariamente, a redução de aproximadamente 1° C na temperatura terrestre (alguém que tivesse um lote nessa ilha, poderia dizer que tinha um lote no céu :-P).
Em 1991, o vulcão Pinatubo, na Ilha de Luzon, nas Filipinas, expeliu cerca de dez quilômetros cúbicos de material, o que causou uma diminuição na temperatura da Terra de cerca de 0,5° C. As explosões desses vulcões duraram vários meses.
As companhia aérea Lufthansa (Alemanha) e KLM (Holanda) realizaram voos de teste, a pedido da União Europeia, e estudam as aeronaves para detectar qualquer problema que possa ter sido provocado pelas partículas vulcânicas.
A KLM voou com um Boeing 737-800, sem passageiros, a uma altitude de dez quilômetros no sábado. A Lufthansa teria enviado dez aviões vazios de Munique para Frankfurt a 8 km de altitude.
Não detectamos nada incomum, nenhuma irregularidade, o que indica que a atmosfera está limpa e segura para voar.
Porta-voz da KLM
A Associação de Pilotos Holandeses (VNV) disse acreditar que uma retomada parcial dos voos, com restrições, seria possível. Mesmo com a contínua erupção do vulcão na Islândia.
A concentração de partículas de cinzas na atmosfera é tão pequena que não representa ameaça ao transporte aéreo.
Evert van Zwol. Presidente da VNV.
Via G1, Veja, Inovação Tecnológica, USA Today
Realmente são imgens impressionantes, nunca havia visto algo pareceido.
ResponderExcluirAbraços forte
Amigo Profwar, eu cheguei a ver essa reportagem na TV, e fiquei impressionado com as imagens mostradas. Estão acontecendo tantas catástrofes nos últimos tempos, que esta não é da piores. Abraços. Roniel.
ResponderExcluirA Islândia é a maior ilha vulcânica do mundo e está dividida por uma daquelas pregas, sei lá o nome que dão. Acho que ainda vem muita coisa por aí e pouco podemos fazer a respeito.
ResponderExcluirabs
Amigo, é impressionante. Parabéns pelo artigo!
ResponderExcluirEu tenho acompanhado as notícias e até aqui em Lisboa estamos com o aeroporto a 50%. Foram cancelados imensos voos.
Abraços
Luísa
@Luísa,
ResponderExcluirestou muito surpreso com a situação. Ainda que não haja vítimas fatais, até graças às decisões, ao meu ver, corajosas das autoridades, os transtornos devem estar sendo enormes. O canal está aberto para nos manter informados sobre a situação por aí.
Portugal, historicamente, é nosso irmão europeu, e desejamos que tudo se normalize o mais rápido possível aí na terrinha.
Abraços lusófonos.
@Roniel, não tenho certeza de que as catástrofes estão aumentado em termos númericos. Só posso dizer que estamos mais informados sobre elas e que as áreas ocupadas por pessoas estão se ampliando, o que torna tais desastres mais danosos em termos de vítimas e materiais. Além disso, estamos mais ligados ao nostradamusismo devido ao cinema e à aproximação do fim do calendário Maia.
ResponderExcluirMas vou ficar atento aos sinais armagedônicos.
Um apocalíptico abraço amigo.