Estudiosos afirmam: até 2020 o emprego vai acabar e nós teremos que nos adaptar a essa nova realidade. O trabalho, como nós o conhecemos hoj...
Estudiosos afirmam: até 2020 o emprego vai acabar e nós teremos que nos adaptar a essa nova realidade. O trabalho, como nós o conhecemos hoje, vai sofrer e já está sofrendo profundas transformações. Conheça o porquê e saiba como você pode estar preparado.
Vamos ser sinceros. Você não é muito chegado a trabalhar. Não é? Sem ofensas, afinal nossos antepassados também não tinham lá muita afeição pelo batente. Os inventores da democracia, os gregos, já deixavam toda a tarefa pesada para os escravos. Vá entender essa democracia...
Não, não estou aqui fazendo apologia ao hedonismo, mas sim me referindo a uma tendência apontada por muitos pesquisadores que são ainda mais radicais que o mestre da futurologia, Alvin Tofler, autor do best-seller internacional A Terceira Onda.
Ou seja, estamos em plena terceira onda e nunca tivemos tantas ferramentas e tecnologias para detonar a transformação do modo como nós trabalhamos. A tal globalização vai se consolidar de vez e nós teremos a oportunidade de trabalhar em qualquer lugar e em qualquer horário. A crise na economia global vai colocar em cheque o modelo das grandes corporações e empresas menores, agregadas por projetos em comum, preencherão o vácuo mercadológico deixado.
Mudanças que já estão em curso como uma maior consciência socio-ambiental, a busca pela qualidade de vida e a realização como pessoa também no local de trabalho vão nortear o trabalho no futuro.
A noção de emprego também estará em extinção e em uma década a própria palavra "emprego" poderá estar caindo em desuso (pelo menos no sentido trabalhista).
Será a era do trabalho autônomo (freelance), colaborativo e, de certa forma, inseguro. Com mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade. Será?
Acho que a resposta vai ao encontro, em parte, de um comentário do Sr. Toffler, em entrevista à BBC Brasil, sobre o Brasil:
Ou seja, talvez o chamado fim do emprego seja uma tendência que será experimentada por uma parcela grande da sociedade. Mas que talvez não dê para se falar em uma sociedade de empreendedores, de maneira geral.
De qualquer forma, como destaca Domenico de Masi, em nenhuma religião se trabalha no paraíso. Assim, deve haver alguma coisa de errada com o trabalho como conhecemos.
Na área de TI, essa transformação deve ser mais acelerada. Ao contratar um provedor ou incluir um serviço de propagandas em seu site ou blog, não importa realmente se a pessoa que habilita o serviço ou te atende em um chat está em uma empresa ou na casa dela (ou mesmo na rua). O que impede uma maior mobilidade dos profissionais é o custo da telefonia móvel (e da banda larga) quando comparada com a fixa. Mas quando acabar essa diferença ou mesmo for gratuito (imagine que banda larga e acesso à internet seja considerada tão essencial à cidadania e aos negócios como o asfalto ou um porto), algo que você pagará com seu imposto ou segundo uma taxa irrisória (Estudos do Banco Mundial já demonstram que acesso à banda larga tem impacto positivo no PIB de um país), o local de trabalho será algo desimportante para muitas funções. O suporte por telefone dos atendentes de empresas como a Ford americana é feito por indianos alocados na Índia e com treinamento para tirar o sotaque.
O treinamento inclui mudar o nome do sujeito para algo americanizado (como John Smith) e simulação de se encontrarem nos EUA. Os atendentes quando confrontados por algum cliente desconfiado de sua locação respondem como no diálogo a seguir:
Cliente: - Aposto que você está me atendendo da Índia.
Operador: - Não, senhor. Estou aqui em Nova York. Daqui da minha janela dá para ver até parte da Times Square...
Embora isso seja feito para não causar estranheza nos clientes americanos, no futuro essa forma de teletrabalho será bem mais aceita e poderá tornar esse teatro desnecessário.
Uma multinacional que desenvolva software e que envie o código-fonte dos seus sistemas para sua filial do outro lado do mundo no final do expediente. Poderá contar com uma força de trabalho operando praticamente 24 horas por dia ininterruptamente e com um mínimo de gasto com adicional noturno e horas-extra.
Já há uma forte tendência das empresa de TIC contratarem profissionais como pessoas jurídicas para fugir do chamado custo Brasil de contratação de pessoal (e assim pagarem menos impostos). Esse formato também tem suas desvantagens, no caso da crise mundial, as empresas extinguem esses posto de trabalho muito rapidamente, o que aprofunda e alimenta a própria crise quando o cenário é visto em perspectiva.
Mais desocupados (o fim do emprego também levará ao fim do desemprego) sem receitas levam a menos consumo. Menos consumo levam a mais falência e mais desocupados. O que vira uma espiral negativa de difícil reversão.
Mas ao olharmos para fora vemos que nos EUA o chamado Soho (Small Office, Home Office), ou escritório caseiro, já permite que 20 milhões de americanos trabalhem meio período sem sair de casa, sendo que mais 4,2 milhões trabalhem em período integral nesse formato. E quando é necessário fazer reuniões presenciais com colaboradores, clientes ou parceiros, eles se deslocam para locais com infraestrutura completa de um escritório convencional, como os oferecido pela empresa Hub que já está presente em 14 países incluindo o Brasil, onde seu uso é pago por hora (Em média 25 horas sai por 100 reais).
Outro futurólogo de prestígio, quando se trata do futuro do trabalho é o professor Thomas W. Malone, do Massachusetts Institute of Technology Sloan School of Management. Ele foi um dos primeiros a antever que a descentralização do controle das empresas e a busca de valores humanos (ao invés de vantagens econômicas) seriam primordiais para o desenho do novo trabalho.
Ele afirma agora que, no futuro, os profissionais vão se converter de empregados para empregadores independentes. Ou seja: eles terão não apenas um "emprego", mas um "portifólio de projetos".
Daqui a uma década, a geração X (os nascidos nas décadas de 60 e 70) estará ocupando os cargos de poder decisório ou se aposentando. A geração Y ou geração Millenial (os nascidos em meados dos anos 80), virão em seguida. São os jovens que não sabem o que era o mundo sem internet ou globalização.
Esses jovens não creem em passar muito tempo no escritório, desempenhar a mesma função por longos períodos ou em aposentadoria precoce.
Eles estarão totalmente adaptados ao combo tecnologia com flexibilidade e cooperação. E realmente tentando resolver o problemas do impacto do homem no planeta.
Do choque entre as gerações X e Y é que virá as maiores transformações e revoluções do ambiente empresarial. E as empresas de publicidade já estão tentando captar isso enviando sua mensagens para esse público da era da informação.
Mas essa turma vai estudar até o final da vida como parte de suas atividades profissionais. E conhecer mais de uma área do conhecimento poderá até vir a ser mais importante do que o conhecimento especializado.
Cuidado para não se tornar um GLB
Não, antes de me acusarem de ser preconceituoso, essa não é a sigla para "Gays, lésbicas e bissexuais" ou coisa do gênero (siglas do gênero que a cada Parada Gay em São Paulo ganham mais letras). GLB significa "Guys left behind" ou "garotos deixados para trás". Essa é a sigla que o colunista do The Wall Street Journal e CEO da empresa de relações públicas Burson-Marsteller, Mark Penn, criou para designar os homens que começaram a ser substituídos por mulheres no mundo corporativo.
Já faz tempo que as mulheres vêm se preparando para subir na carreira no mundo empresarial. Elas obtêm 60% dos diplomas nos EUA (no Brasil, 54% das matrículas no ensino superior) e das 353 empresas que permaneceram por pelo menos quatro anos no ranking da revista Fortune, mais de um terço eram comandadas por mulheres.
Talvez elas estejam melhor equipadas para lidar com as incertezas e a fluidez do mundo digital exigirá intuição (ou feeling), e uma visão de longo prazo.
E a crise mundial pode ajudar a acelerar esse processo de um meio executivo mais equilibrado entre os sexos. Os executivos supercompetitivos que quebraram as instituições financeiras com investimentos arriscados, contratos que auferiam lucros pessoais altíssimos com decisões que levaram as empresas à bancarrota, pirâmides vai colaborar com essa idéia de se tentar um estilo diferente. As mulheres estão aí para dar esse toque feminino nas instituições. Afinal, se o mapa não está de acordo com o terreno, o problema é o mapa (ou o navegador).
Fonte: O Futuro do Trabalho - Rita Loiola (Revista Galileu)
Vamos ser sinceros. Você não é muito chegado a trabalhar. Não é? Sem ofensas, afinal nossos antepassados também não tinham lá muita afeição pelo batente. Os inventores da democracia, os gregos, já deixavam toda a tarefa pesada para os escravos. Vá entender essa democracia...
Não, não estou aqui fazendo apologia ao hedonismo, mas sim me referindo a uma tendência apontada por muitos pesquisadores que são ainda mais radicais que o mestre da futurologia, Alvin Tofler, autor do best-seller internacional A Terceira Onda.
Quando você depende de uma linha de montagem que é a idéia da indústria, a pontualidade é muito importante. O mundo industrial inventou o relógio de pulso. Todos precisavam estar sincronizados. No campo, se o sujeito chega às 7 horas para plantar, ou se chega às 8 horas, faz pouca diferença. Na linha de montagem, em que um aperta o parafuso que o anterior encaixou, precisam todos estar ao mesmo tempo no mesmo local. Hoje, mais que o horário das 9 às 5, o importante é a produtividade.
Alvin Toffler. Do livro A Terceira Onda.
Ou seja, estamos em plena terceira onda e nunca tivemos tantas ferramentas e tecnologias para detonar a transformação do modo como nós trabalhamos. A tal globalização vai se consolidar de vez e nós teremos a oportunidade de trabalhar em qualquer lugar e em qualquer horário. A crise na economia global vai colocar em cheque o modelo das grandes corporações e empresas menores, agregadas por projetos em comum, preencherão o vácuo mercadológico deixado.
Mudanças que já estão em curso como uma maior consciência socio-ambiental, a busca pela qualidade de vida e a realização como pessoa também no local de trabalho vão nortear o trabalho no futuro.
A noção de emprego também estará em extinção e em uma década a própria palavra "emprego" poderá estar caindo em desuso (pelo menos no sentido trabalhista).
Será a era do trabalho autônomo (freelance), colaborativo e, de certa forma, inseguro. Com mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade. Será?
Acho que a resposta vai ao encontro, em parte, de um comentário do Sr. Toffler, em entrevista à BBC Brasil, sobre o Brasil:
No caso do Brasil, por exemplo, eu acredito que existam na verdade três países diferentes. Há o Brasil da primeira onda, em que as pessoas trabalham na terra da forma que seus ancestrais faziam há centenas de anos, produzindo só o necessário para sobreviver. O Brasil da segunda onda é visto em São Paulo e em várias outras regiões do país, com grande urbanização, muitas indústrias, engarrafamentos e poluição. E também é possível encontrar no Brasil, de uma forma ainda incipiente, uma parte da sociedade que já vive a terceira onda. São pessoas que estão na internet, usam computadores de forma rotineira e têm empregos que exigem um conhecimento cada vez mais sofisticado. O Brasil é um país heterogêneo, cultural e racialmente, e hoje também comporta três estruturas econômicas diferentes.
Alvin Toffler. Futurólogo. Em entrevista à BBC Brasil em agosto de 2002
Ou seja, talvez o chamado fim do emprego seja uma tendência que será experimentada por uma parcela grande da sociedade. Mas que talvez não dê para se falar em uma sociedade de empreendedores, de maneira geral.
De qualquer forma, como destaca Domenico de Masi, em nenhuma religião se trabalha no paraíso. Assim, deve haver alguma coisa de errada com o trabalho como conhecemos.
Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia.
Domenico de Masi. Professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma e autor do livro O Ócio Criativo
Na área de TI, essa transformação deve ser mais acelerada. Ao contratar um provedor ou incluir um serviço de propagandas em seu site ou blog, não importa realmente se a pessoa que habilita o serviço ou te atende em um chat está em uma empresa ou na casa dela (ou mesmo na rua). O que impede uma maior mobilidade dos profissionais é o custo da telefonia móvel (e da banda larga) quando comparada com a fixa. Mas quando acabar essa diferença ou mesmo for gratuito (imagine que banda larga e acesso à internet seja considerada tão essencial à cidadania e aos negócios como o asfalto ou um porto), algo que você pagará com seu imposto ou segundo uma taxa irrisória (Estudos do Banco Mundial já demonstram que acesso à banda larga tem impacto positivo no PIB de um país), o local de trabalho será algo desimportante para muitas funções. O suporte por telefone dos atendentes de empresas como a Ford americana é feito por indianos alocados na Índia e com treinamento para tirar o sotaque.
O treinamento inclui mudar o nome do sujeito para algo americanizado (como John Smith) e simulação de se encontrarem nos EUA. Os atendentes quando confrontados por algum cliente desconfiado de sua locação respondem como no diálogo a seguir:
Cliente: - Aposto que você está me atendendo da Índia.
Operador: - Não, senhor. Estou aqui em Nova York. Daqui da minha janela dá para ver até parte da Times Square...
Embora isso seja feito para não causar estranheza nos clientes americanos, no futuro essa forma de teletrabalho será bem mais aceita e poderá tornar esse teatro desnecessário.
Uma multinacional que desenvolva software e que envie o código-fonte dos seus sistemas para sua filial do outro lado do mundo no final do expediente. Poderá contar com uma força de trabalho operando praticamente 24 horas por dia ininterruptamente e com um mínimo de gasto com adicional noturno e horas-extra.
Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?
Alain de Botton. Filósofo e ensaísta suíço em seu livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil)
Já há uma forte tendência das empresa de TIC contratarem profissionais como pessoas jurídicas para fugir do chamado custo Brasil de contratação de pessoal (e assim pagarem menos impostos). Esse formato também tem suas desvantagens, no caso da crise mundial, as empresas extinguem esses posto de trabalho muito rapidamente, o que aprofunda e alimenta a própria crise quando o cenário é visto em perspectiva.
Mais desocupados (o fim do emprego também levará ao fim do desemprego) sem receitas levam a menos consumo. Menos consumo levam a mais falência e mais desocupados. O que vira uma espiral negativa de difícil reversão.
Mas ao olharmos para fora vemos que nos EUA o chamado Soho (Small Office, Home Office), ou escritório caseiro, já permite que 20 milhões de americanos trabalhem meio período sem sair de casa, sendo que mais 4,2 milhões trabalhem em período integral nesse formato. E quando é necessário fazer reuniões presenciais com colaboradores, clientes ou parceiros, eles se deslocam para locais com infraestrutura completa de um escritório convencional, como os oferecido pela empresa Hub que já está presente em 14 países incluindo o Brasil, onde seu uso é pago por hora (Em média 25 horas sai por 100 reais).
Outro futurólogo de prestígio, quando se trata do futuro do trabalho é o professor Thomas W. Malone, do Massachusetts Institute of Technology Sloan School of Management. Ele foi um dos primeiros a antever que a descentralização do controle das empresas e a busca de valores humanos (ao invés de vantagens econômicas) seriam primordiais para o desenho do novo trabalho.
Ele afirma agora que, no futuro, os profissionais vão se converter de empregados para empregadores independentes. Ou seja: eles terão não apenas um "emprego", mas um "portifólio de projetos".
Daqui a uma década, a geração X (os nascidos nas décadas de 60 e 70) estará ocupando os cargos de poder decisório ou se aposentando. A geração Y ou geração Millenial (os nascidos em meados dos anos 80), virão em seguida. São os jovens que não sabem o que era o mundo sem internet ou globalização.
Esses jovens não creem em passar muito tempo no escritório, desempenhar a mesma função por longos períodos ou em aposentadoria precoce.
O sucesso desses jovens não será definido por cargos ou tempo de serviço, mas por conseguir o que é pessoalmente importante para eles.
Bruce Tulgan. Autor do livro Not everyone Gets a Trophy: How to Manage Generation Y (Nem todo mundo ganha um troféu: como lidar com a geração Y) ainda sem edição brasileira.
Eles estarão totalmente adaptados ao combo tecnologia com flexibilidade e cooperação. E realmente tentando resolver o problemas do impacto do homem no planeta.
Do choque entre as gerações X e Y é que virá as maiores transformações e revoluções do ambiente empresarial. E as empresas de publicidade já estão tentando captar isso enviando sua mensagens para esse público da era da informação.
Mas essa turma vai estudar até o final da vida como parte de suas atividades profissionais. E conhecer mais de uma área do conhecimento poderá até vir a ser mais importante do que o conhecimento especializado.
Cuidado para não se tornar um GLB
Não, antes de me acusarem de ser preconceituoso, essa não é a sigla para "Gays, lésbicas e bissexuais" ou coisa do gênero (siglas do gênero que a cada Parada Gay em São Paulo ganham mais letras). GLB significa "Guys left behind" ou "garotos deixados para trás". Essa é a sigla que o colunista do The Wall Street Journal e CEO da empresa de relações públicas Burson-Marsteller, Mark Penn, criou para designar os homens que começaram a ser substituídos por mulheres no mundo corporativo.
Já faz tempo que as mulheres vêm se preparando para subir na carreira no mundo empresarial. Elas obtêm 60% dos diplomas nos EUA (no Brasil, 54% das matrículas no ensino superior) e das 353 empresas que permaneceram por pelo menos quatro anos no ranking da revista Fortune, mais de um terço eram comandadas por mulheres.
Talvez elas estejam melhor equipadas para lidar com as incertezas e a fluidez do mundo digital exigirá intuição (ou feeling), e uma visão de longo prazo.
E a crise mundial pode ajudar a acelerar esse processo de um meio executivo mais equilibrado entre os sexos. Os executivos supercompetitivos que quebraram as instituições financeiras com investimentos arriscados, contratos que auferiam lucros pessoais altíssimos com decisões que levaram as empresas à bancarrota, pirâmides vai colaborar com essa idéia de se tentar um estilo diferente. As mulheres estão aí para dar esse toque feminino nas instituições. Afinal, se o mapa não está de acordo com o terreno, o problema é o mapa (ou o navegador).
Fonte: O Futuro do Trabalho - Rita Loiola (Revista Galileu)
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