Apoio a decisão do Supremo de derrubar a exigência de diploma para jornalista. E acredito que blogueiro que não é jornalista também deveria ...
Apoio a decisão do Supremo de derrubar a exigência de diploma para jornalista. E acredito que blogueiro que não é jornalista também deveria apoiar (e até os que são jornalistas). Afinal, é uma questão de liberdade de expressão garantido no artigo V da Constituição Federal.
Sempre questionei a falta de reconhecimento da profissão de informata. Da falta de exigência de diploma para engenheiros de software.
Qualquer um pode mexer no computador de uma empresa, fazer programas, criar sistemas sem lei que proíba. A falta de um conselho ou de padronização e uniformização do conhecimento na área pode ter contribuído para o fenômeno da indústria conhecido como a crise do software.
Pois foi o estudo e o entendimento de que isso era danoso para a corporação, e que um curso superior poderia ajudar a suprir as lacunas técnicas no perfil do profissional, que fez com que as empresas buscassem esses profissionais formados, ou que possuíssem um monte de certificações em seus currículos. Ou ainda que tivessem MBA, pós-graduação latu senso, mestrado, doutorado etc.
Não precisou existir formalmente a lei. Os acordo coletivos entre sindicatos patronais e de empregados já chegaram a um bom termo quanto a essa questão, em especial aos pisos salariais, que evoluem de acordo com as próprias intempéries do mercado. Como aconteceu, por exemplo, com os profissionais que preferiam trabalhar como pessoas jurídicas, driblando impostos e vendendo o produto de seu trabalho, muitas vezes sem o "canudo".
Não estou dizendo aqui que o profissional do jornalismo não deve lutar por suas aspirações trabalhistas. Estou apenas concordando com as conclusões dos ministros doSupremo Tribunal Federal (STF).
A revista, o periódico, o jornal que quer ter qualidade e credibilidade precisa buscar esse profissional com saber acadêmico, com habilidades práticas desenvolvidas, e com técnicas apuradas. Mas, acima de tudo, a obrigatoriedade iria criar um cartório para esses profissionais que vão, é preciso que se diga, na contramão do processo revolucionário em termos de distribuição de informação que atravessamos hoje.
A questão do direito autoral, cuja flexibilização já foi defendida até pelo ex-ministro da cultura, Gilberto Gil; o dinâmica da distribuição de softwares, músicas, imagens, vídeos, livros e o que mais puder ser digitalizado pela web, legalmente ou não, qque são combatidas ferozmente pelos intermediários e menos pelos artistas, que por vezes até enxergam oportunidades com a superexposição; as tentativas de burlar a censura imposta pelos governos fechados (com risco de morte), como a China e mais recentemente o Irã pelas redes digitais; o próprio movimento do software livre, com suas comunidades produtoras de complexos sistemas sem ninguém perguntar se alguém tem diploma ou não (embora se exija muitas vezes que seus membros conheçam as teorias envolvidas em cada projeto além das próprias comunidades se autorregularem), milhões de páginas, sites, blogs, wikis (com destaque para a Wikipedia, que é feita pelos próprios usuários, que não precisam apresentar diploma, e já causou a retirada da enciclopédia eletrônica Encarta do mercado), comunidades sociais, fóruns, chats, waves, videoconferência, vídeos online e ao vivo, folksonomia, e uma infinidade de meios de difusão e classificação da informação (em grande parte gratuita e democrática, onde a única exigência é que se consiga um equipamento que acesse a Internet). Enfim, nunca se teve tanta liberdade para se produzir e transmitir informação como hoje. Ainda que possa ser ilegal, não discuto nem faço apologia, mas não haveria cadeia no mundo que coubesse tantos transgressores. Até o próprio setor dos jornais pode estar tendo que repensar a sua própria existência. Afinal, para que comprar um jornal que trará notícias defasadas se posso ter os últimos acontecimentos de graça, com vídeo, som e animação na World Wide Web? Além disso, posso visitar o blog do meu colunista favorito e ainda deixar comentários sobre seu último artigo no meu post favorito. Ou mesmo criar meu próprio clipping apensando o conteúdo de vários serviços RSS.
Como exigir que um internauta que postou uma foto amadora de seu celular mostrando um manifestante ensaguentado em Teerã pelo Twitter tenha diploma de jornalismo (e lá ele é considerado subversivo e transgressor da lei)?
Ou pedir para o Dr. Sócrates, uma rara combinação de craque de futebol formado em medicina, que não dê sua visão ímpar sobre o mundo do futebol, e da saúde desportiva, em um artigo por não ser formado em jornalismo?
É claro que ele poderá ter uma consultoria de outros craques da informação. De revisores especializados em adequar o texto com o guia de estilo. De pesquisadores assegurarem a credibilidade dos fatos com uma apuração aprofundada.
Mas no final, o leitor quer mesmo é saber a opinião do jogador-comentarista. Com todos os seus erros de português e sotaques. Tal e qual vemos nos programas de auditório onde artistas dão sua opinião em tudo o que é assunto.
E se não estiver dando audiência, ou alcançando o público desejado, ou não estiver atingindo a qualidade almejada, cabe aos diretores do veículo contratar o melhor profissional da mídia (formado ou não) para ajustar os parâmetros pertinentes ao trabalho. E a qualidade virá por força da necessidade, onde os próprios donos de meios de comunicação serão compelidos a buscar os mais bem preparados, e normalmente formados. E não vai ser o simples fato de se ter diploma obrigatoriamente que vai garantir o melhor desempenho do profissional, e sim o conteúdo que os cursos que esse profissional fez e a bagagem de conhecimento que ele traz consigo.
E que seja sem a reserva de mercado destituída pelo Supremo, que como aconteceu com os computadores no governo Sarney, pode até ter um resultado contrário ao fim a que se destina.
Update:
A decisão do STF repercute na web:
Retirado de Putz!
Atualizado (02/ago/2009):
A enquete sobre o tema que propusemos no site teve o seguinte resultado:
Você é a favor do fim da obrigatoriedade de diploma para jornalista?
Sim : 103 (30%)
Não : 210 (61%)
Não sei: 30 (8%)
Grato a todos que manifestaram sua opinião.
Saiba mais:
O que vale é a competência e não o diploma de jornalista - Cony e Xexéo - Rádio CBN
STF aprova fim da exigência do diploma de jornalista - Terra
Por 8 a 1 STF derruba exigência de diploma para jornalista - Estadão
Entenda o que se discutiu - Estadão
Fim do diploma reduzirá salário de jornalistas, diz sindicato - Estadão
Nota oficial da Federação Nacional dos Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo - FENAJ
Troca de arquivos digitais beneficiou sociedade, diz estudo de Harvard - IDG
Jornais em crise - Observatório da Imprensa
Sempre questionei a falta de reconhecimento da profissão de informata. Da falta de exigência de diploma para engenheiros de software.
Qualquer um pode mexer no computador de uma empresa, fazer programas, criar sistemas sem lei que proíba. A falta de um conselho ou de padronização e uniformização do conhecimento na área pode ter contribuído para o fenômeno da indústria conhecido como a crise do software.
Pois foi o estudo e o entendimento de que isso era danoso para a corporação, e que um curso superior poderia ajudar a suprir as lacunas técnicas no perfil do profissional, que fez com que as empresas buscassem esses profissionais formados, ou que possuíssem um monte de certificações em seus currículos. Ou ainda que tivessem MBA, pós-graduação latu senso, mestrado, doutorado etc.
Não precisou existir formalmente a lei. Os acordo coletivos entre sindicatos patronais e de empregados já chegaram a um bom termo quanto a essa questão, em especial aos pisos salariais, que evoluem de acordo com as próprias intempéries do mercado. Como aconteceu, por exemplo, com os profissionais que preferiam trabalhar como pessoas jurídicas, driblando impostos e vendendo o produto de seu trabalho, muitas vezes sem o "canudo".
Não estou dizendo aqui que o profissional do jornalismo não deve lutar por suas aspirações trabalhistas. Estou apenas concordando com as conclusões dos ministros doSupremo Tribunal Federal (STF).
A revista, o periódico, o jornal que quer ter qualidade e credibilidade precisa buscar esse profissional com saber acadêmico, com habilidades práticas desenvolvidas, e com técnicas apuradas. Mas, acima de tudo, a obrigatoriedade iria criar um cartório para esses profissionais que vão, é preciso que se diga, na contramão do processo revolucionário em termos de distribuição de informação que atravessamos hoje.
A questão do direito autoral, cuja flexibilização já foi defendida até pelo ex-ministro da cultura, Gilberto Gil; o dinâmica da distribuição de softwares, músicas, imagens, vídeos, livros e o que mais puder ser digitalizado pela web, legalmente ou não, qque são combatidas ferozmente pelos intermediários e menos pelos artistas, que por vezes até enxergam oportunidades com a superexposição; as tentativas de burlar a censura imposta pelos governos fechados (com risco de morte), como a China e mais recentemente o Irã pelas redes digitais; o próprio movimento do software livre, com suas comunidades produtoras de complexos sistemas sem ninguém perguntar se alguém tem diploma ou não (embora se exija muitas vezes que seus membros conheçam as teorias envolvidas em cada projeto além das próprias comunidades se autorregularem), milhões de páginas, sites, blogs, wikis (com destaque para a Wikipedia, que é feita pelos próprios usuários, que não precisam apresentar diploma, e já causou a retirada da enciclopédia eletrônica Encarta do mercado), comunidades sociais, fóruns, chats, waves, videoconferência, vídeos online e ao vivo, folksonomia, e uma infinidade de meios de difusão e classificação da informação (em grande parte gratuita e democrática, onde a única exigência é que se consiga um equipamento que acesse a Internet). Enfim, nunca se teve tanta liberdade para se produzir e transmitir informação como hoje. Ainda que possa ser ilegal, não discuto nem faço apologia, mas não haveria cadeia no mundo que coubesse tantos transgressores. Até o próprio setor dos jornais pode estar tendo que repensar a sua própria existência. Afinal, para que comprar um jornal que trará notícias defasadas se posso ter os últimos acontecimentos de graça, com vídeo, som e animação na World Wide Web? Além disso, posso visitar o blog do meu colunista favorito e ainda deixar comentários sobre seu último artigo no meu post favorito. Ou mesmo criar meu próprio clipping apensando o conteúdo de vários serviços RSS.
O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada.
Gilmar Mendes. Presidente do STF e relator do caso.
Como exigir que um internauta que postou uma foto amadora de seu celular mostrando um manifestante ensaguentado em Teerã pelo Twitter tenha diploma de jornalismo (e lá ele é considerado subversivo e transgressor da lei)?
Ou pedir para o Dr. Sócrates, uma rara combinação de craque de futebol formado em medicina, que não dê sua visão ímpar sobre o mundo do futebol, e da saúde desportiva, em um artigo por não ser formado em jornalismo?
É claro que ele poderá ter uma consultoria de outros craques da informação. De revisores especializados em adequar o texto com o guia de estilo. De pesquisadores assegurarem a credibilidade dos fatos com uma apuração aprofundada.
Mas no final, o leitor quer mesmo é saber a opinião do jogador-comentarista. Com todos os seus erros de português e sotaques. Tal e qual vemos nos programas de auditório onde artistas dão sua opinião em tudo o que é assunto.
E se não estiver dando audiência, ou alcançando o público desejado, ou não estiver atingindo a qualidade almejada, cabe aos diretores do veículo contratar o melhor profissional da mídia (formado ou não) para ajustar os parâmetros pertinentes ao trabalho. E a qualidade virá por força da necessidade, onde os próprios donos de meios de comunicação serão compelidos a buscar os mais bem preparados, e normalmente formados. E não vai ser o simples fato de se ter diploma obrigatoriamente que vai garantir o melhor desempenho do profissional, e sim o conteúdo que os cursos que esse profissional fez e a bagagem de conhecimento que ele traz consigo.
E que seja sem a reserva de mercado destituída pelo Supremo, que como aconteceu com os computadores no governo Sarney, pode até ter um resultado contrário ao fim a que se destina.
Update:
A decisão do STF repercute na web:
Atualizado (02/ago/2009):
A enquete sobre o tema que propusemos no site teve o seguinte resultado:
Você é a favor do fim da obrigatoriedade de diploma para jornalista?
Sim : 103 (30%)
Não : 210 (61%)
Não sei: 30 (8%)
Grato a todos que manifestaram sua opinião.
Saiba mais:
O que vale é a competência e não o diploma de jornalista - Cony e Xexéo - Rádio CBN
STF aprova fim da exigência do diploma de jornalista - Terra
Por 8 a 1 STF derruba exigência de diploma para jornalista - Estadão
Entenda o que se discutiu - Estadão
Fim do diploma reduzirá salário de jornalistas, diz sindicato - Estadão
Nota oficial da Federação Nacional dos Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo - FENAJ
Troca de arquivos digitais beneficiou sociedade, diz estudo de Harvard - IDG
Jornais em crise - Observatório da Imprensa
Desculpe, mas discordo de você. O fim da obrigatoriedade do diploma é uma conquista das grandes empresas e dos políticos do Brasil.
ResponderExcluirEssa nova lei vai privilegiar preguiçosos e modelos-atores-apresentadores-repórteres, que por terem um rostinho bonito vão poder fazer jornalismo na TV. Vai privilegiar filhos de poderosos que não querem estudar e igrejas evangélicas e políticos que dominam as redes de comunicação no país e podem selecionar quem eles bem entenderem para trabalhar em suas mídias.
Vejo com tristeza o fim do diploma. Sou favor da obrigatoriedade dele por causa da ética. É duro um profissional diplomado ser preterido por outro não diplomado, e com tantas escolas de jornalismo por ai. Se fosse há 50 anos atrás, até vai, mas hoje? Concordo com a expressão que jornalismo é talento, mas uma educação acadêmica é sempre necessária.
Infelizmente nosso país anda para trás, ao invés de privilegiar a educação, prefere repudiá-la. E é duro aguentar esse sujeito (tenho asco em escrever o nome dels, mas vamos lá) Gilmar Mendes, que como disse o minsitro Barbosa, está acabando com o STF. Abraços.
Guilherme Freitas
jornalista profissional.
Are you high?
ResponderExcluirNo my friend. :-P
ResponderExcluirO jornalista Alexandre Garcia, em comentário num programa da Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, disse estar feliz com a decisão. Alexandre revelou que tirou primeiro lugar na faculdade, lecionou jornalismo no Brasil e no exterior e mesmo assim acha que são desnecessários os oito períodos de estudo para se tornar jornalista. Para o exercício da profissão, disse Alexandre, tem que ter vocação, ética e conhecer historia. Técnica se apreende em um mês e não precisa ser formado. Contou que aprendeu a ser jornalista em casa e na redação do Jornal do Brasil. Para ele, o que prejudica o exercício do jornalismo é a mentira e isso não se evita com diploma, diferente do medico e do engenheiro que podem causar vítimas.
ResponderExcluirDisse que quando chega um aspirante a jornalista cheio de diplomas ele apenas pede que ele saia à rua e traga a reportagem. Aí ele saberá do potencial do jornalista. (ouvido na rádio CBN dia 18 de junho de 2009).
Concordo,pois, para mentir não precisa diploma
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