A decodificação do genoma humano permitiu que cientistas identificassem uma série de genes relacionados ao comportamento. Pesquisa britâni...
A decodificação do genoma humano permitiu que cientistas identificassem uma série de genes relacionados ao comportamento. Pesquisa britânica recente sobre o gene responsável pelo otimismo quando comparada com pesquisa feita por pesquisadores brasileiros pode indicar que o brasileiro é mais otimista da "gema". Mas qual seria a razão?
Possivelmente, esse gene era mais comum entre as pessoas que migraram para o Brasil durante a colonização e as migrações do que na população inglesa.
Pesquisa recente conduzida pela pela equipe da doutora Elaine Fox, na Universidade de Essex, Inglaterra, versa sobre o gene responsável pelo transporte do neurotransmissor serotonina, associado a sensações como sentir-se bem e a felicidade. Esse gene, que teria uma versão longa e outra curta, estaria relacionado ao modo como individualmente processamos as informações positivas ou negativas, isto é, a tendência particular de cada um a ser otimista ou pessimista.
O estudo inglês envolveu 97 voluntários e foi dividido em duas partes. Na primeira etapa, analisou-se o DNA retirado da saliva e das sobrancelhas dos participantes. Em seguida, submeteram os indivíduos a um teste usado por psicólogos cognitivos para investigar a atenção seletiva. Em uma tela colocada diante dos voluntário eram exibidas imagens, 20 agradáveis, 20 desagradáveis e 40 neutras, alternadamente. Ao se exibir um ponto na tela, eles tinham de apertar um botão. Se considera que quanto mais o participante se vê absorvido pela imagem, mais tempo leva até que ele aperte o botão. Permitindo aos pesquisadores descobrir como cada tipo de imagem afeta cada participante e assim traçar seu perfil.
Como resultado, ao compararem os perfis com o DNA dos voluntários, foi constatado um padrão. Aqueles que tinham duas versões "longas" (LL) do gene eram os otimistas. Os que tinham uma versão longa e outra curta (LC ou CL) do gene, ou duas versões curtas (CC), eram os pessimistas.
Estudos anteriores já haviam apontado que as pessoas CC tinham maior risco de depressão e tentativas de suicídio quando expostas a eventos traumáticos. Isso foi observado também em macacos CC, que reagiam mais negativamente quando expostos a ambientes de stress. Mas o que a doutora Cox mostrou pela primeira vez, através da pesquisa, foi o comportamento do grupo LL.
O chamado gene do otimismo, como foi batizado pela comunidade científica, já havia sido monitorado pela equipe da geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o geneticista João Ricardo de Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), durante um estudo que visava descobrir como a genética influencia doenças psíquicas.
Tanto a pesquisa britânica quanto a da USP fizeram testes com grupos de voluntários para levantar quantos deles possuíam o gene do otimismo.
A pesquisa brasileira envolveu 197 voluntários e usou testes genéticos em amostras de sangue. Com as novas questões levantadas pela equipe inglesa, o estudo da USP e da UFPE será agora publicado pela revista Molecular Psychiatry.
Alguns genes cuja a ação pode influenciar o comportamento humano:
Ricardo Kanitz, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), diz que o índice favorável aos brasileiros pode ter origem na mistura de etnias e nacionalidades promovida pela colonização e pelas ondas migratórias do início do século XX.
Fonte: Revista Veja, Blog Genética Veja.com, UOL
Pesquisa recente conduzida pela pela equipe da doutora Elaine Fox, na Universidade de Essex, Inglaterra, versa sobre o gene responsável pelo transporte do neurotransmissor serotonina, associado a sensações como sentir-se bem e a felicidade. Esse gene, que teria uma versão longa e outra curta, estaria relacionado ao modo como individualmente processamos as informações positivas ou negativas, isto é, a tendência particular de cada um a ser otimista ou pessimista.
O estudo inglês envolveu 97 voluntários e foi dividido em duas partes. Na primeira etapa, analisou-se o DNA retirado da saliva e das sobrancelhas dos participantes. Em seguida, submeteram os indivíduos a um teste usado por psicólogos cognitivos para investigar a atenção seletiva. Em uma tela colocada diante dos voluntário eram exibidas imagens, 20 agradáveis, 20 desagradáveis e 40 neutras, alternadamente. Ao se exibir um ponto na tela, eles tinham de apertar um botão. Se considera que quanto mais o participante se vê absorvido pela imagem, mais tempo leva até que ele aperte o botão. Permitindo aos pesquisadores descobrir como cada tipo de imagem afeta cada participante e assim traçar seu perfil.
Como resultado, ao compararem os perfis com o DNA dos voluntários, foi constatado um padrão. Aqueles que tinham duas versões "longas" (LL) do gene eram os otimistas. Os que tinham uma versão longa e outra curta (LC ou CL) do gene, ou duas versões curtas (CC), eram os pessimistas.
As pessoas que possuem uma forma do gene transportador da serotonina tendem a olhar para o lado bom da vida e, de maneira seletiva, evitar as coisas negativas.
Elaine Fox. Pesquisadora
Estudos anteriores já haviam apontado que as pessoas CC tinham maior risco de depressão e tentativas de suicídio quando expostas a eventos traumáticos. Isso foi observado também em macacos CC, que reagiam mais negativamente quando expostos a ambientes de stress. Mas o que a doutora Cox mostrou pela primeira vez, através da pesquisa, foi o comportamento do grupo LL.
O chamado gene do otimismo, como foi batizado pela comunidade científica, já havia sido monitorado pela equipe da geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o geneticista João Ricardo de Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), durante um estudo que visava descobrir como a genética influencia doenças psíquicas.
Tanto a pesquisa britânica quanto a da USP fizeram testes com grupos de voluntários para levantar quantos deles possuíam o gene do otimismo.
A pesquisa brasileira envolveu 197 voluntários e usou testes genéticos em amostras de sangue. Com as novas questões levantadas pela equipe inglesa, o estudo da USP e da UFPE será agora publicado pela revista Molecular Psychiatry.
Alguns genes cuja a ação pode influenciar o comportamento humano:
Infidelidade | Portadores masculinos do gene AVPR1A costumam trair as parceiras. Esse gene ajuda a controlar a vasopressina. Composto associado à cpacidade masculina de estabelecer laços afetivos. |
Portadores de uma versão específica do gene APOA2 normalmente consomem mais calorias que a média das pessoas. Provavelmente ele seria responsável por inibir a saciedade por gordura. | Gula |
Vício | O gene DRD4 atua nos estímulos cerebrais de recompensa e alterações nesse gene está associada à dependência de substâncias químicas como álcool e outras drogas. |
Portadores de uma mutação no gene MAOA tem maior probabilidade de desenvolver um temperamento agressivo ou cometer crimes. Esse gene está relacionado ao bem-estar. | Violência |
Depressão | Alterações nos genes 5-HTTLPR e TPH2 podem torna o indivíduo mais propenso a se tornar depressivo pois passa a ter dificuldade de processar a serotonina. O neurotransmissor da felicidade. |
Os indivíduos que apresentam variação nos genes ADH2 e ALDH2 costumam se sentir mal ao ingerir álcool e tendem a evitar o consumo de bebidas alcóolicas. Essas variantes influenciam no metabolismo do álcool. | Abstinência |
Ricardo Kanitz, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), diz que o índice favorável aos brasileiros pode ter origem na mistura de etnias e nacionalidades promovida pela colonização e pelas ondas migratórias do início do século XX.
Nossa população é constituída de muitos povos. A alegria do povo brasileiro pode ser, em parte, explicada por esse gene, menos comum entre a população da Inglaterra.
Ricardo Kanitz, Pesquisador da PUC-RS
Fonte: Revista Veja, Blog Genética Veja.com, UOL
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