O caso Watergate ficou famoso por ter sido o turbilhão de escândalos políticos que culminaram com primeira renúncia de um presidente dos EUA...
O caso Watergate ficou famoso por ter sido o turbilhão de escândalos políticos que culminaram com primeira renúncia de um presidente dos EUA: o republicano Richard Nixon. Saiba o que aconteceu e conheça o dedo-duro mais famoso (e um dos maiores mistérios) da história americana.
"Nixon diz que não renunciará" e depois "Nixon renuncia"
Watergate é o nome do hotel em Washington que foi palco do famoso escândalo.
Tudo começou com uma invasão desastrada à sede do Comitê Nacional do Partido Democrata, nesse famosos hotel em Washington, em 17 de junho de 1972, em pleno ano eleitoral. O objetivo era grampear os telefones do comitê dos adversários.
A princípio foi minimizado pela Casa Branca como apenas "um furto de terceira categoria" e o escândalo demorou a se moldar, assim, Nixon conquistou seu segundo mandato em 1972 antes de investigadores determinarem que o incidente se origenara no interior da Casa Branca, obrigando Nixon a renunciar em 9 de agosto de 1974.
Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal americano Washington Post, desempenharam um papel-chave na revelação do escândalo, auxiliados por informações cruciais de seu misterioso informante, que se escondia debaixo do codinome Garganta Profunda ("Deep Throat").
Todos os homens do Presidente: Deep Throat (Hal Holbrook) adverte Woodward (Robert Redford) que a vida dele e Bernstein (Dustin Hoffmann) corria perigo pois eles estavam próximos de expor a conspiração
Esse codinome é o mesmo nome de um filme pornográfico de enorme sucesso em todo mundo ("Garganta Profunda" no Brasil e "Garganta Funda" em Portugal) onde a protagonista Linda (personagem da atriz Linda Lovelace) só consegue o clímax com a garganta (isso é por que ela não experimentou gargarejar com o novo Cepacol sabor açaí com cachaça, huahuahua). O filme, lançado em 1972, fez tanto sucesso que arrecadou 600 milhões de dólares no mundo todo, 20 milhões de dólares só nos EUA. Até Jaqueline Kennedy não escondia ter assistido ao clássico da pornografia.
Pois "o" Garganta Profunda foi a fonte, entre outras, de Woodward e Bernstein sendo descrito no livro de autoria conjunta de ambos os repórteres "Todos os Homens do Presidente" que virou um filme homônimo.
No filme o Garganta Profunda aparece em seu primeiro encontro com Woodward com um cigarro aceso na escuridão de uma garagem. Sua pista para o repórter é a recomendação "siga o rastro do dinheiro."
Segundo Woodward, a medida que o caso Watergate se desenrolava o Garganta Profunda temia ser descoberto. O informante tinha exigido não conversar mais por telefone, temendo os grampos, teriam então começado a se encontrar sempre tarde da noite em uma garagem em Washington.
Se o repórter quisesse se encontrar com o Garganta Profunda, teria que alterar o arranjo de um vaso de plantas na janela de seu apartamento.
Caso o Garganta Profunda quisesse ver Woodward teria, de alguma forma, que garantir que a cópia do jornal New York Times que Woodward recebia tivesse uma marca na página 20.
Cronologia do Escândalo
JUNHO DE 1972 - Cinco homens são presos por volta das 2h30 tentando instalar aparelhos de escuta na sede nacional do Partido Democrata, em Washington. Um dos detidos afirma que costumava fazer trabalhos para a CIA. No filme Forrest Gump, O Contador de Histórias, o detalhe é descrito como se Gump tivesse ligado para a polícia para informar que havia luzes naquela sala que estariam atrapalhando seu sono. Isso teria acidentalmente deflagrado o processo. :-D
AGOSTO DE 1972 - O presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, diz que ninguém da Casa Branca está envolvido. :-/
NOVEMBRO DE 1972 - Apesar das primeiras denúncias feitas pelo Washington Post, Nixon é reeleito. Os invasores do Watergate são condenados pela Justiça.
FEVEREIRO DE 1973 - Senado inicia investigação sobre o caso. ?-(
ABRIL DE 1973 - Três dos principais assessores do presidente Nixon renunciam em meio a suspeitas de envolvimento no caso. A Casa Branca comunica que Nixon não sabia da invasão.:-/
ABRIL DE 1974 - Nixon cede à pressão da opinião pública e libera transcrições editadas de gravações de conversas que teve sobre Watergate. :-O
MARÇO DE 1974 - Sete dos principais assessores de Nixon, incluindo o secretário de Justiça, John Mitchell, são indiciados por obstrução da Justiça. :-(
9 DE MAIO DE 1974 - Começa o processo de impeachment de Nixon pelo Congresso. A Suprema Corte ordena que ele entregue gravações de conversas em seu gabinete. As fitas, embora parcialmente apagadas, provam que Nixon planejara a interrupção das investigações do FBI. :-O
5 DE AGOSTO DE 1974 - Nixon entregou as transcrições das gravações de três conversas.
Ele admitiu que tomou conhecimento do acobertamento pouco depois do arrombamento no complexo de Watergate e que tinha tentado por fim à investigação do FBI. :-P
9 DE AGOSTO DE 1974 - Nixon renuncia. O vice Gerald Ford assume a presidência. :-D
1975 - O presidente Ford deu o perdão oficial a Nixon para evitar um julgamento. :-( Porém os seus principais assessores, Haldeman, Ehrlichman e Mitchell, foram condenados por participar do escândalo. :-D
No filme de ficção Forrest Gump, O Contador de Histórias, Gump (Tom Hanks) junto com seus colegas do time de tênis de mesa dos EUA é recebido por Nixon, na Casa Branca, e é hospedado no Hotel Watergate. É ele quem liga para o segurança Frank Wills, para que ele verifique as luzes no apartamento em frente. Frank Wills é o nome do segurança que realmente surpreendeu os invasores e interpretou ele mesmo o personagem em "Todos os Homens do Presidente"
E quem era afinal o Garganta Profunda? Há quatro anos atrás eu diria: não se sabe. Muitos cogitaram a hipótese de que a tal fonte secreta seria uma invenção dos repórteres para dar mais dramaticidade ao caso. O que foi reforçado pelo fato de a primeira versão de "Todos os Homens do Presidente" não conter a personagem.
Foram vários e intensos os esforços para tentar matar a charada. Teses e mais teses foram escritas em universidades, projetos investigativos de longo prazo foram realizados por jornais e revistas. E nada, não havia sido possível chegar a uma conclusão e muito menos provar.
Muitos pesquisadores, jornalistas e críticos terão de admitir que falharam. Até a Universidade de Illinois, para citar um exemplo, colocou 40 estudantes e vários professores durante três anos perseguindo as pistas sobre o informante em "Todos os Homens do Presidente".
O livro dizia que "Garganta Profunda" era homem, fumava (o que se mostrou falso), bebia uísque escocês, gostava de política, já havia conversado com Woodward muitas vezes e havia lhe passado informações contundentes, entre outros detalhes.
Ao final da pesquisa, a força-tarefa chegou a sete nomes e não era nenhum deles.
Enfim, devido a pressões de sua neta, que achava que deveriam aproveitar para amealhar algum dinheiro com a história, William Mark Felt, o número dois do FBI à época, se apresentou como o "Garganta Profunda" em 2005, aos 91 anos, em artigo publicado na revista Vanity Fair.
A Vanity Fair especulou sobre as possíveis razões para a decisão de Felt de servir de fonte para os repórteres do Washington Post. Segundo ela, as relações entre os assessores de Nixon e os agentes do FBI tinham se deteriorado no começo dos anos 70. Nixon estava possesso porque alguém no governo tinha vazado detalhes para o jornal The New York Times sobre a estratégia da corrida armamentista com os russos. Nixon queria que o FBI apontasse o culpado e exigia até que os suspeitos fossem submetidos ao detector de mentiras. Alguns Meses depois, Nixon pressionou o FBI para que falsificassem um laudo pericial. Eles deveriam declarar como falso um documento que comprometia sua administração.
Felt, protegido do ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover, se sentiu passado para trás, dizem alguns dos seus críticos, alguns deles cumpriram pena por causa dele, quando Nixon nomeou uma pessoa de fora do FBI para liderar a agência de investigação, após a morte de Hoover, em maio de 1972. Felt negou a versão de que o descontentamento teria motivado as denúncias.
W. Mark Felt, morreu dia 18 de desembro de 2008, aos 95 anos, em Santa Rosa, na Califórnia, após sofrer de uma insuficiência cardíaca congestiva por vários meses.
Para saber mais:
Morre Mark Felt, o 'Garganta Profunda' do Watergate - Estadão
Bush 'esconde violência no Iraque', diz Woodward - BBC Brasil
Entenda o escândalo de Watergate - UOL notícias
Dados recém-divulgados mostram que Nixon fazia manobras de bastidores - Blog Controvérsia
"Frost/Nixon" lembra agonia do presidente dos EUA após Watergate - Último Segundo
DEEP THROAT REVELADO - Observatório da Imprensa
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Watergate é o nome do hotel em Washington que foi palco do famoso escândalo.
Tudo começou com uma invasão desastrada à sede do Comitê Nacional do Partido Democrata, nesse famosos hotel em Washington, em 17 de junho de 1972, em pleno ano eleitoral. O objetivo era grampear os telefones do comitê dos adversários.
A princípio foi minimizado pela Casa Branca como apenas "um furto de terceira categoria" e o escândalo demorou a se moldar, assim, Nixon conquistou seu segundo mandato em 1972 antes de investigadores determinarem que o incidente se origenara no interior da Casa Branca, obrigando Nixon a renunciar em 9 de agosto de 1974.
Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal americano Washington Post, desempenharam um papel-chave na revelação do escândalo, auxiliados por informações cruciais de seu misterioso informante, que se escondia debaixo do codinome Garganta Profunda ("Deep Throat").
Esse codinome é o mesmo nome de um filme pornográfico de enorme sucesso em todo mundo ("Garganta Profunda" no Brasil e "Garganta Funda" em Portugal) onde a protagonista Linda (personagem da atriz Linda Lovelace) só consegue o clímax com a garganta (isso é por que ela não experimentou gargarejar com o novo Cepacol sabor açaí com cachaça, huahuahua). O filme, lançado em 1972, fez tanto sucesso que arrecadou 600 milhões de dólares no mundo todo, 20 milhões de dólares só nos EUA. Até Jaqueline Kennedy não escondia ter assistido ao clássico da pornografia.
Pois "o" Garganta Profunda foi a fonte, entre outras, de Woodward e Bernstein sendo descrito no livro de autoria conjunta de ambos os repórteres "Todos os Homens do Presidente" que virou um filme homônimo.
No filme o Garganta Profunda aparece em seu primeiro encontro com Woodward com um cigarro aceso na escuridão de uma garagem. Sua pista para o repórter é a recomendação "siga o rastro do dinheiro."
Segundo Woodward, a medida que o caso Watergate se desenrolava o Garganta Profunda temia ser descoberto. O informante tinha exigido não conversar mais por telefone, temendo os grampos, teriam então começado a se encontrar sempre tarde da noite em uma garagem em Washington.
Se o repórter quisesse se encontrar com o Garganta Profunda, teria que alterar o arranjo de um vaso de plantas na janela de seu apartamento.
Caso o Garganta Profunda quisesse ver Woodward teria, de alguma forma, que garantir que a cópia do jornal New York Times que Woodward recebia tivesse uma marca na página 20.
Cronologia do Escândalo
JUNHO DE 1972 - Cinco homens são presos por volta das 2h30 tentando instalar aparelhos de escuta na sede nacional do Partido Democrata, em Washington. Um dos detidos afirma que costumava fazer trabalhos para a CIA. No filme Forrest Gump, O Contador de Histórias, o detalhe é descrito como se Gump tivesse ligado para a polícia para informar que havia luzes naquela sala que estariam atrapalhando seu sono. Isso teria acidentalmente deflagrado o processo. :-D
AGOSTO DE 1972 - O presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, diz que ninguém da Casa Branca está envolvido. :-/
NOVEMBRO DE 1972 - Apesar das primeiras denúncias feitas pelo Washington Post, Nixon é reeleito. Os invasores do Watergate são condenados pela Justiça.
FEVEREIRO DE 1973 - Senado inicia investigação sobre o caso. ?-(
ABRIL DE 1973 - Três dos principais assessores do presidente Nixon renunciam em meio a suspeitas de envolvimento no caso. A Casa Branca comunica que Nixon não sabia da invasão.:-/
ABRIL DE 1974 - Nixon cede à pressão da opinião pública e libera transcrições editadas de gravações de conversas que teve sobre Watergate. :-O
MARÇO DE 1974 - Sete dos principais assessores de Nixon, incluindo o secretário de Justiça, John Mitchell, são indiciados por obstrução da Justiça. :-(
9 DE MAIO DE 1974 - Começa o processo de impeachment de Nixon pelo Congresso. A Suprema Corte ordena que ele entregue gravações de conversas em seu gabinete. As fitas, embora parcialmente apagadas, provam que Nixon planejara a interrupção das investigações do FBI. :-O
5 DE AGOSTO DE 1974 - Nixon entregou as transcrições das gravações de três conversas.
Ele admitiu que tomou conhecimento do acobertamento pouco depois do arrombamento no complexo de Watergate e que tinha tentado por fim à investigação do FBI. :-P
9 DE AGOSTO DE 1974 - Nixon renuncia. O vice Gerald Ford assume a presidência. :-D
1975 - O presidente Ford deu o perdão oficial a Nixon para evitar um julgamento. :-( Porém os seus principais assessores, Haldeman, Ehrlichman e Mitchell, foram condenados por participar do escândalo. :-D
E quem era afinal o Garganta Profunda? Há quatro anos atrás eu diria: não se sabe. Muitos cogitaram a hipótese de que a tal fonte secreta seria uma invenção dos repórteres para dar mais dramaticidade ao caso. O que foi reforçado pelo fato de a primeira versão de "Todos os Homens do Presidente" não conter a personagem.
Foram vários e intensos os esforços para tentar matar a charada. Teses e mais teses foram escritas em universidades, projetos investigativos de longo prazo foram realizados por jornais e revistas. E nada, não havia sido possível chegar a uma conclusão e muito menos provar.
Muitos pesquisadores, jornalistas e críticos terão de admitir que falharam. Até a Universidade de Illinois, para citar um exemplo, colocou 40 estudantes e vários professores durante três anos perseguindo as pistas sobre o informante em "Todos os Homens do Presidente".
O livro dizia que "Garganta Profunda" era homem, fumava (o que se mostrou falso), bebia uísque escocês, gostava de política, já havia conversado com Woodward muitas vezes e havia lhe passado informações contundentes, entre outros detalhes.
Ao final da pesquisa, a força-tarefa chegou a sete nomes e não era nenhum deles.
Enfim, devido a pressões de sua neta, que achava que deveriam aproveitar para amealhar algum dinheiro com a história, William Mark Felt, o número dois do FBI à época, se apresentou como o "Garganta Profunda" em 2005, aos 91 anos, em artigo publicado na revista Vanity Fair.
A Vanity Fair especulou sobre as possíveis razões para a decisão de Felt de servir de fonte para os repórteres do Washington Post. Segundo ela, as relações entre os assessores de Nixon e os agentes do FBI tinham se deteriorado no começo dos anos 70. Nixon estava possesso porque alguém no governo tinha vazado detalhes para o jornal The New York Times sobre a estratégia da corrida armamentista com os russos. Nixon queria que o FBI apontasse o culpado e exigia até que os suspeitos fossem submetidos ao detector de mentiras. Alguns Meses depois, Nixon pressionou o FBI para que falsificassem um laudo pericial. Eles deveriam declarar como falso um documento que comprometia sua administração.
Felt, protegido do ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover, se sentiu passado para trás, dizem alguns dos seus críticos, alguns deles cumpriram pena por causa dele, quando Nixon nomeou uma pessoa de fora do FBI para liderar a agência de investigação, após a morte de Hoover, em maio de 1972. Felt negou a versão de que o descontentamento teria motivado as denúncias.
W. Mark Felt, morreu dia 18 de desembro de 2008, aos 95 anos, em Santa Rosa, na Califórnia, após sofrer de uma insuficiência cardíaca congestiva por vários meses.
Para saber mais:
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DEEP THROAT REVELADO - Observatório da Imprensa
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Vou aproveitar o espaço para um "metacomentário" sobre a mensagem postada pelo Alceu. Uma excelente colocação quanto a importância da imprensa, apesar da existência de sensacionalistas que se preocupam fatalmente com o impacto da notícia e não com a qualidade.
ResponderExcluirQuanto a reportagem, confesso que tinha uma noção superficial sobre o fato. Vou aproveitar para ver o filme e quem sabe até ler o livro também.
Bem que atitudes semelhantes poderiam ocorrer no Brasil, principalmente no Poder Legislativo. Até lembrei de pizza com sabor "Renan Calhoteiro".