Equipe do Rijksmuseum de Amsterdã fez uma fotografia de ultra alta resolução para preservar a obra-prima do mestre da manipulação da luz e s...
Equipe do Rijksmuseum de Amsterdã fez uma fotografia de ultra alta resolução para preservar a obra-prima do mestre da manipulação da luz e sombra.
A Ronda Noturna (Nightwatch) é uma pintura a óleo sobre tela do pintor holandês Rembrandt van Rijn, pintada entre 1639 e 1642. A pintura mede 363cm de altura e 437cm de largura e mostra a Guarda Cívica de Amsterdã sob comando do capitão Frans Banning Cocq, que também era prefeito de Amsterdã e encomendou a pintura.
Cocq ao lado tenente Willem van Ruytenburch são as figuras em destaque na obra que graças à técnica de Rembrandt parecem estar sob a luz do sol enquanto todos os demais estão à sombra ou na penumbra.
O capitão Cocq dá um impulso para avançar, com a faixa batendo entre as pernas. Apontando para a frente, ele dá uma ordem ao tenente Willem van Ruytenburch: Em frente, marche! É hora da companhia se mover. O porta-estandarte segura a bandeira bem alto. O tambor começa a bater em sua caixa de guerra. O cachorro parece assustado. Os soldados pegam suas armas. Apenas segundos depois, teria sido uma cena completamente diferente. Em Nightwatch, ele captura um evento dramático congelado no tempo, ao contrário dos retratos de grupos militares de outros artistas, que tipicamente pareciam majestosos embora posados.
Fonte: Rijksmuseum, Wikipedia, DW, Veja
Visto no Brasil Acadêmico
Geralmente considerada como a magnum opus de Rembrandt, A Ronda Noturna é uma das pinturas mais conhecidas do Barroco. A peça é de propriedade do município de Amsterdã e faz parte da exposição permanente do Rijksmuseum, principal museu especializado em pintura neerlandesa.
Esta é a maior e mais detalhada foto já tirada de uma obra de arte. Tem 717 gigapixels ou 717.000.000.000 pixels de tamanho.
Esse esforço é parte da Operação Night Watch. Uma investigação que busca determinar a melhor forma de preservar a obra-prima para as gerações futuras. E isso é plenamente justificado pelo histórico da pintura:
- Em 1642, após anos trabalhando no quadro, Rembrandt finalmente o apresenta a seus patronos: os guardas da Kloveniersgilde de Amsterdã. Na sala de reuniões da guilda, A Ronda Noturna é pendurado em uma longa parede perto da chaminé. Onde ficaria por mais de 70 anos.
- Em 1715, o governo da cidade de Amsterdã decide transferir a peça para a prefeitura na Praça Dam. Só que o Nightwatch é muito grande e não cabe no espaço alocado. E assim é decidido cortar uma seção considerável da pintura. Este pedaço específico da tela desapareceu para nunca mais ser encontrado.
- Em 1885, o novo e ainda atual edifício do Rijksmuseum é concluído, e toda a coleção, incluindo a peça militar de Rembrandt, é movida para seu novo local. O Nightwatch tem lugar de destaque, bem no coração do novo Rijksmuseum.
- Em 1911, um visitante repentinamente cruza o cordão que existe para manter as pessoas distantes do Nightwatch. Puxando uma faca de sapateiro, ele ataca repetidamente a pintura. Os guardas conseguem subjugá-lo antes que ele cause danos permanentes. Era um marinheiro declarado impróprio para o trabalho e que, por frustração, queria vingar-se do governo. Ele é condenado a um ano de prisão.
- Em julho de 1945, depois de anos viajando e se escondendo em castelos, dunas e cavernas, devido ao risco de ser bombardeado, o Nightwatch finalmente volta para casa: o Rijksmuseum. O Nightwatch, então, é colocado em um barco para Amsterdã. Depois de anos viajando e se escondendo em castelos, dunas e cavernas, o Nightwatch finalmente volta para casa: o Rijksmuseum. No pátio interno do museu, a pintura é desenrolada e reenquadrada. Para o alívio de todos, a Nightwatch acabou por sobreviver à guerra ilesa.
- Em 1975, mais uma vez o Nightwatch é vítima de um ataque por uma pessoa destrambelhada. Testemunhas afirmaram um cavalheiro respeitável aparentemente entrou no museu. Indo direto para o Nightwatch, ele pega uma faca serrilhada e, para o horror de todos os presentes, começa a golpear a pintura. Apesar de de meses de restauração, traços do corte ainda aparece logo acima do cachorro.
- Em 1990, um homem armado com um sifão cheio de ácido sulfúrico ataca a Nightwatch. Um guarda responde rapidamente, golpeando o sifão de suas mãos e instantaneamente borrifando a pintura com água especialmente destilada. Os especialistas do Rijksmuseum logo concluem que apenas o verniz foi afetado, mas que o dano teria sido muito mais sério se não fosse pela vigilância do guarda do museu. Mais tarde, o agressor declarou à polícia que ele era um "amante da arte".
Assim, por causa de algumas ações deletérias como as mencionadas acima que em 2018 o Rijksmuseum decidi lançar a Operação Night Watch. Inicialmente eles conseguiram reconstituir, com a ajuda de uma cópia feita por outro artista, atribuída à Gerrit Lundens e datada de cerca de 1655, as partes retiradas da pintura imprimindo-as com traços imitando as pinceladas originais de Rembrandt, através do uso de inteligência artificial. Ao final dessa reconstituição pode-se perceber que as duas personagens centrais da obra, na realidade, ficavam um pouco mais deslocadas à direita.
Já para foto de ultra alta resolução a equipe usou uma câmera Hasselblad H6D 400 MS de 100 megapixels para fazer 8.439 fotos individuais medindo 5,5 x 4,1 cm. A inteligência artificial foi usada para juntar essas fotos menores para formar a grande imagem final, com um tamanho total de arquivo de 5,6 terabytes.
A distância entre dois pixels é de 5 micrômetros (0,005 mm), o que significa que um pixel é menor do que um glóbulo vermelho humano.
O capitão, o tenente e outros milicianos, todos pagaram para ser incluídos na pintura, de acordo com o destaque que teriam, como era comum naquele tempo. Seus nomes estão listados no topo, dentro de um escudo. O pintor cobrou 1600 florins pelo trabalho.
Embora os guardas sejam retratados carregando armas pesadas, naquela época ocorria pouca luta. Por mais orgulhosos que fossem, eles continuavam se sentindo responsáveis pela segurança de seu bairro, mas na prática a empresa nada mais era do que um clube social para os figurões da cidade. Qualquer um que ingressasse como guarda tinha a garantia de fazer parte de uma rede poderosa, além de ser considerado em alta estima.
A foto em ultra alta resolução do quadro, a versão com as partes retiradas reconstituídas e muitas outras informações, em inglês, sobre A Ronda Noturna (que nem deveria ter esse nome) podem ser acessadas no link abaixo.
Visto no Brasil Acadêmico
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