Teller, titular do laboratório X (antigo Google X), em sua TED Talk de 2016, nos leva para dentro da “fábrica moonshot”, como é conhecida, o...
Teller, titular do laboratório X (antigo Google X), em sua TED Talk de 2016, nos leva para dentro da “fábrica moonshot”, como é conhecida, onde sua equipe procura resolver os maiores problemas do mundo por meio de projetos experimentais, como internet movida a balões e turbinas eólicas que velejam pelo ar. Descubra o segredo do X para criar uma organização em que as pessoas se sintam confortáveis trabalhando em projetos grandes, de alto risco e explorando ideias audaciosas.
Em 1962, na Universidade Rice, John Kennedy revelou ao país um de seus sonhos: o de colocar uma pessoa na Lua até o fim daquela década. O audacioso projeto apelidado de “moonshot”. Ninguém sabia se isso seria possível, mas ele tratou de pôr em ação um plano para tanto, caso fosse. É assim com os grandes sonhos. Eles não são apenas visões, mas visões associadas a estratégias para torná-las reais.
Tenho a incrível sorte de trabalhar numa “fábrica moonshot”. No laboratório X, que se chamava Google X, temos um engenheiro aeroespacial trabalhando com um estilista de moda, e ex-militares, comandantes operacionais, trocando ideias com peritos em laser. Esses inventores, engenheiros e criadores sonham com tecnologias que, esperamos, poderão fazer do mundo um lugar maravilhoso. Usamos a palavra “moonshot” para nos lembrarmos de pensar grande, para continuarmos a sonhar. E usamos a palavra “fábrica” para nos lembrarmos de que queremos ter visões concretas, planos concretos que as tornem reais. Este é o nosso manifesto moonshot:
Primeiro: queremos encontrar um grande problema mundial que afete milhões de pessoas.
Segundo: queremos encontrar ou propor uma solução radical para resolver esse problema. E,
terceiro: temos de ter razões para acreditar que a tecnologia para essa solução radical possa realmente ser fabricada.
Mas vou lhes contar um segredo. A fábrica moonshot é um lugar bagunçado. No entanto, em vez de evitar a bagunça e fingir que ela não existe, tentamos fazer disso a nossa força. Passamos a maior parte do tempo quebrando coisas e tentando provar que estamos errados.
É isso aí; esse é o nosso segredo. Primeiro, analisamos todas as partes mais difíceis do problema. Ficamos empolgados e nos incentivamos:
Mantemos um interessante equilíbrio em que permitimos que nosso otimismo ilimitado alimente nossas visões. Mas depois também usamos um ceticismo entusiasmado para instilar vida, instilar realidade nessas visões. Quero lhes mostrar alguns dos projetos que tivemos de abandonar na sala de montagem e também algumas das preciosidades que, pelo menos até agora, não apenas sobreviveram ao processo, mas foram aceleradas por ele. Ano passado, abandonamos um projeto de agricultura vertical automatizada. Vejam algumas das alfaces que cultivamos. Uma em cada nove pessoas no mundo sofre de subnutrição. Portanto este é um moonshot que precisa acontecer. A agricultura vertical usa 10 vezes menos água e 100 vezes menos terra do que a agricultura convencional. E, como podemos cultivar os alimentos perto do local onde vão ser consumidos, não temos de transportá-los por longas distâncias. Fizemos progressos em muitas áreas, como na colheita automatizada e na iluminação econômica. Mas, infelizmente, não conseguimos cultivar dessa forma certas culturas básicas, como cereais e arroz.
Por isso desistimos do projeto. Há também um outro enorme problema: nossos custos são imensos em recursos e danos ambientais para enviar produtos pelo mundo todo. O desenvolvimento econômico de países sem acesso ao mar está limitado pela falta desse tipo de infraestrutura. A solução radical? Um veículo de carga mais leve do que o ar, de flutuabilidade variável. Isso possui o potencial para diminuir, pelo menos, no geral, os custos, o tempo e a emissão de carbono do transporte, sem precisar de pistas de pouso. Descobrimos um conjunto inteligente de inovações técnicas que, juntas, podem diminuir o custo da fabricação dessas naves em relação ao volume da produção. Mas, por mais baratas que viessem a ser em volume, projetar e construir o primeiro veículo iria custar quase US$ 200 milhões.
Isso é muito dinheiro. Como o X é estruturado com ciclos precisos de retroalimentação, cometer erros, aprender e criar novos projetos, não podemos gastar US$ 200 milhões para fazer uma primeira experiência para ver ser estamos ou não no caminho certo. Se há um calcanhar de Aquiles em nossos projetos, queremos saber no início, e não no meio do caminho.
Assim, engavetamos esse projeto também. Descobrir uma grande falha num projeto nem sempre significa desistir dele.
Às vezes, até serve para nos pôr num caminho mais produtivo. Este é nosso protótipo de um veículo completamente autônomo, construído sem volante nem pedal de freios.
No entanto, este não era o objetivo quando começamos. Com 1,2 milhão de pessoas no mundo morrendo nas estradas todos os anos, era natural tentarmos um moonshot como este: construir um carro autônomo. Há três anos e meio, quando tínhamos esses Lexus adaptados, autônomos, em fase de teste, eles estavam se saindo tão bem que os demos a outros “Googlers” para saber o que eles achariam da experiência. Descobrimos que nosso plano de deixar os carros dirigirem a maior parte do tempo, permitindo que os usuários os guiassem só em caso de emergência, era um plano muito ruim. Não era seguro, pois os usuários não faziam sua parte. Não se mantinham alerta no caso de o carro precisar de ser controlado por eles.
Tenho a incrível sorte de trabalhar numa “fábrica moonshot”. No laboratório X, que se chamava Google X, temos um engenheiro aeroespacial trabalhando com um estilista de moda, e ex-militares, comandantes operacionais, trocando ideias com peritos em laser. Esses inventores, engenheiros e criadores sonham com tecnologias que, esperamos, poderão fazer do mundo um lugar maravilhoso. Usamos a palavra “moonshot” para nos lembrarmos de pensar grande, para continuarmos a sonhar. E usamos a palavra “fábrica” para nos lembrarmos de que queremos ter visões concretas, planos concretos que as tornem reais. Este é o nosso manifesto moonshot:
Primeiro: queremos encontrar um grande problema mundial que afete milhões de pessoas.
Segundo: queremos encontrar ou propor uma solução radical para resolver esse problema. E,
terceiro: temos de ter razões para acreditar que a tecnologia para essa solução radical possa realmente ser fabricada.
Mas vou lhes contar um segredo. A fábrica moonshot é um lugar bagunçado. No entanto, em vez de evitar a bagunça e fingir que ela não existe, tentamos fazer disso a nossa força. Passamos a maior parte do tempo quebrando coisas e tentando provar que estamos errados.
É isso aí; esse é o nosso segredo. Primeiro, analisamos todas as partes mais difíceis do problema. Ficamos empolgados e nos incentivamos:
“Pessoal, como vamos destruir o nosso projeto hoje?”
Mantemos um interessante equilíbrio em que permitimos que nosso otimismo ilimitado alimente nossas visões. Mas depois também usamos um ceticismo entusiasmado para instilar vida, instilar realidade nessas visões. Quero lhes mostrar alguns dos projetos que tivemos de abandonar na sala de montagem e também algumas das preciosidades que, pelo menos até agora, não apenas sobreviveram ao processo, mas foram aceleradas por ele. Ano passado, abandonamos um projeto de agricultura vertical automatizada. Vejam algumas das alfaces que cultivamos. Uma em cada nove pessoas no mundo sofre de subnutrição. Portanto este é um moonshot que precisa acontecer. A agricultura vertical usa 10 vezes menos água e 100 vezes menos terra do que a agricultura convencional. E, como podemos cultivar os alimentos perto do local onde vão ser consumidos, não temos de transportá-los por longas distâncias. Fizemos progressos em muitas áreas, como na colheita automatizada e na iluminação econômica. Mas, infelizmente, não conseguimos cultivar dessa forma certas culturas básicas, como cereais e arroz.
Por isso desistimos do projeto. Há também um outro enorme problema: nossos custos são imensos em recursos e danos ambientais para enviar produtos pelo mundo todo. O desenvolvimento econômico de países sem acesso ao mar está limitado pela falta desse tipo de infraestrutura. A solução radical? Um veículo de carga mais leve do que o ar, de flutuabilidade variável. Isso possui o potencial para diminuir, pelo menos, no geral, os custos, o tempo e a emissão de carbono do transporte, sem precisar de pistas de pouso. Descobrimos um conjunto inteligente de inovações técnicas que, juntas, podem diminuir o custo da fabricação dessas naves em relação ao volume da produção. Mas, por mais baratas que viessem a ser em volume, projetar e construir o primeiro veículo iria custar quase US$ 200 milhões.
Isso é muito dinheiro. Como o X é estruturado com ciclos precisos de retroalimentação, cometer erros, aprender e criar novos projetos, não podemos gastar US$ 200 milhões para fazer uma primeira experiência para ver ser estamos ou não no caminho certo. Se há um calcanhar de Aquiles em nossos projetos, queremos saber no início, e não no meio do caminho.
Assim, engavetamos esse projeto também. Descobrir uma grande falha num projeto nem sempre significa desistir dele.
Às vezes, até serve para nos pôr num caminho mais produtivo. Este é nosso protótipo de um veículo completamente autônomo, construído sem volante nem pedal de freios.
No entanto, este não era o objetivo quando começamos. Com 1,2 milhão de pessoas no mundo morrendo nas estradas todos os anos, era natural tentarmos um moonshot como este: construir um carro autônomo. Há três anos e meio, quando tínhamos esses Lexus adaptados, autônomos, em fase de teste, eles estavam se saindo tão bem que os demos a outros “Googlers” para saber o que eles achariam da experiência. Descobrimos que nosso plano de deixar os carros dirigirem a maior parte do tempo, permitindo que os usuários os guiassem só em caso de emergência, era um plano muito ruim. Não era seguro, pois os usuários não faziam sua parte. Não se mantinham alerta no caso de o carro precisar de ser controlado por eles.
Isso foi um grande revés para a equipe, que teve de voltar para a prancheta. E eles vieram com uma bela e nova perspectiva: pensar num carro em que você é realmente um simples passageiro. Dizemos ao carro para onde queremos ir, apertamos um botão, e ele nos leva, sozinho, do ponto A ao ponto B. Ficamos muito satisfeitos por termos tido essa ideia logo no início do projeto. Isso influenciou tudo aquilo que fizemos daí para frente. Atualmente nossos carros já rodaram mais de 2 milhões de quilômetros, e estão rodando todos os dias nas ruas de Mountain View, na Califórnia, e de Austin, no Texas. A equipe dos carros mudou sua perspectiva. Este é um dos mantras do X.
Às vezes, mudar a perspectiva é mais poderoso do que ser inteligente. Vejam a energia eólica: é um dos meus exemplos favoritos dessa mudança. Não há como construirmos uma turbina eólica melhor do que os especialistas dessa indústria. Mas encontramos uma forma de atingir alturas maiores no céu e, dessa forma, acessar ventos mais velozes e consistentes, obtendo assim mais energia, sem precisar de centenas de toneladas de aço para chegar lá. Nossa pipa de energia Makani decola de seu poleiro girando as hélices ao longo das asas. Enquanto sobe, solta um cabo, transmitindo a energia ao cabo. Quando o cabo está todo esticado, ela voa através do vento em círculos verticais As hélices que a elevaram tornam-se turbinas voadoras.
Isso envia a energia gerada pelo cabo abaixo. Ainda não encontramos uma razão para acabar com este projeto. Quanto mais tempo o projeto resiste, mais animados ficamos de que ele possa se tornar uma forma mais barata e fácil de obter energia eólica para o mundo. Provavelmente, o projeto mais louco que temos é o Projeto Loon (Lunático). Estamos tentando disponibilizar a internet através de balões. Uma rede de balões na estratosfera que conectam a internet nas áreas rurais mais remotas do mundo. Isso pode pôr on-line mais de 4 bilhões de pessoas, que atualmente têm pouca ou nenhuma ligação com a internet. Mas não podemos pegar uma antena, amarrar num balão e enviá-la para o céu. Como os ventos são muito fortes, eles voariam para longe.
Os balões voam alto demais para serem presos ao chão. Aqui vem o momento louco. E se, em vez disso, deixássemos os balões à deriva e lhes ensinássemos a navegar nos ventos para irem aonde têm de ir? Acontece que a estratosfera tem ventos com velocidades e direções muito diferentes, em finas camadas. Logo, esperávamos que, usando algoritmos inteligentes e dados sobre os ventos do mundo todo, pudéssemos manobrar um pouco os balões, conseguindo que ficassem subindo e descendo na estratosfera para apanhar esses ventos com direções e velocidades diferentes. A ideia é ter balões suficientes para que, quando um deles flutuar para fora da sua área, haja outro balão preparado para flutuar no lugar dele, permitindo a conexão com a internet, sem interrupções, tal como o nosso celular vai mudando de antena quando estamos na estrada. Sabemos o quanto isso parece maluco, o nome do projeto está aí para nos lembrar.
Desde 2012, a equipe Loon tem priorizado o trabalho que parece ser o mais difícil, ou seja, o projeto mais provável de acabar. A primeira coisa que fizeram foi tentar arranjar uma ligação Wi-Fi entre um balão na estratosfera e uma antena no solo. Funcionou. E garanto a vocês que houve apostas de que não funcionaria. Então fomos em frente.
Será que os balões poderiam se ligar diretamente aos celulares, para não precisarmos de antenas intermediárias? Sim! A banda do balão seria alta o suficiente para ser uma ligação real à internet, para que as pessoas pudessem ter algo mais do que apenas SMS?
Os primeiros testes só permitiram um megabit por segundo. Mas agora já atingimos 15 megabits por segundo. O suficiente para assistir a uma TED Talk.
Os balões conseguiriam se comunicar entre si no céu para fazermos chegar o sinal às áreas rurais mais remotas? Confere! Poderiam os balões do tamanho duma casa permanecer no ar mais de 100 dias, consumindo menos do que 5% do custo dos balões tradicionais? No fim, sim. Mas garanto que tivemos de tentar de tudo para lá chegar. Fizemos balões redondos prateados.
Fizemos balões gigantes em forma de travesseiro. (Risos)
Fizemos balões do tamanho duma baleia azul. Destruímos montes de balões. (Risos) Como uma das coisas que poderia acabar com o Projeto Loon era saber se conseguiríamos guiar os balões no céu, a nossa experiência mais importante foi colocar um balão dentro doutro balão. Aqui há dois compartimentos: um com ar e outro com hélio. O balão puxa o ar de fora para se tornar mais pesado ou expele ar para ficar mais leve. Essas mudanças de peso permitem que ele suba ou desça. Esse simples movimento do balão é o seu mecanismo de condução.
Ele flutua mais alto ou mais baixo para apanhar os ventos que vão na velocidade e na direção que ele quer. Mas isso seria suficiente para se navegar pelo mundo?
Nem perto disso, no início, mas estamos aperfeiçoando. Este balão em particular, o nosso último balão, pode navegar numa amplitude vertical de mais de 3 km. E pode chegar sozinho, com uma precisão de 500 metros, ao local aonde quer ir a partir duma distância de 20 mil km. Ainda temos muito mais o que fazer em termos de ajustar o sistema e reduzir os custos.
Mas, no ano passado, um balão construído com baixo custo deu a volta ao mundo 19 vezes em 187 dias. Portanto vamos continuar. (Aplausos) Nossos balões hoje estão fazendo quase tudo o que um sistema precisa fazer.
Estamos conversando com empresas de telefonia do mundo todo e vamos voar sobre locais como a Indonésia para testar o serviço real este ano. Provavelmente, isso lhes parece bom demais para ser verdade, e têm razão.
Ser audacioso e trabalhar em projetos grandes e arriscados cria um desconforto nas pessoas. Não podemos gritar com as pessoas e forçá-las a falhar rapidamente. As pessoas resistem. Preocupam-se.
“E se eu falhar?” “Será que as pessoas vão rir de mim?” “Será que vou ser despedido?” Comecei falando sobre o nosso segredo. Vou terminar contando como o colocamos em prática.
No laboratório X, trabalhamos duro para que o fracasso seja seguro. As equipes abandonam suas ideias assim que surgem provas, pois são recompensadas por isso. São aplaudidas pelos colegas. Recebem abraços e “Toque aqui” do gestor, especialmente de mim. São promovidas por isso. Há bônus para cada pessoa da equipe que pôs fim ao seu projeto, desde equipes pequenas com 2 pessoas a equipes com mais de 30. Acreditamos em sonhos na fábrica moonshot.
Fonte: TED
Visto no Brasil Acadêmico
Às vezes, mudar a perspectiva é mais poderoso do que ser inteligente. Vejam a energia eólica: é um dos meus exemplos favoritos dessa mudança. Não há como construirmos uma turbina eólica melhor do que os especialistas dessa indústria. Mas encontramos uma forma de atingir alturas maiores no céu e, dessa forma, acessar ventos mais velozes e consistentes, obtendo assim mais energia, sem precisar de centenas de toneladas de aço para chegar lá. Nossa pipa de energia Makani decola de seu poleiro girando as hélices ao longo das asas. Enquanto sobe, solta um cabo, transmitindo a energia ao cabo. Quando o cabo está todo esticado, ela voa através do vento em círculos verticais As hélices que a elevaram tornam-se turbinas voadoras.
Isso envia a energia gerada pelo cabo abaixo. Ainda não encontramos uma razão para acabar com este projeto. Quanto mais tempo o projeto resiste, mais animados ficamos de que ele possa se tornar uma forma mais barata e fácil de obter energia eólica para o mundo. Provavelmente, o projeto mais louco que temos é o Projeto Loon (Lunático). Estamos tentando disponibilizar a internet através de balões. Uma rede de balões na estratosfera que conectam a internet nas áreas rurais mais remotas do mundo. Isso pode pôr on-line mais de 4 bilhões de pessoas, que atualmente têm pouca ou nenhuma ligação com a internet. Mas não podemos pegar uma antena, amarrar num balão e enviá-la para o céu. Como os ventos são muito fortes, eles voariam para longe.
Os balões voam alto demais para serem presos ao chão. Aqui vem o momento louco. E se, em vez disso, deixássemos os balões à deriva e lhes ensinássemos a navegar nos ventos para irem aonde têm de ir? Acontece que a estratosfera tem ventos com velocidades e direções muito diferentes, em finas camadas. Logo, esperávamos que, usando algoritmos inteligentes e dados sobre os ventos do mundo todo, pudéssemos manobrar um pouco os balões, conseguindo que ficassem subindo e descendo na estratosfera para apanhar esses ventos com direções e velocidades diferentes. A ideia é ter balões suficientes para que, quando um deles flutuar para fora da sua área, haja outro balão preparado para flutuar no lugar dele, permitindo a conexão com a internet, sem interrupções, tal como o nosso celular vai mudando de antena quando estamos na estrada. Sabemos o quanto isso parece maluco, o nome do projeto está aí para nos lembrar.
Desde 2012, a equipe Loon tem priorizado o trabalho que parece ser o mais difícil, ou seja, o projeto mais provável de acabar. A primeira coisa que fizeram foi tentar arranjar uma ligação Wi-Fi entre um balão na estratosfera e uma antena no solo. Funcionou. E garanto a vocês que houve apostas de que não funcionaria. Então fomos em frente.
Será que os balões poderiam se ligar diretamente aos celulares, para não precisarmos de antenas intermediárias? Sim! A banda do balão seria alta o suficiente para ser uma ligação real à internet, para que as pessoas pudessem ter algo mais do que apenas SMS?
Os primeiros testes só permitiram um megabit por segundo. Mas agora já atingimos 15 megabits por segundo. O suficiente para assistir a uma TED Talk.
Os balões conseguiriam se comunicar entre si no céu para fazermos chegar o sinal às áreas rurais mais remotas? Confere! Poderiam os balões do tamanho duma casa permanecer no ar mais de 100 dias, consumindo menos do que 5% do custo dos balões tradicionais? No fim, sim. Mas garanto que tivemos de tentar de tudo para lá chegar. Fizemos balões redondos prateados.
Fizemos balões gigantes em forma de travesseiro. (Risos)
Fizemos balões do tamanho duma baleia azul. Destruímos montes de balões. (Risos) Como uma das coisas que poderia acabar com o Projeto Loon era saber se conseguiríamos guiar os balões no céu, a nossa experiência mais importante foi colocar um balão dentro doutro balão. Aqui há dois compartimentos: um com ar e outro com hélio. O balão puxa o ar de fora para se tornar mais pesado ou expele ar para ficar mais leve. Essas mudanças de peso permitem que ele suba ou desça. Esse simples movimento do balão é o seu mecanismo de condução.
Ele flutua mais alto ou mais baixo para apanhar os ventos que vão na velocidade e na direção que ele quer. Mas isso seria suficiente para se navegar pelo mundo?
Nem perto disso, no início, mas estamos aperfeiçoando. Este balão em particular, o nosso último balão, pode navegar numa amplitude vertical de mais de 3 km. E pode chegar sozinho, com uma precisão de 500 metros, ao local aonde quer ir a partir duma distância de 20 mil km. Ainda temos muito mais o que fazer em termos de ajustar o sistema e reduzir os custos.
Mas, no ano passado, um balão construído com baixo custo deu a volta ao mundo 19 vezes em 187 dias. Portanto vamos continuar. (Aplausos) Nossos balões hoje estão fazendo quase tudo o que um sistema precisa fazer.
Estamos conversando com empresas de telefonia do mundo todo e vamos voar sobre locais como a Indonésia para testar o serviço real este ano. Provavelmente, isso lhes parece bom demais para ser verdade, e têm razão.
Ser audacioso e trabalhar em projetos grandes e arriscados cria um desconforto nas pessoas. Não podemos gritar com as pessoas e forçá-las a falhar rapidamente. As pessoas resistem. Preocupam-se.
“E se eu falhar?” “Será que as pessoas vão rir de mim?” “Será que vou ser despedido?” Comecei falando sobre o nosso segredo. Vou terminar contando como o colocamos em prática.
A única forma de conseguir que as pessoas trabalhem em projetos grandes e arriscados, que tenham ideias audaciosas, e fazer com que resolvam primeiro as maiores dificuldades do problema, é mostrar a elas que esse é o caminho mais simples.
No laboratório X, trabalhamos duro para que o fracasso seja seguro. As equipes abandonam suas ideias assim que surgem provas, pois são recompensadas por isso. São aplaudidas pelos colegas. Recebem abraços e “Toque aqui” do gestor, especialmente de mim. São promovidas por isso. Há bônus para cada pessoa da equipe que pôs fim ao seu projeto, desde equipes pequenas com 2 pessoas a equipes com mais de 30. Acreditamos em sonhos na fábrica moonshot.
Fonte: TED
Visto no Brasil Acadêmico
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