Uma nova variante do coronavírus que está se espalhando rapidamente pelo Reino Unido tem mutações que podem significar que as crianças estão...
Uma nova variante do coronavírus que está se espalhando rapidamente pelo Reino Unido tem mutações que podem significar que as crianças estão tão suscetíveis a serem infectadas com ela quanto os adultos, diferentemente das anteriores, afirmaram cientistas nesta segunda-feira (21).
Cientistas do Grupo de Aconselhamento sobre Novas Ameaças de Vírus Respiratórios (Nervtag, na sigla em inglês), que estão rastreando a variação, disseram que ela se tornou rapidamente dominante no sul do Reino Unido, e que poderia em breve fazer o mesmo no resto do país.
Cientistas do Grupo de Aconselhamento sobre Novas Ameaças de Vírus Respiratórios (Nervtag, na sigla em inglês), que estão rastreando a variação, disseram que ela se tornou rapidamente dominante no sul do Reino Unido, e que poderia em breve fazer o mesmo no resto do país.
“Agora temos um grau alto de confiança no fato de que essa variedade tem uma vantagem de transmissão em relação a outras variedades que estão atualmente no Reino Unido.” Peter Horby, professor de doenças infecciosas emergentes na Universidade de Oxford e diretor do Nervtag.
Neil Ferguson, professor e epidemiologista de doenças infecciosas do Imperial College de Londres e também membro do grupo de aconselhamento, afirmou que “há uma indicação de que há uma maior propensão para a infecção de crianças”.
“Ainda não estabelecemos qualquer tipo de causalidade sobre isso, mas podemos enxergar isso nos dados”, disse Ferguson. “Vamos precisar reunir mais dados para ver como essa nova cepa se comporta daqui em diante”.
O surgimento da nova variante mutada de Sars-CoV-2, que segundo os cientistas é até 70% mais transmissível do que variantes anteriores detectadas no Reino Unido, levou alguns países a fecharem suas fronteiras com o Reino Unido e colocou grandes áreas do território britânico sob restrições severas durante o período natalino.
Mutações Virais
Toda vez que o material genético é copiado acaba gerando pequenas diferenças na sequencia de proteínas. Isso é natural e frequente na duplicação do DNA, que é o caso das células humanas. Mas em organismos baseados em RNA, como o Sars-Cov-2, essas alterações são ainda mais recorrentes, pois o genoma codificado em uma única cadeia tende a gerar mais erros durante as cópias.
Só que não qualquer variação genética que pode ser considerada uma cepas diferente. Estas são definidas de acordo com a origem do vírus e também pelas variantes que apresentam alterações significativas na imunogenicidade. Até o momento, o consenso científico indica a existência de seis cepas de coronavírus capazes de infectar humanos.
O primeiro tipo de coronavírus foi identificado na década de 1960 pela virologista escocesa June Almeida. Três tipos não causam infecções graves em humanos. No século 21, duas cepas registradas na Ciência, o Sars-Cov e o Mers-Cov, foram responsáveis por epidemias. O Sars-Cov-2, vírus responsável pela covid-19, é a mais nova cepa dessa espécie.
O Sars-Cov foi identificado em 2002 na província chinesa de Guangdong. Os morcegos-ferradura foram identificados como reservatório inicial do vírus. O patógeno causa sintomas como tosse, febre e diarreia, apresentando uma taxa de mortalidade de 9,6%.
O Mers-Cov foi identificado em 2012, na Arábia Saudita. A transmissão ocorre, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo contato direto ou indireto com camelos e dromedários, mas é rara entre pessoas. A infecção causada por esse tipo de vírus causa sintomas como febre, tosse e falta de ar, apresentando uma taxa de mortalidade de 34,3% dos casos.
O Sars-Cov-2 teve seu primeiro registro em dezembro de 2019. O vírus tem uma grande semelhança com o Sars-Cov, mas apresenta um grau de propagação maior e taxa de mortalidade menor (entre 1,38% e 3,4%). Seus principais sintomas são tosse seca, febre e falta de ar. Apesar da diversidade genética encontrada, não há evidência científica da existência de outras cepas do vírus.
Os autores do estudo da UCL ainda acha cedo para avaliar se o Sars-Cov-2 está se tornando mais letal ou contagioso.
A nova variante, que alarmou o governo britânico, carrega uma mutação chamada “N501Y” na proteína Spike (espícula) do coronavírus. É por meio dessa espícula que o coronavírus se prende às células humanas para penetrá-las.
O governo britânico endureceu o “lockdown” em algumas regiões do Reino Unido para o nível 4, o mais alto. Com as novas medidas, moradores devem ficar em casa, com isenções limitadas. Lojas, academias, locais de lazer e de cuidados pessoais foram fechados.
Segundo informou domingo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC). “O Reino Unido enfrentou nas últimas semanas um aumento rápido do número de casos de covid-19 no sudeste da Inglaterra”, e as análises mostram que “grande parte desses casos pertenciam” à nova mutação do vírus.
“As razões deste aumento na infecciosidade ainda não estão claras. Ainda não descobrimos se isso se deve a uma maior replicação viral, ou a uma melhor conexão com as células que cobrem nariz e pulmões.” Peter Openshaw. Professor de medicina experimental na Imperial College de Londres, ao Science Media Centre.
Por ora, é pouco provável que essa variante do Sars-Cov-2 seja resistente às vacinas atuais contra a covid-19.
“A ideia da vacina é mostrar a proteína Spike em seu conjunto ao sistema imunológico que, deste modo, aprende a reconhecer suas múltiplas partes. Sendo assim, mesmo que algumas partes mudem, as outras partes permanecem para reconhecer o vírus.” Emma Hodcroft. Epidemiologista na Universidade de Berna.
Fonte: Istoé, Agência Brasil, Estadão,
Visto no Brasil Acadêmico
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