Algoritmos que alteram textos automaticamente preocupam universidades e abrem brechas para plágios difíceis de serem detectados. Há alguma s...
Algoritmos que alteram textos automaticamente preocupam universidades e abrem brechas para plágios difíceis de serem detectados. Há alguma solução no prelo?
Sim, escrever trabalhos científicos é deveras exaustivo e não dá nem para ter um estilo mais artístico e descolado que o orientador logo recoloca sua criatividade no trilho do formalismo acadêmico. Agora, para infernizar ainda mais o meio da escrita científica proliferam programas que automaticamente reescrevem trechos e até textos inteiros usando de algoritmos que substituem palavras por sinônimos e mudam partes do texto de lugar, entre outras artimanhas.
É uma versão do copiar e colar com esteroides. Esse procedimento que consagrou os atalhos de teclado Control + C e Control + V agora recebe um upgrade inteligente de forma que a cópia não seja mais idêntica ao original. Pelo contrário. O objetivo é que se pareça como uma nova obra. Um novo trecho original. Veja como ficou o primeiro parágrafo desse texto que você lê quando submetido a um desses algoritmos. O aplicativo utilizado foi o Smodin, apenas um entre vários programas automáticos de reescrita de textos (como o Word.Ai, SpinBot, etc).
Ok, ainda não atingiram a perfeição mas atrapalha bastante programas que tentam enquadrar os sites que visam apenas se posicionar bem nas páginas de buscas, como tenta fazer os algoritmos do motor de busca do Google que está sempre deixando longe dos topos das páginas com resultados de busca as páginas que não tenham conteúdo autêntico, possivelmente um dos principais consumidores desses programas que oferecem uma API para automatizar a (re)produção de grandes quantidades de textos o que teriam o dom de turbinar o pageranking de websites que de, outra forma, não possuiriam conteúdo original. Uma técnica malandrinha de SEO (Search Engine Optimization). Mas o potencial para causar estrago no meio acadêmico é enorme.
Muito embora os artigos que alertam para essa questão focam mais no fato de articulistas “roubarem” as ideias de outros pesquisadores o que, a meu juízo, aumentaria o peso das apresentações orais em banca para avaliar o grau de domínio que o candidato a graduado, mestre ou doutor, o fato é que esses programas estão tentando imitar a forma como os seres humanos criam seus textos. O que, em grande medida, também acaba sendo um algoritmo. Só que executado por humanos.
Imagine que esse texto que você está lendo seja um texto científico e não literatura cinza opinativa, como admitimos ser. Isso implicaria em ter que, via de regra:
Passo ❶ delimitar um problema,
Passo ❷ fazer uma revisão bibliográfica dos últimos anos, para ver se já existe alguma solução moderna, e
Passo ❸ citar as fontes de tudo o que for escrito, excetuando-se as conclusões.
Passo ❹ Resumir todo o texto e colocar no início.
Passo ❺ Colocar palavras-chave para facilitar a busca.
Passo ❻ Formatar tudo isso dentro de padrões formais (ABNT,APA, etc) de acordo com o periódico onde será publicado.
Pode parecer pouco dito assim resumidamente, mas é um processo moroso e trabalhoso quando feito de maneira adequada para se ter algum valor acadêmico. Pelo menos para os seres humanos. Ocorre é que teremos, mais cedo ou mais tarde, programas criando artigos e monografias de forma automática, como auxiliares de cientistas e pesquisadores e até mesmo de forma totalmente autônoma.
E ainda, pode ser que esteja próximo o dia em que não iremos analisar o texto de um escritor para saber se ele plagiou, e sim analisar um texto que ele faça apenas para servir de base comparativa para validar se o estilo dele bate com o texto verificado. E não serão poucas as contestações jurídicas que surgirão nesse processo.
É bom lembrarmos que já temos robôs cientistas que fazem todo tipo de atividade laboratorial. Ainda que não estejam no estágio de propor o que deva ser pesquisado, o que também acontece com quem configura os experimentos. Já que é bem possível que não se saiba exatamente o que se espera encontrar com a pesquisa exploratória. Não é difícil supor que esses robôs poderão muito em breve criar o artigo que descreva pormenorizadamente ou mesmo de forma consolidada, para ficar mais ao gosto do leitor humano, o que foi feito, como foi feito e o que foi descoberto.
Assim, teremos a fronteira da autoria onde será difícil saber se damos o prêmio Nobel para o cientista que escreveu o algoritmo de aprendizagem, quem parametrizou a pesquisa ou para o robô que executou e escreveu o artigo da descoberta. Da mesma forma que fotos feitas por um macaco que roubou uma máquina e saiu fotografando a esmo incitam a dúvida se as fotos são de domínio público ou do dono da câmera (ou se o macaco mereceria os royalties de uma eventual venda das fotos).
Sim. Temos mais indagações que respostas. Mas é bom estarmos atentos para essas perguntas pois o problema está forçando a porta das instituições de ensino superior. E já vimos que não chega a ser incomum autoridades mostrando currículo Lattes recheados de falsas façanhas acadêmicas. Imagine então se esses fake doctors teriam algum escrúpulo em lançar mão de tais artifícios para escrever suas monografias.
Fonte: Brasil Acadêmico, Folha, Word.Ai, SpinBot, Smodin
[Visto no Brasil Acadêmico]
Sim, escrever trabalhos científicos é deveras exaustivo e não dá nem para ter um estilo mais artístico e descolado que o orientador logo recoloca sua criatividade no trilho do formalismo acadêmico. Agora, para infernizar ainda mais o meio da escrita científica proliferam programas que automaticamente reescrevem trechos e até textos inteiros usando de algoritmos que substituem palavras por sinônimos e mudam partes do texto de lugar, entre outras artimanhas.
É uma versão do copiar e colar com esteroides. Esse procedimento que consagrou os atalhos de teclado Control + C e Control + V agora recebe um upgrade inteligente de forma que a cópia não seja mais idêntica ao original. Pelo contrário. O objetivo é que se pareça como uma nova obra. Um novo trecho original. Veja como ficou o primeiro parágrafo desse texto que você lê quando submetido a um desses algoritmos. O aplicativo utilizado foi o Smodin, apenas um entre vários programas automáticos de reescrita de textos (como o Word.Ai, SpinBot, etc).
Sim, escrever trabalhos científicos é realmente cansativo, e você não pode nem ter um estilo mais artístico e legal, o supervisor em breve colocará sua criatividade de volta no caminho do formalismo acadêmico. Agora, para inferir ainda mais o meio da escrita científica, os programas estão proliferando: eles usam automaticamente certos algoritmos para reescrever parágrafos ou até textos inteiros, substituindo palavras por sinônimos e alterando parte do texto.
Ok, ainda não atingiram a perfeição mas atrapalha bastante programas que tentam enquadrar os sites que visam apenas se posicionar bem nas páginas de buscas, como tenta fazer os algoritmos do motor de busca do Google que está sempre deixando longe dos topos das páginas com resultados de busca as páginas que não tenham conteúdo autêntico, possivelmente um dos principais consumidores desses programas que oferecem uma API para automatizar a (re)produção de grandes quantidades de textos o que teriam o dom de turbinar o pageranking de websites que de, outra forma, não possuiriam conteúdo original. Uma técnica malandrinha de SEO (Search Engine Optimization). Mas o potencial para causar estrago no meio acadêmico é enorme.
Muito embora os artigos que alertam para essa questão focam mais no fato de articulistas “roubarem” as ideias de outros pesquisadores o que, a meu juízo, aumentaria o peso das apresentações orais em banca para avaliar o grau de domínio que o candidato a graduado, mestre ou doutor, o fato é que esses programas estão tentando imitar a forma como os seres humanos criam seus textos. O que, em grande medida, também acaba sendo um algoritmo. Só que executado por humanos.
Imagine que esse texto que você está lendo seja um texto científico e não literatura cinza opinativa, como admitimos ser. Isso implicaria em ter que, via de regra:
Passo ❶ delimitar um problema,
Passo ❷ fazer uma revisão bibliográfica dos últimos anos, para ver se já existe alguma solução moderna, e
Passo ❸ citar as fontes de tudo o que for escrito, excetuando-se as conclusões.
Passo ❹ Resumir todo o texto e colocar no início.
Passo ❺ Colocar palavras-chave para facilitar a busca.
Passo ❻ Formatar tudo isso dentro de padrões formais (ABNT,APA, etc) de acordo com o periódico onde será publicado.
Pode parecer pouco dito assim resumidamente, mas é um processo moroso e trabalhoso quando feito de maneira adequada para se ter algum valor acadêmico. Pelo menos para os seres humanos. Ocorre é que teremos, mais cedo ou mais tarde, programas criando artigos e monografias de forma automática, como auxiliares de cientistas e pesquisadores e até mesmo de forma totalmente autônoma.
E ainda, pode ser que esteja próximo o dia em que não iremos analisar o texto de um escritor para saber se ele plagiou, e sim analisar um texto que ele faça apenas para servir de base comparativa para validar se o estilo dele bate com o texto verificado. E não serão poucas as contestações jurídicas que surgirão nesse processo.
É bom lembrarmos que já temos robôs cientistas que fazem todo tipo de atividade laboratorial. Ainda que não estejam no estágio de propor o que deva ser pesquisado, o que também acontece com quem configura os experimentos. Já que é bem possível que não se saiba exatamente o que se espera encontrar com a pesquisa exploratória. Não é difícil supor que esses robôs poderão muito em breve criar o artigo que descreva pormenorizadamente ou mesmo de forma consolidada, para ficar mais ao gosto do leitor humano, o que foi feito, como foi feito e o que foi descoberto.
Assim, teremos a fronteira da autoria onde será difícil saber se damos o prêmio Nobel para o cientista que escreveu o algoritmo de aprendizagem, quem parametrizou a pesquisa ou para o robô que executou e escreveu o artigo da descoberta. Da mesma forma que fotos feitas por um macaco que roubou uma máquina e saiu fotografando a esmo incitam a dúvida se as fotos são de domínio público ou do dono da câmera (ou se o macaco mereceria os royalties de uma eventual venda das fotos).
Sim. Temos mais indagações que respostas. Mas é bom estarmos atentos para essas perguntas pois o problema está forçando a porta das instituições de ensino superior. E já vimos que não chega a ser incomum autoridades mostrando currículo Lattes recheados de falsas façanhas acadêmicas. Imagine então se esses fake doctors teriam algum escrúpulo em lançar mão de tais artifícios para escrever suas monografias.
Fonte: Brasil Acadêmico, Folha, Word.Ai, SpinBot, Smodin
[Visto no Brasil Acadêmico]
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