A exposição monográfica faz parte do eixo temático "Histórias das mulheres, histórias feministas" que guiará a programação do Muse...
A exposição monográfica faz parte do eixo temático "Histórias das mulheres, histórias feministas" que guiará a programação do Museu de Arte de São Paulo (Masp) ao longo de 2019.
Junto com as exposições Djanira: A memória de seu povo e Lina Bo Bardi: Habitat, Tarsila:Popular compõe um conjunto de artistas femininas brasileiras que mostram, cada uma a seu modo, o que é o popular.
E se não tornou popular, ao menos o museu ficou mais frequentado. Tarsila do Amaral (1886-1973), uma das responsáveis pela identidade visual da nação desde a primeira fase do modernismo, a partir de 1920, ainda é uma artista pop mais de quarenta e seis anos após sua morte. No fim de semana de abertura da exposição (entre 5 e 7 de abril) o público foi de 7.200 pessoas, ao passo que, no final de semana anterior fora de 2.700 visitantes.
Mas se justifica por ser uma oportunidade rara de ver uma coleção tão importante e valiosa sob vários aspectos. É dela o "Abaporu", o quadro mais caro do país, dado ao seu ilustre marido, o escritor modernista Oswald de Andrade.
Oswald nem deixou que artista explicasse a obra. Foi logo elogiando, dizendo que era a coisa mais incrível que ela já tinha feito.
Oswald mostrou o presente para um de seus amigos, o poeta Raul Bopp (1898-1984). E juntos começaram a enxergar ali, naquela figura enigmática, um índio canibal, um homem antropófago, aquele que iria devorar a cultura para se apossar dela e reinventá-la.
Tarsila empolgou-se com a interpretação e correu para um velho dicionário de tupi-guarani. Ali encontrou as palavras "aba" e "poru" - "homem que come". Estava batizado aquele que se tornaria o mais valioso quadro da arte brasileira, Abaporu.
Para entender um pouco da valorização da obra prima de Tarsila é preciso entender seu itinerário. A parceria artística e o relacionamento amoroso terminara, no final de 1929, quando Tarsila e Oswald se separaram. Na hora da divisão dos bens, a pintora ofereceu ao poeta, de sua coleção, uma obra muito mais valorizada, à época - O Enigma de Um Dia, de Giorgio de Chirico (1888-1978), e ficou com o Abaporu. Após participar de várias exposições internacionais, Tarsila, nos anos 1960, resolveu vender sua obra para Pietro Maria Bardi (1900-1999), fundador do Masp. Provavelmente, na esperança de que o quadro passasse a integrar permanentemente o acervo de um museu.
Só que Bardi vendeu a obra para outro colecionador, Érico Stickel (1920-2004), menos de um mês depois, e em 1984, o galerista Raul Forbes comprou o quadro por US$ 250 mil, o maior valor pago a uma obra brasileira até então. Em 1995, Forbes leiloou a obra em Nova York, que foi arrematada por pelo empresário argentino Eduardo Constantini por US$ 1,35 milhão, novo recorde nacional.
Constantini criaria o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o Malba, para o qual doou o quadro. O Abaporu voltou algumas vezes para mostras no Brasil até que, finalmente, com essa exposição no Masp, iniciada em 5 de abril, a obra se hospeda na casa sonhada por Tarsila até 28 de julho.
E hoje? Quanto valeria uma obra dessa importância? No ano passado, quando esteve exposto no MoMA, o museu de arte moderna de Nova York, a apólice garantia US$ 45 milhões. Questionados pela reportagem, nem o Masp nem o Malba informaram se o valor foi aumentado para a exibição brasileira.
Tarsilinha revela que, em 2011, a então presidente Dilma Rousseff perguntou a Constantini quanto custaria repatriar a obra.
Tarsila Popular reúne 52 pinturas e 40 desenhos da artista trazendo telas famosas como Operários (1933), A Cuca (1924), Cartão Postal (1929) e Trabalhadores (1938).
[Visto no Brasil Acadêmico]
Junto com as exposições Djanira: A memória de seu povo e Lina Bo Bardi: Habitat, Tarsila:Popular compõe um conjunto de artistas femininas brasileiras que mostram, cada uma a seu modo, o que é o popular.
Parodiando Caymmi: Tarsila morena, Tarsila você se pintou. O Abaporu (1928) na verdade seria ela vista em uma imagem distorcida em um espelho. |
Em Operários (1933), ela homenageou o ex-marido Oswald de Andrade (canto superior) e o amigo e escritor Mário de Andrade (de óculos, ao centro) entre faces proletárias da indústria. |
Em 11 de janeiro de 1928, a pintora Tarsila do Amaral acordou ansiosa. Era aniversário de seu marido, o escritor Oswald de Andrade (1890-1954), e ela tinha preparado uma surpresa: um quadro de 85 centímetros por 73 centímetros, pintado em segredo nos últimos meses.
Oswald nem deixou que artista explicasse a obra. Foi logo elogiando, dizendo que era a coisa mais incrível que ela já tinha feito.
"É excepcional este quadro. É o homem plantado na terra." - Oswald de Andrade
Oswald mostrou o presente para um de seus amigos, o poeta Raul Bopp (1898-1984). E juntos começaram a enxergar ali, naquela figura enigmática, um índio canibal, um homem antropófago, aquele que iria devorar a cultura para se apossar dela e reinventá-la.
Batizado de Macunaíma (1956) |
"Em seguida, o quadro acabou virando símbolo de tudo o que o modernismo queria dizer. A antropofagia, no sentido de absorver a cultura europeia, dominante na época, e transformá-la em algo nacional, tudo isso foi sintetizado com Abaporu." - Tarsilinha do Amaral. Neta de Tarsila
Para entender um pouco da valorização da obra prima de Tarsila é preciso entender seu itinerário. A parceria artística e o relacionamento amoroso terminara, no final de 1929, quando Tarsila e Oswald se separaram. Na hora da divisão dos bens, a pintora ofereceu ao poeta, de sua coleção, uma obra muito mais valorizada, à época - O Enigma de Um Dia, de Giorgio de Chirico (1888-1978), e ficou com o Abaporu. Após participar de várias exposições internacionais, Tarsila, nos anos 1960, resolveu vender sua obra para Pietro Maria Bardi (1900-1999), fundador do Masp. Provavelmente, na esperança de que o quadro passasse a integrar permanentemente o acervo de um museu.
Tarsila é pop. |
Como um exemplo para nossos tempos de polarização extremada. Tarsila faz uma articulação entre o figurativismo e a abstração geométrica. |
"Manda nudes!" - Em "O Modelo" (1923) a figura humana é apenas insinuada com formas estilizadas e cubistizantes. |
E.F.C.B. (1924), que ganhou o "Prêmio Aquisição" na I Bienal de São Paulo, em 1951 |
Tarsilinha revela que, em 2011, a então presidente Dilma Rousseff perguntou a Constantini quanto custaria repatriar a obra.
"Eu estava ao lado e ele falou em US$ 200 milhões."
Tarsila Popular reúne 52 pinturas e 40 desenhos da artista trazendo telas famosas como Operários (1933), A Cuca (1924), Cartão Postal (1929) e Trabalhadores (1938).
Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias. - Tarsila do AmaralA dica é comprar ingresso pela internet para evitar as longas filas entre vendedores, moradores de rua que se abrigam no vão livre do museu e pessoas pedindo auxílio financeiro, como a icônica mulher vestida de enfermeira pedindo para medir sua pressão e solicitando auxílio para uma suposta filha que faz medicina. Tarsila talvez pintaria uma obra com essa cena tão brasileira. E tão paulista, quanto ela.
Em Tarsila, o popular se manifesta através das paisagens do interior ou do subúrbio, da fazenda ou da favela, povoadas por indígenas ou negros, personagens de lendas e mitos, repletas de animais e plantas, reais ou fantásticos. - Site oficial do MaspFonte: MASP, BBC Brasil, Veja, Nova Escola, Estadão, Tarsila do Amaral - Site Oficial
[Visto no Brasil Acadêmico]
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