Atenção não é somente sobre o que nos concentramos - é também sobre o que nosso cérebro filtra. Investigando padrões no cérebro quando as pe...
Atenção não é somente sobre o que nos concentramos - é também sobre o que nosso cérebro filtra. Investigando padrões no cérebro quando as pessoas tentam se concentrar, o neurocientista computacional Mehdi Ordikhani-Seyedlar espera unir o cérebro ao computador, construindo modelos que podem ser usados para tratar TDAH e ajudar quem perdeu a habilidade de se comunicar. Ouça mais sobre essa interessante ciência nessa curta e fascinante palestra.
Prestar muita atenção em algo: não é fácil, é? É porque nossa atenção é puxada em muitas direções ao mesmo tempo e de fato é muito impressionante se você consegue ficar concentrado. Muitas pessoas pensam que atenção se trata daquilo em que estamos concentrados, mas é também sobre quais informações nosso cérebro está tentando filtrar.
Existem duas formas que você direciona sua atenção:
Primeiro há a atenção explícita.
Então há a atenção implícita.
Pense em dirigir por um segundo. Sua atenção explícita, a direção dos seus olhos, está para frente, mas é a sua atenção implícita que está constantemente verificando a área ao redor, para onde você de fato não olha.
Sou neurocientista computacional e trabalho em interfaces cognitivas entre cérebro e máquina, ou unindo o cérebro ao computador.
Eu adoro padrões cerebrais. Eles são importantes para nós porque baseados neles nós podemos construir modelos para computadores, e baseados nesses modelos computadores conseguem reconhecer quão bem nosso cérebro funciona.
E se não funciona bem, então esses computadores por si só podem ser usados como dispositivos auxiliares para terapias. Mas também quer dizer algo, porque escolhendo os padrões errados teremos os modelos errados e então, terapias erradas. Correto? No caso de atenção, o fato de que nós podemos alterar nossa atenção não só pelos nossos olhos, mas também pelo pensamento, faz da atenção implícita um modelo interessante para computadores.
Então eu quis saber quais são os padrões de ondas cerebrais quando você olha explicitamente ou quando olha implicitamente. Organizei um experimento para isso.
Então, analisando seus sinais cerebrais, podemos rastrear exatamente para onde você está olhando ou prestando atenção.
Então para ver o que acontece no cérebro quando você presta atenção explícita, eu pedi às pessoas para olharem diretamente em um dos quadrados e prestarem atenção nele. Nesse caso, nada surpresos, vimos que esses quadrados piscantes apareciam nos sinais cerebrais que vinham da parte traseira da cabeça delas, e ele é o responsável pelo processamento de informações visuais. Mas eu estava realmente interessado em ver o que acontece no cérebro ao prestarmos atenção implícita. Então dessa vez eu pedi às pessoas para olharem no meio da tela e, sem moverem seus olhos, prestarem atenção em um dos quadrados. Quando fizemos isso, vimos que as duas taxas de oscilação apareceram nos sinais cerebrais, mas curiosamente, apenas um deles, o qual exigia atenção, tinha sinais fortes, então havia algo no cérebro que estava tratando essa informação e essa era basicamente a ativação da área frontal.
A parte frontal parece trabalhar como um filtro tentando deixar informações entrarem só do quadrado piscante ao qual você está prestando atenção e tentando impedir a informação vinda do que está sendo ignorado.
A habilidade de filtro do cérebro é de fato uma chave para atenção que é perdida em algumas pessoas, por exemplo em pessoas com TDAH.
Mas e se essa pessoa pudesse jogar um específico jogo de computador com seu cérebro conectado a ele, e então treinar seu próprio cérebro a impedir essas distrações?
Bem, TDAH é somente um exemplo. Podemos usar essas interfaces cognitivas entre cérebro e máquina para muitas outras áreas cognitivas.
Eu me lembro de pensar naquele momento: e se pudéssemos ter um computador que falasse por ele? Agora, depois de anos nesta área, posso ver que isso pode ser possível. Imagine se conseguirmos encontrar padrões de ondas cerebrais quando pessoas pensam em imagens ou mesmo letras, como a letra A gera um padrão de ondas cerebrais diferente da letra B, e assim por diante. Um computador, um dia, poderia se comunicar por pessoas que não podem falar? E se um computador puder nos ajudar a entender os pensamentos de uma pessoa em coma? Não estamos lá ainda, mas prestem muita atenção. Logo estaremos.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Prestar muita atenção em algo: não é fácil, é? É porque nossa atenção é puxada em muitas direções ao mesmo tempo e de fato é muito impressionante se você consegue ficar concentrado. Muitas pessoas pensam que atenção se trata daquilo em que estamos concentrados, mas é também sobre quais informações nosso cérebro está tentando filtrar.
Existem duas formas que você direciona sua atenção:
Primeiro há a atenção explícita.
Na atenção explícita, você move seus olhos em direção a algo a fim de prestar atenção nisso.
Então há a atenção implícita.
Na atenção implícita, você presta atenção em algo, mas sem mover seus olhos.
Pense em dirigir por um segundo. Sua atenção explícita, a direção dos seus olhos, está para frente, mas é a sua atenção implícita que está constantemente verificando a área ao redor, para onde você de fato não olha.
Sou neurocientista computacional e trabalho em interfaces cognitivas entre cérebro e máquina, ou unindo o cérebro ao computador.
Eu adoro padrões cerebrais. Eles são importantes para nós porque baseados neles nós podemos construir modelos para computadores, e baseados nesses modelos computadores conseguem reconhecer quão bem nosso cérebro funciona.
E se não funciona bem, então esses computadores por si só podem ser usados como dispositivos auxiliares para terapias. Mas também quer dizer algo, porque escolhendo os padrões errados teremos os modelos errados e então, terapias erradas. Correto? No caso de atenção, o fato de que nós podemos alterar nossa atenção não só pelos nossos olhos, mas também pelo pensamento, faz da atenção implícita um modelo interessante para computadores.
Então eu quis saber quais são os padrões de ondas cerebrais quando você olha explicitamente ou quando olha implicitamente. Organizei um experimento para isso.
Nesse experimento existem dois quadrados piscantes: um pisca mais devagar do que o outro. Dependendo em qual desses piscadores você está prestando atenção, certas partes de seu cérebro vão começar a ressoar na mesma velocidade que aquela taxa de oscilação.
Então, analisando seus sinais cerebrais, podemos rastrear exatamente para onde você está olhando ou prestando atenção.
Então para ver o que acontece no cérebro quando você presta atenção explícita, eu pedi às pessoas para olharem diretamente em um dos quadrados e prestarem atenção nele. Nesse caso, nada surpresos, vimos que esses quadrados piscantes apareciam nos sinais cerebrais que vinham da parte traseira da cabeça delas, e ele é o responsável pelo processamento de informações visuais. Mas eu estava realmente interessado em ver o que acontece no cérebro ao prestarmos atenção implícita. Então dessa vez eu pedi às pessoas para olharem no meio da tela e, sem moverem seus olhos, prestarem atenção em um dos quadrados. Quando fizemos isso, vimos que as duas taxas de oscilação apareceram nos sinais cerebrais, mas curiosamente, apenas um deles, o qual exigia atenção, tinha sinais fortes, então havia algo no cérebro que estava tratando essa informação e essa era basicamente a ativação da área frontal.
A parte frontal do nosso cérebro é responsável pelas maiores funções cognitivas como ser humano.
A parte frontal parece trabalhar como um filtro tentando deixar informações entrarem só do quadrado piscante ao qual você está prestando atenção e tentando impedir a informação vinda do que está sendo ignorado.
A habilidade de filtro do cérebro é de fato uma chave para atenção que é perdida em algumas pessoas, por exemplo em pessoas com TDAH.
Uma pessoa com TDAH não consegue impedir essas distrações, e por isso não consegue se concentrar por um longo tempo em uma única tarefa.
Mas e se essa pessoa pudesse jogar um específico jogo de computador com seu cérebro conectado a ele, e então treinar seu próprio cérebro a impedir essas distrações?
Bem, TDAH é somente um exemplo. Podemos usar essas interfaces cognitivas entre cérebro e máquina para muitas outras áreas cognitivas.
Foi há alguns anos que meu avô teve um derrame e perdeu completamente a fala. Ele conseguia entender todo mundo, mas não tinha como responder, nem mesmo escrevendo, pois era analfabeto. Então ele faleceu em silêncio.
Eu me lembro de pensar naquele momento: e se pudéssemos ter um computador que falasse por ele? Agora, depois de anos nesta área, posso ver que isso pode ser possível. Imagine se conseguirmos encontrar padrões de ondas cerebrais quando pessoas pensam em imagens ou mesmo letras, como a letra A gera um padrão de ondas cerebrais diferente da letra B, e assim por diante. Um computador, um dia, poderia se comunicar por pessoas que não podem falar? E se um computador puder nos ajudar a entender os pensamentos de uma pessoa em coma? Não estamos lá ainda, mas prestem muita atenção. Logo estaremos.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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