Com essa cinebiografia, o diretor Oliver Stone volta a ser protagonista e o resto de nós ficamos a perguntar: Será que já é tarde demais par...
Com essa cinebiografia, o diretor Oliver Stone volta a ser protagonista e o resto de nós ficamos a perguntar: Será que já é tarde demais para colocar o gênio de volta para dentro da garrafa?
Existe uma ideia no imaginário médico que consultório é bacana, mas medicina mesmo é o que se faz no plantão no setor da emergência do pronto-socorro. Ali chega qualquer coisa e nem sempre se tem tempo para chamar os especialistas alcançáveis. Alí o generalista "raiz" pega o boi na unha e salva o acidentado, queimado, eletrocutado, picado de cobra, ou todas as acima. Com raciocínio rápido e decisões certeiras.
Com o jornalismo poderia se pensar alguma coisa similar: O setorista cobre com galhardia e honradez. Mas é o repórter investigativo que pode derrubar presidentes, transformar o mundo, ganhar Pulitzer e entrar para a história. É por isso que Snowden escolhe a dedo os profissionais da imprensa para que ele entregaria os segredos que ele resolvera expor. Quando largou seu trabalho na NSA e voou até Hong Kong para encontrar os jornalistas Glenn Greenwald (Zachary Quinto) e Ewen MacAskill (Tom Wilkinson), além da cineasta Laura Poitras (Melissa Leo), para revelar os programas de vigilância digital de seu governo, cuja a abrangência era inédita e descomunal, a ponto de afetar governos estrangeiros, grupos terroristas, e virtualmente todos os cidadãos norte-americanos que tivessem um email, ou estivessem ao vivo em frente a uma câmera - teoricamente desligada - com a simplicidade de realizar uma busca no Google.
Para essa roda girar tem que haver o denunciante, alguém de dentro do sistema que pode esgarçar suas entranhas e apresentar as provas do delito. E não se deixe enganar pela sua aparência comum de um bom moço republicano. O que temos na prática são os doze trabalhos de um Hércules moderno. Sua delação não é nada premiada, muito pelo contrário. Suas revelações podem levar à pena capital. E isso não vem de um magnata arrependido em suas últimas palavras no leito de morte. Isso vêm de alguém no ápice da carreira em uma atividade onde os melhores da raça passam a administrar super-poderes: Ele é um hacker de computadores que espionava para os Estados Unidos.
E Ed Snowden é um dos melhores. Ele não se furta a combater seu antagonistas chineses ou russos - por isso o estigma de traidor não lhe cai bem - na ciberguerra fria dos roteadores de usinas e vazamento de reputações, que já está em curso. Mas quando as agências de inteligência passam a investigar o e-mail pessoal ou a linha do tempo no Facebook dos cidadãos americanos, bem mais do que os estrangeiros, isso deixa claro que o "Big Brother" de 1984 está atrasado mas chegou, e as pessoas estão sendo machucadas.
Mas essa onisciência do Estado não deve ser refreada? Essa sociedade "Black Mirror" que a todos arrasta não deveria ter um limite? Ainda há tempo de lacrar essa caixa de Pandora? Podemos optar? É essa chance que a atitude de Snowden parece nos oferecer. Uma visão do que o governo dos EUA já é capaz de fazer em nome da segurança e do que um indivíduo é capaz de abrir mão, em nome da liberdade. Não da liberdade dele, que disso ele abriu mão também. Mas em nome da liberdade de todos nós. Da democracia de fato. Da Internet com a qual Tim Berners-Lee sonhou nos legar. Muito embora, possa ser deveras tardio.
Snowden: Heroi ou traidor (Snowden, 2016)
Fonte: Snowden - Heroi ou Traidor. Cineclick
[Visto no Brasil Acadêmico]
Existe uma ideia no imaginário médico que consultório é bacana, mas medicina mesmo é o que se faz no plantão no setor da emergência do pronto-socorro. Ali chega qualquer coisa e nem sempre se tem tempo para chamar os especialistas alcançáveis. Alí o generalista "raiz" pega o boi na unha e salva o acidentado, queimado, eletrocutado, picado de cobra, ou todas as acima. Com raciocínio rápido e decisões certeiras.
Com o jornalismo poderia se pensar alguma coisa similar: O setorista cobre com galhardia e honradez. Mas é o repórter investigativo que pode derrubar presidentes, transformar o mundo, ganhar Pulitzer e entrar para a história. É por isso que Snowden escolhe a dedo os profissionais da imprensa para que ele entregaria os segredos que ele resolvera expor. Quando largou seu trabalho na NSA e voou até Hong Kong para encontrar os jornalistas Glenn Greenwald (Zachary Quinto) e Ewen MacAskill (Tom Wilkinson), além da cineasta Laura Poitras (Melissa Leo), para revelar os programas de vigilância digital de seu governo, cuja a abrangência era inédita e descomunal, a ponto de afetar governos estrangeiros, grupos terroristas, e virtualmente todos os cidadãos norte-americanos que tivessem um email, ou estivessem ao vivo em frente a uma câmera - teoricamente desligada - com a simplicidade de realizar uma busca no Google.
Para essa roda girar tem que haver o denunciante, alguém de dentro do sistema que pode esgarçar suas entranhas e apresentar as provas do delito. E não se deixe enganar pela sua aparência comum de um bom moço republicano. O que temos na prática são os doze trabalhos de um Hércules moderno. Sua delação não é nada premiada, muito pelo contrário. Suas revelações podem levar à pena capital. E isso não vem de um magnata arrependido em suas últimas palavras no leito de morte. Isso vêm de alguém no ápice da carreira em uma atividade onde os melhores da raça passam a administrar super-poderes: Ele é um hacker de computadores que espionava para os Estados Unidos.
E Ed Snowden é um dos melhores. Ele não se furta a combater seu antagonistas chineses ou russos - por isso o estigma de traidor não lhe cai bem - na ciberguerra fria dos roteadores de usinas e vazamento de reputações, que já está em curso. Mas quando as agências de inteligência passam a investigar o e-mail pessoal ou a linha do tempo no Facebook dos cidadãos americanos, bem mais do que os estrangeiros, isso deixa claro que o "Big Brother" de 1984 está atrasado mas chegou, e as pessoas estão sendo machucadas.
Mas essa onisciência do Estado não deve ser refreada? Essa sociedade "Black Mirror" que a todos arrasta não deveria ter um limite? Ainda há tempo de lacrar essa caixa de Pandora? Podemos optar? É essa chance que a atitude de Snowden parece nos oferecer. Uma visão do que o governo dos EUA já é capaz de fazer em nome da segurança e do que um indivíduo é capaz de abrir mão, em nome da liberdade. Não da liberdade dele, que disso ele abriu mão também. Mas em nome da liberdade de todos nós. Da democracia de fato. Da Internet com a qual Tim Berners-Lee sonhou nos legar. Muito embora, possa ser deveras tardio.
Snowden: Heroi ou traidor (Snowden, 2016)
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- Enredo
- Ex-funcionário terceirizado da Agência de Segurança dos Estados Unidos, Edward Snowden (Joseph Gordon-Levitt) torna-se inimigo número um da nação ao divulgar a jornalistas uma série de documentos sigilosos que comprovam atos de espionagem praticados pelo governo estadunidense contra cidadãos comuns e lideranças internacionais.
- Gênero
- Drama, Filme biográfico
- Direção
- Oliver Stone
- Roteiro
- Anatoly Kucherena, Kieran Fitzgerald, Luke Harding, Oliver Stone
- Elenco
- Joseph Gordon-Levitt (como Edward Snowden)
Edward Snowden (como ele mesmo)
Shailene Woodley (como Lindsay Mills)
Melissa Leo (como Laura Poitras)
Zachary Quinto (como Glenn Greenwald)
Tom Wilkinson (como Ewen MacAskill)
Scott Eastwood (como Trevor James)
Logan Marshall-Green (como piloto de drone)
Timothy Olyphant (como Agente da CIA Geneva)
Ben Schnetzer (como Gabriel Sol)
LaKeith Lee Stanfield (como Patrick Haynes)
Rhys Ifans (como Corbin O’Brian)
Nicolas Cage (como Hank Forrester) - Produção
- Eric Kopeloff, Fernando Sulichin, Moritz Borman, Philip Schulz-Deyle
- Fotografia
- Anthony Dod Mantle
- Montador
- Alex Marquez, Lee Percy
- Música
- Craig Armstrong
- Baseado em
- The Snowden Files de Luke Harding
Time of the Octopus de Anatoly Kucherena - Trilha Sonora
- Adam Peters, Craig Armstrong
- Duração
- 134 min.
Fonte: Snowden - Heroi ou Traidor. Cineclick
[Visto no Brasil Acadêmico]
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