O neurocientista Miguel Nicolelis, abre o verbo em defesa da ciência como instrumento de soberania nacional.
O neurocientista Miguel Nicolelis, abre o verbo em defesa da ciência como instrumento de soberania nacional.
Nesse vídeo, o neurocientista explica como se relaciona o conhecimento científico e a independência de um país. Abaixo, segue a transcrição da fala do Prof. Nicolelis sobre o tema "Ciência e Soberania Nacional":
“Salve pessoal, estamos de volta aqui com mais um episódio da TV Rádio Big Bang. Hoje a gente vai falar de um tópico que pra mim é muito caro, muito importante, porque ele raramente é abordado aqui no Brasil.
Mas é absolutamente conhecido fora do nosso país, que é o papel da ciência como um fator de soberania nacional. De soberania de um país.
A gente aqui no Brasil acha ainda que ciência é uma coisa de pessoas estranhas, que vivem num mundo abstrato, que mora num castelo de marfim, que se isola em uma universidade para falar de coisas que a gente nunca vai usar na vida prática.
Na realidade, as pessoas desconhecem que a ciência é um dos grandes motores do mundo moderno. Quer dizer, a gente pega e usa um iPhone, um iPad... As pessoas parecem que têm a ideia que caiu do céu, que isso foi produzido por uns marcianos e veio pra nós.
Nós tivemos que entender as leis do eletromagnetismo. Nós tivemos que criar uma série de processos que culminaram com a construção, pela primeira vez, com a invenção do transístor na década de 50, no século passado. Houve todo um processo que envolveu dezenas, centenas de milhares de mentes que convergiram para você poder usar hoje o seu iPhone.
Na realidade, a relevância da ciência e o papel soberano da ciência numa sociedade moderna pode ser retratado pela importância e pelo comprometimento financeiro que os grandes países científicos do mundo dão a essa área do conhecimento humano. Para vocês terem uma ideia, o investimento científico nos Estados Unidos construiu desde a Segunda Guerra Mundial o que é a sociedade americana hoje.
O poder público americano investe, só o poder público, investe 160 bilhões de dólares por ano em ciência pura. E eu nem estou contando o investimento secreto militar que a gente nem sabe qual é o orçamento. E pasmem vocês, daqui a quatro anos, a China vai passar o investimento público americano. Pela primeira vez na história desde a Segunda Guerra Mundial um país outro que os Estados Unidos vai dominar o PIB mundial de ciência. Porque a china decidiu, 25 anos atrás, que investimento científico e tecnológico é o caminho da construção do futuro da China. E na China, o futuro, é cem anos que eles pensam [na frente]. Eles não pensam, 10, 15 anos. Eles pensam 100 anos na frente. Para vocês terem uma ideia, existe um plano de uma década de criar mais de 1000 faculdades de engenharia de software. Engenharia de software. Mil! Na china.
Imagina o que eles vão fazer na formação de pessoal de software. Só. Só nessa área. Por isso que, quando a gente discute ciência, a gente não pode mais discutir ciência como uma atividade lúdica, apenas. Ela é também. Uma atividade intelectual, né? Um devaneio intelectual... Não! A ciência está no centro das políticas estratégicas de qualquer nação do mundo que quer se manter soberana. Por que se você não dominar: Internet, ciência biomédica, energia, ciência espacial. A revolução microeletrônica nós já perdemos. Mas a revolução da nanotecnologia nós ainda temos chance de participar.
Mas para isso você tem que ter uma estratégia. Uma estratégia nacional. Um plano de nação para a ciência e eu não estou falando que é um documento, papelada, burocratização. Não. Você precisa de uma visão estratégica. Porque se o Brasil não apostar nessa visão, nós vamos claramente perder a qualidade de nação soberana. Nós não vamos controlar os mecanismos fundamentais de funcionamento da sociedade do século 21. Mais do que nunca, a sociedade do século 21 é a sociedade do conhecimento da sociedade e da transformação da informação e do conhecimento aplicado.
Se nós, enquanto sociedade e país, não tomarmos uma posição clara, objetiva e direta, e investir na criação de aprofundar o conhecimento tropical do brasil, que representa a nossa cultura, nós não temos chance de continuar sendo um país soberano e independente. E vamos nos transformar - aí de verdade - num país colonizado, periférico e sem o direito à palavra. E sem o direito ao voto dos caminhos que vão ser lembrados pela humanidade neste século.
Portanto, ciência não é brincadeira. Ciência é coisa séria.”
Fonte: YouTube (Canal Miguel Nicolelis)
[Visto no Brasil Acadêmico]
Nesse vídeo, o neurocientista explica como se relaciona o conhecimento científico e a independência de um país. Abaixo, segue a transcrição da fala do Prof. Nicolelis sobre o tema "Ciência e Soberania Nacional":
“Salve pessoal, estamos de volta aqui com mais um episódio da TV Rádio Big Bang. Hoje a gente vai falar de um tópico que pra mim é muito caro, muito importante, porque ele raramente é abordado aqui no Brasil.
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Mas é absolutamente conhecido fora do nosso país, que é o papel da ciência como um fator de soberania nacional. De soberania de um país.
A gente aqui no Brasil acha ainda que ciência é uma coisa de pessoas estranhas, que vivem num mundo abstrato, que mora num castelo de marfim, que se isola em uma universidade para falar de coisas que a gente nunca vai usar na vida prática.
Na realidade, as pessoas desconhecem que a ciência é um dos grandes motores do mundo moderno. Quer dizer, a gente pega e usa um iPhone, um iPad... As pessoas parecem que têm a ideia que caiu do céu, que isso foi produzido por uns marcianos e veio pra nós.
Na realidade, para se criar um iPhone hoje, nós tivemos que descobrir o que era magnetismo quase 200 anos atrás.
Nós tivemos que entender as leis do eletromagnetismo. Nós tivemos que criar uma série de processos que culminaram com a construção, pela primeira vez, com a invenção do transístor na década de 50, no século passado. Houve todo um processo que envolveu dezenas, centenas de milhares de mentes que convergiram para você poder usar hoje o seu iPhone.
Na realidade, a relevância da ciência e o papel soberano da ciência numa sociedade moderna pode ser retratado pela importância e pelo comprometimento financeiro que os grandes países científicos do mundo dão a essa área do conhecimento humano. Para vocês terem uma ideia, o investimento científico nos Estados Unidos construiu desde a Segunda Guerra Mundial o que é a sociedade americana hoje.
O poder público americano investe, só o poder público, investe 160 bilhões de dólares por ano em ciência pura. E eu nem estou contando o investimento secreto militar que a gente nem sabe qual é o orçamento. E pasmem vocês, daqui a quatro anos, a China vai passar o investimento público americano. Pela primeira vez na história desde a Segunda Guerra Mundial um país outro que os Estados Unidos vai dominar o PIB mundial de ciência. Porque a china decidiu, 25 anos atrás, que investimento científico e tecnológico é o caminho da construção do futuro da China. E na China, o futuro, é cem anos que eles pensam [na frente]. Eles não pensam, 10, 15 anos. Eles pensam 100 anos na frente. Para vocês terem uma ideia, existe um plano de uma década de criar mais de 1000 faculdades de engenharia de software. Engenharia de software. Mil! Na china.
Imagina o que eles vão fazer na formação de pessoal de software. Só. Só nessa área. Por isso que, quando a gente discute ciência, a gente não pode mais discutir ciência como uma atividade lúdica, apenas. Ela é também. Uma atividade intelectual, né? Um devaneio intelectual... Não! A ciência está no centro das políticas estratégicas de qualquer nação do mundo que quer se manter soberana. Por que se você não dominar: Internet, ciência biomédica, energia, ciência espacial. A revolução microeletrônica nós já perdemos. Mas a revolução da nanotecnologia nós ainda temos chance de participar.
Mas para isso você tem que ter uma estratégia. Uma estratégia nacional. Um plano de nação para a ciência e eu não estou falando que é um documento, papelada, burocratização. Não. Você precisa de uma visão estratégica. Porque se o Brasil não apostar nessa visão, nós vamos claramente perder a qualidade de nação soberana. Nós não vamos controlar os mecanismos fundamentais de funcionamento da sociedade do século 21. Mais do que nunca, a sociedade do século 21 é a sociedade do conhecimento da sociedade e da transformação da informação e do conhecimento aplicado.
Se nós, enquanto sociedade e país, não tomarmos uma posição clara, objetiva e direta, e investir na criação de aprofundar o conhecimento tropical do brasil, que representa a nossa cultura, nós não temos chance de continuar sendo um país soberano e independente. E vamos nos transformar - aí de verdade - num país colonizado, periférico e sem o direito à palavra. E sem o direito ao voto dos caminhos que vão ser lembrados pela humanidade neste século.
Portanto, ciência não é brincadeira. Ciência é coisa séria.”
Fonte: YouTube (Canal Miguel Nicolelis)
[Visto no Brasil Acadêmico]
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