O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis. A cada mês um tema dif...
O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis. A cada mês um tema diferente.
O tamanho de quadra irá determinar a que velocidade os carros trafegarão – quanto mais longas as quadras, maiores as velocidades. Quadras mais curtas favorecem a acessibilidade dos pedestres, já que têm um número maior de interseções e mais pontos em que os carros devem parar. Blocos menores em bairros compactos reduzem as distâncias de viagens diárias fornecendo diversas possibilidades de rotas em todas as direções, o que leva à conectividade e ao acesso facilitado aos destinos.
A chicana – termo talvez inédito para muitos – nada mais é do que um desvio artificial que leva a uma redução na largura da via. As chicanas podem ser úteis em vias retas localizadas em longas quadras para evitar que veículos possam tomar maiores velocidades, já que os impedem fisicamente disso. Pontos de ônibus ou até locais de estacionamento de bicicletas podem ser usados nas chicanas para melhor aproveitamento dos espaços.
As ilhas de refúgio, por exemplo, são pequenos espaços localizados no centro das vias arteriais que garantem mais segurança aos pedestres que as atravessam. As ilhas delimitam melhor as faixas e fazem com que os pedestres lidem com apenas um sentido de tráfego de cada vez. Com esse tipo de instalação, segundo o guia, foi registrada uma redução no número de atropelamentos e de mortes de pedestres entre 57% e 82% nos Estados Unidos.
As minipraças funcionam como um local de encontro da comunidade e estimulam a atividade de pedestres. Elas podem ser originadas em espaços residuais ou mal utilizados por carros, geralmente quando se conecta vias diagonalmente. As instalações podem até mesmo ser temporárias, como experimentos para futuras instalações permanentes.
O guia contém um capítulo com temas-chave para promover condições mais seguras em um sistema de bicicletas a partir de instruções para malhas cicloviárias, ciclofaixas e ciclovias, trilhas fora das vias, vias compartilhada com bicicletas, segurança dos ciclistas nas interseções e nos pontos de ônibus e semáforos para bicicletas.
As vias compartilhadas são ruas de baixo volume de veículos e de baixo limite de velocidade que podem integrar ciclistas e automóveis. Essas regiões devem propiciar conectividade a destinos importantes e geram um ambiente mais agradável e silencioso. Elas demandam atenção especial em interseções e medidas de moderação de tráfego para limitar a velocidade dos veículos.
Os corredores de ônibus podem se tornar uma barreira ao acesso de pedestres e também podem aumentar a probabilidade de os pedestres atravessarem sem proteção ou pularem sobre as barreiras. Travessias no meio das quadras devem ser oportunidades seguras para os pedestres atravessarem as vias. Elas podem evitar atropelamentos ou outros incidentes desde incluam elementos que garantam que os carros realmente parem para os pedestres. Em Porto Alegre, 93% dos atropelamentos ocorreram em locais no meio de quadra em comparação às interseções.
Optar pela vida das pessoas é o princípio que norteia as medidas apresentadas pela publicação O Desenho de Cidades Seguras. “É inaceitável que uma pessoa saia para o trabalho, ou que uma criança vá para a escola, e não retorne no fim do dia. É fundamental que as pessoas despertem para o tamanho do problema, o que ainda não aconteceu no Brasil, um país onde morrem mais de 120 pessoas no trânsito todos os dias e ainda pouco se faz para evitar essas mortes”, destaca Marta. A partir das práticas incentivadas no guia, os municípios podem obter orientações para melhor planejar seus espaços. “Ao implementar essas medidas, os gestores públicos estarão construindo vias e espaços públicos seguros e acessíveis para todos, ou seja, construindo cidades para as pessoas”, conclui Marta.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
Fonte: The City Fix Brasil
[Visto no Brasil Acadêmico]
Com a colaboração e a expertise dos especialistas do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, os posts trazem artigos especiais sobre planejamento urbano, mobilidade sustentável, resiliência, segurança viária, entre outros. A cada mês, uma nova temática explora por ângulos diferentes o desenvolvimento sustentável de nossas cidades.
Seis princípios para tornar as cidades mais seguras a partir do desenho urbano
É assustador o fato de que 1,25 milhão de pessoas morrem a cada ano em acidentes de trânsito. Diversos fatores contribuem para esse alto índice, porém a maneira com que as cidades vêm sendo construídas é a principal responsável por esse cenário. Mas, e se um guia prático pudesse ajudar as cidades a salvarem mais de 100 pessoas por dia? O Nossa Cidade deste mês tratará do tema Segurança Viária e começaremos trazendo soluções ao apresentar a publicação O Desenho de Cidades Seguras.
O guia, elaborado pelo WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, fornece aos gestores e projetistas um compilado de orientações e exemplos para reduzir mortes de trânsito que poderiam ser evitadas por meio de pequenas mudanças no desenho das vias. O Brasil é, atualmente, o quarto país que mais mata no trânsito. Essas fatalidades custam cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Outras economias emergentes como México, Indonésia, Turquia e China também têm grandes prejuízos econômicos com as mortes no trânsito. São também nos países de baixa e média renda em que 90% das fatalidades em acidentes ocorrem.
O número opressor de veículos nas ruas e também as falhas de planejamento das cidades acabam por colocar tantas vidas em risco, em especial a dos usuários mais vulneráveis do sistema viário: pedestres, ciclistas e motociclistas. O foco de O Desenho de Cidades Seguras recai sobre os diversos usos que as cidades podem fazer do redesenho das vias, para que elas também sirvam especialmente ao transporte coletivo e sustentável.
Remodelar vias urbanas não é uma tarefa fácil, mas pode ocorrer em qualquer local do mundo. “As diretrizes apresentadas no guia podem ser implementadas em qualquer cidade, seja ela grande ou pequena. A maior parte das medidas pode ser praticada com baixo custo, não necessariamente são empreendimentos caros. Além disso, todas elas têm a eficácia comprovada para a redução de acidentes e mortes no trânsito”, afirma a Coordenadora de Segurança Viária do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Marta Obelheiro.
A partir de seis princípios e 34 elementos de design que são amplamente apresentados nos capítulos, o guia se comunica diretamente com os gestores públicos, projetistas, engenheiros, urbanistas, empreiteiros privados e públicos, especialistas em saúde pública e responsáveis pela criação de planos de mobilidade. Então, veja como construir uma cidade mais segura a partir desses princípios:
1 – Crie uma cidade propícia para os pedestres, não para os carros
Tomar essa decisão é o que determinará a segurança da cidade. O desenho urbano seguro ajuda a reduzir a velocidade dos veículos motorizados e dá maior protagonismo aos pedestres e ciclistas. São cinco elementos-chave sugeridos pelo guia que, quando considerados em conjunto, podem salvar milhares de vidas nas cidades: tamanho de quadra, conectividade viária, largura das vias, acesso aos destinos e densidade populacional.
O tamanho de quadra irá determinar a que velocidade os carros trafegarão – quanto mais longas as quadras, maiores as velocidades. Quadras mais curtas favorecem a acessibilidade dos pedestres, já que têm um número maior de interseções e mais pontos em que os carros devem parar. Blocos menores em bairros compactos reduzem as distâncias de viagens diárias fornecendo diversas possibilidades de rotas em todas as direções, o que leva à conectividade e ao acesso facilitado aos destinos.
2 – Modere o tráfego
Intervenções no desenho viário são capazes de forçar os carros a reduzirem as velocidades de forma natural. Elas são especialmente importantes em regiões de intenso fluxo de pedestres, como perto de escolas, comércio, parques, centros comunitários, entre outros, e podem ainda transformar o visual das ruas. As medidas de moderação de trânsito apresentadas no guia são: lombadas, almofadas atenuadoras de velocidade, chicanas, afunilamentos, extensões de meio-fio, travessias de pedestre elevadas, minirrotatórias e rotatórias.A chicana – termo talvez inédito para muitos – nada mais é do que um desvio artificial que leva a uma redução na largura da via. As chicanas podem ser úteis em vias retas localizadas em longas quadras para evitar que veículos possam tomar maiores velocidades, já que os impedem fisicamente disso. Pontos de ônibus ou até locais de estacionamento de bicicletas podem ser usados nas chicanas para melhor aproveitamento dos espaços.
3 – Construa vias arteriais que garantam segurança para todos os usuários
Vias arteriais urbanas geralmente possuem mais faixas e altos volumes de tráfego, portanto, os carros andam em velocidades maiores. Isso contribui para que sejam locais com maior ocorrência de graves atropelamentos e colisões entre veículos. Intervenções certas podem mudar esse cenário. Faixas de travessia de pedestres, canteiros centrais, ilhas de refúgio no canteiro central, controle semafórico e equilíbrio de faixas são elementos sugeridos pela publicação.As ilhas de refúgio, por exemplo, são pequenos espaços localizados no centro das vias arteriais que garantem mais segurança aos pedestres que as atravessam. As ilhas delimitam melhor as faixas e fazem com que os pedestres lidem com apenas um sentido de tráfego de cada vez. Com esse tipo de instalação, segundo o guia, foi registrada uma redução no número de atropelamentos e de mortes de pedestres entre 57% e 82% nos Estados Unidos.
4 – Não ignore a necessidade de espaços dedicados às pessoas
Ao priorizar o transporte sustentável é preciso dar espaço de caminhabilidade para a população. O transporte ativo, a pé e por bicicleta, é cada vez mais importante para as cidades, que precisam adaptar o seu desenho urbano para isso. O guia sugere calçadas mais seguras, vias compartilhadas, ruas e zonas para pedestres, locais mais seguros para aprender e brincar, vias de lazer e minipraças para ajudar nesse objetivo.As minipraças funcionam como um local de encontro da comunidade e estimulam a atividade de pedestres. Elas podem ser originadas em espaços residuais ou mal utilizados por carros, geralmente quando se conecta vias diagonalmente. As instalações podem até mesmo ser temporárias, como experimentos para futuras instalações permanentes.
5 – Promova o pedalar
O uso da bicicleta é cada vez mais estimulado nas cidades devido aos inúmeros benefícios para a saúde dos usuários e do próprio planeta. “Nos últimos anos, muitas cidades brasileiras estão investindo na construção de ciclovias e ciclofaixas, e isso é fundamental para dar segurança aos ciclistas e para que a bicicleta seja cada vez mais usada como modo de transporte. Mas é preciso que essas ciclovias façam parte de uma rede bem conectada, que permita o acesso a diferentes locais da cidade e também a uma integração com outros modos de transporte”, destaca Marta.O guia contém um capítulo com temas-chave para promover condições mais seguras em um sistema de bicicletas a partir de instruções para malhas cicloviárias, ciclofaixas e ciclovias, trilhas fora das vias, vias compartilhada com bicicletas, segurança dos ciclistas nas interseções e nos pontos de ônibus e semáforos para bicicletas.
As vias compartilhadas são ruas de baixo volume de veículos e de baixo limite de velocidade que podem integrar ciclistas e automóveis. Essas regiões devem propiciar conectividade a destinos importantes e geram um ambiente mais agradável e silencioso. Elas demandam atenção especial em interseções e medidas de moderação de tráfego para limitar a velocidade dos veículos.
6 – Garanta acesso seguro ao transporte coletivo
Para que mais pessoas deixem de usar diariamente o carro como meio de transporte e passem a contar com o transporte coletivo, o uso desse último deve ser facilitado. Segundo o guia, os principais riscos à segurança em um corredor de transporte coletivo depende, principalmente, da sua geometria. O sexto princípio é tratado no último capítulo do guia, que busca ilustrar como aumentar a segurança em corredores prioritários de ônibus através de: interseções nos corredores de ônibus, travessias no meio de quadra, estações de BRT, terminais e transbordos. Mais orientações também podem ser encontradas no relatório Segurança Viária em Sistemas Prioritários para Ônibus, do WRI.Os corredores de ônibus podem se tornar uma barreira ao acesso de pedestres e também podem aumentar a probabilidade de os pedestres atravessarem sem proteção ou pularem sobre as barreiras. Travessias no meio das quadras devem ser oportunidades seguras para os pedestres atravessarem as vias. Elas podem evitar atropelamentos ou outros incidentes desde incluam elementos que garantam que os carros realmente parem para os pedestres. Em Porto Alegre, 93% dos atropelamentos ocorreram em locais no meio de quadra em comparação às interseções.
Optar pela vida das pessoas é o princípio que norteia as medidas apresentadas pela publicação O Desenho de Cidades Seguras. “É inaceitável que uma pessoa saia para o trabalho, ou que uma criança vá para a escola, e não retorne no fim do dia. É fundamental que as pessoas despertem para o tamanho do problema, o que ainda não aconteceu no Brasil, um país onde morrem mais de 120 pessoas no trânsito todos os dias e ainda pouco se faz para evitar essas mortes”, destaca Marta. A partir das práticas incentivadas no guia, os municípios podem obter orientações para melhor planejar seus espaços. “Ao implementar essas medidas, os gestores públicos estarão construindo vias e espaços públicos seguros e acessíveis para todos, ou seja, construindo cidades para as pessoas”, conclui Marta.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
Fonte: The City Fix Brasil
[Visto no Brasil Acadêmico]
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