Márcio Andrade Batista, professor universitário da Universidade Federal do Mato Grosso, é indicado à premiação que ocorrerá em Dubai.
Márcio Andrade Batista, professor universitário da Universidade Federal do Mato Grosso, é indicado à premiação que ocorrerá em Dubai.
Doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o Profº Márcio foi indicado pelo seu histórico de projetos educacionais ligados aos problemas sociais e ao tema da sustentabilidade.
Mas o currículo de Márcio terá uma qualificação inédita entre os educadores brasileiros. Ele está concorrendo ao “Global Teacher Prize”, um prêmio considerado como o "Nobel" da Educação e que é disputado por cinquenta educadores com ideias inovadoras e transformadoras da área da educação.
A Varkey Foundation criou o Global Teacher Prize em 2014, com o intuito de elevar o status da profissão do educador. Segundo o site oficial da premiação, o prêmio busca celebrar os melhores professores, aqueles que inspiram seus alunos e a comunidade ao seu redor, uma vez que a Fundação acredita que uma educação vibrante desperta e dá suporte a todo o potencial dos jovens.
O Global Teacher Prize é patrocinado pela Sua Alteza o Xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente e primeiro ministro dos Emirados Árabes Unidos e governador de Dubai. O prêmio destaca a importância da profissão de educador e simboliza o fato de que professores em todo o mundo merecem ser reconhecidos e celebrados. Além disso, o ganhador, além do reconhecimento, leva US$ 1 milhão para casa.
A seguir, trechos de entrevistas da nossa celebridade do ensino e aprendizagem nacional:
Como foi o processo para ser um dos classificados no Prêmio Nobel de Educação.
A Academia Londrina observa uma série de quesitos, entre eles, o impacto que o professor causa na sociedade em que está inserido, o impacto do professor na vida de outros professores. Por exemplo, qual foi minha contribuição para ajudar outros a entrar na profissão de professor, na docência. Eu tenho alunas que foram educadas por mim e que hoje são professoras também. As pesquisas feitas e o impacto social na comunidade também são requisitos. Fiz um trabalho voluntário em uma escola de ensino médio em 2011, 2012 com a Bianca Valeguzki de Oliveira, e ela ganhou o prêmio das mãos da presidente da República, que é o Jovem Cientista; um dos mais importantes da América Latina. Isso uma menina de 16 anos. Sempre faço a seguinte analogia: se você quer ver se um pedreiro é bom construtor, a gente olha o produto dele, que é uma casa. O produto de um professor é o aluno. Por isso, temos que olhar como estes alunos estão após passar pela nossa orientação. Temos alguns premiados.
Como funciona essa seleção?
É o que chamam na academia de memorial, as coisas que você fez que podem ser consideradas relevantes e contribuiu para o status da sua profissão.
Atendendo aos quesitos solicitados pela premiação, o senhor se inscreveu no prêmio ou foi indicado?
Tem duas opções: você pode se inscrever ou se autoindicar. No meu caso, eu recebi um e-mail e montei um memorial sobre a minha vida de docente e enviei à academia.
Foram quantos projetos desenvolvidos até hoje?
Nossa, mais de 50 projetos. Todos os alunos que eu orientei foram indicados a prêmios, alguns foram premiados e outros se tornaram professores.
O senhor já está produzindo novos inventos?
Já, estou produzindo a melhoria da lâmpada de Mozart, o filtro bactericida de casca de barú… tem muitas coisas que estou tocando simultaneamente.
O senhor nunca comercializou algum desses inventos?
Não, eu sou professor universitário, a universidade me paga para retribuir a sociedade, e é isso que eu faço.
A sociedade é grata ao senhor?
Eu não sei, não tenho esse retorno. Falando do prêmio Global Teacher Prize, foram 8 indicados americanos ao prêmio, eles foram recebidos pelo Obama, a indicada Argentina foi recebida na casa rosada, a indicada italiana foi recebida pelo primeiro ministro da Itália…
E o senhor foi recebido pela Dilma?
Não (risos), nem um tweet. Nem em Barra do Garças, nem um vereador, nada.
No Brasil falta incentivo para a ciência?
Acho que a ciência no Brasil está um pouco distante da realidade. Está longe das necessidades e anseios locais. A gente tem que separar as ciências: o que é uma ciência no ensino superior e o que é uma ciência no ensino médio. Eu não posso aplicar do mesmo jeito a mesma metodologia. O que eu acredito que chamou a atenção da academia é porque um professor universitário, que tem que fazer pesquisa dentro da universidade saiu do seu laboratório e foi lá no ensino médio. Procurar o que? Acho que isso contribuiu no meu currículo. Fui voluntário neste trabalho, e não precisa muita coisa para transformar. Com pouca coisa é possível fazer muita coisa. No Brasil, temos exemplos maravilhosos de ciências. Eu se fosse um governante, a primeira coisa que eu iria fazer era dar todo o subsídio para este cara transformar e fazer pesquisa .
Falta apoio do poder público para a ciência?
Acho que cada sociedade valoriza os seus ícones.
O Brasil valoriza o que?
Não tem glamour nenhum em ser professor, não é uma profissão de status, não é tão legal quanto ser um jogador de futebol por exemplo. Esse cara que ganhou o prêmio Puskas (gol mais bonito do ano) foi recebido em Goiânia com o aeroporto interditado, foi um golaço, mas você não vai ver essa mesma repercussão com um professor que fez um projeto bacana.
O que deve ser mudado no Brasil em relação a ciência?
Ciência é um processo de longo prazo e investimento, não adianta você pensar que vai investir hoje e daqui um ano terá resultado, estamos falando talvez de décadas de investimentos pesados em ciência. Valorização da carreira docente, valorização do pesquisador, aliás, o pesquisador não é uma profissão, não existe essa classificação aqui. Para você se tornar um pesquisador no Brasil, deve-se tornar professor universitário e aí sim você acaba fazendo pesquisa. Nos Estados Unidos você pode optar por ser pesquisador ou professor, aqui não, eu por lei sou obrigado a fazer extensão, pesquisa e ensino. Agora você acha que é fácil eu sozinho fazer tudo isso? Eu tenho que ir na sociedade enxergar os problemas que ela precisa e propor uma solução, tenho que ir no laboratório desenvolver uma pesquisa e publicar e tenho que ir para a sala de aula. Se eu pudesse focar só na pesquisa, com certeza a minha produtividade com relação a isso iria aumentar. Então nós temos um longo caminho a percorrer.
O senhor acredita que se ganhar o Prêmio, isto pode trazer alguma mudança para a sua carreira e para o Brasil?
Olha, eu acho que já está mudando. Já colocou o país em evidência, pois até o Washington Post fez uma matéria sobre a indicação e o trabalho que o Brasil vem fazendo. Se eu pudesse, eu sairia por todas as escolas do Brasil fazendo só isso. O Brasil tem muito potencial, tem muita massa crítica, nós temos recursos de biodiversidade para transformar, para fazer e se a gente tiver uma política de Estado de longo prazo, nós seremos a inveja do mundo.
Então, a expectativa é boa?
É boa, muito boa. O governo do Estado do Mato Grosso já está implantado um plano de desenvolvimento científico para o Estado. Então levar ciências às comunidades mais afastadas, às escolinhas de ensino médio, ao desenvolvimento técnico científico do Estado. Só a indicação fomentou e mexeu com uma cadeia de eventos enorme e agora que eu mais estou gostando é que a profissão professor parece que agora está dando um certo glamour.
Mas o currículo de Márcio terá uma qualificação inédita entre os educadores brasileiros. Ele está concorrendo ao “Global Teacher Prize”, um prêmio considerado como o "Nobel" da Educação e que é disputado por cinquenta educadores com ideias inovadoras e transformadoras da área da educação.
A Varkey Foundation criou o Global Teacher Prize em 2014, com o intuito de elevar o status da profissão do educador. Segundo o site oficial da premiação, o prêmio busca celebrar os melhores professores, aqueles que inspiram seus alunos e a comunidade ao seu redor, uma vez que a Fundação acredita que uma educação vibrante desperta e dá suporte a todo o potencial dos jovens.
O status dos professores em nossas culturas é fundamental para nosso futuro global.
Trecho retirado do site do Global Teacher Prize
O Global Teacher Prize é patrocinado pela Sua Alteza o Xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente e primeiro ministro dos Emirados Árabes Unidos e governador de Dubai. O prêmio destaca a importância da profissão de educador e simboliza o fato de que professores em todo o mundo merecem ser reconhecidos e celebrados. Além disso, o ganhador, além do reconhecimento, leva US$ 1 milhão para casa.
A seguir, trechos de entrevistas da nossa celebridade do ensino e aprendizagem nacional:
Como foi o processo para ser um dos classificados no Prêmio Nobel de Educação.
A Academia Londrina observa uma série de quesitos, entre eles, o impacto que o professor causa na sociedade em que está inserido, o impacto do professor na vida de outros professores. Por exemplo, qual foi minha contribuição para ajudar outros a entrar na profissão de professor, na docência. Eu tenho alunas que foram educadas por mim e que hoje são professoras também. As pesquisas feitas e o impacto social na comunidade também são requisitos. Fiz um trabalho voluntário em uma escola de ensino médio em 2011, 2012 com a Bianca Valeguzki de Oliveira, e ela ganhou o prêmio das mãos da presidente da República, que é o Jovem Cientista; um dos mais importantes da América Latina. Isso uma menina de 16 anos. Sempre faço a seguinte analogia: se você quer ver se um pedreiro é bom construtor, a gente olha o produto dele, que é uma casa. O produto de um professor é o aluno. Por isso, temos que olhar como estes alunos estão após passar pela nossa orientação. Temos alguns premiados.
Como funciona essa seleção?
É o que chamam na academia de memorial, as coisas que você fez que podem ser consideradas relevantes e contribuiu para o status da sua profissão.
Atendendo aos quesitos solicitados pela premiação, o senhor se inscreveu no prêmio ou foi indicado?
Tem duas opções: você pode se inscrever ou se autoindicar. No meu caso, eu recebi um e-mail e montei um memorial sobre a minha vida de docente e enviei à academia.
Foram quantos projetos desenvolvidos até hoje?
Nossa, mais de 50 projetos. Todos os alunos que eu orientei foram indicados a prêmios, alguns foram premiados e outros se tornaram professores.
O senhor já está produzindo novos inventos?
Já, estou produzindo a melhoria da lâmpada de Mozart, o filtro bactericida de casca de barú… tem muitas coisas que estou tocando simultaneamente.
O senhor nunca comercializou algum desses inventos?
Não, eu sou professor universitário, a universidade me paga para retribuir a sociedade, e é isso que eu faço.
A sociedade é grata ao senhor?
Eu não sei, não tenho esse retorno. Falando do prêmio Global Teacher Prize, foram 8 indicados americanos ao prêmio, eles foram recebidos pelo Obama, a indicada Argentina foi recebida na casa rosada, a indicada italiana foi recebida pelo primeiro ministro da Itália…
E o senhor foi recebido pela Dilma?
Não (risos), nem um tweet. Nem em Barra do Garças, nem um vereador, nada.
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Exemplo de projeto desenvolvido pelo Profº MárcioNo Brasil falta incentivo para a ciência?
Acho que a ciência no Brasil está um pouco distante da realidade. Está longe das necessidades e anseios locais. A gente tem que separar as ciências: o que é uma ciência no ensino superior e o que é uma ciência no ensino médio. Eu não posso aplicar do mesmo jeito a mesma metodologia. O que eu acredito que chamou a atenção da academia é porque um professor universitário, que tem que fazer pesquisa dentro da universidade saiu do seu laboratório e foi lá no ensino médio. Procurar o que? Acho que isso contribuiu no meu currículo. Fui voluntário neste trabalho, e não precisa muita coisa para transformar. Com pouca coisa é possível fazer muita coisa. No Brasil, temos exemplos maravilhosos de ciências. Eu se fosse um governante, a primeira coisa que eu iria fazer era dar todo o subsídio para este cara transformar e fazer pesquisa .
Falta apoio do poder público para a ciência?
Acho que cada sociedade valoriza os seus ícones.
O Brasil valoriza o que?
Não tem glamour nenhum em ser professor, não é uma profissão de status, não é tão legal quanto ser um jogador de futebol por exemplo. Esse cara que ganhou o prêmio Puskas (gol mais bonito do ano) foi recebido em Goiânia com o aeroporto interditado, foi um golaço, mas você não vai ver essa mesma repercussão com um professor que fez um projeto bacana.
O que deve ser mudado no Brasil em relação a ciência?
Ciência é um processo de longo prazo e investimento, não adianta você pensar que vai investir hoje e daqui um ano terá resultado, estamos falando talvez de décadas de investimentos pesados em ciência. Valorização da carreira docente, valorização do pesquisador, aliás, o pesquisador não é uma profissão, não existe essa classificação aqui. Para você se tornar um pesquisador no Brasil, deve-se tornar professor universitário e aí sim você acaba fazendo pesquisa. Nos Estados Unidos você pode optar por ser pesquisador ou professor, aqui não, eu por lei sou obrigado a fazer extensão, pesquisa e ensino. Agora você acha que é fácil eu sozinho fazer tudo isso? Eu tenho que ir na sociedade enxergar os problemas que ela precisa e propor uma solução, tenho que ir no laboratório desenvolver uma pesquisa e publicar e tenho que ir para a sala de aula. Se eu pudesse focar só na pesquisa, com certeza a minha produtividade com relação a isso iria aumentar. Então nós temos um longo caminho a percorrer.
O sonho mesmo seria você ver um garotinho ou uma menininha falar “quando eu crescer, quero ser cientista ou pesquisador”.
O senhor acredita que se ganhar o Prêmio, isto pode trazer alguma mudança para a sua carreira e para o Brasil?
Olha, eu acho que já está mudando. Já colocou o país em evidência, pois até o Washington Post fez uma matéria sobre a indicação e o trabalho que o Brasil vem fazendo. Se eu pudesse, eu sairia por todas as escolas do Brasil fazendo só isso. O Brasil tem muito potencial, tem muita massa crítica, nós temos recursos de biodiversidade para transformar, para fazer e se a gente tiver uma política de Estado de longo prazo, nós seremos a inveja do mundo.
Então, a expectativa é boa?
É boa, muito boa. O governo do Estado do Mato Grosso já está implantado um plano de desenvolvimento científico para o Estado. Então levar ciências às comunidades mais afastadas, às escolinhas de ensino médio, ao desenvolvimento técnico científico do Estado. Só a indicação fomentou e mexeu com uma cadeia de eventos enorme e agora que eu mais estou gostando é que a profissão professor parece que agora está dando um certo glamour.
Por que existem vídeos na internet, por exemplo, de como responder o seu professor. O vídeo ensina o aluno a destratar o professor; é um desserviço.
O professor de vocação mesmo, ele quer o bem-estar do seu aluno. O objetivo dele não é reprovar uma sala inteira. É ver o seu aluno se posicionar, se encaixar, dar resultado. Esse tipo de vídeo teve seis milhões de acessos e 350 mil likes. Aí eu me pergunto: isso educa? Isso é um desserviço à imagem do professor e atitudes assim só servem para deixar a profissão em uma situação mais delicada ainda.
Parte da culpa pelas nossas crianças e adolescentes não se interessarem por ciência é da mídia?
Eu gostaria de ver as grandes conquistas brasileiras aparecendo na TV, no jornal… a mídia poderia dar uma contribuição gigantesca para popularizar a ciência, a inovação e contribuir com a valorização da carreira docente e do pesquisador. Você já ouviu falar da Bianca, que ganhou o prêmio jovem cientista? Sendo a primeira Mato-grossense a ganhar o prêmio em 26 anos de história?
Não conhecia…
Foi a primeira do Mato Grosso, um prêmio que existe há 26 anos. Você não vê muito prazer pela ciência no Brasil. Se você digitar no “youtube” o nome “Kéfera”, vai ver vídeos com mais de 4 milhões de acessos, mais de 350 mil “likes” por vídeo. Se eu fizer um vídeo explicando o processo de fabricação da casca de castanha, que isso pode gerar um material de sustentabilidade, de baixo custo, de benefício… se eu tiver 100 likes é um efeito histórico. Eu assisti a entrevista do primeiro ministro de Portugal, cortaram ele para mostrar um jogador chegando no aeroporto. Eu gosto de futebol, adoro futebol, mas temos que colocar cada coisa no seu devido grau de importância.
Uma profissão sem Glamour e sem grandes retornos financeiros. O senhor sempre quis ser professor?
Sim, eu tive a influência de grandes professores que sabem muito bem o que é ciência, além de saber ensinar o que é ciência. Então eu já queria isso mesmo, eu fui apresentado a várias opções, mas escolhi ser professor.
Se fosse para escolher um país a fim de atuar como professor, qual país o senhor escolheria?
Brasil, sou brasileiro, gosto da terra, e já vou especificar, escolho a região em que estou. Sou Paulista. Fui convidado para dar uma palestra uma vez para uma turma de pós graduação da Univar (faculdade particular de Barra do Garças) e o pessoal falava assim, “Barra do Garças não tem opção”. Fiz uma experiência, fiquei uma semana na cidade, voltei e falei “gente, vocês estão em cima de uma mina de ouro, como não tem opções? A cidade tem um rio maravilhoso, você pode desenvolver a indústria pesqueira, você tem terra, você tem fruta, tem babaçu, barú, copaíba, mangaba. O que mais que precisa?” Eu olho e enxergo centenas de oportunidades nessa cidade, mas você tem que colocar a mão na massa e fazer acontecer.
A universidade remunera o senhor pelas pesquisas?
Não, pelo contrário, muitas vezes eu tiro dinheiro do meu bolso para bancar a pesquisa
O senhor gosta do conceito de universidade pública?
Gosto, mas a sociedade não sabe aproveitar a universidade. Enquanto existir o conceito de que a universidade é só para servir um grupo de pessoas que vão formar e ganhar dinheiro, nós estaremos andando por um caminho errado. A sociedade tem que dar uma despertada, por exemplo, vamos supor que eu tenho um açougue, preciso processar a carne, cortar, que tipo de embalagem eu vou colocar? Vai na universidade buscar ajuda, a universidade está lá para atender a sociedade. Em 5 anos de instituição eu nunca vi alguém bater na minha porta e dizer assim “eu sou um produtor de leite e quero agregar valor ao meu produto, me ajude a desenvolver uma bebida láctea?” Sim, é o meu papel, e eu não posso cobrar por isso, porque o estado já me paga para fazer isso. Esse tipo de coisa ainda precisa se espalhar um pouco mais.
Fonte: Cenário MT, Notas e Prosas, Global Teacher Prize
[Visto no Brasil Acadêmico]
Parte da culpa pelas nossas crianças e adolescentes não se interessarem por ciência é da mídia?
Eu gostaria de ver as grandes conquistas brasileiras aparecendo na TV, no jornal… a mídia poderia dar uma contribuição gigantesca para popularizar a ciência, a inovação e contribuir com a valorização da carreira docente e do pesquisador. Você já ouviu falar da Bianca, que ganhou o prêmio jovem cientista? Sendo a primeira Mato-grossense a ganhar o prêmio em 26 anos de história?
Não conhecia…
Foi a primeira do Mato Grosso, um prêmio que existe há 26 anos. Você não vê muito prazer pela ciência no Brasil. Se você digitar no “youtube” o nome “Kéfera”, vai ver vídeos com mais de 4 milhões de acessos, mais de 350 mil “likes” por vídeo. Se eu fizer um vídeo explicando o processo de fabricação da casca de castanha, que isso pode gerar um material de sustentabilidade, de baixo custo, de benefício… se eu tiver 100 likes é um efeito histórico. Eu assisti a entrevista do primeiro ministro de Portugal, cortaram ele para mostrar um jogador chegando no aeroporto. Eu gosto de futebol, adoro futebol, mas temos que colocar cada coisa no seu devido grau de importância.
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Na verdade, a interrupção à entrevista do ex-premiê português foi causada pela chegada do técnico José Mourinho. Mas já entendemos o ponto...Uma profissão sem Glamour e sem grandes retornos financeiros. O senhor sempre quis ser professor?
Sim, eu tive a influência de grandes professores que sabem muito bem o que é ciência, além de saber ensinar o que é ciência. Então eu já queria isso mesmo, eu fui apresentado a várias opções, mas escolhi ser professor.
Se fosse para escolher um país a fim de atuar como professor, qual país o senhor escolheria?
Brasil, sou brasileiro, gosto da terra, e já vou especificar, escolho a região em que estou. Sou Paulista. Fui convidado para dar uma palestra uma vez para uma turma de pós graduação da Univar (faculdade particular de Barra do Garças) e o pessoal falava assim, “Barra do Garças não tem opção”. Fiz uma experiência, fiquei uma semana na cidade, voltei e falei “gente, vocês estão em cima de uma mina de ouro, como não tem opções? A cidade tem um rio maravilhoso, você pode desenvolver a indústria pesqueira, você tem terra, você tem fruta, tem babaçu, barú, copaíba, mangaba. O que mais que precisa?” Eu olho e enxergo centenas de oportunidades nessa cidade, mas você tem que colocar a mão na massa e fazer acontecer.
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Não, pelo contrário, muitas vezes eu tiro dinheiro do meu bolso para bancar a pesquisa
O senhor gosta do conceito de universidade pública?
Gosto, mas a sociedade não sabe aproveitar a universidade. Enquanto existir o conceito de que a universidade é só para servir um grupo de pessoas que vão formar e ganhar dinheiro, nós estaremos andando por um caminho errado. A sociedade tem que dar uma despertada, por exemplo, vamos supor que eu tenho um açougue, preciso processar a carne, cortar, que tipo de embalagem eu vou colocar? Vai na universidade buscar ajuda, a universidade está lá para atender a sociedade. Em 5 anos de instituição eu nunca vi alguém bater na minha porta e dizer assim “eu sou um produtor de leite e quero agregar valor ao meu produto, me ajude a desenvolver uma bebida láctea?” Sim, é o meu papel, e eu não posso cobrar por isso, porque o estado já me paga para fazer isso. Esse tipo de coisa ainda precisa se espalhar um pouco mais.
Fonte: Cenário MT, Notas e Prosas, Global Teacher Prize
[Visto no Brasil Acadêmico]
Graças a Deus ainda temos grandes brasileiros como este professor!
ResponderExcluirApoiado! Penso assim também. São ações avulsas, descoladas da política oficial. Um tanto heróicas mas ao mesmo tempo inspiradoras e merecedoras de incentivo.
ExcluirSer educador no Brasil tem dois caminhos:
ResponderExcluir1 - O do professor na matéria, que passa a ser só mais um incomodo para o governo dos vermes vermelhos idiotizantes e seus amigos da "mídia"...
2 - Virar um "velho safana sem caráter" e ser "patrono da enducassão" e adorado pelos palhaços que se dizem professores mas só sabem doutrinar as crianças...