O designer Tom Uglow cria um futuro em que o amor que a humanidade sente pelas soluções naturais e ferramentas simples podem coexistir com a...
O designer Tom Uglow cria um futuro em que o amor que a humanidade sente pelas soluções naturais e ferramentas simples podem coexistir com a nossa necessidade da informação, e os dispositivos de acesso. "A realidade é mais rica que as telas", diz ele. "Podemos ter um lugar feliz cheio de informação que amamos, que sentimos ser tão natural como acender a luz.”
Quero começar pedindo a todos que pensem no seu lugar feliz. Sim, seu lugar feliz, sei que têm um, ainda que seja falso.
(Risos)
Estão confortáveis? Ótimo.
Agora quero que mentalmente respondam às seguintes perguntas: tem alguma lâmpada fluorescente no seu lugar feliz? Mesas de plástico? Piso de poliéster? Celulares? Não? Creio que nós todos sabemos que nosso lugar feliz deveria ser natural, ao ar livre, numa praia, ou perto da lareira. Estaríamos lendo, comendo, ou fazendo tricô. E estamos cercados de luz natural e de elementos orgânicos. As coisas naturais nos fazem felizes, e a felicidade é uma grande motivação; nós estamos em busca da felicidade. Talvez por isso estamos sempre redesenhando tudo, na esperança de que nossas soluções pareçam mais naturais. Vamos começar a partir da ideia de que um bom design proporciona uma sensação natural.
O celular não é muito natural. E provavelmente acham que são viciados em celulares, mas não são não. Não somos viciados nos dispositivos, somos viciados na informação que circula através deles. Eu me pergunto quanto tempo ficariam felizes neste lugar feliz, sem nenhuma informação externa. Quero saber como acessamos esta informação, como a experimentamos. Estamos saindo de uma era de informação estática, guardada em livros, bibliotecas, e pontos de ônibus, ao longo de um período de informação digital, em direção a um período de informação fluída, em que seus filhos esperam acessar tudo, em qualquer lugar, a todo momento, desde a física quântica até a viticultura medieval, desde a teoria do gênero até o tempo de amanhã, como o acender a luz, imaginem só.
Nós humanos gostamos das ferramentas simples. O celular não é uma ferramenta simples. O garfo é uma ferramenta simples.
(Risos)
Nós não gostamos que sejam de plástico. Do mesmo modo, eu não gosto muito do meu celular… não é assim que quero experimentar a informação.
Creio que haja soluções melhores do que um mundo mediado por telas. Eu não odeio telas, mas não sinto… e não acredito que ninguém acha bom passar tanto tempo curvados diante de uma tela. Felizmente, as grandes empresas tecnológicas parecem estar de acordo, e estão investindo muito em toque, fala e gestos, e também nos sentidos; em coisas que podem transformar objetos mudos, como copos, e implantar neles a magia da Internet, com o potencial de converter esta nuvem digital em algo que se possa tocar e mover.
Os pais preocupados com o tempo de uso da tela precisam de brinquedos digitais físicos, que ensinam os filhos a ler, bem como lojas de aplicativos seguras para a família. E creio que isto já está acontecendo.
A realidade é mais rica que as telas. Por exemplo, eu adoro livros. Para mim eles são máquinas do tempo, átomos e moléculas ligados no espaço, a partir do momento da sua criação até o momento da minha experiência. Mas, francamente, o conteúdo é idêntico no meu celular. Então, o que faz esta experiência ser mais agradável do que uma tela, digo, cientificamente? É claro que precisamos de telas. Eu preciso de uma tela enorme para mostrar um filme. Mas podemos fazer mais com estas caixas mágicas. O celular não é a polícia da moda da Internet.
(Risos)
Nós podemos construir coisas concretas, usando a física e pixels, que podem integrar a Internet ao mundo ao nosso redor. Aqui estão alguns exemplos.
Um tempo atrás, eu trabalhei com a Berg, uma agência de design, explorando como seria a Internet sem as telas. Eles nos mostraram várias maneiras como a luz pode funcionar com sensos simples e objetos físicos para realmente dar vida à Internet, torná-la tangível. Como o player do YouTube, tão maravilhosamente mecânico. E isto foi uma inspiração para mim.
Depois eu fui trabalhar para a AQ, uma agência japonesa, em um projeto sobre a saúde mental. Nós queríamos criar um objeto que pudesse capturar dados subjetivos no que concerne a mudanças de humor, tão essencial para um diagnóstico. Este objeto capta o toque, e podem pressioná-lo com força se estiverem com raiva, ou o acariciar se estiverem calmos. É como uma vara de emoji digital. Depois podemos rever estes momentos, e incluir um contexto on-line. Acima de tudo, queríamos criar algo íntimo, bonito, que pudesse viver no seu bolso e ser amado.
Este binóculo foi um presente de aniversário pelos 40 anos da casa da Ópera de Sydney. Nossos amigos de Tellart em Boston trouxeram este binóculo, do tipo que se vê no Empire State Building, e o instalaram com uma vista de 360 graus de outros locais com patrimônios mundiais icônicos…
(Risos)
usando "Street View", e o colocamos sob degraus. Então tornaram-se uma reapropriação muito real e simples, ou um portal para os outros ícones. Portanto, podemos ver Versalhes ou a cabana de Shackleton. Basicamente, é realidade virtual de 1955.
(Risos)
Nós usamos saquinhos com areia no nosso escritório para trocar URLs. Isto é tão simples, quanto o "Opal Card". Em resumo, você coloca um site neste pequeno chip, aí você faz isto… simples, e o site aparece no seu celular. Ele custa cerca de dez centavos.
Estamos trabalhando no projeto Treehugger com “Grumpy Sailor” e “Finch”, aqui em Sydney. Estou muito animado com a possibilidade de que quando desmontarmos celulares e colocarmos suas partes nas árvores, ela sirva de ensejo para meus filhos visitarem uma floresta encantada, guiados por uma varinha de condão, onde possam conversar com fadas digitais, fazer perguntas, e, em troca, responder perguntas. Como podem ver, ainda estamos na fase de papelão.
(Risos)
Mas, estou muito animado com o prospeto de levar a criançada para o ar livre, sem telas, mas, com toda a magia poderosa da Internet ao seu alcance. Planejamos ter algo como isto funcionando até o fim do ano.
Então, vamos recapitular. Os humanos gostam das soluções naturais. Os humanos adoram informação. Eles precisam das ferramentas simples. Esses princípios deveriam ser a base de como projetamos para o futuro, não apenas para a Internet. Talvez sintam-se inseguros com as mudanças da era da informação. Talvez sintam-se desafiados em vez de entusiasmados. Sabem o quê? Eu me sinto assim também. Este é um período extraordinário da história humana.
Na realidade, somos nós que construímos o nosso mundo, não há inteligência artificial… ainda.
(Risos)
Somos nós, projetistas, arquitetos, artistas e engenheiros. E, se desafiarmos a nós mesmos, creio que vamos conseguir um lugar feliz de verdade, cheio de informação que amamos, que sentimos ser tão natural e simples como acender a luz. Ainda que seja inevitável, que as pessoas queiram relógios, sites da Internet e "widgets", talvez pudéssemos pensar em cortiça, luz e saquinhos de areia.
Muitíssimo obrigado.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Quero começar pedindo a todos que pensem no seu lugar feliz. Sim, seu lugar feliz, sei que têm um, ainda que seja falso.
(Risos)
Estão confortáveis? Ótimo.
Agora quero que mentalmente respondam às seguintes perguntas: tem alguma lâmpada fluorescente no seu lugar feliz? Mesas de plástico? Piso de poliéster? Celulares? Não? Creio que nós todos sabemos que nosso lugar feliz deveria ser natural, ao ar livre, numa praia, ou perto da lareira. Estaríamos lendo, comendo, ou fazendo tricô. E estamos cercados de luz natural e de elementos orgânicos. As coisas naturais nos fazem felizes, e a felicidade é uma grande motivação; nós estamos em busca da felicidade. Talvez por isso estamos sempre redesenhando tudo, na esperança de que nossas soluções pareçam mais naturais. Vamos começar a partir da ideia de que um bom design proporciona uma sensação natural.
O celular não é muito natural. E provavelmente acham que são viciados em celulares, mas não são não. Não somos viciados nos dispositivos, somos viciados na informação que circula através deles. Eu me pergunto quanto tempo ficariam felizes neste lugar feliz, sem nenhuma informação externa. Quero saber como acessamos esta informação, como a experimentamos. Estamos saindo de uma era de informação estática, guardada em livros, bibliotecas, e pontos de ônibus, ao longo de um período de informação digital, em direção a um período de informação fluída, em que seus filhos esperam acessar tudo, em qualquer lugar, a todo momento, desde a física quântica até a viticultura medieval, desde a teoria do gênero até o tempo de amanhã, como o acender a luz, imaginem só.
Nós humanos gostamos das ferramentas simples. O celular não é uma ferramenta simples. O garfo é uma ferramenta simples.
(Risos)
Nós não gostamos que sejam de plástico. Do mesmo modo, eu não gosto muito do meu celular… não é assim que quero experimentar a informação.
Creio que haja soluções melhores do que um mundo mediado por telas. Eu não odeio telas, mas não sinto… e não acredito que ninguém acha bom passar tanto tempo curvados diante de uma tela. Felizmente, as grandes empresas tecnológicas parecem estar de acordo, e estão investindo muito em toque, fala e gestos, e também nos sentidos; em coisas que podem transformar objetos mudos, como copos, e implantar neles a magia da Internet, com o potencial de converter esta nuvem digital em algo que se possa tocar e mover.
Os pais preocupados com o tempo de uso da tela precisam de brinquedos digitais físicos, que ensinam os filhos a ler, bem como lojas de aplicativos seguras para a família. E creio que isto já está acontecendo.
A realidade é mais rica que as telas. Por exemplo, eu adoro livros. Para mim eles são máquinas do tempo, átomos e moléculas ligados no espaço, a partir do momento da sua criação até o momento da minha experiência. Mas, francamente, o conteúdo é idêntico no meu celular. Então, o que faz esta experiência ser mais agradável do que uma tela, digo, cientificamente? É claro que precisamos de telas. Eu preciso de uma tela enorme para mostrar um filme. Mas podemos fazer mais com estas caixas mágicas. O celular não é a polícia da moda da Internet.
(Risos)
Nós podemos construir coisas concretas, usando a física e pixels, que podem integrar a Internet ao mundo ao nosso redor. Aqui estão alguns exemplos.
Um tempo atrás, eu trabalhei com a Berg, uma agência de design, explorando como seria a Internet sem as telas. Eles nos mostraram várias maneiras como a luz pode funcionar com sensos simples e objetos físicos para realmente dar vida à Internet, torná-la tangível. Como o player do YouTube, tão maravilhosamente mecânico. E isto foi uma inspiração para mim.
Depois eu fui trabalhar para a AQ, uma agência japonesa, em um projeto sobre a saúde mental. Nós queríamos criar um objeto que pudesse capturar dados subjetivos no que concerne a mudanças de humor, tão essencial para um diagnóstico. Este objeto capta o toque, e podem pressioná-lo com força se estiverem com raiva, ou o acariciar se estiverem calmos. É como uma vara de emoji digital. Depois podemos rever estes momentos, e incluir um contexto on-line. Acima de tudo, queríamos criar algo íntimo, bonito, que pudesse viver no seu bolso e ser amado.
Este binóculo foi um presente de aniversário pelos 40 anos da casa da Ópera de Sydney. Nossos amigos de Tellart em Boston trouxeram este binóculo, do tipo que se vê no Empire State Building, e o instalaram com uma vista de 360 graus de outros locais com patrimônios mundiais icônicos…
(Risos)
usando "Street View", e o colocamos sob degraus. Então tornaram-se uma reapropriação muito real e simples, ou um portal para os outros ícones. Portanto, podemos ver Versalhes ou a cabana de Shackleton. Basicamente, é realidade virtual de 1955.
(Risos)
Nós usamos saquinhos com areia no nosso escritório para trocar URLs. Isto é tão simples, quanto o "Opal Card". Em resumo, você coloca um site neste pequeno chip, aí você faz isto… simples, e o site aparece no seu celular. Ele custa cerca de dez centavos.
Estamos trabalhando no projeto Treehugger com “Grumpy Sailor” e “Finch”, aqui em Sydney. Estou muito animado com a possibilidade de que quando desmontarmos celulares e colocarmos suas partes nas árvores, ela sirva de ensejo para meus filhos visitarem uma floresta encantada, guiados por uma varinha de condão, onde possam conversar com fadas digitais, fazer perguntas, e, em troca, responder perguntas. Como podem ver, ainda estamos na fase de papelão.
(Risos)
Mas, estou muito animado com o prospeto de levar a criançada para o ar livre, sem telas, mas, com toda a magia poderosa da Internet ao seu alcance. Planejamos ter algo como isto funcionando até o fim do ano.
Então, vamos recapitular. Os humanos gostam das soluções naturais. Os humanos adoram informação. Eles precisam das ferramentas simples. Esses princípios deveriam ser a base de como projetamos para o futuro, não apenas para a Internet. Talvez sintam-se inseguros com as mudanças da era da informação. Talvez sintam-se desafiados em vez de entusiasmados. Sabem o quê? Eu me sinto assim também. Este é um período extraordinário da história humana.
Na realidade, somos nós que construímos o nosso mundo, não há inteligência artificial… ainda.
(Risos)
Somos nós, projetistas, arquitetos, artistas e engenheiros. E, se desafiarmos a nós mesmos, creio que vamos conseguir um lugar feliz de verdade, cheio de informação que amamos, que sentimos ser tão natural e simples como acender a luz. Ainda que seja inevitável, que as pessoas queiram relógios, sites da Internet e "widgets", talvez pudéssemos pensar em cortiça, luz e saquinhos de areia.
Muitíssimo obrigado.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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