A difícil, e ao mesmo tempo divertida, aventura de uma mãe tendo aquela "conversa" sobre sexo com sua filha em tempos de internet....
A difícil, e ao mesmo tempo divertida, aventura de uma mãe tendo aquela "conversa" sobre sexo com sua filha em tempos de internet.
Eu me lembro, meio vagamente, de uma lição de inglês do CCAA décadas atrás onde uma garotinha, com a cara mais inocente desse mundo pergunta para seu avô: - De onde nós viemos?
Desconcertado, ele começa com algo do tipo: - Uma cegonha...
Aí, eu me lembro como se fosse hoje, a minha professora de descendência asiática lidando com os controles de rebobinar e tocar de seu moderníssimo gravador de fitas K7 que sincronizava as falas com os slides do projetor (sim, isso é meio pré-histórico, mas recordar é viver) da antiga unidade da Avenida Contorno (oficialmente José Lourenço Dias) em Anápolis-GO, ao lado da revenda de motos da Yamaha (ambas os comércios devidamente fechados).
Pois o que importa aqui, depois desse momento nostálgico, é que era uma pergunta tão desconcertante quanto seria hoje. A menininha da lição, de uns oito anos no máximo, mas muito moderninha já rebate com um topspin no fígado no slide seguinte:
Pois imagine hoje, com toda essa informação disponível, como seria uma conversa desse tipo. Não precisa mais imaginar, a transcrição a seguir conta como Julia Sweeney lidou com a situação e até onde isso pode nos levar:
Tenho uma filha, Mulan. E quando ela tinha oito anos, no ano passado, ela estava fazendo um trabalho para a escola, ou ela tinha uma lição de casa sobre sapos. E nós estávamos num restaurante. E ela disse, "Então, basicamente, os sapos põem ovos e os ovos se transformam em girinos, e girinos se transformam em sapos."
E eu disse, "Sim. Você sabe, eu não sei grande coisa sobre reprodução de sapos. São as fêmeas, creio eu, que põem os ovos. E então os machos os fertilizam. E daí eles se transformam em girinos e sapos."
E ela perguntou, "O quê? Só as fêmeas têm ovos?"
E eu respondi, "Sim."
E ela continuou, "E o que é essa fertilização?"
E eu respondi algo como, "Ah, é um ingrediente extra, você sabe, que é preciso para criar um novo sapo a partir da mamãe sapa e do papai sapo."
E ela disse, "Ah, então isso é verdade para seres humanos também?"
E eu pensei, "Bem, aqui vamos nós." Eu não imaginava que isso aconteceria tão depressa, com oito anos. Eu estava tentando lembrar-me de todos aqueles manuais, e tudo que consegui lembrar foi, "Responda apenas a pergunta que eles estão fazendo. Não dê informações a mais." Então eu disse, "Sim."
E ela respondeu, " E onde é, onde as mulheres humanas, onde as mulheres humanas põem seus ovos?"
E eu disse, "Bem, engraçado que você pergunte isso. Nós evoluímos a ponto de termos nosso próprio lago. Nós temos nosso próprio lago dentro de nossos corpos. E pomos nossos ovos lá. Nós não precisamos nos preocupar com outros ovos ou algo parecido. É nosso próprio lago. É assim que acontece."
E ela continuou, "Então como eles são fertilizados?"
E eu respondi, "Bem, Os homens, usando os pênis deles, eles fertilizam os ovos com o esperma que sai. Passando através da vagina da mulher."
E então nós estávamos comendo, quando ela ficou de queixo caído, e ela disse, "Mãe! No lugar por onde a gente faz no banheiro?"
E eu disse, "Eu sei. Eu sei." (Risos) É assim que nós evoluímos. Parece mesmo esquisito. É meio parecido com uma estação de tratamento de esgoto bem ao lado de um parque de diversões. Zoneamento mal feito. Mas...
Ela faz uma cara de "O quê?" E continua, "Mas mãe, mas os homens e as mulheres nem podem se ver nus, mãe. Então como isso pode acontecer?"
E então coloquei meu chapéu de Margaret Mead. "Os machos e fêmeas da espécie humana desenvolvem uma ligação especial, e quando eles são muito mais velhos, muito, muito mais velhos que você, e eles têm um sentimento muito especial, então eles podem ficar nus juntos."
E ela disse, "Mãe, você já fez isso?"
E eu respondi, "Sim."
E ela disse, "Mas mamãe, você não pode ter filhos." Porque ela sabe que eu a adotei e que não sou capaz de ter filhos.
E eu respondi, "Sim."
E ela falou, "Bem, você não precisa fazer isso novamente."
E então eu disse, "..."
E ela disse, "Mas como acontece quando um homem e uma mulher estão juntos? Por exemplo, como eles sabem que é a hora certa? Mãe, será que o homem simplesmente diz, 'Será que está na hora de tirar minhas calças?' "
(Risos)
E eu respondi, "Sim." (Risos) "É exatamente assim. É exatamente assim que acontece."
E então, no carro, de volta para casa, ela estava olhando pela janela e disse, "Mãe, e se duas pessoas simplesmente se encontrassem na rua, um homem e uma mulher, e eles simplesmente começassem a fazer aquilo. Será que isso pode acontecer?"
E eu respondi, Oh, não. Os seres humanos são tão discretos. Oh, não."
E então ela continuou, "E se houvesse uma espécie de festa. E houvesse um monte de meninas e um monte de meninos. E se houvesse um monte de homens e um monte de mulheres e eles simplesmente começassem a fazer aquilo, mãe? Será que isso poderia acontecer?"
E daí eu disse, "Oh, não, não. Não é assim que nós fazemos isso."
Então chegamos em casa e vimos o gato. E ela disse, "Mãe, como é que os gatos fazem ?"
E eu digo, "Oh, é do mesmo jeito. É basicamente do mesmo jeito."
E ela ficou toda preocupada com as pernas. "Mas como eles fazem com as pernas, mãe. Eu não entendo as pernas." Ela continua, "Mamãe, nem todos conseguem fazer espacate."
E eu digo, "Eu sei, mas as pernas..." Mais ou menos assim, "As pernas se ajeitam."
E ela diz, "Mas eu não consigo entender isso."
Então eu digo, "Sabe de uma coisa, porque não entramos na internet, e quem sabe conseguimos ver..." quem sabe na Wikipedia.
E assim entramos online, e digitamo "gatos acasalando". E, infelizmente, no Youtube, há muitos vídeos de gatos acasalando. E nós assistimos, e eu estava tão agradecida, porque ela ficou assim, "Puxa! Isso é tão fantástico." E ela continuou, "E os cachorros?" E então digitamos cachorros acasalando, e sabem como é, nós estamos assistindo aquilo, e ela está completamente envolvida.
E ela continuou, "Mãe, você acha que eles teriam na Internet, seres humanos acasalando?" (Risos) E então eu percebi que Eu tinha tomado minha garotinha de oito anos pela mão, e a tinha levado diretamente à pornografia na Internet.
E daí eu olhei para aquela carinha confiante e amorosa, e disse "Oh, não. Isso não aconteceria de modo algum."
Muito obrigada.
(Aplausos)
Muito obrigada.
(Aplausos)
Obrigada. Estou muito feliz por estar aqui.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
Eu me lembro, meio vagamente, de uma lição de inglês do CCAA décadas atrás onde uma garotinha, com a cara mais inocente desse mundo pergunta para seu avô: - De onde nós viemos?
Desconcertado, ele começa com algo do tipo: - Uma cegonha...
Aí, eu me lembro como se fosse hoje, a minha professora de descendência asiática lidando com os controles de rebobinar e tocar de seu moderníssimo gravador de fitas K7 que sincronizava as falas com os slides do projetor (sim, isso é meio pré-histórico, mas recordar é viver) da antiga unidade da Avenida Contorno (oficialmente José Lourenço Dias) em Anápolis-GO, ao lado da revenda de motos da Yamaha (ambas os comércios devidamente fechados).
Pois o que importa aqui, depois desse momento nostálgico, é que era uma pergunta tão desconcertante quanto seria hoje. A menininha da lição, de uns oito anos no máximo, mas muito moderninha já rebate com um topspin no fígado no slide seguinte:
- I Know all this talk about sex... I want to know where I came from. Alabama or Mississipi? (Eu sei todo esse papo sobre sexo. Eu quero saber de onde viemos: Alabama ou Mississipi?)
Pois imagine hoje, com toda essa informação disponível, como seria uma conversa desse tipo. Não precisa mais imaginar, a transcrição a seguir conta como Julia Sweeney lidou com a situação e até onde isso pode nos levar:
Tenho uma filha, Mulan. E quando ela tinha oito anos, no ano passado, ela estava fazendo um trabalho para a escola, ou ela tinha uma lição de casa sobre sapos. E nós estávamos num restaurante. E ela disse, "Então, basicamente, os sapos põem ovos e os ovos se transformam em girinos, e girinos se transformam em sapos."
E eu disse, "Sim. Você sabe, eu não sei grande coisa sobre reprodução de sapos. São as fêmeas, creio eu, que põem os ovos. E então os machos os fertilizam. E daí eles se transformam em girinos e sapos."
E ela perguntou, "O quê? Só as fêmeas têm ovos?"
E eu respondi, "Sim."
E ela continuou, "E o que é essa fertilização?"
E eu respondi algo como, "Ah, é um ingrediente extra, você sabe, que é preciso para criar um novo sapo a partir da mamãe sapa e do papai sapo."
E ela disse, "Ah, então isso é verdade para seres humanos também?"
E eu pensei, "Bem, aqui vamos nós." Eu não imaginava que isso aconteceria tão depressa, com oito anos. Eu estava tentando lembrar-me de todos aqueles manuais, e tudo que consegui lembrar foi, "Responda apenas a pergunta que eles estão fazendo. Não dê informações a mais." Então eu disse, "Sim."
E ela respondeu, " E onde é, onde as mulheres humanas, onde as mulheres humanas põem seus ovos?"
E eu disse, "Bem, engraçado que você pergunte isso. Nós evoluímos a ponto de termos nosso próprio lago. Nós temos nosso próprio lago dentro de nossos corpos. E pomos nossos ovos lá. Nós não precisamos nos preocupar com outros ovos ou algo parecido. É nosso próprio lago. É assim que acontece."
E ela continuou, "Então como eles são fertilizados?"
E eu respondi, "Bem, Os homens, usando os pênis deles, eles fertilizam os ovos com o esperma que sai. Passando através da vagina da mulher."
E então nós estávamos comendo, quando ela ficou de queixo caído, e ela disse, "Mãe! No lugar por onde a gente faz no banheiro?"
E eu disse, "Eu sei. Eu sei." (Risos) É assim que nós evoluímos. Parece mesmo esquisito. É meio parecido com uma estação de tratamento de esgoto bem ao lado de um parque de diversões. Zoneamento mal feito. Mas...
Ela faz uma cara de "O quê?" E continua, "Mas mãe, mas os homens e as mulheres nem podem se ver nus, mãe. Então como isso pode acontecer?"
E então coloquei meu chapéu de Margaret Mead. "Os machos e fêmeas da espécie humana desenvolvem uma ligação especial, e quando eles são muito mais velhos, muito, muito mais velhos que você, e eles têm um sentimento muito especial, então eles podem ficar nus juntos."
E ela disse, "Mãe, você já fez isso?"
E eu respondi, "Sim."
E ela disse, "Mas mamãe, você não pode ter filhos." Porque ela sabe que eu a adotei e que não sou capaz de ter filhos.
E eu respondi, "Sim."
E ela falou, "Bem, você não precisa fazer isso novamente."
E então eu disse, "..."
E ela disse, "Mas como acontece quando um homem e uma mulher estão juntos? Por exemplo, como eles sabem que é a hora certa? Mãe, será que o homem simplesmente diz, 'Será que está na hora de tirar minhas calças?' "
(Risos)
E eu respondi, "Sim." (Risos) "É exatamente assim. É exatamente assim que acontece."
E então, no carro, de volta para casa, ela estava olhando pela janela e disse, "Mãe, e se duas pessoas simplesmente se encontrassem na rua, um homem e uma mulher, e eles simplesmente começassem a fazer aquilo. Será que isso pode acontecer?"
E eu respondi, Oh, não. Os seres humanos são tão discretos. Oh, não."
E então ela continuou, "E se houvesse uma espécie de festa. E houvesse um monte de meninas e um monte de meninos. E se houvesse um monte de homens e um monte de mulheres e eles simplesmente começassem a fazer aquilo, mãe? Será que isso poderia acontecer?"
E daí eu disse, "Oh, não, não. Não é assim que nós fazemos isso."
Então chegamos em casa e vimos o gato. E ela disse, "Mãe, como é que os gatos fazem ?"
E eu digo, "Oh, é do mesmo jeito. É basicamente do mesmo jeito."
E ela ficou toda preocupada com as pernas. "Mas como eles fazem com as pernas, mãe. Eu não entendo as pernas." Ela continua, "Mamãe, nem todos conseguem fazer espacate."
E eu digo, "Eu sei, mas as pernas..." Mais ou menos assim, "As pernas se ajeitam."
E ela diz, "Mas eu não consigo entender isso."
Então eu digo, "Sabe de uma coisa, porque não entramos na internet, e quem sabe conseguimos ver..." quem sabe na Wikipedia.
E assim entramos online, e digitamo "gatos acasalando". E, infelizmente, no Youtube, há muitos vídeos de gatos acasalando. E nós assistimos, e eu estava tão agradecida, porque ela ficou assim, "Puxa! Isso é tão fantástico." E ela continuou, "E os cachorros?" E então digitamos cachorros acasalando, e sabem como é, nós estamos assistindo aquilo, e ela está completamente envolvida.
E ela continuou, "Mãe, você acha que eles teriam na Internet, seres humanos acasalando?" (Risos) E então eu percebi que Eu tinha tomado minha garotinha de oito anos pela mão, e a tinha levado diretamente à pornografia na Internet.
E daí eu olhei para aquela carinha confiante e amorosa, e disse "Oh, não. Isso não aconteceria de modo algum."
Muito obrigada.
(Aplausos)
Muito obrigada.
(Aplausos)
Obrigada. Estou muito feliz por estar aqui.
Fonte: TED
[Visto no Brasil Acadêmico]
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