Por que slides feitas com o Power Point, ou similares, nem sempre são eficientes para promover o aprendizado e a retenção das informações tr...
Por que slides feitas com o Power Point, ou similares, nem sempre são eficientes para promover o aprendizado e a retenção das informações transmitidas pelo professor?
Não se preocupe, todos já fizemos isso: ficamos acordados até tarde na véspera de dar aula às 8 da manhã. Então o que você faz? Joga algum texto no Power Point e se prepara para falar sobre os tópicos. Não vai fazer nenhum mal, né? Você pode nem ler os slides inteiros – eles só vão ajudá-lo a dar sequência à aula, e se perder o ritmo, o texto estará lá para te ajudar.
Infelizmente, não importa se você está trabalhando as Grandes Navegações na quarta série ou física quântica com recém chegados à universidade, você pode estar prejudicando mais do que ajudando seus alunos.
Vamos explorar por que o design instrucional na maioria das vezes não funciona com estudantes e quando você deve ensinar com Power Point – e também quando deve evitá-lo. Tudo começa um pequeno conceito chamado de “carga cognitiva”.
Muita coisa para o estudante processar
Imagine o cérebro dos estudantes como uma caixa. Conforme você começa a jogar pedras, ela fica mais e mais pesada – e assim, é mais difícil para o estudante aguentá-la e mantê-la organizada. Basicamente, essa é a definição de carga cognitiva.
Ela descreve a capacidade da memória do nosso cérebro em suportar e processar partes de informação. Todos temos uma limitação de memória, então quando temos que lidar com informações de mais de uma maneira, a carga fica mais pesada e mais difícil de ser controlada.
Na sala de aula, a carga cognitiva do estudante é muito afetada pela origem externa da informação – em outras palavras, a maneira pela qual ela é apresentada a eles (Sweller, 2010). Todo professor instintivamente sabe que existem jeitos melhores – e piores – de apresentar um conteúdo. A razão para isso, segundo pesquisas, é que, ao aliviar a carga, fica mais fácil para o cérebro do estudante acessar a informação e a transformar em memória.
Ensinar com slides de texto do Power Point durante uma leitura em voz alta, infelizmente, significa o mesmo que jogar muitas pedras dentro da caixa do aluno e faz com que ele retroceda.
O efeito de redundância
A apresentação simultânea de um texto de modo visual e oral, como slides de Power Point, atualmente é muito comum nas salas de aula. Pense a respeito: quantas você entrou em uma sala ou auditório e viu uma professora lendo textos dos slides?
Um estudo australiano do final dos anos 1990 (o estudo 1999 Kalyuga) comparou o resultado acadêmico de um grupo de universitários que assistiu a uma aula de um professor que usou texto e áudio (o que significa que havia palavras na tela enquanto ele falava) com um outro em que os alunos só ouviam a uma explicação sem PowerPoint. Os pesquisadores concluíram que a utilização de estímulos visuais com palavras durante uma apresentação aumenta a carga cognitiva, em vez de diminui-la.
Isso se deve ao chamado efeito redundante. A redundância verbal “surge a partir da apresentação simultânea de texto e discurso na íntegra”, aumentado o risco de sobrecarregar a capacidade de memória – por isso, pode causar efeito negativo sobre a aprendizagem.
Considere, por exemplo, uma aula de ciências sobre cadeias alimentares. O professor pode começar explicando a diferença entre carnívoros e herbívoros. Aparece um slide com a definição de cada termo. O professor começa a ler diretamente do slide. As partes duplicadas de informação – falada e escrita – não vão reforçar positivamente uma a outra; no lugar disso, as duas sobrecarregam as habilidades do estudante em controlar a informação.
Pesquisadores como John Sweller e Kimberly Leslie defendem que seria mais fácil para estudantes aprenderem as diferenças entre carnívoros e herbívoros se eles fechassem os olhos e só ouvissem à explicação. Mas estudantes que ficam com olhos fechados durante a aula são acusados de “não estarem prestando a devida atenção”.
Como aliviar a carga
Então o que fazer? Como garantir que as crianças aprendam a partir de suas explicações orais em vez de ficarem com o cérebro saturado? (e tenham isso em mente, empreendedores, isso também poderia ser aplicado em suas apresentações!).
Richard Mayer, um neurocientista da Universidade de Santa Barbara e autor do livro “Multimedia Learning” (Aprendizado multimídia) oferece a seguinte receita:
O vídeo abaixo (em inglês) detalha exatamente o que ele quer dizer:
Este método, segundo Mayer, é particularmente apropriado para assuntos em que gráficos geométricos e imagens são cruciais para a compreensão dos conceitos-chave, como cadeia alimentar, cálculo de área de uma superfície ou ciclo da água.
Outros estudos, como um outro estudo separado feito por Leslie et al (2012), sugere que misturar pistas visuais com explicações orais (em aulas de matemática e ciências, em particular) é essencial e eficiente. No estudo de Leslie, um grupo da quarta série que não sabia nada sobre magnetismo aprendeu significativamente mais quando teve contato tanto com imagens quanto com a explicação do professor em comparação a outro grupo que só teve a explicação oral.
Você é professor de ciências? Coloque uma foto dos dentes de um leão e de uma zebra na tela enquanto explica a diferença entre carnívoros e herbívoros. Ensina estudos sociais? Coloque em volta da data “1776” pinturas dos Pais Fundadores dos Estados Unidos assinando a Declaração de Independência (o mesmo vale para a História brasileira), em vez de incluir fatos relacionados em sua apresentação.
E se você tem dificuldades em tirar completamente as palavras de suas apresentações em Power Point, especialmente quando quer que os estudantes tomem nota, aqui vão mais algumas dicas:
Fonte: Adaptado de EdSurge [via Porvir]
[Visto no Brasil acadêmico]
Não se preocupe, todos já fizemos isso: ficamos acordados até tarde na véspera de dar aula às 8 da manhã. Então o que você faz? Joga algum texto no Power Point e se prepara para falar sobre os tópicos. Não vai fazer nenhum mal, né? Você pode nem ler os slides inteiros – eles só vão ajudá-lo a dar sequência à aula, e se perder o ritmo, o texto estará lá para te ajudar.
Infelizmente, não importa se você está trabalhando as Grandes Navegações na quarta série ou física quântica com recém chegados à universidade, você pode estar prejudicando mais do que ajudando seus alunos.
Vamos explorar por que o design instrucional na maioria das vezes não funciona com estudantes e quando você deve ensinar com Power Point – e também quando deve evitá-lo. Tudo começa um pequeno conceito chamado de “carga cognitiva”.
Muita coisa para o estudante processar
Imagine o cérebro dos estudantes como uma caixa. Conforme você começa a jogar pedras, ela fica mais e mais pesada – e assim, é mais difícil para o estudante aguentá-la e mantê-la organizada. Basicamente, essa é a definição de carga cognitiva.
Ela descreve a capacidade da memória do nosso cérebro em suportar e processar partes de informação. Todos temos uma limitação de memória, então quando temos que lidar com informações de mais de uma maneira, a carga fica mais pesada e mais difícil de ser controlada.
Na sala de aula, a carga cognitiva do estudante é muito afetada pela origem externa da informação – em outras palavras, a maneira pela qual ela é apresentada a eles (Sweller, 2010). Todo professor instintivamente sabe que existem jeitos melhores – e piores – de apresentar um conteúdo. A razão para isso, segundo pesquisas, é que, ao aliviar a carga, fica mais fácil para o cérebro do estudante acessar a informação e a transformar em memória.
Ensinar com slides de texto do Power Point durante uma leitura em voz alta, infelizmente, significa o mesmo que jogar muitas pedras dentro da caixa do aluno e faz com que ele retroceda.
O efeito de redundância
A apresentação simultânea de um texto de modo visual e oral, como slides de Power Point, atualmente é muito comum nas salas de aula. Pense a respeito: quantas você entrou em uma sala ou auditório e viu uma professora lendo textos dos slides?
Um estudo australiano do final dos anos 1990 (o estudo 1999 Kalyuga) comparou o resultado acadêmico de um grupo de universitários que assistiu a uma aula de um professor que usou texto e áudio (o que significa que havia palavras na tela enquanto ele falava) com um outro em que os alunos só ouviam a uma explicação sem PowerPoint. Os pesquisadores concluíram que a utilização de estímulos visuais com palavras durante uma apresentação aumenta a carga cognitiva, em vez de diminui-la.
Isso se deve ao chamado efeito redundante. A redundância verbal “surge a partir da apresentação simultânea de texto e discurso na íntegra”, aumentado o risco de sobrecarregar a capacidade de memória – por isso, pode causar efeito negativo sobre a aprendizagem.
Considere, por exemplo, uma aula de ciências sobre cadeias alimentares. O professor pode começar explicando a diferença entre carnívoros e herbívoros. Aparece um slide com a definição de cada termo. O professor começa a ler diretamente do slide. As partes duplicadas de informação – falada e escrita – não vão reforçar positivamente uma a outra; no lugar disso, as duas sobrecarregam as habilidades do estudante em controlar a informação.
Pesquisadores como John Sweller e Kimberly Leslie defendem que seria mais fácil para estudantes aprenderem as diferenças entre carnívoros e herbívoros se eles fechassem os olhos e só ouvissem à explicação. Mas estudantes que ficam com olhos fechados durante a aula são acusados de “não estarem prestando a devida atenção”.
Como aliviar a carga
Então o que fazer? Como garantir que as crianças aprendam a partir de suas explicações orais em vez de ficarem com o cérebro saturado? (e tenham isso em mente, empreendedores, isso também poderia ser aplicado em suas apresentações!).
Richard Mayer, um neurocientista da Universidade de Santa Barbara e autor do livro “Multimedia Learning” (Aprendizado multimídia) oferece a seguinte receita:
Elimine elementos textuais de suas apresentações e passe a falar por tópicos, compartilhando imagens ou gráficos com os alunos.
O vídeo abaixo (em inglês) detalha exatamente o que ele quer dizer:
Este método, segundo Mayer, é particularmente apropriado para assuntos em que gráficos geométricos e imagens são cruciais para a compreensão dos conceitos-chave, como cadeia alimentar, cálculo de área de uma superfície ou ciclo da água.
Outros estudos, como um outro estudo separado feito por Leslie et al (2012), sugere que misturar pistas visuais com explicações orais (em aulas de matemática e ciências, em particular) é essencial e eficiente. No estudo de Leslie, um grupo da quarta série que não sabia nada sobre magnetismo aprendeu significativamente mais quando teve contato tanto com imagens quanto com a explicação do professor em comparação a outro grupo que só teve a explicação oral.
Você é professor de ciências? Coloque uma foto dos dentes de um leão e de uma zebra na tela enquanto explica a diferença entre carnívoros e herbívoros. Ensina estudos sociais? Coloque em volta da data “1776” pinturas dos Pais Fundadores dos Estados Unidos assinando a Declaração de Independência (o mesmo vale para a História brasileira), em vez de incluir fatos relacionados em sua apresentação.
E se você tem dificuldades em tirar completamente as palavras de suas apresentações em Power Point, especialmente quando quer que os estudantes tomem nota, aqui vão mais algumas dicas:
- Limite-se a uma palavra por slide. Se for explicar termos, tente coloca-lo associado a um conjunto de imagens – e peça para os alunos para deduzirem;
- Obedeça ao “princípio da personalização”, que basicamente diz que atrair leitores entregando conteúdo de modo conversacional vai aprimorar o aprendizado. Por exemplo, Richard Mayer sugere usar muitos “Eu” e “Você” em seu discurso, porque alunos reagem melhor à linguagem mais informal.
Fonte: Adaptado de EdSurge [via Porvir]
[Visto no Brasil acadêmico]
Já li todos.
ResponderExcluirValeu cara. Eu já tive a ideia de publicar uma lista de livros que as pessoas teriam que ler para terem sabedoria, antes de saber que esse Sr. também o fez. Abç!
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