Pesquisa revela que crianças de apenas um ano fazem justiça com as próprias mãos.
Pesquisa revela que crianças de apenas um ano fazem justiça com as próprias mãos.
Apesar de contrariar a imagem de inocência e pureza dos bebês, experiências mostram que de vez em quando eles se tornam verdadeiros justiceiros.
Na Universidade de Yale, EUA, bebês de um ano participaram de um experimento onde assistiam a um teatro de marionetes no qual um dos personagens jogava uma bola para um de dois bonecos.
O primeiro boneco que recebia a bola, devolvia a bola para o boneco que lançou a bola. Já o segundo boneco, ao receber a bola saía correndo. Um dos meninos que assistia ao show chegou a dar um peteleco na cabeça do boneco "egoísta".
Até mesmo bebês ainda menores, de apenas três meses, sem a coordenação motora capaz de agarra coisas e menos ainda de atacar o boneco "malvado", já demonstram mais afeição pelo boneco bonzinho, dirigindo seu olhar preferencialmente a ele.
As crianças um pouco mais velhas, ainda que nem sempre partam para as vias de fato, costumam recompensar o boneco "bonzinho" e punem o boneco que não devolveu a bola. Se os pesquisadores fingem que cada boneco ganhou um doce ao final do espetáculo, as crianças acabam optando por retirar o doce do boneco "malvado".
Esses e outros experimentos fazem parte do livro "Just Babies" (título com duplo sentido querendo dizer "Apenas Bebês" e "Bebês Justos", a mesmo tempo) do psicólogo canadense Paul Bloom.
A livro traz um resumo de décadas de pesquisas de Bloom e de sua colega (e esposa) Karen Wynn, além de estudos de outros pesquisadores, reunindo dados que dão sustentação à ideia de que os seres humanos já possuem um "sentido moral" desde a mais tenra idade.
Essa área de pesquisa têm avançado, em grande parte, graças às formas criativas que os pesquisadores encontraram de medir reações (o grau de surpresa ou de interesse, por exemplo) de indivíduos que ainda não conseguem se expressar ou mesmo se mexer com coordenação, desenhando as pesquisas para levar em consideração tais fatores.
Além da determinar para onde os bebês estão olhando e por quanto tempo olham algo (o que pode indicar surpresa, interesse e preferência), os pesquisadores também utilizam usam métricas como o ritmo cardíaco das crianças e a intensidade com que elas sugam chupetas com sensores, entre outras técnicas.
Resultados
Os resultados mostram que, antes de completar um ano de idade, os bebês tendem a preferir personagens de desenho animado que ajudam os outros aos que atrapalham ou ficam indiferentes.
Com pouco mais de um ano, oferecem espontaneamente ajuda (para carregar coisas ou abrir portas, por exemplo) a adultos desconhecidos. Ainda nessa idade, ficam irritadas quando presenciam uma divisão desigual de doces ou brinquedos, principalmente, quando as vítimas são eles próprios.
Estudos também comprovam que o preconceito racial demora muito mais para se surgir ainda que, desde cedo, os bebês prefiram pessoas que falam a mesma língua de seus pais.
Bloom conclui que o conjunto dessas descobertas sugere que a maioria das crianças nasce com noções incipientes do certo e do errado, provavelmente para facilitar o aprendizado das interações sociais da nossa espécie.
E no caso de futuros psicopatas? Haveria exceções? Afinal, há relatos de que eles já demonstrariam crueldade acima do normal desde a infância.
Ele também recusa a associação que costuma ser feita entre a educação religiosa e a moralidade, uma vez que muitas religiões não monoteístas não têm deuses interessados no comportamento ético de seus seguidores.
Fonte: Folha
[Via BBA]
Apesar de contrariar a imagem de inocência e pureza dos bebês, experiências mostram que de vez em quando eles se tornam verdadeiros justiceiros.
Na Universidade de Yale, EUA, bebês de um ano participaram de um experimento onde assistiam a um teatro de marionetes no qual um dos personagens jogava uma bola para um de dois bonecos.
O primeiro boneco que recebia a bola, devolvia a bola para o boneco que lançou a bola. Já o segundo boneco, ao receber a bola saía correndo. Um dos meninos que assistia ao show chegou a dar um peteleco na cabeça do boneco "egoísta".
Até mesmo bebês ainda menores, de apenas três meses, sem a coordenação motora capaz de agarra coisas e menos ainda de atacar o boneco "malvado", já demonstram mais afeição pelo boneco bonzinho, dirigindo seu olhar preferencialmente a ele.
As crianças um pouco mais velhas, ainda que nem sempre partam para as vias de fato, costumam recompensar o boneco "bonzinho" e punem o boneco que não devolveu a bola. Se os pesquisadores fingem que cada boneco ganhou um doce ao final do espetáculo, as crianças acabam optando por retirar o doce do boneco "malvado".
Esses e outros experimentos fazem parte do livro "Just Babies" (título com duplo sentido querendo dizer "Apenas Bebês" e "Bebês Justos", a mesmo tempo) do psicólogo canadense Paul Bloom.
A livro traz um resumo de décadas de pesquisas de Bloom e de sua colega (e esposa) Karen Wynn, além de estudos de outros pesquisadores, reunindo dados que dão sustentação à ideia de que os seres humanos já possuem um "sentido moral" desde a mais tenra idade.
Essa área de pesquisa têm avançado, em grande parte, graças às formas criativas que os pesquisadores encontraram de medir reações (o grau de surpresa ou de interesse, por exemplo) de indivíduos que ainda não conseguem se expressar ou mesmo se mexer com coordenação, desenhando as pesquisas para levar em consideração tais fatores.
Além da determinar para onde os bebês estão olhando e por quanto tempo olham algo (o que pode indicar surpresa, interesse e preferência), os pesquisadores também utilizam usam métricas como o ritmo cardíaco das crianças e a intensidade com que elas sugam chupetas com sensores, entre outras técnicas.
Resultados
Os resultados mostram que, antes de completar um ano de idade, os bebês tendem a preferir personagens de desenho animado que ajudam os outros aos que atrapalham ou ficam indiferentes.
Com pouco mais de um ano, oferecem espontaneamente ajuda (para carregar coisas ou abrir portas, por exemplo) a adultos desconhecidos. Ainda nessa idade, ficam irritadas quando presenciam uma divisão desigual de doces ou brinquedos, principalmente, quando as vítimas são eles próprios.
Estudos também comprovam que o preconceito racial demora muito mais para se surgir ainda que, desde cedo, os bebês prefiram pessoas que falam a mesma língua de seus pais.
Bloom conclui que o conjunto dessas descobertas sugere que a maioria das crianças nasce com noções incipientes do certo e do errado, provavelmente para facilitar o aprendizado das interações sociais da nossa espécie.
E no caso de futuros psicopatas? Haveria exceções? Afinal, há relatos de que eles já demonstrariam crueldade acima do normal desde a infância.
No momento, acho difícil responder a essa pergunta.
Paul Bloom. Psicólogo e pesquisador
Ele também recusa a associação que costuma ser feita entre a educação religiosa e a moralidade, uma vez que muitas religiões não monoteístas não têm deuses interessados no comportamento ético de seus seguidores.
Fonte: Folha
[Via BBA]
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