Hospitais diferente produzem resultados diferentes em procedimentos diferentes. Mas os pacientes não sabem desses dados, o que torna a escol...
Hospitais diferente produzem resultados diferentes em procedimentos diferentes. Mas os pacientes não sabem desses dados, o que torna a escolha de um cirurgião um jogo de adivinhação de alta complexidade. Stefan Larsson observa o que acontece quando os médicos fazem medições e compartilham seus resultados na cirurgia de prótese no quadril, por exemplo, para ver quais técnicas são as mais efetivas. O sistema de saúde poderia se tornar melhor, e mais barato, se os médicos aprendessem uns com os outros em um círculo contínuo de feedback? (Filmado no TED@BCG)
Cinco anos atrás, eu estava no ano sabático, e retornei à faculdade de medicina onde estudei. Eu vi pacientes e vesti o jaleco branco pela primeira vez em 17 anos, de fato, desde que me tornei consultor de gestão.
Houve duas coisas que me surpreenderam durante o mês que estive lá. A primeira foi que o tema comum de discussões que tivemos foram o orçamento do hospital e a redução de custos. E a segunda coisa, que me aborreceu muito, na verdade, foi que vários colegas que reencontrei, antigos colegas da faculdade de medicina, que eu considerava como umas das pessoas mais inteligentes, mais motivadas, comprometidas e apaixonadas que jamais conheci, muitos deles se tornaram cínicos, descomprometidos ou haviam se distanciado da administração do hospital. Com o foco no corte de custos, eu me perguntei: estamos nos esquecendo do paciente?
Muitos países que vocês representam e de onde eu venho sofrem com o custo do sistema de saúde É uma grande parte do orçamento nacional. E diversas reformas têm como objetivo frear este aumento. Em alguns países, temos listas de espera longas de pacientes por uma cirurgia. Em outros países, novas drogas não são reembolsadas e, portanto, não chegam aos pacientes. Em vários países, médicos e enfermeiros, em certa medida, são os alvos dos governos. Afinal de contas, as decisões de custos na saúde são tomadas por médicos e enfermeiros. Vocês escolhem um teste de laboratório caro, vocês escolhem operar um paciente idoso e frágil. Então, limitar os graus de liberdade dos médicos é uma maneira de cortar custos. E por último, alguns médicos dirão hoje que não têm liberdade total de fazer as escolhas que eles acham serem as corretas para seus pacientes. Não é surpresa que alguns dos meus antigos colegas estejam frustrados.
No BCG (Boston Consulting Group), observamos isso, e nos perguntamos: isto não pode ser o modo correto de gerenciar o sistema de saúde. Então, demos um passo para trás e dissemos: "O que estamos tentando alcançar?" No fim, o sistema de saúde que almejamos tem o intuito de melhorar a saúde dos pacientes, e precisamos fazê-lo dentro de um custo limitado e viável. Chamamos isso de sistema de saúde baseado em valores. Na tela atrás de mim, vocês veem o que quero dizer por valor: resultados que são importantes para os pacientes em relação ao dinheiro gasto. Isto foi bem descrito em um livro em 2006, de Michael Porter e Elizabeth Teisberg.
Nesta foto, vocês têm meu sogro cercado por suas três lindas filhas. Quando começamos a fazer a pesquisa no BCG, decidimos não examinar tanto os custos, mas, em vez disso, observar a qualidade, e, na pesquisa, uma das coisas que nos fascinou foi a variação que observamos. Ao comparar hospitais em um país, nota-se que alguns são extremamente bons, e que há diversos que são bem piores. As diferenças são assustadoras. Meu sogro Erik sofre de câncer na próstata e provavelmente precisa de cirurgia. Como ele mora na Europa, ele pode escolher ir à Alemanha, cujo sistema de saúde tem uma excelente reputação. Se ele for a um hospital médio de lá, ele corre o risco de 50% de adquirir incontinência, o que o levaria a usar fraldas de novo. É cara ou coroa, 50% de risco. É muito. Mas se ele for a Hamburgo, a uma clínica chamada Martini-Klinik, o risco será de um em 20. Ou você tira cara ou coroa, ou você tem um risco de um em 20. É uma diferença imensa, de sete vezes. Quando observamos muitos hospitais para várias doenças diferentes, vemos essas diferenças enormes.
Mas eu e você não sabemos. Não temos estes dados. E geralmente, os dados não existem. Ninguém sabe. Logo, ir ao hospital é uma loteria.
Agora, não precisa ser dessa maneira. Existe esperança. No fim dos anos 70, havia um grupo de cirurgiões ortopedistas suecos que se encontraram na reunião anual, e discutiram os diversos procedimentos usados por eles na cirurgia de quadril. À esquerda deste slide, vocês veem a variedade de pedaços de metal, quadris artificiais que se usaria em alguém que precisasse de um novo quadril. Eles perceberam que cada um tinha seu modo de operar. Todos argumentaram que: "A minha técnica é a melhor," mas, na verdade, nenhum deles sabia, e eles admitiram isso. Então, disseram: "Provavelmente precisamos medir a qualidade para que saibamos e possamos aprender a melhor técnica." Passaram dois anos debatendo: "Então, o que é qualidade na cirurgia de quadril?" "Oh, devemos medir isso." "Não, devemos medir aquilo." E finalmente, entraram em um acordo. E assim que concordaram, começaram a medir, e começaram a compartilhar dados. Rapidamente, acharam que se você puser cimento no osso do paciente antes de colocar a prótese metálica, ele dura muito mais tempo, e a maioria dos pacientes nunca mais teria que sofrer uma nova operação na sua vida. Eles publicaram os dados, e isso se transformou em prática clínica no país. Todos viram que fazia muito sentido. Desde então, eles publicam todo ano. Uma vez por ano, eles divulgam o ranking: quem é o melhor, quem está lá trás? E ele visitam uns aos outros para tentar aprender, em um ciclo contínuo de aperfeiçoamento. Por muitos anos, os cirurgiões suecos de quadril tiveram os melhores resultados no mundo, pelo menos aqueles que foram avaliados, e muitos não foram.
Eu acho este princípio muito emocionante. Os médicos se encontram, concordam em o que é qualidade, eles começam a avaliar, compartilham os dados, encontram que é o melhor e aprendem com ele. Aperfeiçoamento contínuo.
Agora, esta não é apenas a parte mais emocionante. É eletrizante por si mesmo. Mas se trouxer o custo para a equação, e observar, aconteceu que aqueles que focaram na qualidade, também obtiveram os custos mais baixos, mesmo que essa não tivesse sido a intenção primordial. Se observar a história da cirurgia do quadril novamente, há uns anos, foi feito um estudo em que os Estados Unidos e a Suécia foram comparados. Foi observado quantos pacientes precisaram ser reoperados em sete anos após a primeira cirurgia. Os números nos Estados Unidos foram três vezes maior do que na Suécia. Tantas cirurgias e sofrimentos desnecessários para todos os pacientes que foram operados no período de sete anos. Imaginem quanta economia haveria para a sociedade.
Fizemos um estudo nos dados da OCDE. De vez em quando, a OCDE examina a qualidade da saúde, onde há dados, dos países membros. Para muitas doenças, os Estados Unidos têm, na verdade, uma qualidade inferior à média na OCDE. Se o sistema de saúde americano focasse mais na avaliação da qualidade, e a elevasse para o nível da média da OCDE, o povo americano economizaria 500 bilhões de dólares por ano. Isto é 20 por cento do orçamento do sistema de saúde do país.
Vocês podem dizer que esses números são fantásticos e é lógico, mas é viável? Isto seria uma mudança de paradigma para a saúde, e algo que não apenas pode ser feito, como deve ser feito. Os agentes da mudança são os médicos e enfermeiros no sistema de saúde.
No meu trabalho como consultor, encontro mais de cem médicos, enfermeiros e outros membros da equipe do hospital ou do sistema de saúde todo ano. Uma coisa que eles têm em comum é que eles se importam com que eles atingem em termos de qualidade para seus pacientes. Os médicos são, como muitos de vocês da plateia, muito competitivos. Eles sempre foram os melhores na sala de aula. Sempre fomos os melhores na sala de aula. E se alguém lhes mostra que o resultado de seu desempenho com os pacientes não é melhor do que o de outros, eles farão tudo que for necessário para melhorar. Mas a maioria deles não sabe. Mas os médicos têm uma outra característica. Eles crescem com o reconhecimento de seus pares. Se um cardiologista conversa com outro de um hospital concorrente e discutem por que o outro hospital possui melhores resultados, eles irão compartilhar. Eles irão compartilhar informação de como melhorar. Então é assim, ao fazer medições e criar transparência, que você consegue um aperfeiçoamento contínuo, mostrado por este slide.
Vocês podem dizer que é uma boa ideia, mas esta não é apenas uma ideia. Isto está acontecendo na realidade. Estamos criando uma comunidade global, uma grande, em que poderemos avaliar e comparar o que realizamos. Juntamente com duas instituições acadêmicas, Michael Porter da Harvard Business School, e o Instituto Karolinska na Suécia, o BCG fundou a ICHOM. Você pode pensar que é um espirro, mas não é, é um acrônimo, para Consórcio Internacional para a Medição de Resultados de Saúde.
Reunimos médicos proeminentes e pacientes para debater, doença a doença, o que é na verdade qualidade, que medições devem ser feitas e torná-las padrão global. Durante o ano passado, quatro grupos de trabalho ocuparam-se de: catarata, dor nas costas, doença da artéria coronária, ou seja, enfarte, e câncer na próstata. Os quatro grupos irão publicar seus dados em novembro deste ano. É a primeira vez que será feita a comparação de maçãs com maçãs, não apenas em um país, mas entre países. No próximo ano, estamos planejando avaliar oito doenças, e no ano seguinte, 16. Em três anos, teremos coberto 40 por cento das doenças. Comparar maçãs com maçãs. Quem é melhor? Por que isso?
Cinco meses atrás, eu conduzi um workshop no maior hospital universitário do Norte da Europa. Eles têm uma nova diretora e ela tem uma visão: "Quero administrar minha instituição mais pela qualidade e pelos resultados que são importantes para os pacientes." Nesse dia, sentamos em um workshop juntamente com os médicos, enfermeiros e outros membros da equipe, e conversamos sobre leucemia em crianças. O grupo discutiu: "Como medimos qualidade hoje em dia? Podemos medir melhor do que fazemos?" Debatemos: "Como tratamos essas crianças, quais são as melhorias importantes?" E analisamos: "Quais os custos para estes pacientes, podemos tornar o tratamento mais eficiente?" Havia uma energia enorme no ambiente. Havia tantas ideias, tanto entusiasmo. Ao final da reunião, o chefe do departamento se levantou. Olhou para o grupo e disse... Primeiro ele levantou a mão, esqueci disso. Ele levantou a mão, cerrou o punho, e então disse: "Obrigado. Obrigado. Hoje, finalmente, debatemos o que este hospital faz certo."
Ao medir o valor do sistema de saúde, não apenas os custos, mas os resultados que são importantes para os pacientes, faremos as equipes nos hospitais e em todo resto do sistema de saúde não um problema, mas uma parte importante da solução. Acredito que medir o valor na saúde trará uma revolução e estou convencido de que o fundador da medicina moderna, o grego Hipócrates, que sempre colocou o paciente no centro [da atenção], iria sorrir no seu túmulo.
Obrigado.
(Aplausos)
[Via BBA]
Cinco anos atrás, eu estava no ano sabático, e retornei à faculdade de medicina onde estudei. Eu vi pacientes e vesti o jaleco branco pela primeira vez em 17 anos, de fato, desde que me tornei consultor de gestão.
Houve duas coisas que me surpreenderam durante o mês que estive lá. A primeira foi que o tema comum de discussões que tivemos foram o orçamento do hospital e a redução de custos. E a segunda coisa, que me aborreceu muito, na verdade, foi que vários colegas que reencontrei, antigos colegas da faculdade de medicina, que eu considerava como umas das pessoas mais inteligentes, mais motivadas, comprometidas e apaixonadas que jamais conheci, muitos deles se tornaram cínicos, descomprometidos ou haviam se distanciado da administração do hospital. Com o foco no corte de custos, eu me perguntei: estamos nos esquecendo do paciente?
Muitos países que vocês representam e de onde eu venho sofrem com o custo do sistema de saúde É uma grande parte do orçamento nacional. E diversas reformas têm como objetivo frear este aumento. Em alguns países, temos listas de espera longas de pacientes por uma cirurgia. Em outros países, novas drogas não são reembolsadas e, portanto, não chegam aos pacientes. Em vários países, médicos e enfermeiros, em certa medida, são os alvos dos governos. Afinal de contas, as decisões de custos na saúde são tomadas por médicos e enfermeiros. Vocês escolhem um teste de laboratório caro, vocês escolhem operar um paciente idoso e frágil. Então, limitar os graus de liberdade dos médicos é uma maneira de cortar custos. E por último, alguns médicos dirão hoje que não têm liberdade total de fazer as escolhas que eles acham serem as corretas para seus pacientes. Não é surpresa que alguns dos meus antigos colegas estejam frustrados.
No BCG (Boston Consulting Group), observamos isso, e nos perguntamos: isto não pode ser o modo correto de gerenciar o sistema de saúde. Então, demos um passo para trás e dissemos: "O que estamos tentando alcançar?" No fim, o sistema de saúde que almejamos tem o intuito de melhorar a saúde dos pacientes, e precisamos fazê-lo dentro de um custo limitado e viável. Chamamos isso de sistema de saúde baseado em valores. Na tela atrás de mim, vocês veem o que quero dizer por valor: resultados que são importantes para os pacientes em relação ao dinheiro gasto. Isto foi bem descrito em um livro em 2006, de Michael Porter e Elizabeth Teisberg.
Nesta foto, vocês têm meu sogro cercado por suas três lindas filhas. Quando começamos a fazer a pesquisa no BCG, decidimos não examinar tanto os custos, mas, em vez disso, observar a qualidade, e, na pesquisa, uma das coisas que nos fascinou foi a variação que observamos. Ao comparar hospitais em um país, nota-se que alguns são extremamente bons, e que há diversos que são bem piores. As diferenças são assustadoras. Meu sogro Erik sofre de câncer na próstata e provavelmente precisa de cirurgia. Como ele mora na Europa, ele pode escolher ir à Alemanha, cujo sistema de saúde tem uma excelente reputação. Se ele for a um hospital médio de lá, ele corre o risco de 50% de adquirir incontinência, o que o levaria a usar fraldas de novo. É cara ou coroa, 50% de risco. É muito. Mas se ele for a Hamburgo, a uma clínica chamada Martini-Klinik, o risco será de um em 20. Ou você tira cara ou coroa, ou você tem um risco de um em 20. É uma diferença imensa, de sete vezes. Quando observamos muitos hospitais para várias doenças diferentes, vemos essas diferenças enormes.
Mas eu e você não sabemos. Não temos estes dados. E geralmente, os dados não existem. Ninguém sabe. Logo, ir ao hospital é uma loteria.
Agora, não precisa ser dessa maneira. Existe esperança. No fim dos anos 70, havia um grupo de cirurgiões ortopedistas suecos que se encontraram na reunião anual, e discutiram os diversos procedimentos usados por eles na cirurgia de quadril. À esquerda deste slide, vocês veem a variedade de pedaços de metal, quadris artificiais que se usaria em alguém que precisasse de um novo quadril. Eles perceberam que cada um tinha seu modo de operar. Todos argumentaram que: "A minha técnica é a melhor," mas, na verdade, nenhum deles sabia, e eles admitiram isso. Então, disseram: "Provavelmente precisamos medir a qualidade para que saibamos e possamos aprender a melhor técnica." Passaram dois anos debatendo: "Então, o que é qualidade na cirurgia de quadril?" "Oh, devemos medir isso." "Não, devemos medir aquilo." E finalmente, entraram em um acordo. E assim que concordaram, começaram a medir, e começaram a compartilhar dados. Rapidamente, acharam que se você puser cimento no osso do paciente antes de colocar a prótese metálica, ele dura muito mais tempo, e a maioria dos pacientes nunca mais teria que sofrer uma nova operação na sua vida. Eles publicaram os dados, e isso se transformou em prática clínica no país. Todos viram que fazia muito sentido. Desde então, eles publicam todo ano. Uma vez por ano, eles divulgam o ranking: quem é o melhor, quem está lá trás? E ele visitam uns aos outros para tentar aprender, em um ciclo contínuo de aperfeiçoamento. Por muitos anos, os cirurgiões suecos de quadril tiveram os melhores resultados no mundo, pelo menos aqueles que foram avaliados, e muitos não foram.
Eu acho este princípio muito emocionante. Os médicos se encontram, concordam em o que é qualidade, eles começam a avaliar, compartilham os dados, encontram que é o melhor e aprendem com ele. Aperfeiçoamento contínuo.
Agora, esta não é apenas a parte mais emocionante. É eletrizante por si mesmo. Mas se trouxer o custo para a equação, e observar, aconteceu que aqueles que focaram na qualidade, também obtiveram os custos mais baixos, mesmo que essa não tivesse sido a intenção primordial. Se observar a história da cirurgia do quadril novamente, há uns anos, foi feito um estudo em que os Estados Unidos e a Suécia foram comparados. Foi observado quantos pacientes precisaram ser reoperados em sete anos após a primeira cirurgia. Os números nos Estados Unidos foram três vezes maior do que na Suécia. Tantas cirurgias e sofrimentos desnecessários para todos os pacientes que foram operados no período de sete anos. Imaginem quanta economia haveria para a sociedade.
Fizemos um estudo nos dados da OCDE. De vez em quando, a OCDE examina a qualidade da saúde, onde há dados, dos países membros. Para muitas doenças, os Estados Unidos têm, na verdade, uma qualidade inferior à média na OCDE. Se o sistema de saúde americano focasse mais na avaliação da qualidade, e a elevasse para o nível da média da OCDE, o povo americano economizaria 500 bilhões de dólares por ano. Isto é 20 por cento do orçamento do sistema de saúde do país.
Vocês podem dizer que esses números são fantásticos e é lógico, mas é viável? Isto seria uma mudança de paradigma para a saúde, e algo que não apenas pode ser feito, como deve ser feito. Os agentes da mudança são os médicos e enfermeiros no sistema de saúde.
No meu trabalho como consultor, encontro mais de cem médicos, enfermeiros e outros membros da equipe do hospital ou do sistema de saúde todo ano. Uma coisa que eles têm em comum é que eles se importam com que eles atingem em termos de qualidade para seus pacientes. Os médicos são, como muitos de vocês da plateia, muito competitivos. Eles sempre foram os melhores na sala de aula. Sempre fomos os melhores na sala de aula. E se alguém lhes mostra que o resultado de seu desempenho com os pacientes não é melhor do que o de outros, eles farão tudo que for necessário para melhorar. Mas a maioria deles não sabe. Mas os médicos têm uma outra característica. Eles crescem com o reconhecimento de seus pares. Se um cardiologista conversa com outro de um hospital concorrente e discutem por que o outro hospital possui melhores resultados, eles irão compartilhar. Eles irão compartilhar informação de como melhorar. Então é assim, ao fazer medições e criar transparência, que você consegue um aperfeiçoamento contínuo, mostrado por este slide.
Vocês podem dizer que é uma boa ideia, mas esta não é apenas uma ideia. Isto está acontecendo na realidade. Estamos criando uma comunidade global, uma grande, em que poderemos avaliar e comparar o que realizamos. Juntamente com duas instituições acadêmicas, Michael Porter da Harvard Business School, e o Instituto Karolinska na Suécia, o BCG fundou a ICHOM. Você pode pensar que é um espirro, mas não é, é um acrônimo, para Consórcio Internacional para a Medição de Resultados de Saúde.
Reunimos médicos proeminentes e pacientes para debater, doença a doença, o que é na verdade qualidade, que medições devem ser feitas e torná-las padrão global. Durante o ano passado, quatro grupos de trabalho ocuparam-se de: catarata, dor nas costas, doença da artéria coronária, ou seja, enfarte, e câncer na próstata. Os quatro grupos irão publicar seus dados em novembro deste ano. É a primeira vez que será feita a comparação de maçãs com maçãs, não apenas em um país, mas entre países. No próximo ano, estamos planejando avaliar oito doenças, e no ano seguinte, 16. Em três anos, teremos coberto 40 por cento das doenças. Comparar maçãs com maçãs. Quem é melhor? Por que isso?
Cinco meses atrás, eu conduzi um workshop no maior hospital universitário do Norte da Europa. Eles têm uma nova diretora e ela tem uma visão: "Quero administrar minha instituição mais pela qualidade e pelos resultados que são importantes para os pacientes." Nesse dia, sentamos em um workshop juntamente com os médicos, enfermeiros e outros membros da equipe, e conversamos sobre leucemia em crianças. O grupo discutiu: "Como medimos qualidade hoje em dia? Podemos medir melhor do que fazemos?" Debatemos: "Como tratamos essas crianças, quais são as melhorias importantes?" E analisamos: "Quais os custos para estes pacientes, podemos tornar o tratamento mais eficiente?" Havia uma energia enorme no ambiente. Havia tantas ideias, tanto entusiasmo. Ao final da reunião, o chefe do departamento se levantou. Olhou para o grupo e disse... Primeiro ele levantou a mão, esqueci disso. Ele levantou a mão, cerrou o punho, e então disse: "Obrigado. Obrigado. Hoje, finalmente, debatemos o que este hospital faz certo."
Ao medir o valor do sistema de saúde, não apenas os custos, mas os resultados que são importantes para os pacientes, faremos as equipes nos hospitais e em todo resto do sistema de saúde não um problema, mas uma parte importante da solução. Acredito que medir o valor na saúde trará uma revolução e estou convencido de que o fundador da medicina moderna, o grego Hipócrates, que sempre colocou o paciente no centro [da atenção], iria sorrir no seu túmulo.
Obrigado.
(Aplausos)
[Via BBA]
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