O empresário Elon Musk é um homem de muitos planos. O fundador do PayPal, Tesla Motors e SpaceX senta-se com o Curador do TED, Chris Anderso...
O empresário Elon Musk é um homem de muitos planos. O fundador do PayPal, Tesla Motors e SpaceX senta-se com o Curador do TED, Chris Anderson, para partilhar detalhes sobre os seus projetos visionários, que incluem a comercialização em grande escala de carros elétricos, uma empresa de aluguer de energia solar e um foguetão completamente reutilizável.
Chris Anderson: Elon, que tipo de sonho maluco convenceria você a pensar em tentar assumir a indústria de automóveis e construir um carro totalmente elétrico?
Elon Musk: Bem, isso vem lá de quando eu estava na universidade. Pensei sobre quais são os problemas que mais provavelmente afetarão o futuro do mundo ou o futuro da humanidade? Penso que é extremamente importante que tenhamos transporte sustentável e produção de energia sustentável. Esse tipo de problema geral de energia sustentável é o maior problema que temos que resolver neste século, independentemente de preocupações ambientais. Na verdade, mesmo que produzir CO2 fosse bom para o ambiente, visto que vamos ficar sem hidrocarbonetos, precisamos encontrar algum meio sustentável de operar.
CA: A maior parte da eletricidade americana vem da queima de combustíveis fósseis. Como um carro elétrico, que se conecta a essa eletricidade, pode ajudar?
EM: Certo. Existem dois elementos para essa resposta. Um é que, mesmo que você pegue a mesma fonte de combustível, produza energia na usina e a use para carregar carros elétricos, você estará numa posição melhor. Então, se você pega, digamos, gás natural, que é a fonte de combustível de hidrocarboneto predominante, se você queima isso em uma turbina de gás natural moderna da General Electric, você obterá uma eficiência de aproximadamente 60%. Se você colocar esse mesmo combustível em um motor a combustão de um carro, você obtém uma eficiência de aproximadamente 20%. E a razão é, na usina, você pode ter algo que pesa muito mais, que é volume, e você pode pegar o calor desprendido no processo, movimentar uma turbina a vapor e gerar uma fonte secundária de energia. Então, efetivamente, mesmo depois de considerar a perda na transmissão e tudo mais, usando a mesma fonte de combustível, você é no mínimo duas vezes melhor carregando o carro elétrico, quando o queima na usina.
CA: Essa escala favorece a eficiência.
EM: Sim, favorece. Então o outro ponto é: temos que ter meios sustentáveis de geração de energia de qualquer modo, geração de eletricidade. Portanto, considerando-se que temos que solucionar o problema da geração de eletricidade sustentável, faz sentido para nós ter carros elétricos como forma de transporte.
CA: Temos um vídeo aqui do Tesla sendo montado, que, se pudéssemos mostrar esse primeiro vídeo -- O que é inovador nesse processo neste veículo?
EM: Certo. Então, para acelerar a chegada do transporte elétrico, e, devo dizer que acho, realmente, que todas as formas de transporte se tornarão completamente elétricas, com a irônica exceção dos foguetes. Não há escapatória para a terceira lei de Newton. A questão é: como você acelera a vinda do transporte elétrico? E para obter isso para carros, você tem que imaginar um carro realmente eficiente em energia, então isso significa fazê-lo incrivelmente leve, e, assim, o que você está vendo aqui é a carroceria e o chassi do carro feitos totalmente de alumínio, feita na América do Norte. De fato, aplicamos muito das técnicas de 'design' de foguetes para fazer o carro leve apesar de ter uma bateria muito grande. Ele também tem o menor coeficiente de arrasto de qualquer carro de seu tamanho. Como consequência, o uso de energia é muito baixo, e ele tem a bateria mais avançada, e isso é o que lhe dá o desempenho que é competitivo, assim, você pode ter um alcance da ordem de 400km.
CA: Quero dizer, essas baterias são incrivelmente pesadas, mas você acha que a matemática ainda pode funcionar inteligentemente -- ao combinar estrutura leve e bateria pesada, você ainda pode ganhar uma eficiência espetacular.
EM: Exatamente. O restante do carro tem que ser muito leve para compensar o peso da bateria, e você ainda tem de ter um coeficiente de arrasto baixo para ter um bom alcance na rodovia. E de fato, clientes do Model S estão meio que competindo entre si para tentar atingir o maior alcance possível. Acho que, recentemente, alguém conseguiu 675km com uma única carga.
CA: Bruno Bowden, que está aqui, fez isso, bateu o recorde mundial. EM: Parabéns.
CA: Essa foi a boa notícia. A notícia ruim é que para fazer isso, ele teve que dirigir a 30km/h em velocidade constante e foi parado pela polícia. (Risadas)
EM: Quero dizer, você pode, com certeza, dirigir -- se você dirige a 105km/h, sob condições normais, 400km é um número razoável.
CA: Vamos exibir esse segundo vídeo mostrando o Tesla em ação no gelo. A propósito, isto de jeito nenhum é uma piada do The New York Times. Qual é a coisa mais surpreendente sobre a experiência de dirigir o carro?
EM: Ao criar um carro elétrico, a capacidade de resposta do carro é realmente incrível. Então queríamos, de fato, que as pessoas sentissem como se quase tivessem uma conexão mental com o carro, da forma que você sente que você e o carro são meio que um só, e à medida em que você domina e acelera, isso acontece, como se o carro tivesse ESP (percepção extrassensorial). Você pode fazer isso com um carro elétrico por causa de sua capacidade de resposta. Você não pode fazer isso com um carro a gasolina. Penso que essa é uma diferença bastante profunda, e as pessoas só experimentam isso quando fazem um 'test drive'.
CA: Isto é, este é um carro bonito mas caro. Existe uma programação para que ele se torne um veículo de venda em massa no mercado?
EM: Sim. O objetivo da Tesla sempre foi ter um tipo de processo em três etapas, no qual a versão um era um carro caro com poucas unidades, a versão dois é preço médio e quantidade média, e a versão três seria preço baixo e alta quantidade. Estamos na etapa dois neste momento. Assim, tínhamos um carro esportivo de $100.000, que era o Roadster. Daí, conseguimos o Model S, que começou com mais ou menos 50.000 dólares. E nosso carro de terceira geração, que felizmente deve ser lançado em cerca de três ou quatro anos, será um carro de $30.000. E sempre que você consegue tecnologia realmente nova, geralmente há três versões principais, para torná-lo um produto atraente no mercado de massa. Penso que estamos progredindo nessa direção e sinto-me confiante em que chegaremos lá.
CA: Exatamente agora, se você tem viagens diárias, você vai, você volta, você o recarrega em casa Não há uma rede nacional enorme de estações de recarga que seja rápida. Você vê isto acontecendo, de verdade, ou apenas em algumas rotas principais?
EM: Na verdade, há muito mais estações de recarga do que as pessoas imaginam, e na Tesla desenvolvemos algo chamado de tecnologia de Supercarga e estamos oferecendo isso, se você compra um Model S, grátis, para sempre. E talvez isso seja algo que muitas pessoas não percebam. De fato, temos cobertura na Califórnia e em Nevada, e também cobrimos a costa leste, de Boston a D.C. (District of Columbia). No final deste ano, você será capaz de dirigir de Los Angeles a Nova Iorque usando apenas a rede Supercarga, que recarrega cinco vezes mais rápido do que qualquer outra. E o elemento chave é ter uma média de paradas, um tempo para paradas, cerca de seis ou sete. Assim, se você dirige por três horas, você quer parar por 20 ou 30 minutos, porque normalmente isso é o que as pessoas param. Então se você começa uma viagem às 9 da manhã, ao meio-dia você quer parar para comer, ir ao banheiro, café, e continuar.
CA: Então, sua proposição para os clientes é, para recarga completa, levaria uma hora. Então é normal -- não espere sair daqui em 10 minutos. Espere uma hora, mas a boa notícia é: você está ajudando a salvar o planeta, e, a propósito, a eletricidade é grátis. Você não paga nada.
EM: Na verdade, o que estamos esperando é que as pessoas parem cerca de 20 a 30 minutos, não uma hora. De fato, é melhor dirigir por cerca de 260, 270 quilômetros, parar por meia hora e continuar. Esse é o ritmo natural de uma viagem. CA: Muito bem. Este é apenas um dos aspectos em seu arco de energia. Você está trabalhando nessa empresa de energia solar, SolarCity. O que é incomum nisso?
EM: Bem, como eu disse antes, temos que ter produção de eletricidade sustentável e também consumo, assim, estou bastante confiante em que os meios primários de geração de energia serão solares. Quero dizer, é de fato fusão indireta, é o que é. Temos esse gerador de fusão gigante no céu, chamado Sol, e apenas precisamos drenar um pouquinho dessa energia para os propósitos da civilização humana. O que a maioria das pessoas sabe, mas não percebe que sabe, é que o mundo já é quase que totalmente energizado pelo Sol. Se o Sol não estivesse ali, seríamos uma bola congelada a três graus Kelvin, e o Sol energiza todo o sistema de precipitação. Todo o ecossistema é energizado pelo Sol.
CA: Mas em um galão de gasolina, você tem, efetivamente, milhares de anos de energia solar comprimida em um espaço pequeno, portanto é difícil igualar números agora na energia solar, e remotamente competir com, por exemplo, gás natural, gás natural de perfuração. Como você constrói uma empresa com isso?
EM: Bem, na verdade, estou confiante que a energia solar baterá tudo, sem dúvida, incluindo o gás natural.
(Aplausos) CA: Como?
EM: Ela deve, realmente. Se não, estaremos em sérios apuros.
CA: Mas você não está vendendo painéis solares aos consumidores. O que você está fazendo? EM: Não, na verdade estamos. Você pode comprar um sistema solar ou pode alugar um sistema solar. A maioria das pessoas escolhe alugar. E o que há sobre energia solar é que ela não não tem nenhum estoque para alimentação ou custos operacionais, uma vez instalada, fica lá. Funciona por décadas. Provavelmente vai funcionar por um século. Assim sendo, o elemento chave para fazer isso é tornar o custo dessa instalação inicial baixo, obter um custo de financiamento baixo, porque esses juros -- esses são os dois fatores que determinam o custo da energia solar. E fizemos um progresso imenso nessa direção, e é por isso que estou confiante em que realmente bateremos o gás natural.
CA: Assim, sua proposição atual para os consumidores é: não pagar tanto no começo.
EM: Zero. CA: Pague zero no começo. Instalaremos painéis em seu telhado. Então você irá pagar, quanto tempo dura um aluguel normal?
EM: Um aluguel normal dura 20 anos, mas a proposição de valor é, já que você está mencionando, bastante direta. É uma estratégia de financiamento, e sua conta de energia diminui. Ótimo negócio.
CA: Bem, parece um ganho para o consumidor. Sem riscos, você pagará menos do que está pagando agora. Para você, o sonho aqui é que -- ou seja, quem é o dono da eletricidade desses painéis no longo prazo? Digo, como você, a empresa, lucra?
EM: Bem, essencialmente, a SolarCity levanta uma parte do capital de, digamos, uma empresa ou um banco. O Google é um de nossos grandes parceiros aqui. Eles esperam um retorno nesse capital. Com esse capital, a SolarCity compra e instala os painéis no telhado e então cobra o proprietário da casa ou da empresa um aluguel mensal', que é menor que a conta de energia.
CA: Você mesmo obtém um lucro comercial de longo prazo dessa energia. Você meio que está construindo um novo tipo de empresa de distribuição.
EM: Exatamente. O que equivale a uma empresa de distribuição gigante. Acho que é uma coisa boa, porque as distribuidoras têm sido um monopólio, e as pessoas não tiveram nenhuma escolha. Efetivamente é a primeira vez que há competição para esse monopólio, porque as distribuidoras têm sido as únicas que possuem as linhas de distribuição de energia, mas agora está em seu telhado. De fato, acho que é bem fortalecedor para proprietários de casas e empresas.
CA: E você realmente vê um futuro em que a maior parte da energia nos Estados Unidos, dentro de uma década ou duas, ou no tempo de sua vida, será solar?
EM: Estou extremamente confiante em que a energia solar será no mínimo uma pluralidade de energia e muito provavelmente a maioria, e prevejo que será uma pluralidade em menos de 20 anos. Fiz essa aposta com alguém. __ CA: A definição de pluralidade é?
EM: Mais da energia solar do que de qualquer outra fonte.
CA: Ah. Com quem você fez essa aposta?
EM: Com um amigo meu que ficará anônimo.
CA: Só entre nós dois. (Risadas)
EM: Fiz essa aposta, acho, dois ou três anos atrás, então, grosso modo, em 18 anos, penso que veremos mais energia da energia solar do que de qualquer outra fonte.
CA: Certo, vamos voltar a uma outra aposta que você fez com você mesmo, acho, um tipo de aposta maluca. Você ganhou dinheiro com a venda do PayPal. Você decidiu construir uma empresa espacial. Por que, diabos, alguém faria isso? (Risadas)
EM: Ouço muito essa pergunta, é verdade. As pessoas diriam: "Você ouviu a piada do cara que fez uma pequena fortuna na indústria espacial?" Obviamente, "Ele começou com uma maior" é a frase de efeito. Então digo às pessoas, bem, eu estava tentando imaginar a forma mais rápida de transformar uma grande fortuna em uma pequena. E elas olham para mim, tipo: "Ele fala sério?"
CA: Estranhamente, você falava. Então, o que aconteceu?
EM: Foi um susto. As coisas quase não funcionaram. Ficamos muito perto de quebrar, mas conseguimos passar esse ponto em 2008. A meta da SpaceX é tentar avançar a tecnologia de foguetes, e, particularmente, tentar resolver um problema que acho que é vital para a humanidade tornar-se uma civilização que navega no espaço, que é ter um foguete rápida e totalmente reutilizável.
CA: A humanidade se tornaria uma civilização que navega no espaço? Isso era um sonho seu, de alguma forma, desde pequeno? Você sonhava com Marte e o espaço?
EM: Realmente fiz foguetes quando era criança, mas não pensava que estaria envolvido com isto. Foi, de fato, mais do ponto de vista de quais são as coisas que precisam acontecer para que o futuro seja entusiasmante e inspirador? E realmente penso que há uma diferença fundamental, se você meio que espia o futuro, entre uma humanidade que é uma civilização que navega no espaço, que está lá fora explorando as estrelas, em vários planetas, acho realmente entusiasmante, comparada com aquela em que estamos confinados para sempre à Terra até algum evento de extinção final.
CA: Então você de algum modo baixou o custo de construir um foguete em 75%, dependendo de como você calcula isso. Como, diabos, você fez isso? A NASA vem fazendo isso durante anos. Como você fez isso?
EM: Bem, fizemos avanços significativos na tecnologia da estrutura da aeronave, nos motores, nos eletrônicos e na operação de lançamento. Há uma lista longa de inovações que criamos e isso é um pouco difícil de repassar nesta conversa, mas --
CA: No mínimo porque você poderia ser copiado, certo? Você não patenteou esse material. É realmente interessante para mim.
EM: Não, não patenteamos. CA: Não patenteia porque você acha que é mais perigoso patentear do que não patentear.
EM: Já que nossos concorrentes principais são governos nacionais, a aplicabilidade da patentes é questionável.
CA: Isso é muito, muito interessante. Mas a grande inovação ainda está adiante e você está trabalhando nela agora. Conte-nos sobre isso.
EM: Certo, então a grande inovação --
CA: Na verdade, vamos passar esse vídeo e você pode nos contar o que está acontecendo aqui.
EM: Sim. Bem, o que acontece com foguetes é que eles não são reutilizados. Todos os foguetes que voam hoje não são reutilizados. O ônibus espacial foi uma tentativa de foguete reutilizável, mas até mesmo o tanque principal do ônibus espacial era jogado fora toda vez, e as partes reutilizáveis precisavam de um grupo de 10.000 pessoas, nove meses, para serem reformadas para outro voo. Então o ônibus espacial acabava custando um bilhão de dólares por voo. Claro que isso não funciona muito bem --
CA: O que aconteceu ali? Vimos algo aterrissando?
EM: Isso mesmo. È importante que os estágios do foguete sejam capazes de voltar, capazes de retornar ao local de lançamento e estar prontos para lançamento novamente dentro de uma questão de horas.
CA: Uau. Foguetes reutilizáveis. EM: É. (Aplausos) E o que muitas pessoas não percebem é que o custo do combustível, do propelente, é muito pequeno. É bem como no jato. O custo do propelente é mais ou menos 0,3% do custo do foguete. Então é possível atingir, digamos, a grosso modo, uma melhora de 100 vezes no custo do voo espacial se você efetivamente puder reutilizar o foguete. É por isso que é tão importante. Todo tipo de transporte que usamos, sejam aviões, trens, automóveis, bicicletas, cavalos, é reutilizável, mas não os foguetes. Então, temos que resolver este problema para nos tornarmos uma civilização que navega no espaço.
CA: Você já me perguntou quão popular seria viajar em cruzeiros se você tivesse que queimar os navios depois disso. EM: Aparentemente, certos cruzeiros são altamente problemáticos.
CA: Definitivamente mais caros. Então, possivelmente, essa é uma tecnologia que abre caminho e, acho, pavimenta a estrada para seu sonho de efetivamente levar, em algum momento, levar a humanidde para Marte em grande escala. Você gostaria de ver uma colônia em Marte.
EM: É, é isso. A SpaceX, ou algum consórcio de empresas e govenos, precisa fazer progresso em direção a tornar a vida multiplanetária, de estabelecer uma base em outro planeta, em Marte -- porque é a única opção realista -- e então edificar essa base até que sejamos uma verdadeira espécie multiplaneta.
CA: E o progresso nesse "vamos torná-lo reutilizável", como está indo? Este vídeo que vimos foi apenas uma simulação. Como está indo?
EM: Na verdade, temos feito grande progresso ultimamente com algo que chamamos de Projeto de Teste Gafanhoto, em que estamos testando a parte do pouso vertical do voo, o tipo de parte final que é bastante complicada. E fizemos alguns testes bons.
CA: Podemos ver isso? EM: Sim. Isto é apenas para dar ideia do tamanho, da escala. Vestimos um vaqueiro como Johnny Cash e parafusamos o manequim no foguete. (Risadas)
CA: Certo, vamos ver esse vídeo então, porque é realmente espetacular quando você pensa nisso. Você nunca viu isto antes. Um foguete sendo lançado e então --
EM: É, este foguete tem aproximadamente o tamanho de um edifício de 12 andares. (Lançamento do foguete) Agora ele está pairando mais ou menos a 40 metros, está constantemente ajustando o ângulo, o afastamento e a guinada do motor principal, e mantendo o giro com propulsores a gás de carvão.
CA: Que legal isso! (Aplausos) Elon, como você fez isso? Esses projetos são tão -- Paypal, SolarCity, Tesla, SpaceX, eles são tão fantasticamente diferentes, são projetos tão ambiciosos em escala. Como, diabos, uma pessoa foi capaz de inovar assim? O que há com você?
EM: Não sei, na verdade. Não tenho uma boa resposta para você. Trabalho muito, muito mesmo.
CA: Bem, tenho uma teoria. EM: Ok, certo.
CA: Minha teoria é que você tem a habilidade de pensar a nível de 'design' de um sistema que engloba 'design', tecnologia e negócios, e, se TED fosse TBD, seria 'design', tecnologia e negócios, em um único pacote, sintetiza isso de uma forma que poucas pessos conseguem e -- e essa é a coisa crítica -- sente-se tão confiante nesse pacote "três em um" que aceita riscos malucos. Você aposta sua fortuna nele, e parece que você fez isso várias vezes. Digo, quase ninguém consegue fazer isso. Isso -- poderia nos revelar seu ingrediente secreto? Podemos colocar isso em nosso sistema educacional? Alguém consegue aprender com você? É realmente espetacular o que você fez.
EM: Bem, obrigado. Muito obrigado. Bem, acho que há uma boa estrutura para pensar. É a física. Sabe, o tipo de raciocínio com princípios básicos. Em geral, acho que há -- o que quero dizer com isso é: traga as coisas para suas verdades fundamentais e raciocine a partir daí, em oposição a raciocinar por analogia. Através da maior parte de nossa vida, vivemos raciocinando por analogia, que basicamente significa copiar o que outras pessoas fazem com pequenas variações. E você tem que fazer isso. Do contrário, mentalmente, você não seria capaz de viver o dia. Mas quando você quer fazer algo novo, você tem que aplicar a abordagem da física. Física é, na verdade, imaginar como descobrir coisas novas que são contraintuitivas, como a mecânica quântica. É realmente contraintuitivo. Acho que essa é uma coisa importante para fazer, e também a prestar atenção, de fato, ao feedback negativo e pedir por ele, particularmente aos amigos. Pode soar como conselho simples, mas dificilmente alguém faz isso, e ele é incrivelmente útil.
CA: Garotas e rapazes, estudem física. Aprendam com este homem. Elon Musk, eu gostaria de ter o dia todo, mas muito obrigado por vir ao TED.
EM: Obrigado. CA: Isso foi sensacional. Foi muito, muito legal. Vejam isso. (Aplauso)
Curve-se. Foi fantástico. Muito obrigado.
[Via BBA]
Chris Anderson: Elon, que tipo de sonho maluco convenceria você a pensar em tentar assumir a indústria de automóveis e construir um carro totalmente elétrico?
Elon Musk: Bem, isso vem lá de quando eu estava na universidade. Pensei sobre quais são os problemas que mais provavelmente afetarão o futuro do mundo ou o futuro da humanidade? Penso que é extremamente importante que tenhamos transporte sustentável e produção de energia sustentável. Esse tipo de problema geral de energia sustentável é o maior problema que temos que resolver neste século, independentemente de preocupações ambientais. Na verdade, mesmo que produzir CO2 fosse bom para o ambiente, visto que vamos ficar sem hidrocarbonetos, precisamos encontrar algum meio sustentável de operar.
CA: A maior parte da eletricidade americana vem da queima de combustíveis fósseis. Como um carro elétrico, que se conecta a essa eletricidade, pode ajudar?
EM: Certo. Existem dois elementos para essa resposta. Um é que, mesmo que você pegue a mesma fonte de combustível, produza energia na usina e a use para carregar carros elétricos, você estará numa posição melhor. Então, se você pega, digamos, gás natural, que é a fonte de combustível de hidrocarboneto predominante, se você queima isso em uma turbina de gás natural moderna da General Electric, você obterá uma eficiência de aproximadamente 60%. Se você colocar esse mesmo combustível em um motor a combustão de um carro, você obtém uma eficiência de aproximadamente 20%. E a razão é, na usina, você pode ter algo que pesa muito mais, que é volume, e você pode pegar o calor desprendido no processo, movimentar uma turbina a vapor e gerar uma fonte secundária de energia. Então, efetivamente, mesmo depois de considerar a perda na transmissão e tudo mais, usando a mesma fonte de combustível, você é no mínimo duas vezes melhor carregando o carro elétrico, quando o queima na usina.
CA: Essa escala favorece a eficiência.
EM: Sim, favorece. Então o outro ponto é: temos que ter meios sustentáveis de geração de energia de qualquer modo, geração de eletricidade. Portanto, considerando-se que temos que solucionar o problema da geração de eletricidade sustentável, faz sentido para nós ter carros elétricos como forma de transporte.
CA: Temos um vídeo aqui do Tesla sendo montado, que, se pudéssemos mostrar esse primeiro vídeo -- O que é inovador nesse processo neste veículo?
EM: Certo. Então, para acelerar a chegada do transporte elétrico, e, devo dizer que acho, realmente, que todas as formas de transporte se tornarão completamente elétricas, com a irônica exceção dos foguetes. Não há escapatória para a terceira lei de Newton. A questão é: como você acelera a vinda do transporte elétrico? E para obter isso para carros, você tem que imaginar um carro realmente eficiente em energia, então isso significa fazê-lo incrivelmente leve, e, assim, o que você está vendo aqui é a carroceria e o chassi do carro feitos totalmente de alumínio, feita na América do Norte. De fato, aplicamos muito das técnicas de 'design' de foguetes para fazer o carro leve apesar de ter uma bateria muito grande. Ele também tem o menor coeficiente de arrasto de qualquer carro de seu tamanho. Como consequência, o uso de energia é muito baixo, e ele tem a bateria mais avançada, e isso é o que lhe dá o desempenho que é competitivo, assim, você pode ter um alcance da ordem de 400km.
CA: Quero dizer, essas baterias são incrivelmente pesadas, mas você acha que a matemática ainda pode funcionar inteligentemente -- ao combinar estrutura leve e bateria pesada, você ainda pode ganhar uma eficiência espetacular.
EM: Exatamente. O restante do carro tem que ser muito leve para compensar o peso da bateria, e você ainda tem de ter um coeficiente de arrasto baixo para ter um bom alcance na rodovia. E de fato, clientes do Model S estão meio que competindo entre si para tentar atingir o maior alcance possível. Acho que, recentemente, alguém conseguiu 675km com uma única carga.
CA: Bruno Bowden, que está aqui, fez isso, bateu o recorde mundial. EM: Parabéns.
CA: Essa foi a boa notícia. A notícia ruim é que para fazer isso, ele teve que dirigir a 30km/h em velocidade constante e foi parado pela polícia. (Risadas)
EM: Quero dizer, você pode, com certeza, dirigir -- se você dirige a 105km/h, sob condições normais, 400km é um número razoável.
CA: Vamos exibir esse segundo vídeo mostrando o Tesla em ação no gelo. A propósito, isto de jeito nenhum é uma piada do The New York Times. Qual é a coisa mais surpreendente sobre a experiência de dirigir o carro?
EM: Ao criar um carro elétrico, a capacidade de resposta do carro é realmente incrível. Então queríamos, de fato, que as pessoas sentissem como se quase tivessem uma conexão mental com o carro, da forma que você sente que você e o carro são meio que um só, e à medida em que você domina e acelera, isso acontece, como se o carro tivesse ESP (percepção extrassensorial). Você pode fazer isso com um carro elétrico por causa de sua capacidade de resposta. Você não pode fazer isso com um carro a gasolina. Penso que essa é uma diferença bastante profunda, e as pessoas só experimentam isso quando fazem um 'test drive'.
CA: Isto é, este é um carro bonito mas caro. Existe uma programação para que ele se torne um veículo de venda em massa no mercado?
EM: Sim. O objetivo da Tesla sempre foi ter um tipo de processo em três etapas, no qual a versão um era um carro caro com poucas unidades, a versão dois é preço médio e quantidade média, e a versão três seria preço baixo e alta quantidade. Estamos na etapa dois neste momento. Assim, tínhamos um carro esportivo de $100.000, que era o Roadster. Daí, conseguimos o Model S, que começou com mais ou menos 50.000 dólares. E nosso carro de terceira geração, que felizmente deve ser lançado em cerca de três ou quatro anos, será um carro de $30.000. E sempre que você consegue tecnologia realmente nova, geralmente há três versões principais, para torná-lo um produto atraente no mercado de massa. Penso que estamos progredindo nessa direção e sinto-me confiante em que chegaremos lá.
CA: Exatamente agora, se você tem viagens diárias, você vai, você volta, você o recarrega em casa Não há uma rede nacional enorme de estações de recarga que seja rápida. Você vê isto acontecendo, de verdade, ou apenas em algumas rotas principais?
EM: Na verdade, há muito mais estações de recarga do que as pessoas imaginam, e na Tesla desenvolvemos algo chamado de tecnologia de Supercarga e estamos oferecendo isso, se você compra um Model S, grátis, para sempre. E talvez isso seja algo que muitas pessoas não percebam. De fato, temos cobertura na Califórnia e em Nevada, e também cobrimos a costa leste, de Boston a D.C. (District of Columbia). No final deste ano, você será capaz de dirigir de Los Angeles a Nova Iorque usando apenas a rede Supercarga, que recarrega cinco vezes mais rápido do que qualquer outra. E o elemento chave é ter uma média de paradas, um tempo para paradas, cerca de seis ou sete. Assim, se você dirige por três horas, você quer parar por 20 ou 30 minutos, porque normalmente isso é o que as pessoas param. Então se você começa uma viagem às 9 da manhã, ao meio-dia você quer parar para comer, ir ao banheiro, café, e continuar.
CA: Então, sua proposição para os clientes é, para recarga completa, levaria uma hora. Então é normal -- não espere sair daqui em 10 minutos. Espere uma hora, mas a boa notícia é: você está ajudando a salvar o planeta, e, a propósito, a eletricidade é grátis. Você não paga nada.
EM: Na verdade, o que estamos esperando é que as pessoas parem cerca de 20 a 30 minutos, não uma hora. De fato, é melhor dirigir por cerca de 260, 270 quilômetros, parar por meia hora e continuar. Esse é o ritmo natural de uma viagem. CA: Muito bem. Este é apenas um dos aspectos em seu arco de energia. Você está trabalhando nessa empresa de energia solar, SolarCity. O que é incomum nisso?
EM: Bem, como eu disse antes, temos que ter produção de eletricidade sustentável e também consumo, assim, estou bastante confiante em que os meios primários de geração de energia serão solares. Quero dizer, é de fato fusão indireta, é o que é. Temos esse gerador de fusão gigante no céu, chamado Sol, e apenas precisamos drenar um pouquinho dessa energia para os propósitos da civilização humana. O que a maioria das pessoas sabe, mas não percebe que sabe, é que o mundo já é quase que totalmente energizado pelo Sol. Se o Sol não estivesse ali, seríamos uma bola congelada a três graus Kelvin, e o Sol energiza todo o sistema de precipitação. Todo o ecossistema é energizado pelo Sol.
CA: Mas em um galão de gasolina, você tem, efetivamente, milhares de anos de energia solar comprimida em um espaço pequeno, portanto é difícil igualar números agora na energia solar, e remotamente competir com, por exemplo, gás natural, gás natural de perfuração. Como você constrói uma empresa com isso?
EM: Bem, na verdade, estou confiante que a energia solar baterá tudo, sem dúvida, incluindo o gás natural.
(Aplausos) CA: Como?
EM: Ela deve, realmente. Se não, estaremos em sérios apuros.
CA: Mas você não está vendendo painéis solares aos consumidores. O que você está fazendo? EM: Não, na verdade estamos. Você pode comprar um sistema solar ou pode alugar um sistema solar. A maioria das pessoas escolhe alugar. E o que há sobre energia solar é que ela não não tem nenhum estoque para alimentação ou custos operacionais, uma vez instalada, fica lá. Funciona por décadas. Provavelmente vai funcionar por um século. Assim sendo, o elemento chave para fazer isso é tornar o custo dessa instalação inicial baixo, obter um custo de financiamento baixo, porque esses juros -- esses são os dois fatores que determinam o custo da energia solar. E fizemos um progresso imenso nessa direção, e é por isso que estou confiante em que realmente bateremos o gás natural.
CA: Assim, sua proposição atual para os consumidores é: não pagar tanto no começo.
EM: Zero. CA: Pague zero no começo. Instalaremos painéis em seu telhado. Então você irá pagar, quanto tempo dura um aluguel normal?
EM: Um aluguel normal dura 20 anos, mas a proposição de valor é, já que você está mencionando, bastante direta. É uma estratégia de financiamento, e sua conta de energia diminui. Ótimo negócio.
CA: Bem, parece um ganho para o consumidor. Sem riscos, você pagará menos do que está pagando agora. Para você, o sonho aqui é que -- ou seja, quem é o dono da eletricidade desses painéis no longo prazo? Digo, como você, a empresa, lucra?
EM: Bem, essencialmente, a SolarCity levanta uma parte do capital de, digamos, uma empresa ou um banco. O Google é um de nossos grandes parceiros aqui. Eles esperam um retorno nesse capital. Com esse capital, a SolarCity compra e instala os painéis no telhado e então cobra o proprietário da casa ou da empresa um aluguel mensal', que é menor que a conta de energia.
CA: Você mesmo obtém um lucro comercial de longo prazo dessa energia. Você meio que está construindo um novo tipo de empresa de distribuição.
EM: Exatamente. O que equivale a uma empresa de distribuição gigante. Acho que é uma coisa boa, porque as distribuidoras têm sido um monopólio, e as pessoas não tiveram nenhuma escolha. Efetivamente é a primeira vez que há competição para esse monopólio, porque as distribuidoras têm sido as únicas que possuem as linhas de distribuição de energia, mas agora está em seu telhado. De fato, acho que é bem fortalecedor para proprietários de casas e empresas.
CA: E você realmente vê um futuro em que a maior parte da energia nos Estados Unidos, dentro de uma década ou duas, ou no tempo de sua vida, será solar?
EM: Estou extremamente confiante em que a energia solar será no mínimo uma pluralidade de energia e muito provavelmente a maioria, e prevejo que será uma pluralidade em menos de 20 anos. Fiz essa aposta com alguém. __ CA: A definição de pluralidade é?
EM: Mais da energia solar do que de qualquer outra fonte.
CA: Ah. Com quem você fez essa aposta?
EM: Com um amigo meu que ficará anônimo.
CA: Só entre nós dois. (Risadas)
EM: Fiz essa aposta, acho, dois ou três anos atrás, então, grosso modo, em 18 anos, penso que veremos mais energia da energia solar do que de qualquer outra fonte.
CA: Certo, vamos voltar a uma outra aposta que você fez com você mesmo, acho, um tipo de aposta maluca. Você ganhou dinheiro com a venda do PayPal. Você decidiu construir uma empresa espacial. Por que, diabos, alguém faria isso? (Risadas)
EM: Ouço muito essa pergunta, é verdade. As pessoas diriam: "Você ouviu a piada do cara que fez uma pequena fortuna na indústria espacial?" Obviamente, "Ele começou com uma maior" é a frase de efeito. Então digo às pessoas, bem, eu estava tentando imaginar a forma mais rápida de transformar uma grande fortuna em uma pequena. E elas olham para mim, tipo: "Ele fala sério?"
CA: Estranhamente, você falava. Então, o que aconteceu?
EM: Foi um susto. As coisas quase não funcionaram. Ficamos muito perto de quebrar, mas conseguimos passar esse ponto em 2008. A meta da SpaceX é tentar avançar a tecnologia de foguetes, e, particularmente, tentar resolver um problema que acho que é vital para a humanidade tornar-se uma civilização que navega no espaço, que é ter um foguete rápida e totalmente reutilizável.
CA: A humanidade se tornaria uma civilização que navega no espaço? Isso era um sonho seu, de alguma forma, desde pequeno? Você sonhava com Marte e o espaço?
EM: Realmente fiz foguetes quando era criança, mas não pensava que estaria envolvido com isto. Foi, de fato, mais do ponto de vista de quais são as coisas que precisam acontecer para que o futuro seja entusiasmante e inspirador? E realmente penso que há uma diferença fundamental, se você meio que espia o futuro, entre uma humanidade que é uma civilização que navega no espaço, que está lá fora explorando as estrelas, em vários planetas, acho realmente entusiasmante, comparada com aquela em que estamos confinados para sempre à Terra até algum evento de extinção final.
CA: Então você de algum modo baixou o custo de construir um foguete em 75%, dependendo de como você calcula isso. Como, diabos, você fez isso? A NASA vem fazendo isso durante anos. Como você fez isso?
EM: Bem, fizemos avanços significativos na tecnologia da estrutura da aeronave, nos motores, nos eletrônicos e na operação de lançamento. Há uma lista longa de inovações que criamos e isso é um pouco difícil de repassar nesta conversa, mas --
CA: No mínimo porque você poderia ser copiado, certo? Você não patenteou esse material. É realmente interessante para mim.
EM: Não, não patenteamos. CA: Não patenteia porque você acha que é mais perigoso patentear do que não patentear.
EM: Já que nossos concorrentes principais são governos nacionais, a aplicabilidade da patentes é questionável.
CA: Isso é muito, muito interessante. Mas a grande inovação ainda está adiante e você está trabalhando nela agora. Conte-nos sobre isso.
EM: Certo, então a grande inovação --
CA: Na verdade, vamos passar esse vídeo e você pode nos contar o que está acontecendo aqui.
EM: Sim. Bem, o que acontece com foguetes é que eles não são reutilizados. Todos os foguetes que voam hoje não são reutilizados. O ônibus espacial foi uma tentativa de foguete reutilizável, mas até mesmo o tanque principal do ônibus espacial era jogado fora toda vez, e as partes reutilizáveis precisavam de um grupo de 10.000 pessoas, nove meses, para serem reformadas para outro voo. Então o ônibus espacial acabava custando um bilhão de dólares por voo. Claro que isso não funciona muito bem --
CA: O que aconteceu ali? Vimos algo aterrissando?
EM: Isso mesmo. È importante que os estágios do foguete sejam capazes de voltar, capazes de retornar ao local de lançamento e estar prontos para lançamento novamente dentro de uma questão de horas.
CA: Uau. Foguetes reutilizáveis. EM: É. (Aplausos) E o que muitas pessoas não percebem é que o custo do combustível, do propelente, é muito pequeno. É bem como no jato. O custo do propelente é mais ou menos 0,3% do custo do foguete. Então é possível atingir, digamos, a grosso modo, uma melhora de 100 vezes no custo do voo espacial se você efetivamente puder reutilizar o foguete. É por isso que é tão importante. Todo tipo de transporte que usamos, sejam aviões, trens, automóveis, bicicletas, cavalos, é reutilizável, mas não os foguetes. Então, temos que resolver este problema para nos tornarmos uma civilização que navega no espaço.
CA: Você já me perguntou quão popular seria viajar em cruzeiros se você tivesse que queimar os navios depois disso. EM: Aparentemente, certos cruzeiros são altamente problemáticos.
CA: Definitivamente mais caros. Então, possivelmente, essa é uma tecnologia que abre caminho e, acho, pavimenta a estrada para seu sonho de efetivamente levar, em algum momento, levar a humanidde para Marte em grande escala. Você gostaria de ver uma colônia em Marte.
EM: É, é isso. A SpaceX, ou algum consórcio de empresas e govenos, precisa fazer progresso em direção a tornar a vida multiplanetária, de estabelecer uma base em outro planeta, em Marte -- porque é a única opção realista -- e então edificar essa base até que sejamos uma verdadeira espécie multiplaneta.
CA: E o progresso nesse "vamos torná-lo reutilizável", como está indo? Este vídeo que vimos foi apenas uma simulação. Como está indo?
EM: Na verdade, temos feito grande progresso ultimamente com algo que chamamos de Projeto de Teste Gafanhoto, em que estamos testando a parte do pouso vertical do voo, o tipo de parte final que é bastante complicada. E fizemos alguns testes bons.
CA: Podemos ver isso? EM: Sim. Isto é apenas para dar ideia do tamanho, da escala. Vestimos um vaqueiro como Johnny Cash e parafusamos o manequim no foguete. (Risadas)
CA: Certo, vamos ver esse vídeo então, porque é realmente espetacular quando você pensa nisso. Você nunca viu isto antes. Um foguete sendo lançado e então --
EM: É, este foguete tem aproximadamente o tamanho de um edifício de 12 andares. (Lançamento do foguete) Agora ele está pairando mais ou menos a 40 metros, está constantemente ajustando o ângulo, o afastamento e a guinada do motor principal, e mantendo o giro com propulsores a gás de carvão.
CA: Que legal isso! (Aplausos) Elon, como você fez isso? Esses projetos são tão -- Paypal, SolarCity, Tesla, SpaceX, eles são tão fantasticamente diferentes, são projetos tão ambiciosos em escala. Como, diabos, uma pessoa foi capaz de inovar assim? O que há com você?
EM: Não sei, na verdade. Não tenho uma boa resposta para você. Trabalho muito, muito mesmo.
CA: Bem, tenho uma teoria. EM: Ok, certo.
CA: Minha teoria é que você tem a habilidade de pensar a nível de 'design' de um sistema que engloba 'design', tecnologia e negócios, e, se TED fosse TBD, seria 'design', tecnologia e negócios, em um único pacote, sintetiza isso de uma forma que poucas pessos conseguem e -- e essa é a coisa crítica -- sente-se tão confiante nesse pacote "três em um" que aceita riscos malucos. Você aposta sua fortuna nele, e parece que você fez isso várias vezes. Digo, quase ninguém consegue fazer isso. Isso -- poderia nos revelar seu ingrediente secreto? Podemos colocar isso em nosso sistema educacional? Alguém consegue aprender com você? É realmente espetacular o que você fez.
EM: Bem, obrigado. Muito obrigado. Bem, acho que há uma boa estrutura para pensar. É a física. Sabe, o tipo de raciocínio com princípios básicos. Em geral, acho que há -- o que quero dizer com isso é: traga as coisas para suas verdades fundamentais e raciocine a partir daí, em oposição a raciocinar por analogia. Através da maior parte de nossa vida, vivemos raciocinando por analogia, que basicamente significa copiar o que outras pessoas fazem com pequenas variações. E você tem que fazer isso. Do contrário, mentalmente, você não seria capaz de viver o dia. Mas quando você quer fazer algo novo, você tem que aplicar a abordagem da física. Física é, na verdade, imaginar como descobrir coisas novas que são contraintuitivas, como a mecânica quântica. É realmente contraintuitivo. Acho que essa é uma coisa importante para fazer, e também a prestar atenção, de fato, ao feedback negativo e pedir por ele, particularmente aos amigos. Pode soar como conselho simples, mas dificilmente alguém faz isso, e ele é incrivelmente útil.
CA: Garotas e rapazes, estudem física. Aprendam com este homem. Elon Musk, eu gostaria de ter o dia todo, mas muito obrigado por vir ao TED.
EM: Obrigado. CA: Isso foi sensacional. Foi muito, muito legal. Vejam isso. (Aplauso)
Curve-se. Foi fantástico. Muito obrigado.
[Via BBA]
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