Principal destino do Ciência sem Fronteiras, Universidade de Coimbra formou a elite brasileira até os anos 1940. Agora, segundo os alunos do...
Principal destino do Ciência sem Fronteiras, Universidade de Coimbra formou a elite brasileira até os anos 1940. Agora, segundo os alunos do intercâmbio, o programa está mudando a imagem do país em Portugal.
A crescente presença de acadêmicos brasileiros em Portugal tem feito com que uma imagem distorcida do Brasil, criada por causa de clichês e estereótipos, seja alterada positivamente aos olhos dos lusitanos. Na avaliação de estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras, alunos e professores de grandes instituições portuguesas têm se deparado com uma visão renovada do país a partir da vivência com os bolsistas.
A gente está mostrando um outro lado do Brasil para eles”, diz Maiara Sakamoto Lopes, aluna de engenharia ambiental na Universidade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro), que, desde setembro, estuda na Universidade de Lisboa.
De acordo com a bolsista, o Brasil tem sido “muito bem visto” por causa do Ciência sem Fronteiras. “Eles sabem que os estudantes estão aqui por incentivo do governo.”
Aluno de enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Elias Dias faz graduação-sanduíche na Universidade de Coimbra.
Para alguns bolsistas, além de melhorara imagem do Brasil no exterior, o Programa Ciência sem Fronteira eleva a autoestima dos brasileiros.
“O complexo de vira-lata que [o dramaturgo e cronista] Nélson Rodrigues dizia nunca foi tão falso”, diz Gabriel dos Passos Gomes, estudante de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e bolsista na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Segundo ele, o contato com os alunos e professores portugueses e de outras partes do mundo na instituição é interessante para comparar a formação e a capacidade dos brasileiros.
“Não somos menos capazes”, avalia, destacando que o estudante brasileiro é autodidata e “aprende a se virar muito bem”. De acordo com o aluno, uma das diferenças do ensino entre os dois países é que, em Portugal, as aulas aliam teoria e prática. “Não temos aula para praticar no Brasil com acompanhamento do professor. Isso faz falta”, diz Gabriel.
“Pude ver aqui a aplicabilidade do que aprendi”, confirma Aline Pacheco Albuquerque, estudante de química industrial na Universidade Estadual da Paraíba (Campina Grande). Assim como Gabriel, ela é bolsista na Universidade de Lisboa e lembra que, no Brasil, não teve “aula para praticar”.
O paraibano Henrique Borborema, aluno de biologia da Universidade Federal da Paraíba, também elogia o modelo português. “O que a gente vê aqui na teoria a gente imediatamente vê na prática, nos laboratórios ou nos computadores”, conta. “Na minha universidade, e no Brasil, há essa deficiência de a teoria ficar às vezes solta”, completa.
Os estudantes entrevistados pela Agência Brasil acreditam que o comportamento extrovertido dos brasileiros favorece o relacionamento com colegas e professores. “Eles [os estudantes portugueses] não perguntam tanto. Às vezes estão lá, sem entender, e não perguntam”, observa a estudante Aline Albuquerque.
Para a presidenta da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb-Coimbra), Viviane Carrico, a maior aproximação do brasileiro ocorre porque “o contato institucional no Brasil é diferente” e menos formal.
Se Portugal é o principal destino dos brasileiros do Programa Ciência sem Fronteiras, A Universidade de Coimbra é o principal destino em Portugal. Segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), dos 783 estudantes de graduação enviados a Portugal pela agência, 361 foram alocados na Universidade de Coimbra. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não forneceu o número nem a distribuição de bolsistas pelo país.
A estimativa da Apeb-Coimbra é que cerca de 2,5 mil estudantes brasileiros frequentem as aulas de diversos cursos (exatas, biomédicas e humanas) e em diferentes níveis (da graduação ao pós-doutorado). Além de receber o maior número de estudantes brasileiros do programa, cabe à Universidade de Coimbra secretariar a recepção dos alunos e distribuir os bolsistas por todas as universidades e instituições em Portugal.
A Universidade de Coimbra é uma referência histórica para o Brasil desde a época colonial. A instituição, uma das mais antigas da Europa (século XIII), acolhe brasileiros desde o século XVI. Segundo o vice-reitor, Joaquim Ramos de Carvalho, 78% dos ministros brasileiros, entre 1822 e 1940, foram estudantes em Coimbra.
Carvalho acredita que o acesso da elite brasileira aos estudos em Coimbra contribuiu para a formação do Brasil como nação, inclusive para a manutenção da extensão do território. “Se houvesse seis universidades no Brasil, muitas pessoas da elite provavelmente não teriam se conhecido”, especula sobre a “capacidade de Coimbra de unir pontes do Brasil que, de outra maneira, nunca se encontrariam”.
Segundo ele, essa é uma das razões para a existência de um país de língua portuguesa e de vários países de língua espanhola na América Latina.
Atualmente, a Universidade de Coimbra reúne estudantes de 82 nacionalidades. A comunidade universitária equivale a um quarto da população da cidade de Coimbra (cerca de 23 mil pessoas em um total de 100 mil habitantes). Com tal proporção, muito do que ocorre na cidade gira em torno dos alunos da universidade. “É uma cidade dos estudantes”, comenta Viviane Carrico, destacando que as opções, tanto culturais quanto de lazer, são inúmeras.
Fonte: Agência Brasil
[Via BBA]
A crescente presença de acadêmicos brasileiros em Portugal tem feito com que uma imagem distorcida do Brasil, criada por causa de clichês e estereótipos, seja alterada positivamente aos olhos dos lusitanos. Na avaliação de estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras, alunos e professores de grandes instituições portuguesas têm se deparado com uma visão renovada do país a partir da vivência com os bolsistas.
A gente está mostrando um outro lado do Brasil para eles”, diz Maiara Sakamoto Lopes, aluna de engenharia ambiental na Universidade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro), que, desde setembro, estuda na Universidade de Lisboa.
A visão que eles [os portugueses] têm é a do Tropa de Elite e a do Carandiru [filmes brasileiros que abordam a violência]. Achei curioso, eles vieram perguntar onde há mais favela - se é no Rio ou em São Paulo. Sempre perguntam de futebol e acham que no Brasil só tem axé.
De acordo com a bolsista, o Brasil tem sido “muito bem visto” por causa do Ciência sem Fronteiras. “Eles sabem que os estudantes estão aqui por incentivo do governo.”
Aluno de enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Elias Dias faz graduação-sanduíche na Universidade de Coimbra.
Em uma aula sobre saúde da mulher e saúde da criança eu dei informações sobre o nosso SUS [Sistema Único de Saúde] que eles [colegas e professores portugueses] não conheciam. Não há um sistema assim aqui.
Para alguns bolsistas, além de melhorara imagem do Brasil no exterior, o Programa Ciência sem Fronteira eleva a autoestima dos brasileiros.
“O complexo de vira-lata que [o dramaturgo e cronista] Nélson Rodrigues dizia nunca foi tão falso”, diz Gabriel dos Passos Gomes, estudante de química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e bolsista na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Segundo ele, o contato com os alunos e professores portugueses e de outras partes do mundo na instituição é interessante para comparar a formação e a capacidade dos brasileiros.
“Não somos menos capazes”, avalia, destacando que o estudante brasileiro é autodidata e “aprende a se virar muito bem”. De acordo com o aluno, uma das diferenças do ensino entre os dois países é que, em Portugal, as aulas aliam teoria e prática. “Não temos aula para praticar no Brasil com acompanhamento do professor. Isso faz falta”, diz Gabriel.
“Pude ver aqui a aplicabilidade do que aprendi”, confirma Aline Pacheco Albuquerque, estudante de química industrial na Universidade Estadual da Paraíba (Campina Grande). Assim como Gabriel, ela é bolsista na Universidade de Lisboa e lembra que, no Brasil, não teve “aula para praticar”.
O paraibano Henrique Borborema, aluno de biologia da Universidade Federal da Paraíba, também elogia o modelo português. “O que a gente vê aqui na teoria a gente imediatamente vê na prática, nos laboratórios ou nos computadores”, conta. “Na minha universidade, e no Brasil, há essa deficiência de a teoria ficar às vezes solta”, completa.
Os estudantes entrevistados pela Agência Brasil acreditam que o comportamento extrovertido dos brasileiros favorece o relacionamento com colegas e professores. “Eles [os estudantes portugueses] não perguntam tanto. Às vezes estão lá, sem entender, e não perguntam”, observa a estudante Aline Albuquerque.
Universidade de Coimbra |
Universidade de Coimbra
Se Portugal é o principal destino dos brasileiros do Programa Ciência sem Fronteiras, A Universidade de Coimbra é o principal destino em Portugal. Segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), dos 783 estudantes de graduação enviados a Portugal pela agência, 361 foram alocados na Universidade de Coimbra. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não forneceu o número nem a distribuição de bolsistas pelo país.
A estimativa da Apeb-Coimbra é que cerca de 2,5 mil estudantes brasileiros frequentem as aulas de diversos cursos (exatas, biomédicas e humanas) e em diferentes níveis (da graduação ao pós-doutorado). Além de receber o maior número de estudantes brasileiros do programa, cabe à Universidade de Coimbra secretariar a recepção dos alunos e distribuir os bolsistas por todas as universidades e instituições em Portugal.
A Universidade de Coimbra é uma referência histórica para o Brasil desde a época colonial. A instituição, uma das mais antigas da Europa (século XIII), acolhe brasileiros desde o século XVI. Segundo o vice-reitor, Joaquim Ramos de Carvalho, 78% dos ministros brasileiros, entre 1822 e 1940, foram estudantes em Coimbra.
Carvalho acredita que o acesso da elite brasileira aos estudos em Coimbra contribuiu para a formação do Brasil como nação, inclusive para a manutenção da extensão do território. “Se houvesse seis universidades no Brasil, muitas pessoas da elite provavelmente não teriam se conhecido”, especula sobre a “capacidade de Coimbra de unir pontes do Brasil que, de outra maneira, nunca se encontrariam”.
Cada universidade faz uma elite, cada elite faz um país. No caso do Brasil, não. As razões não foram as melhores, mas os portugueses nunca deixaram perder o controle sobre a educação superior na então colônia, de modo que chegamos ao século 19 a um conjunto relevante de pessoas que se conheciam.
Segundo ele, essa é uma das razões para a existência de um país de língua portuguesa e de vários países de língua espanhola na América Latina.
Os espanhóis foram criando universidades à medida que foram colonizando as regiões, desde o século 17. Há uma correspondência de quase um para um das universidades criadas e dos países que hoje existem.
Atualmente, a Universidade de Coimbra reúne estudantes de 82 nacionalidades. A comunidade universitária equivale a um quarto da população da cidade de Coimbra (cerca de 23 mil pessoas em um total de 100 mil habitantes). Com tal proporção, muito do que ocorre na cidade gira em torno dos alunos da universidade. “É uma cidade dos estudantes”, comenta Viviane Carrico, destacando que as opções, tanto culturais quanto de lazer, são inúmeras.
Fonte: Agência Brasil
[Via BBA]
Boa noticia, que continue assim, o Brasil já é muito depreciado por muitos brasileiros devemos como todo povo de cada pais enaltecer o que valorosos possuímos, não só a visão preconceituosa e estereotipada que se alardear com mais freqüencia (sim usei o trema0 discordo desse pseudo-acordo.
ResponderExcluirÉ assim que se muda a imagem de um país consistentemente.
ResponderExcluirIsso sim é agenda positiva. Ao invés de exportarmos prostitutas (ao lado do que mostra a novela sobre o tráfico de mulheres, muitas também vão por livre e espontânea vontade), que destruiu a imagem da mulher brasileira na Europa, enviarmos nossas melhores cabeças para desenvolver o potencial (ouviu Neymar?) na esperança de repatriarmos depois (quiçá, por termos as melhores condições de atraí-las de volta) vai ser uma grande jogada de marketing. Além disso, espera-se, esses brilhantes acadêmicos trarão o oxigênio necessário para a pesquisa nacional decolar.
ResponderExcluirÉ só uma pena que a reportagem diga coisas q saem na imprensa. A maioria dos estudantes saem para se embebedarem e mal tiram boas notas nos exames...coisa para inglês ver.
ResponderExcluirDeveriam ter falado nos estudantes que vieram antes do programa ciência sem fronteiras, pois estes tiveram muito mais trabalho para mudar a imagem de um Brasil atrasado e nunca lhes foram dados os devidos créditos.