Nessa animação dublada, o PhD David Harvey, considerado um dos 20 mais citados autores de humanas, faz uma análise crítica dos motivos que e...
Nessa animação dublada, o PhD David Harvey, considerado um dos 20 mais citados autores de humanas, faz uma análise crítica dos motivos que explicariam a Crise do Capitalismo que vivemos.
A Crise do Capitalismo, 26 de Abril de 2010
Seria hora de olhar além do capitalimo para uma nova ordem social que nos permitiria viver dentro de um sistema que poderia ser responsável, justo e humano?
Está bem, passamos por esta crise e existem todos os tipos de formatos explicativos.
E é interessante observar os diferentes gêneros.
Um deles é que é tudo sobre a fragilidade humana.
Quer dizer, Alan Greenspan se refugiou no fato de que "é a natureza humana",
ele disse, "não se pode fazer nada a respeito".
Mas existe um mundo inteiro de explicações que dizem que é o instinto predador, instinto para dominar, os delírios dos investidores e a ganância e tudo mais.
Então, existe todo um leque de discussão sobre isso.
E claro, quanto mais aprendemos sobre a rotina de Wall Street passamos a entender que existe um pouco de verdade em tudo aquilo.
O segundo gênero é o de que existem falhas institucionais.
Que os reguladores estavam dormindo no ponto.
O sistema bancário obscuro inovou fora de sua jurisdição. Etc, etc, etc.
E então, as instituições tiveram que ser reconfiguradas.
E teve que ser um esforço global pelo G-20, ou alguma coisa assim.
Então, olhamos para o nível das instituições e pensamos que ele falhou e que precisa ser reconfigurado.
O terceiro gênero é, por assim dizer, todos estavam obcecados com uma falsa teoria.
Eles leram muito Hayek e acreditavam na eficiência dos mercados.
E está na hora de voltarmos a alguma coisa parecida com Keynes.
Ou levamos muito a sério a teoria de Hyman Minski a respeito da inerente instabilidade das atividades financeiras.
O próximo gênero diz que isso tem a ver com origens culturais.
Nós não ouvimos muito disso nos EUA, mas se você estiver na Alemanha ou na França, muitas pessoas dirão que isso é uma doença anglo-saxã.
E, e isso não tem nada a ver com a gente...
E eu estava no Brasil enquanto isso estava acontecendo, e Lula estava dizendo, bem, primeiro ele dizia "Graças à Deus que os EUA estão sendo disciplinados pelo equivalente ao Fundo Monetário Internacional. Nós passamos por isso 8 vezes nos últimos 25 anos e agora é a vez deles. Fantástico!" disse Lula.
E todos os outros latino americanos que eu conhecia. Até chegar até eles; e chegou.
E eles mudaram um pouco seu discurso.
Então, de um jeito ou de outro, se tornou cultural.
E você pode ver isso na maneira como essa questão grega está sendo conduzida.
A maneira como a imprensa alemã está dizendo, "Bem, isso é tipicamente grego.
É um defeito de caráter grego".
E existem mais um monte de sujeiras acontecendo nesse momento.
Mas na verdade, existem vários fatores culturais que levam a isso.
Por exemplo, esse fascínio dos EUA com a posse de lares, que supostamente é um valor cultural intrínseco.
É claro que isso é um valor cultural americano que encontra apoio na dedução de juros das hipotecas e no imposto de renda que é um grande subsídio.
Desde os anos 30 que se promovem, de forma bem explícita nos anos 30...
Foi construída porque a teoria era de que pessoas com o compromisso da dívida de suas casas não entrariam em greve.
E existe essa noção de que é uma falha política em que a política na verdade intercedeu.
E existe um tipo engraçado de aliança emergindo entre a ala Glenn Beck da Fox News e do Banco Mundial, os dois que dizem que o problema é excesso de regulamentação do tipo errado.
Então existem todos esses modos, e todos eles tem uma certa dose de verdade.
E os escritores habilidosos vão escolher uma ou outra dessas perspectivas e escrever uma história e que na verdade será uma história bem plausível sobre isso.
E eu pensei comigo mesmo...
Bom, que tipo de história plausível eu posso escrever? Qual delas é nenhuma das anteriores?
Que é uma das coisas que eu sempre pensei, e não é difícil de fazer particularmente quando você vem de uma perspectiva Marxista, você sabe não existem muitas pessoas que tentam fazer essa análise de uma perspectiva Marxista.
E eu fui na verdade guiado pra isso por essa coisa que aconteceu na Escola de Economia de Londres a mais ou menos um ano e meio atrás quando Sua Majestade, a Rainha, perguntou aos economistas:
Ela não falou exatamente dessa forma, mas você entendeu, é o sentimento.
E, eles ficaram bem irritados. E ela na verdade chamou o Chefe do Banco da Inglaterra.
E disse, "Como foi que você não viu que isso ia acontecer?"
E então a Academia Britânica promoveu isso juntou todos esses economistas e eles vieram com essa carta fabulosa para Sua Majestade.
E, foi na verdade surpreendente. A carta dizia:
E ela disse, " O quê?"
E eles continuaram a falar da política de negação e todo o resto.
Então eu pensei, bem você sabe, risco sistêmico, posso traduzir isso em um termo Marxista.
Você está falando sobre as contradições internas da acumulação de capital.
E talvez eu deva escrever algo sobre as contradições internas da acumulação de capital e tentar descobrir o papel da crise em toda a história do Capitalismo.
E o que é específico e especial nessa crise, dessa vez.
E existem duas maneiras que eu pensei que faria isso.
Uma era olhar para o que aconteceu desde os anos 70 até agora.
E, a tese é que muitas vezes a forma da crise atual é muito ditada pela maneira que saímos da última.
Que o problema lá atrás em 1970 era o poder excessivo do trabalho na relação com o capital.
Que, portanto, a saída da crise anterior foi disciplinar o trabalho.
E nós sabemos como isso foi feito.
Isso foi feito transportando a mão-de-obra pra outro país.
Isso foi feito por, você sabe, Thatcher e Reagan.
E isso foi feito pela doutrina neoliberal.
Isso foi feito de todos os tipos e maneiras diferentes.
Mas em 1985 ou 86, a questão do trabalho tinha essencialmente
sido resolvida para o capital. Ele tinha acesso a todo o suprimento mundial de mão-de-obra.
Ninguém, nesse caso particular, citou os sindicatos gananciosos como a raiz da crise.
Ninguém, nesse caso, está dizendo, "Tem alguma coisa a ver com o poder excessivo da mão-de-obra."
Se alguma coisa, é o excessivo poder do capital.
E em particular, o excessivo poder do capital financeiro que é a raiz do problema.
Agora, como isso aconteceu?
Bem, nós estamos, desde dos anos 70, numa fase a que chamamos de "repressão salarial"
Os salários permaneceram estagnados.
A participação dos salários na renda nacional de todos os países da OECD (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) vem caindo vertiginosamente.
Vem caindo vertiginosamente até na China.
Então, cada vez menos o trabalho está sendo pago em forma de salários.
Bem, salários acabam por ser também dinheiro, que compra bens.
Logo se você diminui os salários, então você tem um problema com de onde a sua demanda vai vir.
E a resposta era:
Então, nos vamos superar, por assim dizer, o problema da demanda efetiva
expandindo a economia de crédito.
E as famílias americanas e inglesas praticamente triplicaram sua dívida nos últimos 20, 30 anos.
E grande parte dessa dívida, é claro, está no mercado imobiliário.
E o que estamos vendo agora é um movimento geográfico disso.
Todos dizem, "Bom, tudo bem, tudo está começando a se recuperar nos Estados Unidos".
E então a Grécia quebra, e todo mundo vai,
"E o PIIGS?", você sabe.(PIIGS = Portugal,Itália,Irlanda,Grécia e Espanha)
E é interessante, você teve uma crise financeira no sistema financeiro.
Você meio que parcialmente solucionou isso mas as custas de uma suprema crise de dívida.
Na verdade, se você olhar para o processo de acumulação de capital você vê um número de limites e um número de barreiras e tem uma linguagem maravilhosa que Marx usa no "Grundrisse", no qual ele fala sobre como o Capital não pode sustentar um limite.
Ele tem que transformar isso em uma barreira que ele então rodeia ou transcende.
Daí quando você observa o processo de acumulação, você percebe onde as barreiras e limites poderiam estar.
E um modo simples de olhar para isso é dizer, "Veja, o processo de circulação típico
da acumulação é assim".
Você começa com algum dinheiro.
Então você vai a um mercado e compra mão-de-obra, poder e meios de produção.
Então você os coloca para trabalhar com uma determinada tecnologia e estrutura organizacional e você cria uma mercadoria.
Que então você vende pelo valor original mais um lucro.
Agora, você pega parte do lucro e reinveste numa expansão por motivos muito interessantes.
Agora, existem duas coisas sobre isso.
Uma delas é que há um número de barreiras aqui.
Como é que o dinheiro se juntou no lugar certo, na hora certa, no volume certo?
E isso leva a engenhosidade financeira.
Assim, toda a história do capitalismo tem sido a respeito de inovação financeira.
E inovação financeira tem o efeito de, também, de aumentar o poder dos financiadores.
E o poder excessivo dos financiadores pode, às vezes...
Eles ficam gananciosos, sem dúvida.
E se você observar os lucros financeiros nos Estados Unidos, eles estão em alta depois de 1990; eles estão subindo assim.
Lucros na indústria estão caindo assim.
E você vê o desequilíbrio nesse país.
Eu acho que a maneira como esse país ficou do lado da Cidade de Londres contra a indústria inglesa desde os anos 50 pra frente teve sérias implicações para a economia desse país.
Você na verdade ferrou a Indústria para manter os financiadores felizes.
Qualquer pessoa sensata hoje se juntaria a uma organização anti-capitalismo.
E, você tem mesmo que se juntar.
Porque caso contrário, nós teremos essa continuação.
E perceba que é uma continuação de todos os tipos de aspectos negativos.
Por exemplo, a acumulação da riqueza.
Você poderia ter pensado que a crise pararia isso.
Na verdade, no ano passado, surgiram mais bilionários na Índia do que nunca.
Eles dobraram no ano passado.
A fortuna dos ricos nesse país aumentou.
Só no ano passado, o que aconteceu foi que os principais proprietários de fundos de hedge tiveram remunerações pessoais de $3 bilhões cada, em um ano.
E eu achei insano e obsceno a alguns anos atrás, quando eles ganharam $250 milhões.
Mas agora eles estão faturando na faixa de $3 bilhões.
Esse não é o mundo em que eu quero viver, e se você quiser viver nesse mundo, fique a vontade.
Eu não nos vejo debatendo e discutindo isso.
Eu não tenho as soluções; Eu acho que eu sei qual é a natureza do problema.
E a menos que estejamos preparados para ter uma discussão bem ampla isso foge de, você sabe, aquele tipo comum de discurso que temos em uma campanha política.
E você sabe, "Tudo vai ficar bem ano que vem se você votar em mim".
Bem, isso é besteira.
Você deveria saber que isso é besteira.
E, dizer que é.
Leia também:
A Crise do Capitalismo, 26 de Abril de 2010
Seria hora de olhar além do capitalimo para uma nova ordem social que nos permitiria viver dentro de um sistema que poderia ser responsável, justo e humano?
Está bem, passamos por esta crise e existem todos os tipos de formatos explicativos.
E é interessante observar os diferentes gêneros.
Um deles é que é tudo sobre a fragilidade humana.
Quer dizer, Alan Greenspan se refugiou no fato de que "é a natureza humana",
ele disse, "não se pode fazer nada a respeito".
Mas existe um mundo inteiro de explicações que dizem que é o instinto predador, instinto para dominar, os delírios dos investidores e a ganância e tudo mais.
Então, existe todo um leque de discussão sobre isso.
E claro, quanto mais aprendemos sobre a rotina de Wall Street passamos a entender que existe um pouco de verdade em tudo aquilo.
O segundo gênero é o de que existem falhas institucionais.
Que os reguladores estavam dormindo no ponto.
O sistema bancário obscuro inovou fora de sua jurisdição. Etc, etc, etc.
E então, as instituições tiveram que ser reconfiguradas.
E teve que ser um esforço global pelo G-20, ou alguma coisa assim.
Então, olhamos para o nível das instituições e pensamos que ele falhou e que precisa ser reconfigurado.
O terceiro gênero é, por assim dizer, todos estavam obcecados com uma falsa teoria.
Eles leram muito Hayek e acreditavam na eficiência dos mercados.
E está na hora de voltarmos a alguma coisa parecida com Keynes.
Ou levamos muito a sério a teoria de Hyman Minski a respeito da inerente instabilidade das atividades financeiras.
O próximo gênero diz que isso tem a ver com origens culturais.
Nós não ouvimos muito disso nos EUA, mas se você estiver na Alemanha ou na França, muitas pessoas dirão que isso é uma doença anglo-saxã.
E, e isso não tem nada a ver com a gente...
E eu estava no Brasil enquanto isso estava acontecendo, e Lula estava dizendo, bem, primeiro ele dizia "Graças à Deus que os EUA estão sendo disciplinados pelo equivalente ao Fundo Monetário Internacional. Nós passamos por isso 8 vezes nos últimos 25 anos e agora é a vez deles. Fantástico!" disse Lula.
E todos os outros latino americanos que eu conhecia. Até chegar até eles; e chegou.
E eles mudaram um pouco seu discurso.
Então, de um jeito ou de outro, se tornou cultural.
E você pode ver isso na maneira como essa questão grega está sendo conduzida.
A maneira como a imprensa alemã está dizendo, "Bem, isso é tipicamente grego.
É um defeito de caráter grego".
E existem mais um monte de sujeiras acontecendo nesse momento.
Mas na verdade, existem vários fatores culturais que levam a isso.
Por exemplo, esse fascínio dos EUA com a posse de lares, que supostamente é um valor cultural intrínseco.
Então, 67, 68% das famílias americanas são proprietárias de casas. Na Suíça, são apenas 22%.
É claro que isso é um valor cultural americano que encontra apoio na dedução de juros das hipotecas e no imposto de renda que é um grande subsídio.
Desde os anos 30 que se promovem, de forma bem explícita nos anos 30...
Foi construída porque a teoria era de que pessoas com o compromisso da dívida de suas casas não entrariam em greve.
E existe essa noção de que é uma falha política em que a política na verdade intercedeu.
E existe um tipo engraçado de aliança emergindo entre a ala Glenn Beck da Fox News e do Banco Mundial, os dois que dizem que o problema é excesso de regulamentação do tipo errado.
Então existem todos esses modos, e todos eles tem uma certa dose de verdade.
E os escritores habilidosos vão escolher uma ou outra dessas perspectivas e escrever uma história e que na verdade será uma história bem plausível sobre isso.
E eu pensei comigo mesmo...
Bom, que tipo de história plausível eu posso escrever? Qual delas é nenhuma das anteriores?
Que é uma das coisas que eu sempre pensei, e não é difícil de fazer particularmente quando você vem de uma perspectiva Marxista, você sabe não existem muitas pessoas que tentam fazer essa análise de uma perspectiva Marxista.
E eu fui na verdade guiado pra isso por essa coisa que aconteceu na Escola de Economia de Londres a mais ou menos um ano e meio atrás quando Sua Majestade, a Rainha, perguntou aos economistas:
"Como vocês não viram que isso ia acontecer?"
Ela não falou exatamente dessa forma, mas você entendeu, é o sentimento.
E, eles ficaram bem irritados. E ela na verdade chamou o Chefe do Banco da Inglaterra.
E disse, "Como foi que você não viu que isso ia acontecer?"
E então a Academia Britânica promoveu isso juntou todos esses economistas e eles vieram com essa carta fabulosa para Sua Majestade.
E, foi na verdade surpreendente. A carta dizia:
"Bem, você sabe, muitas pessoas dedicadas, inteligentes, espertas, passaram suas vidas trabalhando em aspectos dessa coisa, muito, muito seriamente. Mas uma coisa que a gente esqueceu foi o risco sistêmico."
E ela disse, " O quê?"
E eles continuaram a falar da política de negação e todo o resto.
Então eu pensei, bem você sabe, risco sistêmico, posso traduzir isso em um termo Marxista.
Você está falando sobre as contradições internas da acumulação de capital.
E talvez eu deva escrever algo sobre as contradições internas da acumulação de capital e tentar descobrir o papel da crise em toda a história do Capitalismo.
E o que é específico e especial nessa crise, dessa vez.
E existem duas maneiras que eu pensei que faria isso.
Uma era olhar para o que aconteceu desde os anos 70 até agora.
E, a tese é que muitas vezes a forma da crise atual é muito ditada pela maneira que saímos da última.
Que o problema lá atrás em 1970 era o poder excessivo do trabalho na relação com o capital.
Que, portanto, a saída da crise anterior foi disciplinar o trabalho.
E nós sabemos como isso foi feito.
Isso foi feito transportando a mão-de-obra pra outro país.
Isso foi feito por, você sabe, Thatcher e Reagan.
E isso foi feito pela doutrina neoliberal.
Isso foi feito de todos os tipos e maneiras diferentes.
Mas em 1985 ou 86, a questão do trabalho tinha essencialmente
sido resolvida para o capital. Ele tinha acesso a todo o suprimento mundial de mão-de-obra.
Ninguém, nesse caso particular, citou os sindicatos gananciosos como a raiz da crise.
Ninguém, nesse caso, está dizendo, "Tem alguma coisa a ver com o poder excessivo da mão-de-obra."
Se alguma coisa, é o excessivo poder do capital.
E em particular, o excessivo poder do capital financeiro que é a raiz do problema.
O excessivo poder do capital financeiro que é a raiz do problema.
Agora, como isso aconteceu?
Bem, nós estamos, desde dos anos 70, numa fase a que chamamos de "repressão salarial"
Os salários permaneceram estagnados.
A participação dos salários na renda nacional de todos os países da OECD (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) vem caindo vertiginosamente.
Vem caindo vertiginosamente até na China.
Então, cada vez menos o trabalho está sendo pago em forma de salários.
Bem, salários acabam por ser também dinheiro, que compra bens.
Logo se você diminui os salários, então você tem um problema com de onde a sua demanda vai vir.
E a resposta era:
"Bem, peguem os seus cartões de crédito. Nós vamos dar cartões de crédito a todo mundo."
Então, nos vamos superar, por assim dizer, o problema da demanda efetiva
expandindo a economia de crédito.
E as famílias americanas e inglesas praticamente triplicaram sua dívida nos últimos 20, 30 anos.
E grande parte dessa dívida, é claro, está no mercado imobiliário.
E de tudo isso surge uma teoria que é muito, muito importante que diz que o Capitalismo nunca soluciona seus problemas de crise. Ele se move em torno deles geograficamente.
E o que estamos vendo agora é um movimento geográfico disso.
Todos dizem, "Bom, tudo bem, tudo está começando a se recuperar nos Estados Unidos".
E então a Grécia quebra, e todo mundo vai,
"E o PIIGS?", você sabe.(PIIGS = Portugal,Itália,Irlanda,Grécia e Espanha)
E é interessante, você teve uma crise financeira no sistema financeiro.
Você meio que parcialmente solucionou isso mas as custas de uma suprema crise de dívida.
Na verdade, se você olhar para o processo de acumulação de capital você vê um número de limites e um número de barreiras e tem uma linguagem maravilhosa que Marx usa no "Grundrisse", no qual ele fala sobre como o Capital não pode sustentar um limite.
Ele tem que transformar isso em uma barreira que ele então rodeia ou transcende.
Daí quando você observa o processo de acumulação, você percebe onde as barreiras e limites poderiam estar.
E um modo simples de olhar para isso é dizer, "Veja, o processo de circulação típico
da acumulação é assim".
Você começa com algum dinheiro.
Então você vai a um mercado e compra mão-de-obra, poder e meios de produção.
Então você os coloca para trabalhar com uma determinada tecnologia e estrutura organizacional e você cria uma mercadoria.
Que então você vende pelo valor original mais um lucro.
Agora, você pega parte do lucro e reinveste numa expansão por motivos muito interessantes.
Agora, existem duas coisas sobre isso.
Uma delas é que há um número de barreiras aqui.
Como é que o dinheiro se juntou no lugar certo, na hora certa, no volume certo?
E isso leva a engenhosidade financeira.
Assim, toda a história do capitalismo tem sido a respeito de inovação financeira.
E inovação financeira tem o efeito de, também, de aumentar o poder dos financiadores.
E o poder excessivo dos financiadores pode, às vezes...
Eles ficam gananciosos, sem dúvida.
E se você observar os lucros financeiros nos Estados Unidos, eles estão em alta depois de 1990; eles estão subindo assim.
Lucros na indústria estão caindo assim.
E você vê o desequilíbrio nesse país.
Eu acho que a maneira como esse país ficou do lado da Cidade de Londres contra a indústria inglesa desde os anos 50 pra frente teve sérias implicações para a economia desse país.
Você na verdade ferrou a Indústria para manter os financiadores felizes.
Qualquer pessoa sensata hoje se juntaria a uma organização anti-capitalismo.
E, você tem mesmo que se juntar.
Porque caso contrário, nós teremos essa continuação.
E perceba que é uma continuação de todos os tipos de aspectos negativos.
Por exemplo, a acumulação da riqueza.
Você poderia ter pensado que a crise pararia isso.
Na verdade, no ano passado, surgiram mais bilionários na Índia do que nunca.
Eles dobraram no ano passado.
A fortuna dos ricos nesse país aumentou.
Só no ano passado, o que aconteceu foi que os principais proprietários de fundos de hedge tiveram remunerações pessoais de $3 bilhões cada, em um ano.
E eu achei insano e obsceno a alguns anos atrás, quando eles ganharam $250 milhões.
Mas agora eles estão faturando na faixa de $3 bilhões.
Esse não é o mundo em que eu quero viver, e se você quiser viver nesse mundo, fique a vontade.
Eu não nos vejo debatendo e discutindo isso.
Eu não tenho as soluções; Eu acho que eu sei qual é a natureza do problema.
E a menos que estejamos preparados para ter uma discussão bem ampla isso foge de, você sabe, aquele tipo comum de discurso que temos em uma campanha política.
E você sabe, "Tudo vai ficar bem ano que vem se você votar em mim".
Bem, isso é besteira.
Você deveria saber que isso é besteira.
E, dizer que é.
E pra mim, nós temos um dever. Aqueles de nós que são acadêmicos e seriamente envolvidos com o mundo para realmente mudar nosso modo de pensar.
Leia também:
O capitalismo ocidental fracassou? - Ángel Gurría
Secretário-geral da OCDE, especial para a BBC
[Via BBA]
Capitalismo é o sistema mais justo já inventado, me mostrem provas do contrario com bases historicas, dados etc.
ResponderExcluirEssa crise tem que vir e QUEBRAR mesmo, é assim que funciona, uma hora sobe, todo mundo feliz e consumindo, e quando quebra vai tudo passar fome.
Aonde esta escrito que capitalismo era uma subida sem fim?
E grande parte dessas questões não atinge a grande massa, no brasil parece algo em torno dos 99%, contando os que moram fora do brasil.