Começa a retirada dos moradores de vilarejo turco, na região da Capadócia, onde metade das mortes é causada por doença respiratória. A regiã...
Começa a retirada dos moradores de vilarejo turco, na região da Capadócia, onde metade das mortes é causada por doença respiratória.
A região da Capadócia atrai mais de 2 milhões de turistas todo ano devido a um peculiar fenômeno geológico na região, formada por rochas depositadas a milhões de anos por vulcões que cercam a planície.
A porosidade das rochas, esculpidas pelas intempéries, permitiu que fossem escavadas e nelas foram construídas cidades subterrâneas (habitações trogloditas) e templos.
Paisagem típica da região da Capadócia, Turquia
Mas algo de maligno assombra a população de alguns vilarejos em pontos isolados da região. Historicamente, esses locais tinham um alto índice de mortalidade causada por doenças pulmonares.
Dr. Izzettin Baris pesquisou esse locais (Tuskoy, Karäin e Sarahidir) e descobriu que em Karäin, vila com 575 habitantes, em um período de 5 anos, entre 1970 e 1974, 24 de um total de 55 mortes foram atribuídas à mesoteliose pleural. Uma forma muito agressiva de câncer causada por exposição ao amianto (também conhecido por asbesto).
Em Tuskoy, um vilarejo maior, a incidência de mesoteliose pleural e peritonial também era considerada excessiva. Entretanto, não havia amianto na região.
A causa das doenças em Tuzkoy também foi descoberta pelo médico Izzettin Baris. Outros estudos demonstraram que a moléstia era causada por um raro mineral denominado erionita. A erionita tem propriedades similares a do amianto e é bastante comum nas rochas nos arredores de Tuzkoy.
Segundo Baris, a maciez e porosidade da rocha torna fácil a inalação dos fragmentos de erionita.
Segundo outras pesquisas. Mesmo pessoas de Tuzkoy que se mudaram de lá para lugares como Istambul ou Suécia também apresentavam altos índices de mesotelioma.
A única solução, apontada por Baris, seria transferir a cidadezinha para outro lugar.
E assim será feito, mais de 30 anos após a descoberta inicial do médico, a transferência de local é iminente.
O governo central liberou recursos para a obra após partes do vilarejo terem sido declaradas zonas de desastre e uma nova cidade está sendo erguida em uma área livre de erionita na montanha nos arredores de Tuzkoy.
A visão do médico zeloso, contudo, não é uma unanimidade. Baris diz que não é mais bem-vindo em Karäin, uma dos locais afetados, porque os moradores o acusam de ter rotulado o lugar de 'cidade do câncer'.
Além disso, muitos dos moradores não acreditam no vínculo entre a erionita e a doença, e querem permanecer no local. Outras pessoas querem se mudar, mas, por n motivos, não se qualificam para receber a nova casa.
Por exemplo, Dondu Guler e seus filhos, continuam vivendo em uma casa emprestada por parentes em Tuzkoy. Como Guler não é dona da propriedade, não tem direito a se mudar para uma das novas moradias.
Muitos de seus parentes morreram de mesotelioma, mas apesar disso seus filhos continuam a brincar e perambular por entre as edificações que provalvelmente possuem os fragmentos letais de erionita em suas paredes.
Em contrapartida, outros moradores relatam que ex-habitantes que já saíram do vilarejo há anos, mas que ainda possuem propriedades na área de risco, receberam novas casas e as estão alugando.
Umit Balak, prefeito de Tuskoy, disse estar ciente das reclamações. Apesar de reconhecer e elogiar o governo atual por ser o primeiro a lidar com o extraordinário problema de saúde pública que afeta seus cidadãos, diz que precisa de mais ajuda.
Balak gostaria de demolir o vilarejo e depois cobrir com terra. Porém, Baris é contrário à ideia.
Para ele a cidade deveria ser cercada e deixar que a natureza siga seu curso.
Segundo Baris, apesar do mineral erionita ser encontrado em outras locais na Turquia, ele se encontra em camadas mais profundas do solo. Apenas nos três vilarejos citados o mineral é que o mineral se encontra na superfície.
Baris explica que as cidades vizinhas da Capadócia são perfeitamente seguras. Locais onde turistas com frequência se hospedam em hotéis escavados na rocha.
Fonte:
Autoridades retiram moradores de 'cidade do câncer' na Turquia - G1
Mesitelioma - Você conhece essa doença? - INCA
The epidemiology of mesothelioma in historical context - J.C. McDonald e A.D. McDonald
A região da Capadócia atrai mais de 2 milhões de turistas todo ano devido a um peculiar fenômeno geológico na região, formada por rochas depositadas a milhões de anos por vulcões que cercam a planície.
A porosidade das rochas, esculpidas pelas intempéries, permitiu que fossem escavadas e nelas foram construídas cidades subterrâneas (habitações trogloditas) e templos.
Mas algo de maligno assombra a população de alguns vilarejos em pontos isolados da região. Historicamente, esses locais tinham um alto índice de mortalidade causada por doenças pulmonares.
Dr. Izzettin Baris pesquisou esse locais (Tuskoy, Karäin e Sarahidir) e descobriu que em Karäin, vila com 575 habitantes, em um período de 5 anos, entre 1970 e 1974, 24 de um total de 55 mortes foram atribuídas à mesoteliose pleural. Uma forma muito agressiva de câncer causada por exposição ao amianto (também conhecido por asbesto).
Na época, os médicos estavam diagnosticando esses pacientes com tuberculose, que era muito comum no período. Mas eles não entendiam por que o tratamento habitual para tuberculose não estava funcionando.
Dr. Izzettin Baris
Em Tuskoy, um vilarejo maior, a incidência de mesoteliose pleural e peritonial também era considerada excessiva. Entretanto, não havia amianto na região.
A causa das doenças em Tuzkoy também foi descoberta pelo médico Izzettin Baris. Outros estudos demonstraram que a moléstia era causada por um raro mineral denominado erionita. A erionita tem propriedades similares a do amianto e é bastante comum nas rochas nos arredores de Tuzkoy.
Segundo Baris, a maciez e porosidade da rocha torna fácil a inalação dos fragmentos de erionita.
As mulheres com frequência iam aos celeiros e escovavam a poeira das paredes. Então inalavam os fragmentos. Mesmo se uma criança nascida no vilarejo se muda durante a infância, ela não pode escapar do mesotelioma. É uma doença horrível e causa muita dor.
Dr. Izzettin Baris
Segundo outras pesquisas. Mesmo pessoas de Tuzkoy que se mudaram de lá para lugares como Istambul ou Suécia também apresentavam altos índices de mesotelioma.
A única solução, apontada por Baris, seria transferir a cidadezinha para outro lugar.
E assim será feito, mais de 30 anos após a descoberta inicial do médico, a transferência de local é iminente.
O governo central liberou recursos para a obra após partes do vilarejo terem sido declaradas zonas de desastre e uma nova cidade está sendo erguida em uma área livre de erionita na montanha nos arredores de Tuzkoy.
A visão do médico zeloso, contudo, não é uma unanimidade. Baris diz que não é mais bem-vindo em Karäin, uma dos locais afetados, porque os moradores o acusam de ter rotulado o lugar de 'cidade do câncer'.
Além disso, muitos dos moradores não acreditam no vínculo entre a erionita e a doença, e querem permanecer no local. Outras pessoas querem se mudar, mas, por n motivos, não se qualificam para receber a nova casa.
Por exemplo, Dondu Guler e seus filhos, continuam vivendo em uma casa emprestada por parentes em Tuzkoy. Como Guler não é dona da propriedade, não tem direito a se mudar para uma das novas moradias.
Muitos de seus parentes morreram de mesotelioma, mas apesar disso seus filhos continuam a brincar e perambular por entre as edificações que provalvelmente possuem os fragmentos letais de erionita em suas paredes.
Em contrapartida, outros moradores relatam que ex-habitantes que já saíram do vilarejo há anos, mas que ainda possuem propriedades na área de risco, receberam novas casas e as estão alugando.
Umit Balak, prefeito de Tuskoy, disse estar ciente das reclamações. Apesar de reconhecer e elogiar o governo atual por ser o primeiro a lidar com o extraordinário problema de saúde pública que afeta seus cidadãos, diz que precisa de mais ajuda.
Planejo voltar para Ancara, para falar com o primeiro-ministro em pessoa, se necessário, e explicar que o vilarejo inteiro de Tuzkoy deveria ser declarado uma zona de desastre, para que mais fundos sejam liberados e todos possam se mudar. Isto é urgente, para que podemos salvar a nova geração.
Umit Balak. Prefeito de Tuskoy
Balak gostaria de demolir o vilarejo e depois cobrir com terra. Porém, Baris é contrário à ideia.
Demolir as casas é inútil e perigoso. Imagine toda a poeira. E quem iria fazer o serviço?
Dr. Izzettin Baris
Para ele a cidade deveria ser cercada e deixar que a natureza siga seu curso.
Segundo Baris, apesar do mineral erionita ser encontrado em outras locais na Turquia, ele se encontra em camadas mais profundas do solo. Apenas nos três vilarejos citados o mineral é que o mineral se encontra na superfície.
Baris explica que as cidades vizinhas da Capadócia são perfeitamente seguras. Locais onde turistas com frequência se hospedam em hotéis escavados na rocha.
Fonte:
Autoridades retiram moradores de 'cidade do câncer' na Turquia - G1
Mesitelioma - Você conhece essa doença? - INCA
The epidemiology of mesothelioma in historical context - J.C. McDonald e A.D. McDonald
o médicou chamou o vilarejo de "cidade do câncer" porque pesquisou o problema, foi lá e fez um fervo na região. Claro que algumas famílias passarão por dificuldades, mas entenderam que é dever do estado garantir a saúde da população, e se não fosse o médico chamar a atenção para o problema, continuaria com esta aberração social.
ResponderExcluirE diga-se por culpa de uma inocente substância da natureza!
o médicou chamou o vilarejo de "cidade do câncer" porque pesquisou o problema, foi lá e fez um fervo na região. Claro que algumas famílias passarão por dificuldades, mas entenderam que é dever do estado garantir a saúde da população, e se não fosse o médico chamar a atenção para o problema, continuaria com esta aberração social.
ResponderExcluirE diga-se por culpa de uma inocente substância da natureza!
Esse Dr. Barris me lembra o nosso Dr. Carlos Chagas. Pois consta que Chagas foi o único cientista na história da medicina a descrever completamente uma doença infecciosa (a doença de Chagas): o patógeno, o vetor, os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia.
ResponderExcluirE agente pensa que tem problemas... Bom post.
ResponderExcluirAbraços.
A revolta da vacina
ResponderExcluir"Tiros, gritaria, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados à pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz" (Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904).
A resistência popular, quase um golpe militar, teve o apoio de positivistas e dos cadetes da Escola Militar. Os acontecimentos, que tiveram início no dia 10 de novembro de 1904, com uma manifestação estudantil, cresceram consideravelmente no dia 12, quando a passeata de manifestantes dirigia-se ao Palácio do Catete, sede do Governo Federal. A população estava alarmada. No domingo, dia 13, o centro do Rio de Janeiro transforma-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina, mas que foi muito além do que isto.
Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.
A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados por policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo (as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população, que se rebelou.
A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal.
A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.
Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo, sido erradicada da capital.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Vacina